Um Caso de Copa escrita por psc07


Capítulo 12
Capítulo 12




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—Como você está, Remy? – Lily perguntou quando se juntou aos outros à mesa do saguão do hotel.

—Estou melhor, obrigado pelas poções – Remus respondeu quietamente. Lily olhou para James, que sacudiu a cabeça em negação de leve.

—Remy, não fique assim...

—Lil, se não fosse por você, quem sabe o que teria acontecido com James? – Ele murmurou de volta, raiva em sua voz.

—Absolutamente nada, porque ele não teria voltado pra sua forma humana para me mandar embora – Lily retorquiu com um sorriso. Remus abriu a boca para argumentar, mas se calou e voltou para a comida.

—Hoje eu vou para o treino, pode ser, James? – Marlene pediu. James sorriu e piscou.

—Quanto mais melhor, Lene!

Eles terminaram de comer rapidamente, e todos seguiram para o treino – como Remus já estava se sentindo melhor, poderia acompanhar o treino com os demais.

Lily foi conversando com Remus a respeito da noite anterior, tentando aliviar o sentimento de culpa do amigo. Ela sabia como ele sempre se achava responsável por tudo de ruim ao seu redor, e Lily nunca se cansava de dizer que não era exatamente assim.

Quando eles estavam se acomodando nas arquibancadas, Lily sentiu um leve puxão no seu rabo de cavalo e virou para trás para identificar quem estava querendo sua atenção.

—Hey, Ruiva – James falou com um sorriso, e indo para seu lado.

—Você não deveria estar lá embaixo, Potter? – Ela respondeu, erguendo uma sobrancelha e apontando para o campo que estava na frente deles.

—Voltamos aos sobrenomes?

Lily semicerrou os olhos, mas estava portando um pequeno sorriso e se virou para frente, para de olhar para ele.

—Na verdade eu deveria, mas eu tinha que lhe agradecer por... bem, não me deixar morrer ontem.

—Não fui eu que lhe salvei, James – Lily discordou.

—Mas chamou alguém, e não me levou para o St. Mungus.

—Se eu não tivesse aparecido...

—Lily, apenas aceite meu agradecimento – James disse, soltando uma risada. Lily revirou os olhos, mas sorriu de volta.

—Está bem? – Ela escolheu falar.

—Sim. Apenas uma dorzinha nas costas, mas já enfrentei coisas piores.

—Tenho certeza que sim – Lily concordou.

—Estarei 100% para o jogo de amanhã, não precisa se preocupar com o futuro do seu país na Copa.

Lily riu e revirou os olhos. James sorriu e piscou, correndo em direção ao campo. Era impressionante a energia dele após ter dormido tão pouco; parecia infinitamente mais animado que metade do time.

—Então agora está permitido flertar com ele?

Lily nem ao menos se dignou a olhar para a melhor amiga, que se sentou na cadeira logo atrás de Lily e puxou a ruiva para seu lado.

—Não estou flertando com ninguém, Lene – Lily replicou imediatamente.

—Ah, mas eu acho que estava. Sabe, já lhe vi flertando o suficiente para identificar-

—Não estava, Lene, para com isso.

—Então sobre o que conversavam tão animadamente?

—Sobre eu ter, bem, não deixado ele morrer ontem. Coisas assim.

Marlene suspirou.

—Eu esperava por um pouco de declaração e juras de amor, mas, hey, sendo vocês dois, isso é um excelente progresso!

Lily revirou os olhos e resmungou algo inaudível para Marlene. Onde a morena estava com a cabeça? Não era como se Lily fosse, algum dia, flertar com James.

Imagina que disparate! Lily Evans flertar com James Potter!

Não que ele não fosse bonito – Lily já tinha admitido que ele era e muito. Mas ele era bem insuportável. Bem, apesar de um pouco menos. Tinham se passado quatro anos desde que eles tinham se despedido em King’s Cross. Ele tinha visivelmente amadurecido.

Mas ele era um suspeito (mesmo que Lily tivesse 100% de certeza que ele não era o culpado).

Bem, Marlene realmente conhecia Lily melhor que qualquer um, até mesmo que sua mãe, então será que ela estava inconscientemente flertando com James? O que seria algo preocupante, porque ela definitivamente não queria flertar com James. Na verdade, não queria flertar com ninguém, mas com James seria pior, já que ele era um suspeito. E James Potter.

Não, ela decidiu quando voltavam para o hotel depois de ela ter elogiado o treino e James ter aberto um grande sorriso, sem flerte por aqui. Espero.

***

O jogo não fora tão bom quanto os outros. A Inglaterra teve muita dificuldade para vencer o Japão, e a diferença foi de apenas 30 pontos. O apanhador tivera que fazer uma captura sensacional, o que orgulhava muito James.

O que não o deixava tão feliz, no entanto, era sua própria atuação. Apesar de ele ter dito para Lily que estaria 100% recuperado, os cortes recém-curados em suas costas haviam incomodado bastante, e por pouco ele não pedira para o artilheiro reserva substituí-lo.

—Ah, sr. Potter, alguma coisa estava incomodando o senhor hoje?

James não precisou olhar para saber que aquela pergunta irritantemente verdadeira vinha de Rita Skeeter. Ele abriu um sorriso forçado para responder.

—Dei um jeito nas minhas costas durante o aquecimento, mas nada demais.

—Mas o suficiente para prejudicar seu jogo? Porque hoje fez menos pontos que sua média do campeonato... – O sorriso no rosto de Skeeter dizia que ela sabia exatamente quão maldosa estava sendo. James manteve o sorriso forçado.

—Todos temos nossos dias ruins. E é assim que a média funciona, um dia faço mais pontos, no outro menos – Ele respondeu, dando de ombros e sendo recebido com alguns risos dos outros repórteres.

—Mas isso quase nos custa a partida hoje! – James estava realmente irritado com a insistência de Skeeter.

—Quadribol é um esporte coletivo, Srta. Skeeter. Por mais feliz que eu fique em sempre poder ajudar a Inglaterra, não é sempre que conseguirei marcar tantos pontos quanto nos dois jogos que se passaram. Não precisa se preocupar; todos os erros de todos os jogadores são observados e treinados. Não acho que também precise lembrar que a medida que avançamos no campeonato os jogos ficam mais difíceis. Agora deixe outra pessoa perguntar, sim? Essa foi a sua terceira seguida.

Talvez ele tivesse sido grosseiro com Rita Skeeter, mas ele não se importou. Ela era grosseira com quase todo mundo, e ele não se incomodava com possíveis represálias.

Além do mais, o sorriso de satisfação no rosto de Lily com a resposta dele já teria valido a pena.

—Então você gostou do que respondi a Skeeter, eh? – Ele perguntou, com o seu tradicional sorriso convencido. Lily revirou os olhos, mas abriu um largo sorriso. James notou que ela passara a fazer isso quando ele comentava alguma besteira. Antes, Lily apenas lhe ignorava ou suspirava impacientemente.

—Para ser completamente honesta, sim, eu gostei – Ela admitiu e James gargalhou, pondo as mãos nos bolsos – Se eu der uma resposta dessas não garanto parar por aí.

James riu e sacudiu a cabeça. Eles estavam chegando na festa da noite, Sirius e Marlene animadíssimos mais à frente, e Remus e Peter, discutindo quem seria o vencedor numa batalha entre um dragão e uma quimera.

—Não tenho como não acreditar nisso, visto que muitas vezes já recebi uma resposta dessas.

Lily riu e deu de ombros. Não era culpa inteiramente dela se ele a provocava intensamente quando estudavam juntos.

James estava determinado a passar todo o tempo da festa ao lado de Lily. Ao contrário do que Sirius tinha lhe recomendado, ele não ia simplesmente ignorar o que (ainda) sentia pela garota. Quem sabia quando iria encontrá-la novamente?

Se ela estranhou, não comentou nada. Provavelmente até achou bom não ter de ficar o seguindo, nem se preocupando com não o perder de vista, como naquela festa.

Bem, ele não iria sumir como naquela festa. Não ficaria com ninguém até o fim daquele torneio, exceto se esse alguém fosse Lily.

—Oi, James!

Ele e Lily se viraram para o chamado, e James teve que se esforçar para impedir uma careta de aparecer.

—Oi, Amanda!

James torcia para que Lily não houvesse reconhecido a loira que ele havia levado para o quarto no fatídico desaparecimento da festa, mas um breve olhar para o riso forçado da garota dizia tudo.

—Ah, Amanda, essa é Lily Evans. Somos antigos colegas de escola, e ela está aqui a meu convite – James disse, com um leve sorriso.

—Colegas? – Amanda perguntou. Claramente dava para ver que ela estava avaliando Lily.

—Sim, estudamos em Hogwarts juntos – James disse – Você foi de Beauxbatons, certo?

Oui. Eu estava indo pegar uma bebida, por que não me acompanha? – Amanda sugeriu, piscando um olho e sorrindo. James engoliu em seco e tinha certeza que Lily estava revirando os olhos.

—Seria legal, mas eu vim com Lily.

Pelo canto do olho ele percebeu que Lily estava erguendo as sobrancelhas, enquanto Amanda arregalou de leve os olhos.

—Mas não prefere sair comigo? – Amanda ofereceu. James sorriu de leve.

—Talvez outro dia.

A francesa saiu com uma expressão completamente confusa. Quando James se virou para Lily, ela estava de braços cruzados e sobrancelhas ainda erguidas.

—Quê? – Ele perguntou inocentemente.

—O que aconteceu com você? Pensei que o objetivo dessas festas fosse justamente para os jogadores, er, aproveitarem. Que era toda a diversão e que todo mundo fazia isso. – Lily perguntou. James não podia culpá-la pela confusão.

—Nem todo mundo, tem gente casado aqui, Evans, honestamente – James respondeu, fazendo uma cara de ofendido.

—Bom, você certamente não é casado.

—Não que você saiba. Passamos 4 anos sem nos falar, muita coisa pode ter ocorrido.

—Não faz um mês que você levou essa mesma garota com você para o hotel – Lily replicou.

—Estávamos apenas conversando.

—Você estava sem camisa, James! – Ela disse, agora rindo.

—Estava calor. Não aceito os padrões da sociedade.

—Ela não estava sendo muito quieta.

Dessa vez James não respondeu; apenas abriu um sorriso malicioso e deu de ombros. Lily revirou os olhos, riu e bateu em seu ombro.

Sua fala foi interrompida, contudo, pela música que tocou: a mesma que fazia tanto sucesso que esteve em todas as festas do sétimo ano. James sorriu para Lily e ofereceu sua mão. Lily sacudiu a cabeça em negação, sorrindo.

—Pelas memórias! – Ele insistiu.

—Não, obrigada!

—Vamos, Evans. Vai dizer que não sabe dançar?

—Eu sei dançar, e eu danço quando eu quero. Que não é agora. Estou a trabalho, lembra?

—Seu trabalho é ser minha babá. Então me dê essa honra antes que eu fuja de novo, sim?

Lily suspirou e se deixou ser puxada por um sorridente James para a pista.

—A propósito, – ele disse enquanto dançavam, – amanhã precisarei fazer algo fora daqui. Durante a tarde e a noite. Pode me acompanhar, por favor?

—Quê? Mas eu tenho que organizar...

—Acha que consegue fazer hoje à noite? – Ele interrompeu.

—Bem, talvez.

James parou de dançar, se afastou e sorriu para ela.

—Então vamos voltar. Minhas costas estão doendo e Remus não queria ficar muito.

James percebeu o olhar levemente estupefato da garota e sorriu ainda mais.

Era esse o caminho que buscava.

***

—Para onde estamos indo mesmo? – Lily perguntou quando se encontrou com James no café da manhã do hotel. O garoto sorriu.

—Ora, bom dia, Evans! – Ele respondeu – Eu não lhe prometi um dia sem Quadribol?

Lily piscou lentamente, e um pequeno sorriso se espalhou por seus lábios.

—Eu não achei que estivesse falando sério...

—Ah, mas eu estava sendo 100% sério. Eu cumpro minhas promessas, Lily – James disse, dando de ombros e sustentando o olhar dela – Para evitar ouvir mais sobre Quadribol, vamos sair assim que eu falar com Sirius.

O sorriso de Lily aumentou, e James sorriu em resposta. Ela soltou um risinho e se voltou para o croissant em seu prato, ainda sem acreditar completamente que James estava fazendo aquilo.

—Oi, Pontas – Sirius cumprimentou sorrindo e sentando-se ao lado do amigo – Evans, sempre um prazer.

Lily sorriu e James revirou os olhos.

—Eu e Lily vamos passar o dia fora – James anunciou e Sirius franziu a testa – mas você sabe onde eles estarão. Não haverá problemas.

—Pontas? Vocês vão...?

—Sim, eu prometi a Lily um dia inteiro sem Quadribol, Almofadinhas, e vou cumprir.

—Mas tem que ser logo hoje, Pontas?

—Sim.

—Olha, se isso tem a ver com aquilo que você descobriu... – Sirius insistiu.

—Não tem. Não sei. Talvez. Em parte. Não importa.

—Por Merlin...!

—Sirius. – James disse, e até Lily, que tentava ao máximo não ouvir e fingir que não estava ali, sentiu o tom de finalidade. Sirius sacudiu a cabeça em negação e saiu resmungando, provavelmente voltando para o quarto.

Lily ficou em silêncio, observando James enquanto ele comia. Depois de algum tempo, ela encheu sua xícara de chá e decidiu que já tinha dado tempo.

—O que foi tudo isso? – Ela perguntou, tentando ao máximo não parecer interessada demais.

—Vai ter uma festa hoje, e ele estava achando que eu iria, e que eu deveria ir – James explicou, fazendo Lily erguer as sobrancelhas.

—E você realmente não vai para a festa?

—Já lhe disse que cumpro minhas promessas, Evans.

Lily o encarou por alguns segundos.

—E que descoberta foi essa que você fez? – Ela perguntou. James engasgou e tossiu, seu rosto ficando imediatamente vermelho (Lily não soube precisar se ele havia corado ou se era apenas pela tosse).

—Erm, não foi nada preocupante. Não se apegue a isso. Sirius discorda da minha abordagem quanto ao assunto, então ele fica chateado às vezes. Nada demais.

Lily olhou para James por uns instantes, enquanto a vermelhidão do rosto dele desaparecia aos poucos. Ele estava concentrado na comida à sua frente, e como parecia completamente desconcertado, Lily decidiu não inquirir mais a respeito.

Eles terminaram de comer em silêncio, e se encaminharam no mesmo silêncio até o ponto em que era permitida aparatação. Era um pouco estranho andar lado a lado com James desse jeito, mas trazia lembranças de quando eles eram Monitores Chefes no sétimo ano e faziam rondas semanais juntos.

—Então, onde vamos mesmo? – Lily perguntou quando eles apresentavam as credenciais para sair da zona exclusiva.

—Ah, é uma surpresa, Evans – James disse com um sorriso.

—Devo apenas lhe seguir cegamente, então? – Lily rebateu com um quê de sarcasmo. James gargalhou, e quando chegaram ao local destinado a aparatação, ele estendeu a mão para Lily e abriu seu característico sorriso, erguendo uma sobrancelha.

—Não confia em mim, Evans?

Lily meneou a cabeça e hesitou. Suspirou e aceitou a mão que ele lhe oferecia, resignada.

—Se você aprontar alguma comigo, Potter, eu juro que te mato.

James riu mais uma vez e girou, levando Lily com ele numa aparatação acompanhada. O destino não ficou mais claro para ela, já que eles estavam num espaço fechado, aparentemente uma sala dentro de um edifício.

—Potter...

—Calma, Lily. Confie em mim mais um pouquinho, ok?

Lily suspirou, mas deixou ser puxada pelo garoto, o que era estranho, uma vez que nem na época em que estavam mais próximos fazendo rondas James tomava essa liberdade.

—Eu percebi que estamos na França há um tempinho, mas que não conhecemos muito da França, certo? – Ele perguntou, enquanto andavam por corredores

—Sim, mas porque precisávamos ficar no aloj-

—Shhh, nada de falar daquele esporte! – James a interrompeu, e Lily pode ver que ele sacudiu a cabeça em lamentação – Bem, eu tinha que corrigir isso, porque imaginava você ter vindo à França, mas não ir realmente à França! – Ele continuou, em tom de indignação. Lily continuava confusa, mas finalmente encontraram alguém, aparentemente guardando uma porta – Excusez-moi, est-ce la sortie?

Oui monsieur.

Merci!

Lily ergueu as sobrancelhas em surpresa, mas James apenas sorriu e abriu a porta. Contudo, a luz ofuscante que Lily esperava não a cegou: James colocara a mão sobre os olhos da garota e a empurrava para fora do lugar, andando em alguma direção que ela agora estava mais ignorante do que nunca sobre qual.

—James! – Ela reclamou, enquanto tentava descobrir por outros meios onde estavam. Eram buzinas de carros...?

—Como você é impaciente, mulher! – James respondeu, e de algum jeito, ela sabia que ele havia revirado os olhos. – Como eu estava dizendo, você não chegou a conhecer a França de fato, pelo menos não a parte mais famosa, então acho que eu lhe devia isso, sabe? Mas tem também o fator de que você é nascida-trouxa, e eu dei uma olhada e...

Lily estava prestes a interromper James, quando ele simplesmente tirou as mãos que lhe impediam a visão e Lily percebeu exatamente onde estava.

O arfar que ela exalou foi completamente involuntário, mas ela estava tão absorta na vista que até mesmo o sorriso mais que satisfeito no rosto de James enquanto ele a observava lhe passou desapercebido.

Ela já tinha imaginado em ir ali, já tinha até feito planos, mas nunca conseguira colocar adiante: seus pais não tinham condição financeira de levá-la quando estava em Hogwarts, depois foi o treinamento para aurores, e por fim finalmente estar no esquadrão. Sempre adiara, mas o desejo nunca desaparecera.

E ela teve a certeza que estava certa em não cancelar completamente quando observava, ainda estupefata, a Torre Eiffel à sua frente, com aquele imenso jardim e o Rio Sena no fundo.

—Como... como você sabia que...?

—Ah, então gostou? – Ele perguntou. Lily teve que se virar e mesmo que quisesse, não teria conseguido esconder o grande sorriso que estava em seu rosto.

—Eu sempre quis vir a Paris, mas nunca consegui! Como você sabia? Marlene...?

—Não, não, eu não sabia – James respondeu rapidamente, ainda sorrindo – eu só pesquisei locais famosos trouxas e esse foi o mais famoso, depois do Arco do Triunfo. Pensei em ficarmos por aqui um pouco, entrar na Torre, almoçarmos e depois ir ao Arco. O que acha?

Lily apenas concordou com a cabeça, e dessa vez não perdeu o sorriso satisfeito de James. Juntos eles caminharam pelos jardins até chegarem à fila para comprar as entradas para o Tour da Torre – pagas por James com verdadeiro dinheiro trouxa, para surpresa de Lily.

Ele se recusou a responder como sabia falar francês, dizendo que ele não podia revelar todos os seus segredos, mas no fim das contas perguntaram algo que ele não entendeu e, a muito contragosto, ele tirou um pequeno livro de tradução do bolso, gerando grandes gargalhadas de Lily.

O Tour da Torre foi ainda melhor do que Lily esperava, e até James se mostrou extremamente interessado, fazendo comentários a respeito da história e da construção. Lily tinha que explicar coisas trouxas básicas num tom de voz mais baixo, contudo não se incomodou nenhum pouco; chegava a ser engraçado às vezes.

Eles escolheram um lugar na grama às margens do Rio Sena, e James pediu para Lily aguardar apenas alguns instantes que ele voltaria rapidamente. 10 minutos depois James reapareceu com uma grande cesta.

—Onde você conseguiu tudo isso, James? – Lily perguntou, observando o garoto colocar um verdadeiro almoço na frente deles. Ele sorriu e piscou.

—Um maroto nunca revela seus segredos, Evans.

Isso se provou mentira quando ele contou que tinha preparado antes e estocado tudo no bolso com um feitiço de expansão, mas que ele não podia simplesmente tirar uma cesta daquele tamanho do bolso no meio de uma praça trouxa.

—Não esperava essa sensibilidade de você.

E ela não estava se referindo apenas a cesta, apesar de não ter esclarecido que ia além. Aquele dia todo ia além dos conceitos que ela tinha a respeito do garoto, ultrapassava seu julgamento de James Potter, o capitão de Quadribol da Inglaterra, a estrela da Copa Mundial, o mimado, o arrogante, o imaturo.

—Vindo de qualquer pessoa, eu consideraria isso um elogio, mas como você tem expectativas muito baixas quando se trata de mim, não sei exatamente como reagir – James respondeu com um meio sorriso. Lily riu.

—Definitivamente foi um elogio.

—Então definitivamente eu agradeço.

Lily sorriu e tomou mais um gole de suco, antes de suspirar e relaxar, apoiando o peso do tronco nos dois braços estirados atrás dela.

—O que você está pensando tão concentrada? – James perguntou depois de alguns minutos em silêncio.

—Estou pensando em quanto tempo eu adiei essa vinda para Paris – Lily respondeu, omitindo apenas a parte em que ela também estava pensando sobre o próprio James.

—Por que adiou tanto?

—Trabalho.

—Você nunca se pergunta se, bem... você nunca achou que é demais? Trabalha demais, eu digo. Que Moody exige demais de você, ou algo assim?

Lily olhou para James, que a encarava com a testa franzida.

—Às vezes – Ela respondeu, virando para o rio à sua frente – Às vezes é demais, e eu sei que é demais, mas eu simplesmente não consigo não fazer. O departamento me deve muitas horas extras, e pelo menos duas férias, mas Moody surge como um caso como esse, dizendo que eu sou a pessoa certa, e eu sei que realmente sou, e eu não quero decepcionar Moody, considerando tudo.

—Mas você também merece descansar, Lily – James disse gentilmente – Você não é uma máquina, sabe?

—Claro que eu sei. Mas aí... eu penso... a Ministra merece saber quem matou o filho dela, a comunidade merece não ter esse sujeito livre.

—Mas...

—E aí vem o grande problema – Lily disse, se virando para James, com um pequeno sorriso – eu amo o trabalho. Então não é um sacrifício tão grande. Mas... – Ela suspirou – talvez eu esteja percebendo que eu posso amar mais de uma coisa.

James também sorriu, e Lily pegou um cacho de uvas que havia sido ignorado.

—Qual a pior parte? – Ele perguntou.

—A pior parte? Tem algumas coisas ruins. Toda a situação, em geral. Os crimes em si. É preciso ter muita cabeça para não se perder nessa escuridão. Muita morte e crueldade. Essa é a pior parte. Mas tem também as horas insanas, e como isso dificulta qualquer semelhança de vida normal.

—Como assim não dá pra ter uma vida normal? – James rebateu. Lily sorriu, mas não era exatamente alegria que estava sentindo.

—Bom, nesses quatro anos que estive com o Departamento, treinando ou fazendo parte de fato, eu só tenho como amigos Marlene e Remus, além de Benjy, que tem as mesmas horas loucas que eu. Nesse mesmo período, tive um total de um namorado, que não durou muito e que reclamava absurdamente da ausência. Os outros interessados desistiam quando eu mencionava onde eu trabalho. Mais ou menos isso.

Lily percebeu James a observando, agora com as sobrancelhas erguidas.

—Esses idiotas não entendem o que você está fazendo? A exigência desse emprego?

—Entendem, James, e muito bem. E é por isso que eles fogem – Lily explicou, dando de ombros.

—Eu acho uma tremenda babaquice. Se o cara gosta mesmo e for uma pessoa decente, ele vai ficar e entender de verdade.

Lily sorriu mais verdadeiramente dessa vez, mas James ainda franzia a testa.

—Bom, vamos ver se com as férias que vou solicitar a Moody eu consigo começar a mudar isso.

James grunhiu em concordância, e sacudiu a cabeça em negação.

—E qual a pior parte para você? – Lily perguntou, tentando mudar o assunto.

—Para mim?

—Sim, a estrela do Qua-

—Shhh, nada de falar o nome! – James interrompeu. – Não vou responder ou eu quebrarei a regra.

—Vamos, James, eu lhe respondi uma pergunta pessoal, agora você responde a minha.

James revirou os olhos, mas não negou.

—A pior parte definitivamente é a distância de meus pais. Eles são mais velhos, então não podem ficar viajando muito. Já ofereci para eles morarem na minha casa, mas eles não aceitam. Dizem que sou muito velho para morar com os pais, e que eles sabiam que seria assim quando me tiveram tão tarde. Minha mãe diz que nem mesmos os milagres são perfeitos, e eles consideram o fato de eu ter existido um milagre. Eles não tinham mais esperança de ter filho, sabe?

—Seus pais são adoráveis. Mas, claro, sou enviesada porque idolatro seu pai. Mas fora a parte de poções, ele é sensacional também – Lily comentou, corando levemente e fazendo James rir.

—Bem, eles também gostam muito de você. Quando eu contei a minha mãe depois de Hogwarts que não tínhamos, bem... – James hesitou e bagunçou os cabelos, e Lily acenou positivamente.

—Eu sei.

—Sim, isso. Ela me disse, ‘bem feito, James. Vê se aprende como tratar uma dama agora, sue pateta’. E honestamente, ela estava certa. Eu nunca fui muito, er, gentil com você.

—Pelo menos agora você não tem problema com garotas – Lily disse. James sorriu, mas fez uma careta em seguida.

—Certo, se você repetir o que vou falar, eu lhe desminto até a morte... – James ameaçou – é uma das partes ruins também.

—O quê? As garotas? – Lily perguntou, a surpresa clara tanto em seu rosto quanto na sua voz.

James meneou a cabeça, mas não elaborou. Ao invés disso, se levantou e ofereceu uma mão para ajudar Lily, fazendo tudo desaparecer em seguida.

—Vamos logo no Arco. Temos outro programa depois, mas é surpresa.

—Como queira, James. O roteiro é seu.

Eles foram andando, já que levaria apenas meia hora e eles queriam ver a cidade. Em algum momento, James resolveu realmente responder a pergunta.

—Os fãs são legais. Eu gosto disso, você me conheceu em Hogwarts, e apesar de ter melhorado, eu ainda gosto da atenção. Mas as vezes é...

—Demais? – Lily ofereceu a mesma expressão que ele havia usado para o trabalho dela. James acenou e sorriu.

—Sim, demais. Eu gosto mais das crianças e dos mais jovens. Eles olham para mim como exemplo, e eu gosto de dizer para eles que é possível.

—Isso é... fofo.

—Há, obrigado. – James disse, rindo. – Os adultos... os que são fãs mesmo de Quad- do que eu faço— ele se corrigiu – são legais também. As vezes trocam uma ideia sobre as jogadas, dão dicas.

—Então...?

—As garotas que você se referiu... elas gostam, um pouco. Mas elas gostam mais da ideia que existe sobre mim do que de mim ou do que eu faço, sabe? Então não, não tenho problemas com essas garotas, mas nesse tempo, estamos empatados em relacionamentos reais.

Lily absorveu tudo em silêncio. O tom de voz de James definitivamente tinha algo de tristeza, o que levou Lily a ponderar que talvez ele estivesse procurando um relacionamento sério. Era um pouco surpreendente, mas não deveria – o próprio garoto não já lhe oferecera um tantas vezes?

—Não que eu não goste dessas garotas, não me entenda mal – ele continuou, e Lily revirou os olhos – encontros casuais são bons também. Mas eu gostaria de ter algo mais... real. E o assédio delas às vezes é bem cansativo. E se você contar para Sirius, eu terei que realmente cometer um crime, só que não terá você para me investigar porque você estará 7 palmos abaixo da terra.

Lily riu e revirou os olhos novamente.

—Não se preocupe, Benjy me vingaria. Temos um pacto de vingança.

—Claro que têm – James disse depois de bufar. O resto de sua resposta, contudo, não surgiu, pois ele arfou ao olhar para um cartaz fixado numa loja – Lily, por que tem um metal enfiado no braço dessa pessoa?

Lily fez uma careta de confusão e olhou para onde James apontava. Era um cartaz de propaganda de doação de sangue, e ele estava assustado com a agulha no braço do doador. Lily riu de leve.

—Bem, os trouxas não têm poções para repor o sangue, então quando uma pessoa perde muito sangue, ela recebe sangue que outra pessoa doou. Essa é a maneira de se tirar sangue de uma pessoa para doar para outra: isso é o que se chama de acesso venoso.

—Mas isso não dói?

—Ah, dói um pouco só, mais se a pessoa que estiver pegando o acesso não tiver muita experiência. Mas a dor vale a pena, pois pode salvar a vida de outra pessoa. Como tem muitos acidentes, é preciso muito sangue. Daí a campanha para doar, entendeu?

—Mas a pessoa que doou não vai, sei lá, morrer?

Lily riu mais uma vez e passou a explicar como funcionava o processo de doação, que se ele fosse trouxa com a quantidade de sangue que ele perdeu naquela noite, ele teria recebido.

Obviamente que só isso não era suficiente para James, então ela também teve que explicar sobre os tipos sanguíneos. Depois teve que explicar o pouco que sabia sobre como os médicos (“Tipo aquele do seriado horroroso que Rabicho assiste?”) tratavam as vítimas de acidentes, e como os remédios funcionavam, e que sim, alguns desses médicos abriam as pessoas e mexiam nos órgãos...

O ultraje de James foi interrompido pela visão do Arco do Triunfo, que mais uma vez roubou a fala de Lily. Ela explicou a James a história do Arco, e o que significava, e como havia sido importante para a França.

—É simplesmente magnífico!

—Realmente é – James concordou – mas se não formos agora chegaremos atrasado.

—Onde vamos agora?

James simplesmente sorriu e lhe ofereceu a mão, sem dizer nada. Lily sorriu de volta.

—Surpresa novamente, Potter? Não apronte nada, sim?

James riu quando ela segurou sua mão e aparatou imediatamente.

—Bom, a questão aqui é outra – James disse, novamente pondo as mãos nos olhos de Lily e servindo de guia enquanto caminhavam – por causa da situação, você está presa a mim, tendo que seguir meu horário e meus compromissos, o isso é bem errado. Primeiro porque sou inocente – ele disse, fazendo Lily bufar e rir – e segundo porque sabemos que tem outro evento que você gostaria de estar acompanhando, e por causa disso, não está, então isso aqui é mais uma reparação...

Quando Lily conseguiu enxergar dessa vez, ela demorou mais um pouco para entender: estavam no meio de uma rua, de um lugar completamente desconhecido, sem nada facilmente reconhecível.

Então ela percebeu a imensa construção e arfou, se virando de volta para James.

—Isso é o Sarriá?! – Ela perguntou. James sorriu e acenou, tirando do bolso dois pedaços de papel que Lily puxou da mão dele e começou a pular, enquanto ele ria – Eu não acredito que você me trouxe para a Copa do Mundo!

Lily não se segurou e se lançou nos braços de James para um abraço. Ele a segurou e a abraçou firmemente.

—Obrigada mesmo! – Ela sussurrou. James riu.

—De nada. Agora vamos comprar uma camisa e entrar?

Lily não conseguiu se decidir qual time torcer: no final das contas, comprou uma camisa de cada e um cachecol com os dois times.

—Você planejou ser justamente nesse jogo? – Ela perguntou enquanto eles entravam no estádio.

—Nah, ser Brasil e Argentina foi apenas uma coincidência.

Lily nunca ia se esquecer da sensação que teve ao ver o campo pela primeira vez quando eles se encaminharam para seus assentos. Observar o estádio se enchendo aos poucos, os times entrando em campo, as torcidas...

Mas nada se comparou ao jogo em si. Lily sempre torceu e muito pra Inglaterra, mas sabia reconhecer os limites de seu país. O jogo à sua frente era algo completamente diferente. Era milhares de vezes melhor do que ver em casa. Mais emocionante. Ela era parte do jogo – mesmo que não entendesse muito bem o que as torcidas estavam cantando, ela tentava imitar os que estavam mais próximos a ela.

Ela comemorou todos os gols, não importava o time – os três do Brasil e o de honra da Argentina. Ela lamentou quando Maradona, um de seus jogadores favoritos, foi expulso. Tentou fazer amizade com os latino americanos ao seu lado durante o intervalo.

E James... James não estava entendendo muita coisa, então Lily se sentiu na obrigação de explicar as regras durante o jogo. E mesmo confuso, sem saber exatamente porque os times tinham mudado de lado, dava para perceber que ele também estava se divertindo.

Quando o jogo terminou, eles foram jantar nas famosas Las Ramblas, ainda comentando sobre o jogo que Lily claramente não conseguia superar: o brilho nos olhos da garota parecia que iria permanecer para sempre.

Depois de comerem (e de Lily finalmente se acalmar), eles andaram até um local em que pudessem aparatar sem chamar atenção, conversando sobre amenidades: suas famílias, histórias de infância, seus gostos e preferências...

Finalmente se depararam com um parque que continha diversas árvores que podiam ser usadas para esconder quando eles saíssem, então adentraram um pouco até não conseguirem mais enxergar as ruas de Barcelona.

Quando James estendeu a mão para Lily, ela não hesitou.

O caminho até a concentração estava calmo e vazio, talvez porque todos estivessem na festa que James mencionara antes. Ou talvez porque já havia escurecido e os times iriam treinar no dia seguinte.

Eles iam em direção ao hotel, discutindo qual o melhor doce bruxo, quando Lily sentiu seu pé falsear e perder o equilíbrio, soltando uma exclamação de surpresa. James conseguiu segurá-la por pouco, enlaçando sua cintura com o braço.

—Tudo bem aí? – Ele perguntou, o rosto mais próximo do que Lily esperava.

—Eu... er, sim, foram os buracos de pelúcio... – Ela respondeu. James sorriu.

—Não eram toupeiras?

E passou pela cabeça de Lily quão incrivelmente clichê era aquilo: ela quase cair e ele a segurar, só para terem um momento depois. Mas todo o dia que eles haviam passado juntos não era clichê na mente dela – então quando ela percebeu o olhar dele desviar para seus lábios, e sentiu ele se aproximando, ela não tinha tomado a decisão de se afastar, como a parte racional de seu cérebro sabia que ela deveria.

E a parte racional de seu cérebro só não gemeu em lamentação porque seu nome foi chamado à distância, fazendo com que James se separasse dela e eles se recuperassem. Lily conseguia sentir o rubor no seu rosto, ainda mais quando reconheceu quem a chamava.

—Estou atrapalhando alguma coisa? – Benjy perguntou num tom de voz forçadamente polido.

—N-, hm, não, Benjy, não está – Lily respondeu, e percebeu com o canto dos olhos que James trincara os dentes e cruzara os braços.

—Estive procurando por você... – Benjy disse.

—Eu estava fora com James...

—Sim, eu sei, Marlene me contou que vocês estavam num dia de férias? – Benjy questionou. Lily acenou com a cabeça, colocando a mecha de cabelo que estava nos seus olhos atrás da orelha.

—James estava me devendo um dia fora, e como estava escuro eu tropecei num desses buracos de toupeira e James me ajudou...

—Toupeira? – Benjy perguntou, franzindo o cenho – Pensei que fossem pelúcios – Lily revirou os olhos.

—Honestamente, vocês puro-sangue têm a mente fechada. Só porque está no mundo bruxo não significa que seja bruxo, pode ser trouxa também, mesmo disfarçado...

O resto da indignação de Lily, contudo, não saiu; ela subitamente parou de falar e franziu a testa. Em seguida, arfou e arregalou os olhos.

—É isso, Benjy! Foi trouxa! – Ela exclamou.

—O quê?

—O assassinato foi trouxa! Não conseguimos pensar em como ele foi morto porque estamos pensando apenas como bruxos, mas e se tiverem matado Jack de um jeito trouxa?

—O Ministério não iria saber nunca, porque só investigamos os métodos bruxos – Benjy completou, compenetrado – Acho que você está certa, Lily...

—Eu preciso ver Moody...

—Ele está no bar logo aqui fora... tem uma reunião de segurança amanhã e ele preferiu vir hoje...

—Certo, obrigada, Benjy. Pode ficar com James enquanto isso?

—Claro.

Então Lily se virou para James, que estava com uma sobrancelha erguida e pela primeira vez desde que Sirius deixara a mesa de café da manhã deles, não parecia estar feliz. Ela se aproximou dele mais uma vez, descruzou os braços dele e abriu o maior sorriso que podia.

—James, muito, muito obrigada por hoje. Possivelmente um dos melhores dias da minha vida. Eu amei tudo. De verdade, obrigada. Não tenho como agradecer mais – Ela disse, olhando ele nos olhos – Mas eu preciso falar com Moody.

—Ainda não chegou no demais, huh? – Ele respondeu, abrindo um sorriso de leve. Ela riu e negou com a cabeça.

—Ainda não.

—Tudo bem, Lil, não esquenta com isso. Vai lá e mostra a Moody que você merece suas férias.

Ela riu de novo e abraçou James novamente, tentando passar todo o sentimento do dia através daquele contato.

—Obrigada por entender... – Ela sussurrou.

Lily não sabia quem ficou mais surpreso quando, antes de se separar de James, ela depositou um leve beijo em sua bochecha: ela mesma, que em nenhum momento havia planejado a ação; James, cuja expressão era uma mistura de surpresa com seu famoso sorriso; ou Benjy, que erguera as sobrancelhas e cruzara os braços.

—Bom, eu vou na frente e lhe espero no saguão, Fenwick. Acho que o suspeito já ouviu demais – James disse, ainda sorrindo e soltando uma piscadela. Lily e Benjy observaram o garoto caminhar, uma mão no bolso da calça e a outra no cabelo.

—Lily... – Benjy falou, se virando para a garota assim que James não mais podia ouvi-lo.

—Benjy, não foi nada...

—Eu sei, porque eu aparentemente atrapalhei de fato!

—Benjy...

—Parceira, isso não... você nunca fez isso...

—Nada aconteceu, Benjy. Não se preocupe, ok? Foi um lapso, não vai acontecer de novo.

Benjy olhou-a por alguns segundos e suspirou.

—Vai logo antes que Moody vá embora. E me dá essas coisas, vou entregar a Marlene – Ele disse, apontando para as camisas e o cachecol, além da pequena sacola de lembranças de Paris.

—Entrega a James, por favor, tem uma mini-Torre Eiffel para Marlene, e tem uma para você também.

—Torre Eiffel?! – Benjy exclamou, mas Lily já estava andando e apenas acenou para ele.

Se James tivesse perguntado sobre os pontos positivos do trabalho de Lily, ela definitivamente teria falado sobre a aquisição da habilidade de compartimentalizar. Era incrível como ela podia ter alguma coisa na mente, mas a partir do momento em que surgia alguma coisa do caso, ela esquecia o que estava pensando antes e focava no caso.

Foi usando essa habilidade que Lily conseguiu ignorar o que havia se passado entre ela e James; que conseguiu ignorar a vozinha na cabeça dela que sussurrara que aquele havia sido o melhor encontro que ela tivera, mesmo que não tivesse esse nome; que conseguiu ignorar tudo o que ela havia começado a sentir por James apenas se intensificar.

Ela colocou na cabeça que precisava falar com Moody, e era isso que importava.

Como Benjy dissera, ele estava no bar logo na saída do alojamento, sentando sozinho numa mesa com um copo de uísque na mão e observando atentamente todos que passavam. Lily pediu uma Cerveja Amanteigada no balcão e se sentou ao lado do chefe.

—O que é isso no seu rosto, Evans? – Ele perguntou imediatamente, e Lily se lembrou que havia permitido que pintassem seu rosto com as bandeiras da Argentina e do Brasil, uma em cada bochecha.

—Nada de importante.

—O que está fazendo aqui? Pensei que estivesse com Potter.

—Eu estava, mas agora Benjy está com ele. – Lily deu um longo gole e olhou para Moody – Precisamos conversar sobre o caso.


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