Luíza sentiu uma leve vertigem que foi se aprofundando. Incapaz de trabalhar, a mulher foi pra casa sob olhares acusatório. Sem nem lembrar porque estava assim, deitou-se e dormiu rapidamente. Péssima idéia. Havia mais personagens ali do que poderia contar. Nenhum contente.

Every, mantida escondida depois de sofrer um atentado. Emília, escrava. Helise, grávida e sem perspectiva há quase um ano. Aron esperando Ellie acordar depois do Destino falar com ele e dizer que tudo estaria bem. Obviamente não estava. Daniel longe da filha que deveria ter completado dois anos, há quase dois anos. Ana, que esperou sete anos pra reencontrar Samuel, e nunca teve seus desejos concretizados. Marcelino, ainda no quarto de hotel com John, sem fazer nada e sem ir embora. June na faculdade, prestes a reencontrar Jensen, descendo as escadas enquanto o irritante número 1 estava no bar. A poucos passos do fim. 

A menos triste era Louise, que continuava constantemente sendo submetida a seções de selvageria sexual promovidas por Anthony. Claro, que a autora nem tinha começado a fazê-los sofrer. Ainda. 

—Vocês vão… Me matar?- O clima parecia frio e sombrio, e alguns seres vindos da Dimensão Morta apareceram. Os monstros ela havia criado. O lugar ainda não era nem idealizado. Ah, sim. Luíza iria morrer ali.

—Você vai nos matar?- Todos responderam ao mesmo tempo.

Fez sua melhor pose de mocinha inocente em filmes de terror e saiu correndo, completamente clichê. O silêncio estava terrível. Até que mais  a frente, uma nova personagem a esperava com um sorriso falso.

—Garota! Me ajude!- Implorou,vendo os putos da vida se aproximando cada vez mais.

—Claro! Você vai me dar um nome?- A ruiva segurou em sua mão, guiando-a em direção ao penhasco sem que Luíza percebesse.

—Eu já te dei um nome.- Na beira do precipício, as duas pararam. Luiza ofegava.

—Max me deu esse nome. Você disse que ninguém esqueceria quando pronunciado. Qual é?- Scarlet parecia tão ameaçadora quanto os outros. Luíza suspirou, fechando os olhos.

—Me tire daqui e eu te dou o nome que quiser.- Implorou em sua última tentativa, já cercada de todos os seus personagens furiosos.

—Desculpe. Você me criou apenas pra vingança.- O precipício deixou de ser um medo, e se tornou uma esperança.

Luiza acordou. Cansada. Culpada .

Decidida.

Era fim de tarde, e foi a passos largos pro seu computador. Eles queriam um final? Pois muito bem.

Luiza quebrou cada peça do computador velho, cheia de raiva.De seguida, partiu pro celular. Esse não podia quebrar, mas apagar era válido. Cada arquivo deletado com um prazer imensurável que a fez quase rolar os olhos. Ainda comemorando seu sucesso, acabou tropeçando e pisando no notebook jogado no chão. Ainda não tinha terminado de pagar, mas e daí? Aquela seria sua vingança.

Eles queriam um final? Não teriam.