Ele dirigiu o mais rápido que pode até o hospital, não queria que ela ficasse muito tempo sem alguém por perto, ela necessitaria de ajuda pra tudo até segunda ordem do médico , isso incluiria sessões de fisioterapia. Aquele filhote mal havia chegado e já causara um estrago enorme.
Assim que chegou viu que ela dormia, linda como sempre, parecia até um anjo.
— Sara?!? Querida, acorde, estamos prontos pra irmos para casa.
— Podem me transportar enquanto durmo, esses medicamentos me deixam cada vez mais sonolenta.
— Sara, por favor abra os olhos meu amor...Não me faça ficar preocupado de novo
— Você é um homem muito insistente quando quer – diz ela abrindo os olhos – pronto Gilbert, agora me responda como é que vou sair dessa cama e me materializar na sua casa?
— Eu sei que vai incomodar e muito, mas o dr. Tales me disse que você pode se sentar, vamos de cadeira de rodas até o estacionamento, te coloco no carro e pronto ...
— Tá... E depois como me tira do carro?
— No estacionamento do meu prédio é só fazer o reverso, por que tá questionando tanto?
— Não sei se vai dar certo essa história de ficar na sua casa, não quero dar trabalho e nem incomodar...
— Sara, de uma vez por todas entenda que estou fazendo isso por amor, se algo de ruim te acontecer eu morro, entendeu? ... eu te amo mais que tudo nessa vida, não posso arriscar em te deixar sozinha..
Ela ficou em silêncio, era a primeira vez que ele se abria assim e parecia que tudo aquilo era um sonho, seus olhos estavam marejados e depois dessa linda declaração seu coração passou a acreditar em tudo que ele lhe dissera sobre o amor que sentia.
— Sara você tá bem?
— Estou meu amor, vamos pra casa.
— Seu desejo é uma ordem.

Se despediram das pessoas que estavam de plantão, ele teve ajuda para acomoda-la no carro e partiram, só que antes de irem para casa havia um pequeno filhote esperando uma carona pra casa também, a veterinária havia ligado pela manhã e avisou que liberaria Hank, ele estava bem. Com o carro parado na porta da clínica ele instruia, ou melhor delegava instruções a Sara.
— Não se mexa um milímetro Sara Sidle, e só o tempo de pegar Hank e as coisas dele e já volto, entendeu né? Nem um milímetro...
— Entendi, até porque não tem como eu me mexer com esse gesso e as costelas fraturadas Grissom, vai logo buscar meu filhote.
Finalmente em casa, não era a casa dela, não era seu cantinho aconchegante e familiar, era a casa dele, na sala uma estante enorme repleta de livros, CDs e DVDs organizados por ordem alfabética, ela notou que o sofá daria pra dormir confortavelmente e enquanto observava os detalhes ela era observada por ele.
Era estranho ver e ter alguém ali em sua casa, ele recebia poucas visitas, nem mesmo a faxineira o via com frequência, mas era ela que estava ali, e ela precisava de todo cuidado que ele fosse capaz de dar, e além dela tinha também o pequeno Hank que já se sentia em casa , correndo e cheirando tudo que estava ao seu alcance.
— Hank ! Calma aí garoto, precisamos colocar a sua mamãe na cama primeiro – dizia Grissom correndo atrás do bichinho até a cozinha – calma filhote devagar ...
— Grissom eu tô bem no sofá, deixa ele, é um ambiente novo só tá tentando se acostumar – diz Sara se divertindo com a cena – aí ...
— O que foi ? O que dói?
— As costelas ....
— Já pra cama, vou te levar ... Hank para...
— Não é nada de mais... não posso rir e respirar ao mesmo tempo que dói tudo, Hank quieto
O filhote parou no mesmo instante e se deitou próximo ao sofá onde Sara estava...
— Ela você obedece né? Chateado com você viu !?!?
— Grissom deixa disso, ele só precisa de pulso firme, posso por ele no sofá?
— Vou buscar um cobertor pra ele deitar perto de você, comprei na clínica.
Parecia que todos os seus sonhos se realizaram ao mesmo tempo, era sua casa, a mulher que amava na sala e um pequeno cachorro, que era o motivo de ter unido os dois.
A noite chegou , eles jantaram juntos, ele colocou o filhote na lavanderia e ele dormia esparramado, e a campainha tocou .
— Oi – diz Catherine na porta – do que precisa sua mensagem me deixou preocupada Gilbert.
— Oi – diz Grissom meio envergonhado – preciso de ajuda... Sara precisa tomar banho segundo ela ... eu... Olha não temos intimidade suficiente pra isso... e não quero deixar ela sozinha com a enfermeira...
— Você tirou licença pra cuidar dela e contratou uma enfermeira , definitivamente não te entendo, cadê ela?
— No meu quarto, está descansando...
— Gil tá falando com quem ? – Diz Sara do quarto.
— Catherine, veio pra ajudar...
— Vim por você querida e não por ele.

Com a chegada da enfermeira foi até fácil e rápido o banho de Sara, os curativos foram trocados e ela estava confortável novamente na cama dele.
— Gil vai dormir onde? – pergunta Catherine.
— No sofá, ela precisa de conforto e sossego.
— Tá, qualquer coisa me liga ok?
— Ok, fico te devendo essa Cath...
— Eu vou cobrar

Ao voltar ao quarto pra ver se Sara precisava de alguma coisa ele se deparou com a visão mais linda e marcante de sua vida, mesmo com os ferimentos e o gesso na perna esquerda ela era a mulher mais linda de todo o mundo dormindo, o braço direito acomodado em um enorme travesseiro, a perna direita encolhida e os cabelos meio bagunçados encobria parte de seu rosto. Era irresistível não deixar um beijo de boa noite e quando ele fez ela despertou.
— Você vai dormir aqui amor – perguntou ela meio sonolenta.
— Não minha querida, você precisa de espaço e conforto.
— A cama é grande o suficiente, fica.
— Eu me mexo demais durante a noite...
— Fica ...
Foi impossível não ficar ali, ele se deitou e ela automaticamente se ajeitou como pode em seu peito.
— Isso dói...
— Eu posso ir pro sofá sem problemas.
— Não amor, já encontrei uma posição que não vá doer ... Hank dormiu?
— Parece uma bolinha que respira, ele apagou querida.
— Ótimo, boa noite Griss ... eu te amo .
— Boa noite Honey, eu também te amo.
Ela dormia e ele vigiava até que caiu no sono também, saber que ela estava ali aos seus cuidados e sob a proteção de seu amor confortava seu coração , a primeira noite deles juntos não era assim que ambos queriam mas foi assim que o destino quis e permitiu.