Rei escrita por HANABI PROJECT


Capítulo 3
O herói, o assassino e a Resistência


Notas iniciais do capítulo

Aloha!! Sejam todos muito bem-vindos! Espero que estejam gostando! Eu amo essa história e me sinto muito feliz em compartilhá-la com vocês!
Primeiramente, peço desculpas pela demora para postar. Eu viajei e depois acabei ficando muito atarefada. Atarefada ao ponto de me esquecer de entrar aqui! Espero que me perdoem ♥
PS.: Eu tive que cortar esse capítulo, pois ele acabou ficou muito longo hahaha eu me empolgo bastante escrevendo essa narrativa fantástica!

Sem mais delongas, segue o novo capítulo, com muita ação e algumas revelações sobre o passado do nosso querido espadachim de olhos amarelos

Enjoy!



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Quando Seiji abriu os olhos novamente, o sol reinava alto nos céus. Ele não dormia tão bem assim há anos. Estava prestes a se levantar, porém foi impedido pelo som de um resmungo baixinho, seguido de uma inquietação. Rei estava aninhada sob o peito dele, como uma criança se agarra a mãe depois de um sonho ruim. Suas pequenas mãos puxavam a camisa dele suavemente, como se estivesse com medo de que pudesse fugir. Como se não bastasse, Seiji a havia abraçado durante o sono. A garota se remexeu, aconchegando o rosto entre o ombro e o pescoço dele.

— Ei... - Murmurou ele, com o rosto mais vermelho que um tomate.

— Hm? - Foi tudo que ela disse, ainda dormindo.

Seiji jamais passara por uma situação daquelas.

— Ei! - Ele a sacudiu suavemente.

Finalmente Rei abriu os grandes olhos, com uma expressão sonolenta.

— Seiji? - Sussurrou ela, bocejando. - O que foi?

— Como assim, o que foi? Você estava deitada em cima de mim.

Ela o encarou.

— Você não gostou?

Ele sacudiu as mãos, desconcertado.

— Não é isso! Qualquer homem adoraria que uma garota como você dormisse com ele, mas... - Fez uma pausa, sem saber o que dizer. - É que... acabamos de nos conhecer... Você só deve deitar desse jeito com um homem de quem goste. - Explicou, por fim, sentindo-se idiota.

— Eu gosto de você. - Rebateu ela, pensativa. - E você disse que gostava de mim. Não tem problema então, certo?

— Não é isso! Como pode ser tão ingênua? - Ele bateu uma mão contra a própria testa. - A partir de agora, não faça mais isso, certo?

— Mas... - Rei encarou-o, parecendo um pouco triste. - Entendi. - Murmurou, por fim.

Seiji se sentiu um pouco culpado. Ele só podia estar louco. Quem poderia rejeitar a companhia de uma garota como ela? Não, pensou, afastando aquelas ideias da própria cabeça. Se ele se aproveitasse daquele tipo de coisa, seria igual ou pior aos soldados que a atacaram no dia anterior.

— Eu prometi que a levaria até Todo e vou cumprir. Vamos, temos um longo caminho pela frente.

Rei assentiu e espreguiçou-se, seguindo-o pela pequena trilha entre as árvores. Eles caminharam em silêncio durante alguns quilômetros, até que um som sutil os interrompeu. Antes que a menina pudesse entender o que estava acontecendo, Seiji puxou-a para baixo, fazendo com que rolassem alguns metros. Uma lança passou a centímetros de distância deles, zunindo. O espadachim de olhos amarelos aterrissou graciosamente, já Rei machucou o pé na queda e parecia desorientada.

— Apareça. - Seiji disse, para as árvores ao redor.

Um homem surgiu de trás de um grosso tronco, aplaudindo. Seus cabelos eram loiros e a pele queimada pelo sol. Ele vestia a armadura vermelha, símbolo do exército do Usurpador e tinha uma expressão sarcástica.

— Ora, ora... - Sorriu o estranho. - Faz algum tempo desde a última vez que alguém foi capaz de desviar desse ataque. Estou impressionado.

— Quem é você e o que quer? - Indagou Seiji, com uma expressão selvagem.

— Sou um mero assassino. - Replicou o homem, aproximando-se. - Mas não se preocupe... Minhas ordens são para matar somente a garota. Eu o deixarei vivo, se entregá-la agora.

— Me matar? - A garota repetiu, parecendo confusa e assustada. 

Seiji estendeu um braço em frente a ela de maneira protetora.

— Isso não vai acontecer. - Declarou, tranquilizando-a. - Por que alguém mandaria matar uma garota inofensiva feito ela? - Seiji interrogou, transpassando-o com o olhar.

O assassino caminhou até a lança, que havia atingido uma árvore e arrancou-a do tronco com um puxão.

— Suas perguntas são sem sentido, já que é um homem morto.  - Bradou ele.

Tudo aconteceu tão rápido que Rei mal teve tempo de acompanhar. Seiji sacou a espada bem a tempo de aparar um golpe lateral. Seu braço tremeu com o impacto, tamanha era a força do oponente. Apesar da intensidade do choque, Seiji não se deixou abalar. Utilizando toda sua força, ele fez com que o assassino recuasse dois passos, então desferiu um golpe na altura da barriga do oponente, que desviou por pouco e retribuiu girando a lança com maestria, afim de atingir o pescoço do espadachim. Seiji inclinou o corpo para trás, sentindo quando a ponta da arma o atingiu de raspão na garganta. Sangue esguichou do ferimento, pingando em pequenas gotas sobre o solo.
Rei assistia a tudo, ainda impactada com a declaração do homem misterioso. Seu coração batia de maneira desenfreada e um nó se formava em sua goela cada vez que o espadachim de olhos amarelos se feria. Os dois guerreiros lutaram durante longos minutos, até que ambos estivessem ofegantes e com os movimentos retardados pelo cansaço. Separaram-se, andando em círculos no espaço curto da clareira.

— Isso acaba agora. - Seiji avisou, com um olhar perigoso.

Ele respirou fundo, prendendo o ar nos pulmões e então foi em direção ao assassino, pressionando-o com uma sequência de golpes diretos e ininterruptos. O último arremessou o homem para longe como um boneco de pano. Rei nunca imaginou que ele possuía tal força, tendo em vista sua aparência comum e franzina. Assim que viu a brecha, Seiji soltou a respiração que tinha prendido.

— Prisão de chamas. - Murmurou ele, cuspindo labaredas de fogo gigantescas sobre uma grande área. As árvores ao redor foram incineradas quase instantaneamente. A floresta foi tomada por um calor claustrofóbico, quase palpável. Misturado ao clima úmido do ambiente, o oxigênio queimou e explodiu, lançando rochas e pedaços de troncos para todos os lados.

Rei jamais havia testemunhado outro poder, exceto o próprio. Lembrou-se dos muitos livros que o mestre a obrigara a ler. Olhos amarelos. Seiji possuía olhos amarelos e o símbolo do clã Hisashi no pescoço, o que indicava vampirismo. Ele havia roubado aquela habilidade de incendiar de outra pessoa, mas de quem? Durante a pausa tensa que se seguiu, a garota teve dificuldade para respirar. Seu corpo fora tomado pela intensidade do golpe. Suas mãos e rosto transpiravam, molhando suas vestes. Por um momento, tudo permaneceu em silêncio, até que uma sombra surgiu entre as labaredas.

— Seiji! - Rei gritou, assim que retomou o fôlego.

A lança fora arremessada novamente, dessa vez encoberta pelas chamas que ele mesmo havia lançado. Seiji desviou por instinto, mas sentiu quando a ponta da lâmina o cortou de raspão no ombro. O assassino não lhe deu tempo para pensar. Surgiu pelo alto, arremessando objetos parecidos com agulhas. Seiji não teria tempo para esquivar-se novamente, de modo que ergueu um dos braços em frente ao rosto e deixou que atingissem o alvo. Logo todo seu lado direito ficou dormente e o assassino se preparou para mata-lo com uma pequena adaga escondida nas vestes. Seiji estava caído no chão enquanto ele se aproximava, sorrindo. O oponente havia encharcado as agulhas com uma planta de efeito anestésico, por precaução.

— Vejo que não irá reclamar das minhas técnicas obscuras. - Sorriu o homem. - Estou feliz por ter lutado com você, mas chegou a hora de dizer adeus.

Sem conseguir se mover, Seiji observou a lâmina descer em direção ao seu próprio peito. Quando estava a apenas alguns centímetros de distância, no entanto, parou.

— Já chega! - Rei disse, levantando-se com alguma dificuldade.

Uma de suas mãos estava erguida em frente ao corpo, com a palma aberta. Ela fez um movimento com o dedo e a adaga voou para longe. A garota caminhou até Seiji, ajoelhou-se por trás dele e o ajudou a se levantar. O assassino estava congelado na mesma posição, observando a tudo, mas incapaz de se mover.

— Você está bem? - Indagou ela, com o olho esquerdo jorrando sangue de maneira descontrolada.

— O que está acontecendo? - Rebateu Seiji, confuso.

— Não se preocupe. Ele não pode mais se mover. - Explicou ela. - Eu nasci com este poder. Apesar de meu mestre tê-lo enfraquecido, ainda consigo debilitar os movimentos de uma pessoa e puxar ou arremessar objetos pequenos.

— M-monstro. - Conseguiu gaguejar o homem, com o queixo tremulando devido ao esforço de movimentar a mandíbula.

— Podemos conversar sobre isso depois. Agora... - Seiji encarou o assassino, que estava parado e indefeso, segurando uma adaga que já não estava mais em suas mãos. - É hora de obter algumas respostas. Vou perguntar mais uma vez: quem é você e porque querem matá-la?

— Por favor... - O homem falava com dificuldade. - Só recebi... Ordens.

— Precisará me dar mais do que isso se quiser sair com vida. - Avisou Seiji, com um olhar perigoso.

Rei puxou a manga da camisa dele.

— Vamos embora. - Murmurou ela. - Esse lugar me deixa assustada.

— Não se preocupe. - Tranquilizou-a. - Só mais um pouco. - Depois voltou-se para o assassino: - Ordens de quem?

— Do... General Hazza. É t-tudo que... Eu sei. – Falou com dificuldade.

— Feche os olhos. - Seiji falou para a garota.

Assim que ela obedeceu, Seiji o matou com um golpe limpo da espada. Mesmo que quisesse deixá-lo vivo, não poderia. Assassinos não desistiam até que o alvo fosse eliminado, caso contrário não eram pagos. Ele limpou a espada nas vestes do oponente e embainhou a lâmina novamente, virando-se para Rei.

— Vamos. Não olhe pra trás, certo?

— Mas... Você está bem? - Indagou ela, preocupada.

— Não se preocupe. O efeito das agulhas já está passando.

— Não é isso... – Cochichou ela.

Rei rasgou a manga do braço dele e observou a ferida causada pela lança. O corte era profundo, mas a lâmina não atingira nada importante. A garota improvisou uma atadura, dando um pequeno nó no tecido.

— Assim está melhor. - Sorriu, gentilmente. - Vamos.

— Espere. - Pediu ele. - Está ferida? - Perguntou, observando que ela mancava.

Rei balançou as mãos, despreocupada.

— Eu apenas torci o tornozelo. Quando chegarmos ao vilarejo ficarei bem, desde que possamos descansar um pouco.

Seiji se ajoelhou e encarou-a.

— Venha.

— O que?

— Suba, vou carrega-la.

— Não precisa. Seu braço está ferido.

— Venha logo, já disse que é só um arranhão. - Rebateu ele, impaciente.

Rei obedeceu, caminhando até lá. Ele a apoiou em suas costas e a ergueu facilmente, como se fosse uma boneca. Rei agarrou-se e manteve o queixo apoiado em seu ombro bom. Caminharam em silêncio, ainda em estado de alerta e adrenalina por conta do ataque anterior.

Aos poucos o dia foi se esgotando, dando lugar a uma tarde alaranjada.

— Rei... - Seiji disse, depois de um tempo. - Sabe por que aquele homem estava atrás de você?

— Não. - Murmurou ela. - Desculpe.

— Porque está se desculpando? - Indagou ele.

— Não fui totalmente honesta com você. - Revelou ela. - Mas... Acho que posso contar agora.

Ele a encarou por cima do ombro, sério.

— Eu fui criada pelo mestre do templo Midoriko. Ele me encontrou quando eu ainda era criança, mas... agora está morto. - Seu tom de voz era triste e amargurado.

— O que aconteceu?

— Eu não sei bem... No meu aniversário de dezessete anos, o mestre me deu uma espada, dizendo que eu era a única capaz de porta-la. Geralmente, humanos normais não podem sequer toca-la com as mãos nuas, mas isso não foi problema para mim. Nessa lâmina estão selados o poder e o espírito de Tensei Nobunaga, também conhecido por assassinar dez mil homens. Não sei bem como, mas desde esse dia, as coisas deram terrivelmente errado. Meu mestre foi assassinado por algum dos irmãos... Eu estava furiosa e não pensava direito... Quando dei por mim, eu... - Era difícil dizer aquilo em voz alta, mas a garota se esforçou. - Eu matei todos eles... - Lágrimas encheram seus olhos. - Desde então, tenho vagado sozinha pelos vilarejos. Não sei se algum dia poderei me redimir, mas... Preciso tentar. Não restou nada para mim nesse mundo.

Seiji parou de caminhar, com uma expressão obscura.

— O que foi? - Questionou a garota, com medo de sua reação.

— Eu também não fui honesto com você. - Murmurou ele. - Dez anos atrás, meu pai, minha mãe e até mesmo meus irmãos mais novos, que não passavam de bebês... Todos foram assassinados.

— O que? - Rei parecia em choque.

— Esses olhos amarelos são o símbolo do meu clã. Minha família era nobre e abastada e algum dia eu herdaria suas riquezas, mas... Depois que o Usurpador tomou o poder e aumentou seus domínios, ele precisava do apoio da minha família para dobrar os outros nobres da região. Quando meus pais se negaram... Foram assassinados bem diante dos meus olhos.

— Seiji....

— Eu consegui escapar. - Continuou. - Mas fui o único. Desde então, jurei vingança. Algum dia... Algum dia irei matar o usurpador com minhas próprias mãos. - Ele a encarou. - Não se preocupe se não lhe restou nada. Fora do templo em que vivia, há muitas pessoas como nós. É por isso... que vai ficar tudo bem.

Rei apertou os braços que o envolviam.

— Obrigada. - Sussurrou ela.

Chegaram ao vilarejo naquela noite. As ruas eram de pedra, assim como algumas casas. As instalações como tavernas e estalajadeiras foram construídas com madeira e feno. Uma ponte curvada passava por cima de um rio que cortava a cidade. Apesar da aparência agradável do lugar, as pessoas pareciam desoladas. Todos nutriam uma expressão triste e faminta.

— Pra onde iremos? – Rei indagou, enquanto recebiam olhares curiosos.

— Não se preocupe, conheço um lugar. – Respondeu ele.

Dobraram algumas ruas e becos, chegando a uma parte mais pobre da cidade. Por fim, pararam em frente a uma casa que parecia abandonada. Seiji colocou-a no chão com cuidado e abriu a porta.

— Ei, tem certeza que podemos entrar assim? – Perguntou a garota.

— Venha. – Foi tudo que ele disse.

O interior não lembrava em nada o exterior deteriorado do local. O chão, paredes e móveis estavam extremamente limpos e organizados. Seiji caminhou até o centro da instalação e empurrou uma mesa para o lado, revelando um sótão que fora cuidadosamente escondido. Ele deu um toque em sequencia com as mãos e esperou, em silêncio. Alguns segundos se passaram sem que nada acontecesse, porém em seguida Rei conseguiu ouvir o barulho de passos vindos do chão. A madeira do piso foi movida, revelando uma mulher na casa dos trinta anos, com aparência bondosa e cabelos castanhos.

— Seiji! – Sorriu ela. – Fico feliz que esteja aqui. – Então ela notou Rei, um pouco mais atrás, com uma expressão curiosa. – Vejo que trouxe mais uma de suas...

— Ei, Hana! – Cortou ele, lançando um olhar fulminante.

— Certo, certo. – Riu, divertida. – Venham logo.

Os três desceram uma escada estreita até chegarem a uma espécie de caverna. Era escuro e úmido, além de assustador. Rei segurou a manga da camisa de Seiji, com medo de se perder.
Andaram durante minutos, no que parecia um labirinto de túneis. Por fim, chegaram a um grande espaço, abarrotado de pessoas que zanzavam de um lado para o outro e conversavam em tom sombrio.

— Seiji... – Rei murmurou. – O que é tudo isso?

Olhando ao redor, Rei notou que também havia muitos feridos e doentes, deitados enfileirados em montes de feno espalhados pelo chão.

— Isso é a Resistência. – Rebateu ele, sério. – Aqueles que se opõem ao governo do Usurpador.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Me digam se as cenas de ação estão boas. Eu, particularmente, tenho um pouco de dificuldade em descrever esse tipo de cena. Obrigada pelos comentários e pelas visualizações. Vejo vocês na semana que vem!



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