Uma canção de Josep Puigdemont escrita por Braunjakga


Capítulo 5
A captura




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V

 

Carles levou a família toda para um hotel de Barcelona à beira mar.

Carles Roig era amigo de infância de Josep. Enquanto que Josep era tranquilo, sonhador e batalhador, Carles era o contrário. Mulherengo, não tinha trabalho fixo e vivia de “serviços” que não detalhava quais eram. Não tinha endereço fixo, mas sempre dava um jeito de se manter arrumado, banhado e perfumado. Se dizia “bicho solto” e orgulhava-se de dizer que vivia como os homens de antigamente, que só dependiam de suas próprias forças pra sobreviver no “mundo cão”, e, mesmo assim, se vestia e comia como um Barão.

No restaurante do hotel, de frente ao mar, Maria devorava uma sopa suculenta, como nunca provou antes e Meritxell brincava no colo de Carles com uma bola de borracha que o “tio” deu para a pequena. Josep olhava tudo com indiferença, prestando mais atenção nas ondas do mar, indo e vindo.

Carles amava Meritxell como se fosse filha dele mesmo.

Todos já estavam banhados e limpos, com roupas novas, compradas por Carles.

— Come, homem! Saco vazio não pára em pé!

— Come, papai!

— Não estou com fome, Carles. Já te aviso que não vou ficar aqui pra sempre… E vou te pagar por tudo isso aqui!

— Você tá louco, é? Vamos ficar o tempo que for aqui, até você conseguir nossa casa em Girona, tá entendendo? Você não tá trabalhando?

— Eu tou, Maria, mas não é fixo, é só um bico!

— Você é um frouxo, Josep!

Carles sorria. Josep e Maria se olhavam com raiva. Meritxell ficou preocupada.

— Vai brincar na praia, vai! Depois o tio te chama.

Meritxell correu com a bola de borracha até às areias.

— Josep, dinheiro vai e vem e nós também. Eu paguei um mês de hospedagem pra vocês, comprei também uma maleta cheia de roupas e não quero nada disso de volta, podem ficar aqui o tempo que precisar…

— Eu não gosto disso, Carles, Você sabe! Vivendo às custas de outro homem… Eu, que sempre batalhei a vida toda…

— Trabalho honesto não ajuda ninguém nesses dias de hoje, eu sempre falei isso pra você...

— Eu sempre falei isso pra ele, mas ele nunca me escuta, Carles! Ele não é esperto como você! – Disse Maria

Josep olhou a esposa com raiva e Carles colocava panos quentes em toda a situação:

— Calma, Maria! Eu digo isso porque o nosso dinheiro só vai pro governo e não vemos nada de volta… Mas eu sou amigo de vocês, não sou? Amigo é pra isso…

Josep resolveu se calar quanto a isso.

— Com que você tá pagando isso? Contrabando? Tráfico? Extorsão? Estelionato?

— Se eu falar você não vai gostar…

— Conta, oras!

— Eu tou fazendo a boa com essa guerra aqui! Até agora já consegui dinheiro pra comprar uma fazenda na Colômbia ou uma mina na de prata no Peru. Tudo é planejamento, cara! Mais um pouco e eu já faço a boa…

— Isso me cheira a traição, cara!

Carles sorria:

— Para com isso! Eu sou bicho solto e vivo como um… Catalunya independente ou não, gente como eu sempre vai existir…

— Você que foi esperto, Carles, isso sim, não é como o Josep que foi trouxa e ficou do lado dos separatistas…

— Maria!

Enquanto Josep se irritava com Maria, o cozinheiro do restaurante apontou para a mesa deles. Um grupo de coronelas entrou no restaurante armado de fuzis.

Carles percebeu o perigo e tentou saltar o muro que separava o restante do mar. Foi pego pelos coronelas pelo braço. Restou a ele levantar os brancos e sorrir, com um cano de fuzil apontado para a nuca.

Com medo, Maria se agarrou com Josep, uma única vez, naquele dia:

— O que está havendo aqui?

— Você que é o Josep Puigdemont?

— Sou. Sou sim.

— O presidente Santi Castell deseja vê-lo imediatamente!

Vendo que Carles sorria  preocupado, Josep atendeu o chamado deles sem hesitar.


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