Uma canção de Josep Puigdemont escrita por Braunjakga


Capítulo 2
A devastação




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II

 

Josep e sua família foram levados para Blanes, cidade na província de Girona, próxima ao mar.

Ficaram apenas um mês na cidade, pois o ataque a Girona por parte das tropas espanholas foi rápido, durou apenas algumas horas e não durou muito.

Logo depois do ataque, começou a reconstrução da cidade por parte dos Miquelets e Coronelas, a mando da Generalitat, mas Josep só ficou sabendo da reconstrução da cidade depois de um mês.

Ora, os Miquelets eram tropas de montanha da Generalitat de Catalunya.

Vestiam casacões azuis, tinham chapéus pretos de três abas e carregavam fuzis nas costas. Diferente dos coronelas, tinham também casacos de frio para as montanhas e mochilas com equipamento de escalada, como martelos, correntes e cordas e preferiam atirar mais com dois pares de pistola do que com o fuzil. Assim que Josep voltou para Girona, entendeu porque o ataque fora breve, vendo as casas que ainda estavam no chão, incluído a sua: Não era um ataque de tomada, mas de destruição.

A cidade inteira havia sido passada pelo fogo numa velocidade surpreendente. Só queriam enfraquecer os recursos das forças independentistas.

Casas e prédios de pedra derreteram com a ação do fogo. Até mesmo a bigorna da sua oficina virou uma poça de ferro derretida, como sorvete no chão.

As outras construções de madeira estavam só o pó.

Durante dias, Josep se perguntou que tipo de força tinha feito isso. Tinha que ter sido um fogo muito forte mesmo, pois nem mesmo as explosões de pólvora e as chamas das fogueiras podiam causar tanta destruição assim num tempo tão curto.

Girona estava arrasada e Josep perdera tudo, todos os seus meios de trabalho: Roupas, móveis e ferramentas da oficina. Estava abalado por dentro.   

Quando estava no que restou de sua casa, olhando a destruição causada pelas tropas espanholas, o sargento Andreu apareceu:  

— Sargento, ainda vive!

— Sim, Josep, ainda estou aqui!

— Porque não me falou que metade da cidade estava de pé? Fiquei cinco semanas em Blanes vivendo de favor, numa favela, só esperando… a Maria não suportou isso...

— Entendo… A duras custas eu também sobrevivi ao ataque dos espanhóis, Josep, estava em Barcelona, tratando das queimaduras.

Andreu arregaçou a manga do casacão vermelho e mostrou a imensa crosta negra que tinha no braço.

— Isso é uma queimadura feia!

— Quase perdi o braço…

— Sabe o que usaram para destruir tudo isso?

— Alguns tão falando até que foi bruxaria…

— Sei…

Os dois ficaram em silêncio por um tempo até que Josep continuou

— Mas, mudando de assunto, e a minha casa, as minhas coisas… como algumas casas estão sendo reconstruídas e a minha não?  

— Senhor, são casas das famílias de Coronelas e Miquelets, elas têm prioridade, fora alguns políticos da Catalunya que estão em Barcelona…

— Mas eu não ajudei as tropas da Generalitat esse tempo todo?

O Sargento Andreu ficou mudo.

— Quem sabia que o senhor ajudava era o Presidente Angel Colom, com certeza ele teria tratado o senhor melhor, mas como ele morreu…

— Morreu? E eu não estou sabendo de nada?

— Isso aconteceu faz um mês, no meio da confusão do ataque à Girona. Quiseram deixar em segredo pra não desestabilizar mais ainda o país. Muita gente acredita que os espanhóis mandaram matar o presidente Colom, porque ele só bebeu um copo de água antes de dormir e já amanheceu morto no dia seguinte, em Barcelona, mas pareceu morte natural, a gente não sabe como provar… o presidente já era velho, mas estava são antes de morrer…

— Então, eu estou perdido! Todos nós estamos perdidos!  

— Ainda há esperança senhor, só que agora tem outro presidente na Generalitat que não conhece o senhor…

Josep fez uma cara de quem compreendeu e não gostou.

— Se o senhor for pra Barcelona, e relatar tudo o que o senhor fez... quem sabe ele não escute o senhor? Ele tá lá no arsenal de guerra… Ele é novo e veio do interior como a gente. O nome dele é Santiago Castell.   


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