Uma canção de Josep Puigdemont escrita por Braunjakga


Capítulo 14
A chegada (e o fim)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776417/chapter/14

XIV

 

Josep voav com o pássaro de ar que Carles havia criado até Barcelona.

A viagem foi difícil, teve que passar por diversas nuvens de tempestade e enfrentou várias chuvas, além da ventania que insistia em mudar a direção do pássaro de vez em quando, mas o pássaro já estava bem guiado e voou direto para a Catalunya, apesar dos pesares.

Apesar de estar em um pássaro que já sabia onde ir e o que fazer, controlá-lo foi um pouco difícil, pois o pássaro era formado pela magia de Carles e, logo após saírem de Gibraltar, ele foi sentindo que a magia do seu criador diminuía com a distância. Por causa disso, muitas vezes sua altura caía, não conseguia fazer curvas direito, quase batia em prédios e sua velocidade ia reduzindo à medida que chegava em Barcelona.

Depois de quase um dia inteiro em cima do pássaro, Josep já começava a ver os muros da cidade condal.

O sol do dia seguinte já se punha do outro lado do monte Tibidabo e as muralhas da cidade nova e da cidade velha já dava pra ser vistas.

A altura do pássaro começou a cair e o teto do arsenal de guerra, prédio sede da Generalitat da Catalunya, começava a ser visto, da mesma forma que o teto dos outros prédios vizinhos e a imensa rua diagonal de Barcelona, que cortava toda a cidade e as copas das árvores do Parc de la Ciudadela, a praça em frente ao arsenal de guerra.  

Miquelets e Coronelas, com fuzis nas mãos, na frente e em cima do telhado, viram o pássaro de ar se aproximar e apontaram os fuzis para o pássaro.

— O que é isso?

— Hey, espere, abaixe o fuzil, é o Josep!

— Josep?

— Ele voltou, ele voltou!

O pássaro de ar pousou no prédio e se desfez no ar.

O corpo de Josep caiu duro no chão plano de pedra do telhado do arsenal de guerra, com o livro das cartas Clow preso ao braço bom que lhe restava.

As roupas esfarrapadas que usava estavam tingidas vermelhas do sangue que saía do braço arrancado. Havia uma casca negra no ferimento, causada por um raio que havia recebido ao passar por uma nuvem de chuva. Seu corpo estava gelado depois de tanta chuva e vento que tomara no caminho de volta e depois de perder tanto sangue.

Os soldados o cercaram, examinando-o.

— Chamem o Presidente ou o Pere!

— Será que ele tá morto?

Um coronela se atreveu a tocar a testa dele:

— Ele ainda tá vivo, ardendo em febre!

Nessa hora, Santi Castel e Pere Montserrat apareceram no telhado, com seus gibões pretos como a noite. Eles chegaram perto de Josep e tentaram falar com ele:

— Josep, tá me ouvindo?

Ouvindo a voz do presidente, Josep se levantou como se tivesse tomado um choque elétrico novamente, das inúmeras chuvas que atravessou.

Se levantou com tudo e nem parecia que estava quase morrendo.

Uma raiva crescente, contra tudo e contra todos cresceu dentro de si.

Santi e Pere ficaram surpresos.

— Josep! Que bom, que bom! Agora vem aqui e descanse! Estou vendo que a viagem foi cansativa e você tá precisando de cuidados, vamos fazer tudo e ainda mais; sua filha e sua esposa…

Josep não falava, nem reagia às palavras. Apenas olhava para um ponto fixo além de tudo o que estava na sua frente, o vazio como se existisse algo que queria alcançar e ainda não conseguia.

— Josep? Josep? (olhando para Pere) Pere, ajuda ele!

Pere, o porta-voz do presidente, tentou agarrar o braço dele, mas Josep empurrou o assistente com tudo no chão quando ele tentou segurar seu braço.

— Vocês são tudo um bando de filhos da mãe! República Catalã? Vai pro inferno!

Os coronelas estavam em alerta e pegaram em fuzis e pistolas.

— Maria… Eu preciso ver a Maria!

— Você vai ver, Josep! Basta que você me dê esse livro das cartas…

— Eu preciso saber, seu merda!

Todo mundo olhou Josep espantado.

Xingou, andou alguns metros e caiu duro no chão, morto finalmente.

O livro das cartas Clow com a corrente contendo a chave do lacre em forma de cabeça de pássaro, soltou-se com tudo dos seus braços.  

Josep morreu, no dia 2 de agosto de 1714, sem saber se a pequena Meritxell era sua filha ou não, mas ciente de que foi traído a vida toda pelos seus amigos e todas as pessoas para quem deu o sangue.

 

FIM  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

À todos aqueles que me acompanharam até aqui, meu muito obrigado! Essa história foi feita pensando em vocês, pensando em levar pra vocês um texto de simples leitura, mas cheio de coisa para se pensar.

Mas isso não acaba aqui e tem mais, pois vou começar uma nova história, pois essa “canção de Josep Puigdemont” apenas foi o aperitivo e prólogo para ela: “Uma canção das Cartas Clow”. finalmente teremos a presença do Mago Clow aqui! (E mais duas pessoinhas partes desse projeto “Canções” que eu tou começando e que vai culminar mais tarde nas “Canções de Sakura e Tomoyo”!).

Que Deus me ajude e me inspire e que ilumine o caminho de todos vocês! Muito obrigado mais uma vez e fiquem em paz! Sorte e Tranquilidade!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma canção de Josep Puigdemont" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.