Memórias escrita por teffy-chan


Capítulo 1
Capítulo Único — Minhas Lembranças Com Você




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Tinham preparado mais comida do que de costume para o almoço, afinal, teriam convidados naquele dia. Depois de tanto tempo convivendo juntos Kiba tinha adquirido alguma experiência na cozinha, embora Shino ainda fosse bem melhor do que ele na maioria das coisas. A última coisa que faltava era esperar que a torta que Shino tinha feito ficasse pronta. E, enquanto ela estava no forno, ele e Kiba sentaram-se no sofá, desfrutando da companhia um do outro Shino tinha se acomodado corretamente, encostado em uma almofada, com Kiba meio que deitado em cima dele, a cabeça apoiada em seu peito. Enquanto acariciava os cabelos rebeldes do rapaz, Shino recordava de tudo o que passaram para chegar até ali, assim como o próprio Kiba.

— Não dá para acreditar que o tempo passou tão rápido — Kiba comentou — Parece que foi ontem que a gente se formou na Academia. E olha só para a gente agora!

— Eu sei. O tempo voa quando estamos felizes — Shino concordou. Lembrava-se bem dos momentos de dificuldade que tiveram e que pareciam durar uma eternidade. Mas era engraçado como o tempo parecia passar mais rápido durante os momentos calmos de sua vida. Não que isso importasse realmente. Desde que estivesse ao lado de Kiba já seria o suficiente.

— Mas ele se arrasta quando estamos com algum problema — Kiba resmungou, como se lesse seus pensamentos.

— E nem sempre são apenas durante as missões.

— Como assim? — Kiba virou a cabeça para poder encará-lo.

— Bom… algumas coisas que aconteceram com o passar dos anos — Shino explicou — Não foram exatamente problemas, mas eram situações difíceis de resolver. Como aquela vez em que eu tentei me declarar para você no meio de uma floresta durante uma missão. Aconteceram coisas inusitadas.

 

 

— Mas o que você pensa que está fazendo? — Shino indagou, quase pulando para trás. Kiba podia estar fazendo de tudo, menos pensando naquele momento.

— Lambendo o seu ferimento — ele respondeu o óbvio.

— Isso eu estou vendo — Shino fez o possível para manter a voz controlada – Quero saber por quê.

— Bem, sempre que eu me machuco o Akamaru lambe a minha ferida e eu me sinto melhor, com mais energia, então pensei…

— Kiba, eu entendo o laço que o seu Clã tem com os cães, mas você não pode… hm… — Shino interrompeu a frase pela metade. Kiba tinha voltado a lamber o ombro dele ao mesmo tempo em que Shino virou-se para falar com ele, e o resultado foi que agora Kiba estava lambendo seu pescoço.

Kiba pareceu demorar um instante para perceber o que estava fazendo e se afastou lentamente. Ele encarou Shino, sem saber como reagir.

 

 

— Ah, eu me lembro disso. Foi meio embaraçoso — Kiba riu — Mas você não é o único que tem memórias de tentativas constrangedoras de declarações de amor!

— Ah, é sério?

— É claro! — Kiba exclamou — Também teve uma vez em que eu fiz planos para me declarar para você durante o ano novo. Usei a festa que o Naruto organizou como desculpa para colocar o meu plano em ação, usando a lenda do visco que minha mãe me contou.

 

 

— Afinal, por que você trouxe visco?

— Ah… bom… — Kiba virou o rosto para o lado, embaraçado. Shino conhecia a lenda. Nesse caso iria no mínimo deduzir que Kiba gostava de alguém, ainda que não percebesse que este alguém era ele — Bem, é porque é ano novo, certo? Faz parte da tradição — ele deu uma risada nervosa.

— Sei… — Shino falou enquanto pendurava uma faixa que dizia “Feliz Ano Novo”, substituindo os insetos nesta tarefa — Onde você aprendeu sobre a lenda do visco? — Shino perguntou, lhe estendendo uma ponta da faixa.

— Minha mãe me contou sobre ela algum tempo atrás — Kiba respondeu o mais naturalmente que pode — Mas a história que eu ouvi… ela não funciona daquele jeito que o Sasuke falou.

— Existem várias versões da história — Shino contou — Uma delas é que a lenda se originou do fato de que escandinavos associavam a tal planta com Frigga, a rainha do amor. Os que se beijavam embaixo do visco tinham a promessa de felicidade e sorte no ano vindouro.

— Sim, isso mesmo! Foi essa lenda que minha mãe me contou — Kiba exclamou enquanto amarrava a fita.

— No entanto existe uma versão mais popular — Shino prosseguiu — Dizem também, em uma versão mais difundida e um tanto distorcida, que a história está conectada com a lenda de Freya, deusa do amor, beleza e fertilidade. De acordo com a lenda, um homem tem que beijar qualquer pessoa encontrada acidentalmente sob um ramo de visco pendurado no teto. Isso geralmente é visto como promessa de casamento, felicidade e longevidade. 

 Kiba o encarava assombrado mesmo após o garoto concluir a explicação. Nunca tinha ouvido aquela versão da história. Realmente era mais romântica. Estava ao mesmo tempo impressionado que Shino soubesse de tudo isso e preocupado com o que o amigo poderia pensar dele por ter trazido uma planta com tantos significados para a festa.

 

 

— Aquela foi a festa de ano novo mais agitava a qual eu já fui — Shino comentou, lembrando-se da ocasião.

— Mas quem diria que depois de tantas tentativas você iria se declarar para mim por causa de  uma serenata que eu fiz por culpa do Naruto.

— O que? — Shino o encarou confuso.

— Não vai me dizer que não se lembra? — Kiba soou ofendido.

 

 

— Nós estudamos juntos no ensino médio — Kiba esclareceu — Mas estávamos em classes diferentes. E eu… naquela época eu queria te dizer uma coisa, mas não tive coragem. Eu passei muito tempo tentando reunir coragem para dizer… — ele sentiu a garganta seca. Droga, isso foi há tanto tempo, por que ainda não conseguia dizer? Ele sentia a mesma coisa agora. Precisava dizer a verdade de uma vez por todas. Precisava reunir coragem para se declarar. E, se fosse rejeitado… bem, que se entupisse de sorvete depois, mas pelo menos teria tentado.

— Eu queria dizer que te amo. Quero dizer, que te amava… naquela época… — Kiba se atrapalhou com as palavras — Na época do colégio, eu queria ter me declarado para você, mas não consegui. E, quando finalmente criei coragem, na última semana de aulas, vi você abraçado com uma garota… eu levei um fora sem nem ter me declarado — ele deu uma risada nervosa — Se eu tivesse conseguido me declarar antes, as coisas poderiam ter sido diferentes, mas isso não tem mais importância. Mas… por causa disso talvez não seja uma boa ideia eu fazer o teste para entrar na Rex Noctem.

— Então você vai desistir sem tentar de novo?

— O que?

— Kiba, tudo isso que você disse que sentia por mim na época do colégio… você ainda se sente dessa forma?

— Eu não sei… quero dizer, eu demorei para superar o que sentia naquela época — Kiba confessou — E quando comecei a trabalhar aqui meio que me apaixonei pelo Arachnid Nocte… que no fim das contas era você — ele riu sem graça — Qual é o problema comigo?

— O problema é que você demorou muito para se declarar — Arachnid Nocte, ou melhor, Shino respondeu — Então deixe que eu cuido dessa parte.

 

 

— Eu estava com medo de me declarar para você porque achava que você e a Hinata estavam juntos — Kiba continuou falando — Mas o Naruto me convenceu a fazer uma serenata para você, porque não tinha nenhuma prova de que vocês estavam mesmo namorando. E, no fim das contas você se declarou para mim. E depois me contou que a Hinata e o Neji estavam tendo um caso, mas que era segredo…

— Kiba, a Hinata e o Neji não estão tendo um caso — Shino interrompeu — Pelo menos não que eu saiba. E isso nunca aconteceu. Você está descrevendo o sonho que teve na semana passada.

— Estou? — Kiba franziu o cenho. Pensando bem, Shino jamais usaria um apelido tão peculiar como Arachnid Nocte — Ah é, tem razão! — ele riu sem jeito — É nisso que dá sonhar tantas vezes com a pessoa que ama — ele segurou Shino pelo queixo e o puxou para perto, selando seus lábios. Não importava se estavam juntos há semanas, meses ou anos, sempre que se beijavam parecia exatamente como se fosse a primeira vez. Aquela corrente elétrica percorrendo seus corpos e fazendo seus corações acelerarem.

— Não invente desculpas. Você precisa aprender a diferenciar os sonhos da realidade — foi com muito esforço que Shino o repreendeu quando encerraram o beijo.

— Olha só quem fala — Kiba resmungou, irritado por seu plano ter falhado — Você também sonhou comigo alguns dias atrás, não foi?

— Bem, isso é verdade — Shino admitiu — E foi um sonho bem estranho.

 

 

— Ah, cara… ser líder é uma droga mesmo. Puro estresse, eu sei como é — Kiba coçou atrás da cabeça, bagunçando ainda mais os cabelos — Talvez você devesse arranjar… não sei um conselheiro ou algo assim. Akamaru me ajuda com isso, quando estou em um dilema ele sempre me ajuda a tomar a melhor decisão.

— Acha que é disso que eu preciso na minha vida? Um conselheiro?

— Sim, com certeza! Um que te ajude a tirar os morcegos do meu território de preferência, ou vamos ter problemas.

— Pois eu acho que é de outra coisa que eu preciso — sem esperar por uma resposta, Shino aproximou-se do rapaz tão rápido quanto sua velocidade de vampiro permitia e o beijou.

 Kiba ficou sem reação por um momento. Era difícil processar a informação de ter um vampiro te agarrando pelos cabelos com uma das mãos enquanto enlaçava sua cintura com a outra quando o motivo da sua visita era fazê-lo parar de matar seus companheiros. Como as coisas acabaram desse jeito?

O cérebro do lobisomem demorou alguns segundos pra entender o que estava acontecendo, e quando o fez, ele empurrou Shino para longe de si com violência.

 — Mas que droga você pensa que está fazendo?! — Kiba exclamou, cobrindo a boca com uma das mãos.

— Eu posso explicar — Shino levantou as mãos em um sinal de quem se rende.

— Acho bom mesmo!

— Quando eu disse que não sabia que os morcegos tinham invadido o seu território… eu meio que menti.

— Você o que?! — Kiba rosnou — Então você realmente mandou os seus morcegos nojentos atacarem meus companheiros, não foi? E como se isso não bastasse ainda me agarrou! Eu vou te matar, seu depravado! — Kiba avançou contra ele, exibindo as garras.

— Eu sou um vampiro, tecnicamente já estou morto — Shino lembrou, tentando se desvencilha dele.

— Não importa, eu te mato de novo!

 

 

— Eu não sabia que você tinha tanta imaginação — Kiba riu, lembrando-se de quando Shino lhe contou aquele sonho estranho.

— E eu muito menos. Queria saber de onde tirei tudo isso — ele comentou pensativo. Ainda se perguntava de onde tinha tirado toda aquela história de lobisomens e vampiros. Sequer se interessava por esse tipo de histórias.

— Isso se chama criatividade — Kiba falou em um tom sábio que não combinava com ele — Por exemplo… Akamaru era meu conselheiro no seu sonho, certo? É claro que ele teria que estar ao meu lado!

— Um cachorro não pode ser conselheiro de ninguém, Kiba — Shino observou — Além do mais, o final foi estranho.

— Estranho foi eu ter sonhado a mesma coisa! — Kiba exclamou — Eu te contei, não foi? Assim que você me contou sobre isso eu tive um sonho parecido com o seu.

 

 

— Não pode ser… não acredito que exista gente assim! — Kiba levantou-se, empurrando a cadeira com violência — Isso é tão errado… esse cara só está se aproveitando do posto de líder para oprimir os outros vampiros! Eu vou dar uma lição nesse cara…

— Kiba, espera — Shino atravessou a sala como um raio e segurou o lobisomem pelo braço — Isso não tem nada a ver com os lobisomens. Não tem porque você ir até lá.

— Bem, se é isso o que você acha, então por que veio me procurar afinal? — ele exclamou enraivecido.

— Porque foi você quem me ensinou a como liderar um Clã. Você sim é um líder decente, Kiba — ele respondeu, e a raiva do lobisomem passou como em um passo de mágica — E também… o tempo que eu passei no País Mizu nos causou outro grande prejuízo: O antigo castelo no sul de Konoha onde o meu Clã costumava morar foi completamente saqueado.

— O que?! — O queixo do lobisomem caiu — Ah, nem vem. Eu dei ordem a todos os meus companheiros para que ficasse bem longe do lado sul do país. E confio em todos eles, então vá colocar a culpa em outra…

— Não foi isso que eu quis dizer! — Shino interrompeu — Foram os vampiros do País Mizu. Eles invadiram meu antigo castelo e levaram tudo que tivesse valor. Por isso me mantiveram lá durante tantos anos. Para terem tempo de fazer isso.

— Nossa, mas os vampiros não prestam mesmo, hein — Kiba comentou depois de alguns segundos em silêncio — Stalkers, ladrões, corruptos… o que mais? Por favor, não me diga que são pedófilos também.

— Não tem graça — Shino reclamou — O fato é que precisamos de um lugar para ficar, e o lado sul do país está praticamente destruído. Por isso vim pedir sua ajuda.

 

 

— Aquilo se parecia muito com o seu sonho — Kiba comentou — Você era um vampiro, eu era um lobisomem…

— Está sugerindo que você sonhou com a “continuação” do meu sonho? — Shino ergueu uma sobrancelha.

— Não é isso — Kiba balançou a cabeça — Eu sei que pode parecer estranho, mas… minha irmã me contou uma vez que acredita que uma mesma alma possa estar vivendo vidas diferentes em vários lugares. E, se duas pessoas estiverem destinadas a ficarem juntas, suas almas irão se encontrar, não importa como. Mesmo que seja em outro lugar ou em outra vida.

— Como reencarnação?

— Algo assim. Eu não entendi direito o que a minha irmã falou, é muito complicado — Kiba admitiu — Mas, se por exemplo… se esses sonhos que a gente teve sobre você ser um vampiro e eu ser um lobisomem for uma espécie de universo alternativo onde nós também estamos vivendo, então com certeza nós ficaremos juntos lá também — Kiba falou sorridente, imaginando quantos universos alternativos poderiam existir onde ele e Shino estavam juntos. Será que aquele sonho onde ele fez uma serenata para o garoto era algum tipo de universo alternativo também?

— Parece complicado mesmo — Shino concordou — mas, se isso for verdade, acho que você tem razão. Estaremos juntos em qualquer tipo de universo que possa existir — Shino ergueu um pouco o corpo do rapaz, ajeitando-o melhor ao seu lado no sofá e puxando-o para outro beijo. Kiba atirou os braços ao redor do seu pescoço, apreciando o momento e gravando bem o sabor do rapaz que tanto amava. Todas as suas memórias com Shino eram preciosas, até mesmo os sonhos que tinha com ele.

— Ei, Shino — Kiba chamou quando encerraram o beijo, porém sem desfazer o abraço — Acha que isso também vale para Genjutsu?

— Como assim?

— Não se lembra de quando fiquei preso naquela droga de Jutsu Loop Infinito?

 

 

— Te chamei por outro motivo — Shino aproximou-se alguns passos dele, até invadir seu espaço pessoal. Só então Kiba notou que estavam na orla da floresta, sozinhos — Kiba… o que você sente por mim?

— Hein?! — Kiba demorou para absorver o conteúdo da pergunta. Já tinha algum tempo que o que sentia por Shino ia além de amizade, mas não sabia como contar isso a ele. Nunca imaginou que Shino perceberia sozinho — Eu, bem…

— Eu gosto de você. Sabia disso? — Sem esperar por uma resposta, Shino o beijou. Mas não foi como Kiba imaginava que seria seu primeiro beijo.  Shino estava afobado, não lhe dava tempo de processar as informações e forçou a entrada da língua em sua boca enquanto enlaçava sua cintura e prensava o corpo com o seu próprio contra uma árvore, prendendo-o ali.

 

 

— Foi o maior sacrifício conseguir quebrar aquela droga de Genjutsu — Kiba resmungou, soltando-o — Mas, de todos os Loops que eu vivi, aquele foi o pior.

— Ei, foi apenas um Genjutsu — Shino o segurou pelo rosto com cuidado, virando-o em sua direção para encarar Kiba nos olhos — Genjutsu provoca ilusões desagradáveis no inimigo, você sabe disso. Então isso não se encaixa na descrição do que a sua irmã contou.

— Tem razão — Kiba voltou a sorrir — Mas sabe o que é mais engraçado? Se minha irmã tiver razão quanto a isso, não importa em qual tipo de mundo nós estejamos vivendo, nossos amigos sempre estão lá junto com a gente, causando confusão.

— Não que eles não causem confusão aqui. Ou vai me dizer que não se lembra do problema enorme que tivemos para tentar esconder nosso namoro, mas, de alguma forma, uma versão distorcida sobre ele foi parar lá na Vila da Areia?

 

 

— Nós ouvimos algumas coisas durante o caminho de volta — Hana explicou — Na verdade descobrimos sobre o namoro de vocês enquanto passávamos pela Vila da Areia. O Kazekage nos contou.

— O Gaara?! Mas como é que ele ficou sabendo disso? — Kiba exclamou embasbacado.

— Ele é o Kazekage, não o chame pelo nome tão casualmente. Olha o respeito, moleque! — Tsume deu um cascudo nele, mas Kiba pouco se importou. Como raios Gaara ficou sabendo disso se nem morava em Konoha?!

— Kiba — Shino chamou baixinho — Deve ter sido a Ino de novo.

Kiba franziu o cenho pensativo e então ligou os pontos. Mas é claro… Ino sabia sobre eles, deve ter contado para Shikamaru, que era companheiro de time dela, que estava de rolo com Temari, que era irmã de Gaara. Essa gente gosta mesmo de uma fofoca.

 

 

— Aquilo causou uma confusão e tanto — Kiba resmungou, recordando da ocasião — Aqueles desgraçados distorceram completamente o nosso relacionamento. Deu o maior trabalho esclarecer tudo depois — ele bufou. Foram tantos boatos indecentes que inventaram sobre ele e Shino que Kiba chegou a temer pela reputação dos dois.

— Até as pessoas mais lentas entenderam o que estava acontecendo depois de ouvirem a versão distorcida da história — Shino comentou.

— Ah, eu me lembro muito bem disso. O Naruto ficou caçoando de mim durante semanas!  Até o Sasuke parecia desconfortável quando passava pela gente — Kiba resmungou — Ah… mas, pensando bem, isso foi antes da versão distorcida se espalhar por aí.

— Isso foi porque eu precisei explicar sobre isso a ele primeiro. Ele estava se fazendo de desentendido.

— É o que?!

— Você esqueceu? — Shino perguntou — Os boatos surgiram na mesma época em que você estava tendo problemas por causa do Naruto.

 

 

— Gostaria de pedir para você parar de implicar com o Kiba — ele decidiu ir direto ao assunto — Ele anda bastante chateado com o modo irritado como você o olha enquanto ele está conversando com o Naruto. Não há motivo para você implicar com ele por causa disso.

— Ah, é isso? — Sasuke voltou a encarar o lago — O que houve, ele pediu para você me dizer isso?

— Kiba não sabe que estou falando com você — Shino respondeu — Não sei quanto às outras pessoas, mas você não precisa ficar com ciúmes do Naruto enquanto ele está com o Kiba…

— Ciúmes? — Sasuke voltou a encará-lo, elevando a voz algumas oitavas — Quem disse que estou com ciúmes?

— Olhe, Sasuke, não precisa fingir. Você disfarça muito bem a maior parte do tempo, é verdade, mas fica alterado quando vê o Kiba e o Naruto conversando. E não há motivo para isso — ele prosseguiu — Eles realmente são apenas amigos. Então, se você realmente gost…

— Eu não gosto do Naruto! — Sasuke recuou um passo, como se tivesse levado um golpe de Shino.

— O que você sente pelo Naruto não é da minha conta. E não era isso que eu ia dizer — o garoto respondeu — Eu ia falar que, se você realmente gosta da amizade que possui com o Naruto agora, deveria parar de implicar com os outros amigos dele. Ou o Naruto pode acabar te odiando.

— Hm… certo — Sasuke fingiu que sua pequena crise de instantes atrás nunca aconteceu — Mas acho que você pode estar enganado. Talvez o Kiba seja mais do que um amigo…

— Kiba não está namorando o Naruto. Ele é meu namorado — Shino acabou contando seu segredo para a pessoa com quem tinha menos contato na vila. Sasuke arregalou os olhos negros e o encarou, sem saber o que dizer. Antes que o garoto pensasse em alguma coisa para responder, Shino prosseguiu — Nós estamos namorando em segredo há alguns meses. Por isso estou te afirmando com toda a certeza do mundo que os dois são apenas amigos e que a sua implicância com eles não tem fundamento. Está apenas irritando o Kiba, e o Naruto também, suponho. O que você vai fazer com o seu relacionamento com o Naruto daqui para frente não é da minha conta. Apenas me faça um favor e pare de implicar com a amizade dele com o Naruto. E mantenha o nosso namoro em segredo.

— É claro… não vou contar para ninguém.

 

 

— Ei, você nunca me contou sobre isso! — Kiba reclamou.

— Eu tinha prometido guardar segredo — Shino explicou — Mas acho que a essa altura isso não importa mais.

— Ei, então será que não foi ele quem começou a espalhar essa história sobre o nosso namoro por aí?

— Acho que não — Shino negou — Ele não iria querer arriscar que eu contasse sobre o Naruto.

— E o que o Naruto tem a ver com tudo isso afinal?

— Nada — Shino respondeu depois de alguns instantes em silêncio. Percebeu então que é exatamente assim que um boato começa e torceu para não ter iniciado um — Mas já faz muito tempo desde que isso aconteceu. E nós passamos por experiências novas desde então.

— É, você me ensinou a cozinhar melhor — Kiba falou alegremente.

— E você me ensinou que não devo ser uma pessoa tão introvertida — Shino acrescentou.

— E nós aprendemos mais um sobre o outro —Kiba sorriu — Nossas qualidades e defeitos.

— E sobre o que gostamos e o que não gostamos — Shino falou — O que me faz pensar em como você pode gostar de certas coisas tão…

— Ah! Não vai me dizer que está falando daquilo?

 

 

— Essa… com certeza… foi uma das melhores noites que já tivemos — Kiba falou com um sorriso bobo no rosto.

— Concordo plenamente. Se bem que ainda é de tarde — Shino observou, olhando o relógio. Eram seis e quinze tarde.

— Sério? Bom, nesse caso… — Kiba levantou-se abruptamente.

— Ei, aonde você vai? — Shino fez menção de se levantar e ir atrás dele.

— Não olhe!

— Kiba, por favor, eu já te vi sem roupa centenas de vezes…

— Eu disse para não olhar! — Kiba insistiu e Shino bufou, deitando-se na cama outra vez. Escutou Kiba saindo do quarto e remexendo em alguma coisa no cômodo ao lado. Cerca de dez minutos depois, ele gritou — Certo, pode vir agora!

 Shino levantou-se, curioso, e foi até onde Kiba estava. E surpreendeu-se com o que viu.

Kiba tinha encontrado o cômodo onde Shino guardava seus “brinquedos”. E aparentemente tinha decidido usar um deles por conta própria.

 

 

— Até hoje fico surpreso por você decidido usar aquilo de livre e espontânea vontade — Shino recordou do dia maravilhoso que tiveram.

— Não vai me dizer que está reclamando? — Kiba deu uma cotovelada nele, apenas para provoca-lo.

— De jeito nenhum. Só fiquei surpreso — ele apressou-se a dizer.

— Apenas surpreso?

— Não. Senti várias outras coisas também — Shino puxou o rapaz para outro beijo, dessa vez mais afoito. Deslizou suas mãos pelo corpo de Kiba até envolver sua cintura e sentir sua pele arrepiar-se com seu toque.

Kiba sentia o coração disparar. Não importa que estivesse com Shino a tanto tempo, não importa tudo o que já tinham feito juntos, seus toques sempre conseguiam desarmá-lo. Sentir o hálito quente dele fazia seu corpo inteiro se arrepiar.

— Kiba… está queimando… — afastou-se minimamente para falar.

— Eu sei, também estou queimando — e como estava, sentia que seu corpo poderia entrar em combustão a qualquer momento.

— Não, Kiba, a torta está queimando — Shino levantou-se do sofá com um pulo e correu até a cozinha. Apagou o forno e retirou a torta completamente torrada — Não dá para comer isso — suspirou.

— Calma, nós fizemos outras coisas, não foi? — Kiba lembrou.

— Sim, mas não sei se vai ser o suficiente sem a torta — Shino falou pensativo. Mal terminou a frase e ouviu a campainha tocar.

— Bom, vamos descobrir agora — Kiba tentou animá-lo com um sorriso, indo atender a porta da casa que agora compartilhavam.

E pensar que uma confusão dessas iria acontecer já no primeiro almoço em que tinham convidado suas famílias e amigos porque ficaram relembrando coisas do passado. Bom, não é como se não fosse algo importante. Cada uma daquelas memórias eram sobre os dois juntos, sobre acontecimentos que os levaram até ali. Fossem coisas grandes ou pequenas, foi graças a tudo isso que agora os dois estavam morando juntos. Graças a uma conversa com alguém, ou algum boato constrangedor, uma festa planejada por um amigo ou até mesmo algum mal-entendido, foram esses pequenos acontecimentos que os levou até ali. E todas essas memórias preciosas deveriam ser guardadas como um tesouro. E aquela torta queimada se tornaria mais uma de suas memórias.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Mais um desafio concluído, yay! o/
Se alguém aí percebeu as várias referências na história me contem, por favor.
Comentem e alegrem meu dia *-*



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