Shadow escrita por Course


Capítulo 11
X - Decisões


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos!

Primeiro, gostaria de dar boas-vindas às meninas que comentaram recentemente: Jully e Batman. Obrigada por expressarem suas opiniões da história.
As que também prosseguem comentando, eu amo demais abrir (ou simplesmente ficar atualizando toda hora) meu perfil e encontrar os comentários de vocês lá (tipo a Lena que fez um MEGA comentário e eu fiquei toda animada pra tentar responder tudo).
É MUITO importante pra mim saber o que estão achando até agora da história.

Cá estou, como prometido, com a sequência do capítulo.

Vejo vocês nos comentários?



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Decisões

Eu sabia que todos tinham ouvido o mesmo que eu, entretanto, precisei perguntar mesmo assim, a fim de confirmar:

― O que? ― Minha voz esguichou feito um filhotinho de animal.

― Eu disse a vocês que há duas condições que incapacitam Demetri de rastrear Bella. A primeira delas é o bloqueio e a segunda é você, Eve. ― Como se fosse óbvio, ele explicou ― Eu te disse, antes de partirmos, que havia muito mais em Demetri do que apenas compensar os erros do passado. E eu posso te afirmar, irmã, com toda certeza do mundo, que ele, ao modo dele, faria todas as suas vontades. Com isso, fica óbvio que se você pedir para ele não nos rastrear, não nos perseguir, simplesmente ele não o faria.

A conclusão de meu irmão parecia ser fatídica e quase como se conquistasse um ponto crucial. Eu simplesmente não queria acreditar que Demetri faria qualquer coisa por mim e, para reforçar suas palavras, Edward prosseguiu.

― Eve, eu posso te garantir que ele realmente faria qualquer coisa por você. Quando chegaram até o salão do trono, no momento em que Demetri colocou os olhos em mim, vi em sua mente uma coletânea de imagens que ele sonhava em usar para causar minha morte. Só então percebi que ele estava com ciúmes de nós dois e... achava que tínhamos alguma relação além da de irmãos. ― Por sorte, ele não entrara em detalhes dessa situação, pois, provavelmente Demetri deve ter revelado o que eu falara antes de partir para Denali ― Eu realmente conseguia ver um vislumbre de tudo o que ele te contou ao longo dos anos e, Eve... é tudo mentira. Demetri sequer pensou em trair você ou algo do tipo. Tudo o que ele falava ou permitia que os outros falavam estava relacionado ao fato de que se sentia traído por você.

― Edward, está justificando duzentos anos de histórias que ouvi dos outros sobre as traições de Demetri? ― Não queria dar o braço a torcer.

― Ouvia de Heidi, certo? E de Félix, Jane e Alec. Todos enciumados da relação de vocês dois. Heidi sentia inveja, porque vocês estabeleceram uma conexão que ela mesma não poderia criar com ninguém naturalmente. Demetri não é um anjo, não estou o defendendo, mas posso garantir que há sentimento o suficiente para usar ao nosso favor se você concordar com nosso plano.

― Você está dizendo que em vinte minutos conseguiu descobrir mais do meu ex-namorado do que eu a vida inteira? ― Questionei, sem me deixar abalar por nada do que ele dissera.

― Precisa confiar me mim quando eu digo que sei do que estou falando. ― Ele rebateu.

― O que eu confio é no fato de ter certeza de que, no momento, você imaginaria mil e uma possibilidades para manter Isabella viva e humana. Se esqueceu da conversa que tivemos em Volterra?

Nossos temperamentos estavam elevados e era notório para todos que discordava totalmente do plano de Edward. Passei minha vida inteira com eles, fui criada, membro importante, vivenciei diversas caçadas por clãs ou desgarrados que causavam algum problema para, de repente, Edward decidir que sabe mais do que? Há há! Cômico, para dizer o mínimo.

― Meninos, vamos manter a calma para resolvermos isso da melhor maneira. ― Esme pousou a mão na minha e só naquele instante percebi que minhas unhas estavam arranhando a base outrora intacta da madeira da mesa.

Acomodei minhas costas na base da cadeira e cruzei meus braços, encarando firme a todos, incapaz de aceitar que aquilo poderia realmente ser levado em conta.

― O que você propõe é usar os sentimentos de Demetri para impedir ou atrasar os Volturi por tempo suficiente, filho? ― Carlisle buscou organizar as ideias propostas.

― Exato. E podemos nos garantir com relação aos Volturi caso tenha retaliação. Eu sei disso.

Era um risco muito alto e eu não sabia se conseguiria concordar, apesar de garantir que Isabella não se transformasse no prazo de um ano. De certa forma, pensar na possibilidade de mata-la era o mesmo que trair aqueles membros que se empenharam para me receber de braços abertos e senti uma culpa me consumir instantaneamente.

― Muito bem, então. ― Bela prosseguiu ― Edward apresentou uma alternativa. Vamos prosseguir com a votação. ― E olhando para o parceiro ao seu lado, prosseguiu ― Quer que eu me una a sua família?

― Não desse jeito ― Ele foi fatídico ― Deve continuar humana.

― Alice?

― Sim.

― Jasper?

― Sim.

― Rosalie?

― Não.

Opa. Havia, ali, uma aliada? Mentalmente fiz uma contagem rápida e compreendi que, caso Rose desse aquele voto, Emmett também poderia vir a sucumbir e votar negativamente, garantindo três votos e, somado ao meu quarto, mesmo que Esme e Carlisle votassem a favor, ficaríamos numa berlinda.

Bella queria prosseguir, mas minha irmã optou por tentar se esclarecer.

― Deixe-me explicar, por favor. ― Pediu ― Não quis fizer que tenho alguma aversão a você como irmã. É só que... esta não é a vida que eu teria escolhido para mim mesma. Eu queria que tivesse havido alguém para votar “Não” por mim.

Isabella assentiu, devagar, como se absorvesse as palavras.

― Emmett?

― Que diabos, é claro que sim! ― E, ali, reconheci a derrota do meu plano bolado recentemente. ― Podemos arrumar um outro jeito para uma briga com esse Demetri ou qualquer outro Volturi.

― Esme?

― Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte de minha família.

Segurei fundo o bufar que quase escapou, mas senti que fui pega por Emmett que me encarava com curiosidade do outro lado da mesa.

― Carlisle?

Meu pai levou mais tempo do que esperei para responder, mas era de praxe que sua ética falasse mais alto.

― Edward. ― Ele chamou pelo loiro que encarava o vazio da mesa com total angústia.

― Não. ― Meu irmão grunhiu em retorno.

― É a única opção que faz sentido. Você escolheu não viver sem ela e isso não me dá outra alternativa.

Eu sabia que, se Carlisle não fosse perder, ao que parece,  dois membros na família, optaria por garantir a Bella uma vida humana, consciente de que conhecia todos os passos dos Volturi e, por acreditar que eu estaria do lado dos Cullens, conseguiriam uma boa vantagem com relação à corte.

Edward, incapaz de prosseguir nos encarando, saiu da sala de jantar às pressas e foi para algum outro cômodo da casa.

― Acho que já sabe qual é meu voto. ― Ele concluiu, por fim.

― Eve?

A menção do meu nome, fez-me olhar imediatamente para a humana que me lançava um olhar suplicante por meio do chocolate de seus globos, como se implorasse por alguma espécie de apoio ali.

― Minha opinião é irrelevante, no momento. ― Não era charme, mas simplesmente temia qualquer vacilo em minha voz, explicitando o quanto eu queria aquela humana morta e, ao mesmo tempo, segura.

― Você faz parte dessa família. Eu preciso do seu voto também. ― Ela foi firme em contra-atacar.

Respirei fundo e olhei para cada rosto ali naquela mesa que aguardava, ansioso, por meu voto. A consideração de Bella por mim era algo plausível e a ser levado em consideração. De certa forma, eu compreendia o que meu pai queria dizer quando não havia outra escolha. Ele perderia seu filho. Um luto cairia pela família e eu estava inclusa no sofrimento. Estava preparada para experimentar isso? Perder, para sempre, alguém com quem me importava? Valeria mesmo o risco de trazer aos Cullens mais uma vampira com dons e colocar ao alcance do radar de perigo dos Volturi? Bem, só havia um jeito de descobrir.

― Você precisa ser uma vampira, porque essa é minha primeira missão e eu não estou muito afim de falhar. ― Sorri.

Um estrondo de algo se quebrando em outra parte da casa foi ouvido por todos. Edward parecia em fúria.

Talvez, por nossa conversa em Volterra, ele tivesse imaginado que eu o apoiaria. Uma parte de mim queria, definitivamente, estar ao seu lado e negar-me a aceitar a transformação da Isabella. Mas eu precisava ser coerente e estar consciente das consequências. A proteção da minha família para um possível ataque que sequer poderia acontecer ou o luto eminente de todos os Cullens quando Edward decidisse acabar com a própria vida, assim que Bella falecesse.

Eu estava abrindo mão espontaneamente do meu tempo com a família para garantir que eles ficassem em segurança. Aquilo sim era um sacrifício em tanto. Além disso, estava renunciando ao egoísmo de experimentar uma vida de liberdade para que pessoas importantes para mim tivessem alguns anos de paz.

― Obrigada, de verdade. Eu sinto o mesmo com relação a todos vocês.

De repente, Esme estava ao seu lado, onde meu irmão sentara-se minutos antes, abraçando a humana em um aperto delicado.

― Minha querida Bella.

Ela retribuía o afago da matriarca da família, enquanto voltava-se para uma outra irmã minha.

― Alice. Onde quer fazer?

Tudo, de repente, pareceu meio mórbido demais para mim, então, simplesmente, empurrei a cadeira para trás e me levantei, para caminhar até a uma das janelas que expunha o exterior da casa, incapaz de sentir-me a vontade com aquele momento decisivo.

Edward, num segundo, estava de volta, bravejando com a namorada.

― Não. Não. Não! Ficou louca?

Eu encarava a todos pelo reflexo da janela e podia vê-lo apoiar a mão na frente de Bella e a encarando enfurecido.

― Hmmm... Bella. ― A insegurança em Alice também estava evidente.

― Alice, você me prometeu. ― Eu não sabia bem o ponto da promessa, mas compreendia que se tratava da minha irmã mordendo a humana e a transformando.

― Bella, não acho que simplesmente não esteja pronta pra isso. Eu ainda não sei como não te matar no processo.

― Você pode fazer isso, confio em você.

Com a insegurança da minha irmã, ela optou por investir em outra pessoa.

― Carlisle? ― Bella lançou ao líder da família.

― Eu posso fazer. Você não correria perigo de eu perder controle.

Durante muitos anos em estudos clínicos, meu pai acabou adquirindo uma certa resistência ao sangue humano, o que lhe garantia um excelente trabalho no hospital com suas habilidades de médico. Assim, seria a opção mais segura para Isabella.

Engraçado que com qualquer uma das possibilidades ― Bella vampira ou Bella morta ―, eu teria minha missão concluída muito em breve.

A não ser que...

― Eu estou surpresa. ― Soltei as palavras, chamando a atenção de todos.

― O que foi, Eve? ― Rose indagou, expondo sua voz depois de muito tempo.

Virando-me lentamente para o grupo que me aguardava, tentei ter consciência de que estava andando em cascas de ovos, já que ainda não conhecia muito bem o caráter de Isabella.

― Estou surpresa que Bella queira se transformar tão depressa. ― Falei, por fim ― Eu trouxe uma bagagem para cá, porque achei que ela precisaria de alguns meses para... hm... se acertar com seu lado humano. Não tem família, Bella? Amigos, parentes próximos?

Um brilho lascivo nos olhos de Edward foram o suficiente para que eu compreendesse que caminhava num lado seguro para ele.

― Meu pai... Bem, há minha mãe e um padrasto em Phoenix também.

Assenti, como se compreendesse.

― E você sugere, simplesmente, renunciar a uma despedida decente? Porque, convenhamos, você sabe mesmo o que vai querer fazer com qualquer humano assim que despertar como uma vampira?

Ela arfou, finalmente, com um ar de surpresa.

― Posso te contar o que eu fiz. ― Voltei a me sentar na cadeira que outrora abandonara e cruzei as mãos na mesa, encarando furtivamente a humana ― Havia duas humanas na fortaleza no dia do meu despertar. Não era para elas estarem tão perto do meu quarto, mas, por curiosidade, foram para lá mesmo assim. Quando Demetri e meu pai, Aro, me encontraram, eu tinha ambas as cabeças das humanas servindo de enfeite no meu quarto, porque eu degolei as duas no processo de me alimentar e sequer me importei com isso. ― Passei a mão em uma pequena mecha de cabelo que caíra em meus olhos, antes de prosseguir ― Para atingir a consciência humana novamente, eu levei cerca de cinquenta anos. Isso porque eu tinha meu pai, Carlisle, para confidenciar meus sentimentos pelas cartas e, por sorte, tinha minha sede saciada todos os dias. O quanto você acha que cinquenta anos significará para você, Bella? Já vou te responder: nada. Mas, para seus pais humanos, o restante de uma vida. Talvez, antes que seja capaz de se controlar, seu pai possa enfartar pela saudade e sua mãe contrair um câncer. Você perderia ambos, pois foi ansiosa demais.

Um silêncio retumbou no local por um breve instante, enquanto cada um analisava minhas considerações.

Mesmo percebendo que ele perdera a chance de garantir que Isabella jamais fosse transformasse, meu irmão percebeu que eu havia lhe dado uma chance de conseguir mais tempo.

 

― Eu proponho que Bella seja transformada após a formatura. ― Edward sugeriu, finalmente, enquanto encarava meu pai.

― É um prazo aceitável. ― Carlisle teve que concordar, agora observando meu ponto de vista.

― São cinco meses. ― Bella ponderou, apesar de mostrar aflição com o que eu narrara para ela.

― Eu estarei por aqui no prazo de um ano, se você quiser. ― Relembrei-a.

― Um ano é muito tempo, assim chamaríamos a atenção dos Volturi.

― Que a Eve pode afastar com apenas um aceno de cabeça e algumas palavras maldosa. ― Edward falou.

― Cinco meses. Um tempo sadio. Posso pensar nisso. ― Por fim, ela cedeu ao prazo e senti uma espécie de vitória borbulhando em minhas entranhas.

No fim, não precisei necessariamente forçar muito a barra. Sabia que todos os dias teria de enfrentar uma batalha diferente com a humana para garantir que ela tomasse a decisão certa para todos. E, enquanto isso, seria forçada a vigiar diariamente os passos dos Volturi, para ter certeza de que a minha família americana estava em segurança.

Quando os pontos estavam, finalmente, acertados, Isabella foi levada de volta para sua casa, deixando todos ali com suas próprias questões para lidar.

Já estava quase amanhecendo, então eu sabia que muito em breve cada um sairia para realizar seus próprios afazeres: Carlisle sairia para o hospital, Esme para a escola, para matricular a todos os filhos, Jasper para buscar a documentação, em Atlanta, com o seu contato e Rose, Alice e eu iríamos as compras na cidade vizinha, Port Angeles.

Acabei considerando a opção de me esgueirar pela biblioteca da família, pegar um livro qualquer e começar a lê-lo, para afastar as sensações desconfortáveis que crescia em meu peito. Quando criasse uma relação rotineira e saudável por ali, seria capaz de passar por todos os sentimentos turbulentos que essa missão causava-me. 


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Notas finais do capítulo

Bom, temos um "desfecho" inicial da transformação da Bella.

Eu espero vocês nos comentários para saber o que estão achando.
Se você é um leitor fantasma, não se sinta envergonhado de vir para o lado "bom" da força e comentar também. Prometo que eu não vou morder.

Beijos e até breve!



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