Shadow escrita por Course


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos!!

Eu tenho essa história escrita há, pelo menos, uns 8 anos.
Decidi melhorar a escrita e colocá-la disponível, porque eu simplesmente sou apaixonada pela Eve e sua história.

Espero que compreendam que algumas coisas fugirão dos padrões tradicionais e eu utilizei da minha liberdade de escritora para modificar alguns impulsos de certos personagens, bem como suas características principais e personalidades.

Aguardo vocês nos comentários!



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| Prólogo |

Todos no saguão estavam adornando o líder, na tentativa de obter qualquer informação privilegiada acerca da criatura abandonada nos portões principais, entretanto, dentre todos, apenas um realmente se importava com o destino daquela jovem vida que, com tão poucos dias de existência, já passara por diversos percalços.

Depois de muitos debates e indagações, o homem de cabelos longos, sentado no trono principal, ordenou que todos os impertinentes presentes saíssem do local, deixando apenas os principais com aquela vida dentro da cesta amadeirada que, agora, estava ao centro do enorme salão do trono, produzindo um leve som com seu respirar que adentrava e saia dos pulmões calmamente.

― Não podemos transformá-la em uma de nós tão inapropriadamente cedo. Ela poderia vir a ser a ruina de nossa existência. ― O homem mais magro e alto entre os quatro ali presentes, pronunciou as palavras com aflição em excesso.

― Tampouco acho que ela deverá ser transformada em algum dia. Voto para que seja eliminada imediatamente. ― O loiro, sentado no trono à esquerda, analisava, de uma distância segura, a pele de cor leitosa da criatura sem pudor ― Na verdade, meus caros, acho inadmissível que ainda estejamos discutindo os fins desta criatura tão nefasta. Sequer admiro a presença deste ser inútil em nossa propriedade. Ela deve ser morta.

Enquanto ambos discutiam os fins da criatura, o líder principal observava com cautela os movimentos delicados dos braços pequenos no ar do humano recém-nascido, buscando absorver os detalhes dos membros com o maior cuidado do mundo. Era admirável que aquele pequeno ser tenha sobrevivido durante uma noite inteira no frio do inverno europeu sem, sequer, qualquer tipo de reação negativa notável. Além disso, sua maior curiosidade estava em seu fiel aliado que notava, com relutância, a discussão, esforçando-se para não reproduzir nenhuma ação negativa às investidas do líder loiro que se opunha a vida daquele pequeno humano em questão.

― O que você acha que devemos fazer, Carlisle? ― A voz de Aro, finalmente erguida, calou as súbitas questões e discussão levantada pelos outros líderes, Marcus e Caius, ao seu redor.

Os olhos avermelhados do vampiro loiro ergueram-se brevemente em direção ao líder maior e deixou escapar a surpresa em suas feições com a indagação feita diretamente a ele.

― Ah, por favor, Aro, é óbvio que Carlisle dirá algo imparcial e sem qualquer fundamento exato em sua opinião pessoal. ― Caius, indignado, pronunciou as palavras com total desdém da oportunidade de fala do vampiro mais novo ali no salão.

― Eu gostaria de saber a opinião dele, mesmo assim, irmão. ― O corte nas palavras de Aro era tão preciso quanto uma navalha afiada num pescoço humano, apesar de sutil.

Um silêncio formou-se por um curto instante, enquanto Carlisle aproximava-se do pequeno bebê, abaixava-se e erguia um dos dedos para roçar na pele quente daquela criaturinha. De fato, era notável que ele havia se afeiçoado, em tão pouco tempo, àquela vida humana. Não era uma surpresa para nenhum dos Volturi que a perspectiva daquele ali, abaixado, diferia-se das concepções da realeza dos vampiros e todos se esforçavam para manterem suas opiniões para si, devido ao relacionamento que havia entre o líder maior e Carlisle.

― Acho que já sofreu demais. ― Com poucas palavras, Carlisle delimitou sua opinião sobre o que fazer com a criatura, mesmo sem nem perceber.

O que importava para Aro era, na verdade, seus movimentos entorno do bebê. Como ele olhava para a criatura, como afagava seu braço rechonchudo enquanto prostrava-se diante do corpo repleto de vida do humano.

― Carlisle, pegue a criatura e me acompanhe, por favor. ― Aro começou a caminhar rumo as portas duplas que levariam ambos a outra parte da fortaleza Volturi.

Enquanto o vampiro mais novo fazia seus movimentos de pegar o bebê no colo, tomando cuidado para que o frio de sua pele não assustasse o calor do pequeno ser para longe de seu corpo, os dois outros líderes encaravam-se conspiratórios, imaginando o que seria feito da vida da criatura.

Caminhando para longe do permissível da audição dos líderes, Aro guiou o vampiro com o bebê para a ala extrema-leste do salão, onde ficava o aposento principal do líder dos Volturi que, ora ou outra, compartilhava com a companhia de sua esposa ou de Carlisle.

O relacionamento entre os dois não era segredo para ninguém dos Volturi. Desde a vinda de Carlisle ao clã Volturi, ficou evidente que existia um sentimento forte entre o líder maior, Aro, e o vampiro loiro recém-chegado. Aro poderia muito bem se desfazer de seu casamento com Sulpicia, mas, sabendo que ela correria riscos sem a proteção dele, manteve-o assim, pagando sua dívida pela infidelidade muitas vezes ocorridas antes da anunciação entre o relacionamento dos dois.

Chegando ao quarto, Aro indicou para que Carlisle se acomodasse em um dos enormes sofás de veludo ali disposto, enquanto fechava firmemente a porta atrás de si, ciente de que somente aquele ato seria o suficiente para afastar qualquer um que tentasse bisbilhotar a conversa de ambos.

― Você tem a sua resposta para seu pedido mais cedo, Carlisle, bem em seus braços. ― A voz grave e firme dissipou-se dando lugar a um tom mais ameno e gentil no timbrar do líder que se acomodava ao lado do jovem que encarava o rosto em formato de coração do bebê humano.

― Como essa criança poderia ser a resposta para meu pedido de sair da fortaleza Volturi, Aro?

Incapaz de tocar o corpo da criatura ainda, ciente de que seus poderes falariam mais alto e ele leria todo o curto percurso do bebê até o momento presente, Aro limitou-se a olhar com sensibilidade para as bochechas rosadas do bebê enquanto dizia:

― Você me disse que queria um propósito maior e que aqui dentro não havia encontrado ainda. Bem, você sabe que sou cético quanto às questões de destino ou qualquer coisa similar, mas, convenhamos que o mundo fez questão de lhe trazer um propósito, Carlisle. Ele nos deu um presente.

― Como esse humano significaria... Oh... você não está querendo dizer o que eu acredito, não é mesmo?

― Você iria embora e deixaria essa criança humana à mercê de Caius? ― Aro foi capaz de ver o cérebro do loiro ao seu lado matutando uma resposta, contudo, antes de obter qualquer movimento do homem, prosseguiu com determinação ― Veja o que eu lhe proponho, então. Não vamos matar essa criança ― Ele havia sugerido aquilo, pois sabia que era a vontade de Carlisle ―, mas não podemos deixa-la ir, claro. Tenho um irmão para agradar, no fim das contas.

― E o que sugere? Que ela fique aqui, entre os Volturi, como uma humana? ― O ceticismo estava carregado nas palavras de Carlisle e aquilo incomodou Aro um pouco.

― Sim. ― Foi direto ― E, quando ela obtiver idade o suficiente, nós a transformaremos em uma de nós.

― E quem será responsável por ela? Eu? ― Apesar do tom de voz sombrio do jovem, Carlisle não pode evitar deixar transparecer um misto de curiosidade e concordância com a proposta do homem ao seu lado.

Nós. ― E dito isso, Aro terminou de completar o cerco de seus argumentos, pegando o loiro de surpresa enquanto o tomava em um beijo cálido, que fora interrompido com o tocar de dedos gorduchos nas vestes de seu braço que estava apoiado entorno do ombro de Carlisle.

Deixando sua atenção voltar-se até os olhos caramelos da pequena humana que o encarava com um certo brilho alegre. Ele fora, então, arrebatado pela ideia de pegá-la no colo e assim o fez, pousando-a cuidadosamente em suas vestes, afim de proporcionar-lhe um maior conforto e, tomado pela ousadia do momento, permitiu que a criança agarrasse um de seus dedos e fora absorvido pelas lembranças do curto tempo de vida da criança.

Uma mulher de cabelos longos e castanhos encarava enraivada em sua direção, enquanto forçava-a a engolir o que quer que lhe era oferecido em uma colher de madeira. Xingando-a em uma língua antiga, desistiu de força-la a comer, optando por embrulhá-la em um tecido grosso e de mau-cheiro enquanto a tomava nos braços e a enfiava em uma cesta de madeira.

 

Em um momento anterior, a mulher olhava exaurida em sua direção, enquanto deixava escapar um choro retumbante por todo o espaço, tentando lhe mostrar a fome que sentia.

 

Lembranças similares de agressão, maus cuidados e desprezo circundavam sua mente, lhe apresentando um panorama de um período similar a um ano e meio conflituoso e repleto de dor e agonia que só fora interrompido quando a mulher entregara sua cesta em direção à uma outra que olhava amistosamente em sua direção com um sorriso com pena.

 

Avançando um pouco, Aro compreendeu como aquela criança fora parar em um dos aposentos da fortaleza Volturi. A mulher que a acolhera era uma das humanas presente no interior da residência ele que prestava serviços de limpeza e manutenção. Essa mesma mulher fora assassinada, junto das outras três, pois Aro as condenou por permitirem a entrada daquele pequeno bebê em sua casa.

Quando sentiu que suas lembranças estavam se misturando com as do bebê, afastou seu dedo imediatamente das mãos rechonchudas e encarou-a nos olhos com curiosidade, sentindo uma espécie de sombra esvair-se de sua mente.

Fora ela quem causara aquilo? Aquela sombra que se apossou de sua mente, revertendo o caminho dos pensamentos dela até os seus de forma tão natural o assustou e, até mesmo o confundiu.

― Aro, tudo bem? ― Carlisle indagou preocupado.

Sem desviar os olhos da humana em seu colo, ele tentou responder da melhor forma possível enquanto dizia:

― Estou ótimo. Apenas curioso. Muito curioso.

E se, antes, ele tinha alguma dúvida da escolha de manter a menina para si, fora sanada com a possibilidade de estar diante de uma das maiores aquisições aos Volturi já vista. Aquela ali, seria um enorme feito, possivelmente uma poderosa vampira, quando chegasse a hora.

― Há algo de errado? ― A mão de Carlisle tocou a sua, que agora pousava sob o cobertor maltrapilho da criança.

Analisando as lembranças recentes de Carlisle de forma intrusa, pegou-o sentindo um carinho grandioso pela cena de Aro e a criança compartilhando um breve momento em conjunto e aquilo estufou seu coração de uma forma inimaginável. O vampiro mais velho quase podia sentir-se completo com a análise da lembrança do amante ao seu lado.

― Devíamos escolher um nome para ela. ― Aro limitou-se a dizer, enquanto esforçava-se a abandonar a mente de Carlisle e voltar-se para o bebê ― Se ela ficar, seria bom ter um nome.

Se? ― Questionou Carlisle.

Olhando-o furtivamente, respondeu-lhe:

― Você ainda não disse se ficará conosco ou não.

― Se eu optar por partir, o que você fará com a criança?

― Possivelmente, deixarei que Caius se alimente dela, como assim deseja tanto, afinal, de nada ela terá utilidade aqui. ― Era uma mentira. Uma enorme mentira. Aro jamais permitiria que qualquer um ali fizesse mal à criança em seu colo.

Ponderando a possibilidade, Carlisle levou mais tempo do que agradava a Aro, contudo, por fim, falou para seu agrado:

― Eve. Devíamos chama-la assim, em homenagem à primeira mulher no mundo.

Conhecendo a história do rapaz ao seu lado, Aro sabia que ele vinha de uma família religiosa e repleta de tradições bíblicas e, assimilando que o nome possuía grande significado à cultura cristã, a qual Carlisle fizera parte durante sua vida humana, compreendeu significativamente que o nome possuía conotação pessoal e especial naquele momento. Carlisle sentia o mesmo pela criança.

― Então, ela será Eve. A primeira humana a viver entre grandes vampiros.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei. O gif apresenta a Nessie, entretanto, não consegui encontrar nenhum gif melhor para representar o que eu queria, então relevem essa situação.

Gostaria de saber o que vocês pensam entre a relação de Carlisle e Aro. Sinceramente, eu sempre vi Aro como um bissexual que, na verdade, tem um amor pelo líder do Clã Cullen e, deste modo, sempre idealizei que, quando os dois ainda viviam sob o mesmo teto, compartilhavam de uma relação afetiva.

Comentem para que eu não surte e ache que estou maluca!



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