UMA INTRUSA EM CREPÚSCULO escrita por Jace Jane


Capítulo 20
Capitulo 20º - Acordo justo


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a CatrinaEvans, Katy Tonnel e Natty Farias Freitas por seus comentários no capitulo anterior, obrigada amores ♥.



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Olhava para as paredes de pedra com um pesar em seu pequeno coração, queria estar com sua mãe, seu pai a tinha levado para longe novamente, não gostava quando ele fazia isso, sua mãe voltava diferente.

— Olá, Megan. – Viu sua sombra na parede, não reconheceu sua fisionomia, mas sua voz sim, já o ouviu conversando com sua mãe.

— Olá – Deu um sorriso cabisbaixo – Minha mãe não esta aqui, volte depois.

O homem tinha cabelos negros que iam até seus ombros, seus olhos eram da mesma cor que os troncos secos do deserto. Suas vestes eram semelhantes à de seu pai Bel.

— Eu vim por você – Encostou uma de suas pernas ao chão para encurtar a distancia.

— Você já deve ter percebido que sua mãe fica diferente quando ela esta longe. – Disse o homem com uma voz mansa. – Ela fica triste, mas você pode ajudar sua mãe a ir embora, assim vai deixa-la feliz.

— O papai vai ficar bravo. – Seus pequenos olhos mostravam seu medo.

— Então vai deixar seu pai fazer sua mãe ficar triste?

Não podia deixar sua mãe triste, ela sempre se esforçava para que pudesse estar sempre com um sorriso no rosto. Seus olhos lacrimejaram.

— Você quer ajudar a sua mãe? – Perguntou o demônio com sua face simpática, dando segurança a jovem feiticeira.

— Como eu posso ajudar a mamãe?

— Eu posso tirar você duas daqui, mas vou precisar da sua ajuda, é uma coisa especial que esta dentro de você – Seus olhos lhe davam confiança naquele momento difícil.

— Pode pegar!

O homem colocou um dedo no meio de seu peito e uma cor esverdeada saiu de seu corpo e foi até ele. Sua magia tinha sido removida.

Quando abri meus olhos ainda não tinha amanhecido, em algum momento eu adormeci no sofá. Desde que quase morri pela marca memórias estranhas despertavam, eram de quando era nova, quando eu devia ter no máximo cinco anos de idade. Em uma delas eu vi minha mãe sendo arrastada por demônios alados por ordens do homem que tinha a cara do Jonathan, eu o tinha chamado de pai na lembrança, e de acordo com o pai do Magnus, meu pai era Belfegor.

Na segunda lembrança eu conversava com Asmodeus, que me convenceu a dar minha magia a ele em troca de tirar eu e minha mãe de lá, mas onde a gente estava? E o mais importante como minha mãe teve contato com dois príncipes do inferno? Essa não é a única pergunta que devo fazer, as outras são: Como eu não sabia que era uma feiticeira até a explosão da marca? Como minhas memórias de infância foram reprimidas?

Estou esquecendo um fato importante, o universo que eu estava antes de virar uma viajante não era o mesmo que eu nasci então como eu fui parar lá?

Tantas perguntas...

— Não consegue dormir? – Virei à cabeça e encarei o rosto asiático de Asmodeus, ele estava igual a como estava há algumas horas, ao contrário de mim, que estava usando um pijama nada sexy do Batman. Nenhuma mulher pensa em ser sexy dormindo debaixo do mesmo teto que dois homens.

— Só algumas memórias tirando o meu sono. – Sentei no sofá ainda enrolada na coberta a fim de encara-lo melhor. – Não reclamo, podia ser pior.

— Já esta tendo o sonho dos viajantes? – Como ele sabia que eu era uma viajante? E o que ele sabia sobre viajantes? Tantas perguntas sem respostas.

— O que seria sonhos dos viajantes? – Perguntei.

— Pesadelos constantes que a levam a loucura. – Seus olhos me analisavam com interesse.

Será que foi isso que o Asten estava sofrendo, e confundiu achando que era coisa de Loki?

— Não me encare assim, o ultimo que o fez me levou pra cama. – Consegui arrancar pequenas risadas.

— Flertar com um príncipe do inferno é mesmo de família. – Comentou Asmodeus sorridente.

— O fruto não cai longe da arvore. – Forcei um sorriso. – Mas não se preocupe, embora você seja o meu tipo, eu sou monogâmica, e já tenho um companheiro, até porque seria muito estranho me envolver com você, te conheço desde a minha infância.

Seus olhos estreitaram, seu lábio esticou em um sorriso de lado.

— Você se lembra.

— E também lembro que você tem algo que me pertence. – Não estava mais sorrindo.

— Você me deu, foi algo consensual. – Argumentou.

— Você me induziu a te dar.

— Induzido ou não, teve o que queria. – Sua expressão era calma, em quanto a minha estava fechada.

— O acordo foi comigo ou com a minha mãe? Ela negociou a minha magia não foi? – Semicerrei os olhos ao questiona-lo. Aquela situação era muito estranha, e as perguntas que fazia estavam me levando a fazer deduções estranhas.

Ele não disse nada, só continuou sorrindo.

— Porque ela iria sugerir dar a magia de um feiticeiro? Ah não ser que não fosse preciso dentro dos planos dela. – Arranquei a coberta do meu corpo e me levantei em um pulo. As respostas das minhas perguntas estavam vindo. – Mas porque ela precisaria da ajuda de outro príncipe do inferno? Alguém como você não pode vir para esse plano facilmente, e a minha mãe só poderia ter contato com dois príncipes do inferno no mesmo período se..

— Fale – Seus olhos brilhavam com as minhas deduções, brilhavam como a marca de feiticeiro do Magnus.

— Estivéssemos em Edom. – Seu sorriso se alargou com a minha resposta. Eu tinha acertado. – Mas como ela sobreviveu lá? Humanos não podem respirar o ar de Edom, ela teria que ser do mundo das sombras.

— Os feitiços que sua mãe jogou em você foram bem fortes. – Seus olhos se apagaram antes de me dar as costas.

Ele não podia me dar às costas depois de uma bomba dessas cair no meu colo.

— Eu fui parar em outro universo ao escapar de Edom, foi você? – Sua resposta foi negativa. – Não existem muitas formas de viajar pelo o multiverso.

— Você esta chegando lá, continue. – Em quanto eu quebrava a minha cabeça para entender o que tinha acontecido Asmodeus estava preparando uma bebida.

— Eu sou uma viajante e posso viajar, ela poderia ser uma, mas não sobreviveria ao ar toxico de Edom. Uma velocista, talvez? Suas células iriam se regenerar na mesma hora que sofressem, mas a regeneração acelerada não seria o bastante quando exposta por muito tempo. – Qual era a outra opção mesmo? – Fadas! Fadas possuem controle sobre as passagens para Edom, quem garante que não tenham controle das passagens do multiverso?

Minha cabeça ia explodir, era informação demais. Me joguei no sofá em quanto via Asmodeus pela visão periférica, ele se divertia com a minha reação.

— Eu me tornei uma escritora porque a minha vida era entediante demais, e parei de escrever pelo motivo oposto. – Respirei fundo tentando acalmar a minha mente agitada, mas não era o suficiente. – Não sei como reagir a isso.

— Faz como todo mundo e beba!

— Como se eu fosse ficar bêbada na presença de Asmodeus, o príncipe do inferno da luxuria. – Ri cética. – Ei! Eu sei o que você fez. – Deixei o sofá novamente e andei até o demônio.

— O que eu fiz? – Se fez de desentendido.

— Me distraiu para não continuar te cobrando, eu quero a minha magia de volta! – Toda a minha auto piedade desapareceu, restando a indignação e a raiva.

— O acordo foi justo, sua magia é minha agora. – Bufei irritada. Eu preciso da minha magia de volta, ela é minha por direito.

— E se fizéssemos outro acordo? – Sugeri.

Sua sobrancelha arqueou de curiosidade.

— Sou uma viajante e posso oferecer itens interessantes de outros mundos. – Me aproximei com passos curtos – Já que pretende passar um tempo no mundo mortal posso lhe dar algo que ninguém mais pode.

— E o que seria? – Perguntou interessado. Quase sorri.

— Tempo, especificamente, viagem no tempo.

***

Viagem no tempo não o interessou muito, mas eu tinha mais a oferecer. Ele procurava poder, e qual a arma que simbolizava poder nas mãos de quem a tinha? Excalibur. Aqueles feridos por sua lamina recebiam uma sentença de morte, seus ferimentos não podem ser curados, e essa espada nas mãos de Asmodeus poderia fazer um belo estrago, mas quem liga? Eu não ligo.

— Quem eu quero enganar, essa não é uma arma para dar a um demônio como ele. - Tinha dado uma escapada do apartamento e ido para o meu apartamento, onde estaria vazio sem a minha presença. – Mas será que seria muito ruim? Ele não usaria em qualquer um né?

— O que não seria muito ruim? – Sua voz fez o meu coração disparar com o tamanho susto.

— Que susto Asten, quase tive um ataque cardíaco! – Bufei irritada. Não era para o apartamento estar vazio?

— Perdoe-me, majestade. – Rolei os olhos com o tratamento exagerado.

Uma ideia passou em minha cabeça, com o Asten seria bem mais fácil de adquirir. Sorri.

— Asten.. Eu procuro um objeto de valor histórico. – Me aproximei delicadamente de sua pessoa, precisava atraí-lo para a minha ideia. – Achei que podia ser ruim por tirá-lo de seu mundo original, mas lembrei que se eu tirar de um determinado tempo não causará nenhum problema.

— Que objeto seria esse? – Ele não parecia surpreso pela minha ideia de roubar um objeto de seu tempo. Ele já deveria ter feito à mesma coisa.

— Uma espada muito cobiçada, e que oportunamente foi descartada no fundo de um lado, conhecida como Excalibur. – Seus olhos se arregalaram em espanto, obviamente ele não esperava que eu fosse tão ambiciosa.

— E eu achando que Erínia me levava para os roles mais estranhos. – Sorriu o feiticeiro.

Obter a espada foi bem rápido, Asten conseguiu tirá-la do lago sem dificuldade, e logo ela estava em minhas mãos.

— Vou guarda-la em um lugar especial. – Disse ao Asten, mal sabia ele que entregaria justamente para o pai dele, um príncipe do inferno nada confiável.

— Tome cuidado para não se cortar!

Quando voltei ao apartamento do Magnus já era quatro da manhã, só fiquei fora por uma hora. – Nada mal. – Asmodeus não estava em nenhuma parte visível da sala. Vasculhei tudo quanto é canto, só para acha-lo na varanda, admirando a paisagem com seus olhos julgadores.

— Me pergunto como seres como você nos enxerga. – Sua cabeça junto de seu corpo se virou em minha direção, seus olhos percorreram a espada com curiosidade. – Quero dizer, a raça humana, já não posso me incluir neles.

Seus lábios esticaram em um fino sorriso.

— Insetos, talvez? – Sugeri. – Ou como algo tão insignificante nem chega a considerar.

— Suas sugestões não estão muito longe. – Respondeu. Era estranho um demônio parecer cordial e simpático.

— Você não considerou o vira-tempo como um objeto de valor equivalente, então trouxe algo melhor. – Chega de papo furado. Meu coração batia em ritmo frenético dentro do meu corpo. Minhas mãos começavam a suar de nervosismo. - Já ouviu falar da espada Excalibur?

— Uma espada da mitologia humana. – Respondeu não muito impressionado.

— Em algum lugar do multiverso Camelot existiu, e a espada também. Eu viajei para este mundo e a recuperei. – Em nenhum momento baixei o olhar, o encarava mostrando confiança, não podia dar bandeira para Asmodeus. – Se quer uma forma de eliminar seus inimigos permanentemente, a Excalibur será uma aquisição de grande valor.

A espada foi testada em um rato, e o resultado foi um sucesso, e antes do amanhecer eu já tinha recuperado a minha magia. Magnus não suspeitou de nada do que aconteceu na madrugada. Asmodeus foi para seu canto e eu fui para o meu.

***

O dia amanheceu nebuloso, havia inúmeras nuvens escondendo o sol, e incrivelmente carregadas, antes do meio dia estaria caindo uma verdadeira tempestade. Magnus não parecia preocupado com a possibilidade evidente de chuva e nem parecia ter planos de sair de casa. Todo o seu animo e alegria parecia ter sumido como o sol. O silencio no café da manhã me parece constrangedor, mas não pareceu abala-lo.

— O que esta acontecendo, e nem pense em dizer que não é nada, eu sei muito bem que tem algo rolando aqui, Magnus Bane. – Frisei seu nome ao cruzar os braços, não arredar o pé até saber o que estava acontecendo. Ele podia ser meu professor, mas acima de tudo, ele é meu amigo.

— Esta imaginando coisas. – Bufei pelo nariz e lhe inçarei com um olhar cético.

É serio que ele tentava me passar à perna? Querido Magnus, na escola que você estudou eu era a professora.

— Eu não sou burra, eu vejo os sinais por toda a parte. – Encostei minhas costas na cadeira e cruzei as pernas. – Nenhum feiticeiro em sã consciência ficaria bem na presença de seu pai, principalmente ele sendo o príncipe do inferno. E do jeito que age, ele não é o maior de seus problemas. Tem algo rolando e é melhor falar, por bem ou por mal.

Sua mão largou o garfo e seus olhos abaixaram para o seu prato, e com um longo suspiro ele falou.

— Alec terminou comigo. – Sua expressão era devastadora, lembrando de quando conheci o Marcus.

— O que? – Meu espanto era visível. O universo esta todo errado, Magnus e Alec nasceram um pro outro, eles eram almas gêmeas. Alexander Gideon Lightwood, você tem muitas explicações para dar. – Ele só pode ter perdido o juízo.

— Não quero falar sobre isso. – Seus olhos ainda estavam fixos em seu prato. Eu não sou boa em consolar as pessoas, nunca fui, mas se eu não o ajudasse que tipo de amiga eu seria? Mas às vezes a atitude correta é dar espaço.

Estiquei a minha mão até a sua e a segurei, lhe passando forças.

— Não precisa conversar comigo se não quiser, mas saiba que estarei aqui caso precise. – Seus olhos encararam os meus, e seus lábios me deram um sorriso.

— Termine de comer, vamos treinar depois, quero saber o que você sabe.

— Yes sir!

O dia foi assim, eu ralando para mostrar que não fiquei inteiramente de bobeira em Volterra e ele surrando o meu couro. Alguns breves comentários foram feitos, como eu precisar treinar a minha base, é bom saber feitiços poderosos? Sim, muito bom, mas sem uma base solida não me adiantaria de nada. Então fui guiada por sua sabedoria e voltei ao inicio, aprendendo o básico, como poções, que poderia vir sem bem útil, poções são sempre uteis.


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