For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 9
Capítulo 9 - Welcome to the Human World!


Notas iniciais do capítulo

Reneesme começa a experimentar como é viver como uma humana normal.
Será que isso é pra ela?



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Foi bom ter descoberto tudo em um único dia. Sou daquela opinião de que se é para sofrer, então que seja tudo de uma única vez.

A única coisa que se revelou boa nessa história toda foi Ângela. Ela veio em casa todos os dias, me ouviu, me viu chorar, me consolou. Eu já não podia mais viver sem ela. Minha vida agora sem Ângela seria impossível, ela era minha melhor amiga.

Minha mãe, Alice e Rosie também foram essenciais durante aquela semana da minha vida. Elas me ajudaram a superar, a ter a certeza dentro de mim de que tudo passaria com o tempo, a me preparar para vê-lo outra vez e durante todo o resto de minha vida. Vê-lo com outra, vê-lo sem mim.

Eu evitava pensar nele durante o dia, evitava ao máximo! Pra isso, eu tinha que estar sempre fazendo alguma coisa. Ou eu ia correr, ou andar pela cidade, caçar, passear sem rumo com Ângela. Não importava o que fosse, mas eu tinha sempre que fazer alguma coisa. À noite, ao invés dos sonhos lindos que eu costumava ter com ele, agora tinha pesadelos. Na maioria deles eu acordava assustada, sendo atacada por um grande lobo marrom, minhas roupas rasgadas... Depois ele se tornava humano. Discussão, muita discussão. Palavras soltas ao vento que chegam ao meu corpo como se fossem espadas afiadas, rasgando-me em carne viva. Minhas noites de sono tinham se transformado em um inferno.

De qualquer forma, eu já tinha decidido. Eu ía viver minha vida como tinha que ser. Ía fazer tudo o que eu tinha planejado e não era o Sr. Jacob Black que ía me impedir de ser feliz durante o pouco tempo que eu tinha.

Encontrei Ângela na varanda, conversando com minha mãe.

_ Hey! _ Beijei o rosto dela. _ Estou pronta.

_ Cuidado, muito cuidado Renesmee. _ Ela arrumou meu cachecol.

_ Você não quer vir com a gente Bella?

_ Não, obrigada. Eu vou chamar o Edward e nós vamos para casa.

_ Nossa Bella... Você tão jovem é já está casada... Isso tudo é muito louco! _ Ângela comentou e nós três rimos.

_ Não acho que seja muito louco. Acho... Acho que eu o amo, é isso. _ Ela completou e nós voltamos a rir.

_ Vamos Nessie?

_ Vamo sim. Tchau mãe. _ Eu a abracei apertado. Confesso que estava com um medinho bobo, afinal, eu nunca tinha saído com ninguém que não fosse da minha família e pela primeira vez, eu estava saindo para “a balada”.

_ Tchau Bella.

_ Se tiverem problemas é só nos ligar.

Acenamos e entramos no carro de Ângela.

_ Você vai pegar o Seth? _ Perguntei, enquanto tentava sintonizar alguma rádio.

_ Não, ele não vai.

_ Como assim não vai? _ Seth e eu ainda não tínhamos nos falado depois da barbaridade que eu havia dito à ele. _ Eu pensei que ele... Que ele tivesse me perdoado. _ Dessa vez um medo maior tomou conta de mim. Seth com certeza me protegeria de qualquer coisa e dessa vez eu estava sem ele. Realmente, me dava muito medo pensar nisso.

_ Perdoou, claro! Ele disse que Jacob tinha planos para essa noite. _ Percebi que ela falou baixo, evitando falar “dele”.

_ Jacob. _ Eu disse num tom diferente, que eu nunca tinha usado para me referir à ele. _ Pode falar Ângela, eu não tenho mais problemas com isso, já superei. Tinha que ser o Jacob mesmo! O grande mentiroso... _ Murmurei meio emburrada. Espera aí! Eu já estava ficando emburrada por causa dele? Jamais! Aumentei o som. _ Essa música é legal.

Nós rimos, enquanto pegávamos a estrada em direção à Port Angeles.

Depois de quase duas horas de viagem, porque Ângela dirigia muito, muito devagar, enfim estacionamos em frente a um barzinho, numa rua movimentada do centro da cidade.

_ Eu estou vendo eles... _ Ângela difarçou enquanto arrumava o casaco, já fora do carro.

_ Onde?

_ Naquela mesa de seis lugares, perto da porta.

Olhei de canto de olho.

_ Ahh... Estou vendo. Hey Angie, não esquece! Eu sou filha adotiva do Dr. Carlisle.

Ela sorriu.

_ Confia em mim.

Eu andei atrás dela. Subimos as escadas e paramos em frente a uma mesa. Eu não sabia o que dizer, o que falar ou como agir. Estava fazendo tudo mecanicamente, apenas imitando o comportamento de Ângela.

_ Angie! Pensei que você não ía chegar nunca!

Eu conhecia aquela voz irritante de algum lugar...

_ Demoramos, mas chegamos! Pessoal, essa aqui é a Renesmee. _ Angie me puxou pelos ombros. Eu sorri amarelo e acenei para eles.

_ Puta que pariu! Ela é igualzinha à Isabella Swan, lembra Jessie? _ Um cara loiro comentou bem alto.

_ Renesmee? Acho que conheço você de algum lugar... Você não é a irmã adotiva de Edward Cullen?

Jéssica Stanley. Sabia que eu a conhecia de algum lugar.

_ Sim, nos encontramos outro dia em Forks. _ Sorri.

Ela se levantou, me abraçou e me deu um beijo.

_ Não sabia que você era amiga da Ângela...

_ Pois é... _ Eu não sabia o que responder.

_ Eu sou Mike, Mike Newton, muito prazer. _ Ele se levantou e me cumprimentou com um beijo no rosto. Eu olhei para Ângela e nós duas seguramos o riso, lembrando das coisas que minha mãe tinha nos contado sobre Mike.

_ E esse aqui? Esse eu não conheço. _ Ângela bateu nos ombros do cara que estava sentado de costas para nós.

_ Ah, esqueci de apresentar. Esse é meu primo, Rian. _ Mike disse.

Então o tal Rian se levantou e deu um beijo em Ângela e depois em mim. Eu fiquei totalmente sem graça, mal pude olhar para ele ou para qualquer um daquela mesa. E agora, o que eu devia fazer?

Ângela finalmente me indicou o lugar e eu sentei ao lado de Jéssica. Ângela ficou do outro lado da mesa, ao lado de Rian. Eu não tinha reparado enquanto nos cumprimentávamos, mas agora eu podia ver bem o rosto dele e... ele era lindo! A pela dele era clara, olhos e cabelos castanho claro, rosto quadrado, bem masculinizado. Com certeza, depois de Jacob, Rian era o cara mais bonito que eu já tinha visto.

De repente os olhos dele cruzaram o meu e eu desviei o olhar assustada. Então uma sensação estranha começou a brotar dentro de mim... Minhas mãos... eu já não sabia onde colocá-las; se deixava sobre a mesa, se repousava-as em meu colo. E o meu coração pulsava um tanto quanto descontrolado, de forma que eu conseguia ouví-lo no meio do barulho daquela agitada rua de Port Angeles.

_ Não é mesmo Nessie?

_ Que? _ Acordei quando Ângela disse meu nome e mais alguma coisa que eu não tinha prestado atenção.

Percebi um sorriso discreto no rosto do Rian e também não pude deixar de sorrir, ainda que um tanto quanto nervosa.

_ Estou contando para o Mike que vocês estão na cidade já tem algumas semanas. _ Ângela repetiu.

_ Ahh, é verdade sim.

_ Eu nunca mais vi a Bella. Ela era linda... Nossa... _ Mike pareceu divagar em seus pensamentos. _ Eu soube que ela se casou com aquele Cullen, o estranho.

Não me contive e ri.

_ O que foi? Mas diz que ele não é mesmo muito estranho? _ Ele me perguntou.

_ Sei lá... Ele é... normal.

_ Ahh, não é não Renesmee! Aliás, todos os seus irmãos; me desculpe estar dizendo isso; mas eles são muito estranhos. _ Mike insistiu naquela conversa.

_ Edward estranho? Se aquilo for estranho, meu bem... o que é que você é então? _ Jéssica soltou e nós rimos. _ Renesmee, eu vou ter que dizer, seu irmão é um gostoso mesmo! Sabia que ele chegou a pedir para sair comigo no colegial? Mas eu dei uma de durona e resisti.

_ Ahh, eu imagino. _ Eu olhava para Ângela e nós ríamos. Que mentira! Ela nunca tinha saído com meu pai!

_ Pois é... Sabe, eu não sou assim uma mulher fácil... Tive que ser dura com ele. _ Ela ajeitou o casaco em seu corpo, com pose de quem estava abafando.

_ Ahh sim, nós sabemos muito bem disso. _ Ângela ironizou.

_ Escuta, Seth não vem? _ Mike perguntou.

_ Não... Ele saiu com uns amigos.

_ Que? Amigos? Nós somos seus amigos!

Ângela riu.

_ Amigos de La Push. Um velho amigo dele voltou de uma longa viagem. Então... Você sabe... Muita conversa para botar em dia.

Enquanto a gente conversava bobagens, eu insistia em observar Rian. Eu tinha a vantagem de não precisar olhar fixamente para ele para exergá-lo, sem contar que aquela penumbra não fazia diferença nenhuma para mim. Lembrei de todas as minhas fantasias ao redor de como seria meu primeiro beijo. Eu só podia ser mesmo um fracasso! Nunca tinha beijado ninguém! O importante é que pela primeira vez, Jacbo não fazia parte dos meus planos. Era até bem fácil me imaginar beijando o tal Rian, mas... Eu não sei se tinha coragem.

Percebi que Jéssica tinha dado um cutucão em Mike, seguido de risinhos e cochichos. Certeza que estavam falando de mim. Por Deus, eu estava dando muito na cara!

_ Ângela, vamos ao banheiro comigo? _ Foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

_ Claro!

_ Ahh, eu também vou! _ Jéssica se levantou atrás de nós.

Que droga! Eu precisava falar a sós com a Ângela.

_ Lá vai o “clube da Luluzinha” fofocar no banheiro! _ Mike gritou na mesa. _ Espero que o assunto não seja o Rian!

Nossa, que vergonha! Então todo mundo tinha reparado! Será que era assim mesmo? Será que eu estava fazendo alguma coisa de errado?

Me fiz de desentendida diante dos comentários de Mike e continuei andando.

A Jéssica falava demais... Como cansava a minha cabeça a ouvir falando! E do jeito que eu estava, eu não consegui prestar atenção em uma palavra sequer do que ela dizia.

_ Gente, vou fazer um xixi rápido. Me esperem! _ Jéssica comentou enquanto entrava na cabine.

Rapidamente, puxei Ângela para um canto.

_ Angie, me diz o que eu estou fazendo de errado. _ Falei baixo, tentando evitar que Jéssica ouvisse.

_ Você? Não há nada de errado!

_ Mas... Esse Rian...

_ O que tem?

_ Eu não sei... Ele me olha de um jeito e... Eu não sei como fui capaz, mas eu também olhei pra ele...

_ Você está afim dele?_ Ângela me perguntou boquiaberta.

_ Bom... Na verdade eu não sei! Não sei se eu devia estar. Isso não me parece certo. E aquele Mike fica insinuando umas coisas...

_ Oras! É só o Mike Newton. _ Ela segurou minhas mãos. _ Relaxa... Você não está fazendo nada de errado.

_ Mas... Mas e se ele estiver gostando de mim?

_ Gostando? Nessie, não se gosta de alguém assim do nada. Talvez ele possa estar afim de você.

_ Afim? Como assim? Tem diferença de “afim” e de “gostar”?

_ Lógico! Afim é tipo... dar uns beijos, andar de mãos dadas, mas nada sério.

_ Oh, eu não sei se eu poderia beijá-lo! Acho que eu só teria coragem de beijar alguém que eu gostasse, que eu gostasse muito.

_ Oh Ness... _ Ela me olhou com ternura. _ Às vezes eu penso que você vive em um universo paralelo ao nosso. As pessoas... Elas fazem coisas...

_ Coisas? Mas que tipo de coisas?

_ O que eu estou tentando te dizer é que você não precisa estar amando para ficar com alguém, para beijar alguém, por exemplo. As pessoas... Elas fazem isso pelo simples prazer que isso as proporciona.

Eu juro que tentei entender o que Ângela estava me dizendo, mas estava um tanto quanto difícil.

_ Então... Se você achar que quer experimentar beijar Rian, você pode fazer, oras! É uma escolha que você tem de fazer. E se isso te deixar mais feliz, se isso te fizer esquecer do Jacob, eu sou a primeira pessoa a te apoiar a fazê-lo.

_ O que vocês duas estão tagarelando aí? _ Jéssica tinha acabado de sair da cabine.

_ Nada. _ Olhei para ela com um olhar morto.

Eu ainda estava anestesiada com as coisas que Ângela havia me dito. Mas... De certa forma ela tinha razão. De repente me dei conta que eu andei a semana inteira dizendo para mim mesma que ía viver a minha vida como se Jacob nunca tivesse existido e só agora eu tinha entendido o real significado daquilo. Agora eu estava definitivamente com as rédias da minha vida em minhas mãos e bastava eu querer experimentar.

_ Vamos voltar. Você já foram no banheiro?

Saímos do banheiro com Jéssica na nossa cola, tagarelando como nunca. Eu para variar, não ouvia nada. Minha cabeça estava cheia de coisas mais importantes agora.

_ Finalmente! _ Mike comentou assim que chegamos.

_ O que vocês vão querer? _ Não pude deixar de notar que foi a primeira coisa que Rian disse durante a noite toda.

_ Eu quero um hambúrguer e uma coca bem gelada. _ Jéssica foi a primeira.

_ O mesmo para mim, estou faminta. _ Ângela completou.

_ Eu quero uma cerveja e uma porção de fritas. _ Mike disse. _ Bebe comigo Rian?

_ Claro. _ Ele sorriu. _ E você Renesmee?

_ Eu? _ Nossa, não esperava por isso. Eu não queria ser rude, ainda mais com ele, então resolvi fazer um sacrifício. _ Só uma água. Eu comi umas porcarias em casa. _ Sorri debilmente.

Não demorou muito para que nosso pedido chegasse. Aquela comida toda fedia demais! Meu Deus, como eu queria que eles acabassem logo com aquilo.

Rian colocou a água no meu copo e eu fiquei olhando para o vridro, cheio daquele líquido nojento e transparente. Contei até três, tapei a respiração e bebi a grandes goles quase todo o conteúdo do copo. Quando voltei a respirar, me arrepiei toda. Era ruim demais.

Percebi que Ângela me olhava de um jeito estranho. Certamente ela deveria imaginar o motivo.

_ Posso dividir com você Nessie?

_ Claro! _ Sorri agradecendo-a.

Ficamos até mais tarde no bar, jogando coversa fora. A cada minuto eu gostava mais e mais daquele pessoal. Claro que tinha as coisas estúpidas que Mike falava e o jeito extravagante de Jéssica, mas tinha também Rian...

Já passa das duas da madrugada quando Mike pediu a conta. Dividimos e saímos logo do bar. Depois paramos na calçada, do outro lado da rua, próximos aos nossos carros.

_ A gente podia sair amanhã de novo, o que vocês acham? _Mike agitou.

_ Soube que um grupo de rock local vai tocar na “Poison”, aqui em Port Angeles. A gente podia vir... _ Rian emendou.

_ Poison?

_ É uma boate nova. _ Ele respondeu gentilmente è pergunta de Ângela.

Boate? Eu nunca tinha ido a uma. É claro que eu queria ir!

_ Por mim tudo bem... _ Sorri. _ O que você acha Ângela?

_ Estou pensando aqui... Amanhã não é o jantar na casa do seu avô?

_ Ahh, é verdade... _ Desanimei. _ Mas e se a gente fosse depois? Vamos... Por favor! Aí eu não vou ter que ficar lá a noite inteira vendo... Vendo você sabe quem. _ Lógico que eu não ía tocar no nome do infeliz do Jacob na frente do Rian.

_ Quem? _ Mike ficou curioso.

_ Ninguém. _ Eu disse evitando encarar qualquer um deles.

_ Começou, agora termina.

_ É só o amigo chato do Seth, deixa para lá. _ Ângela me salvou.

_ Gente, tchauzinho pra vocês. _ Jéssica bocejava enquanto nos beijava. _ Estou morrendo de sono!

_ Ahm, Ângela, vem aqui pegar uma coisa no meu carro. _ Mike puxou-a e Jéssica os acompanhou. Eu fui atrás deles enquanto pude, mas logo Rian entrou na minha frente.

_ Ops, desculpe, eu vou... _ Antes que eu completasse a frase, percebi o que estava acontecendo. É claro que foi tudo uma armação para nos deixarem sozinhos. Droga, eu não sabia como me portar agora. Sorri, meio sem graça, olhando para o chão.

Então senti a mão quente dele no meu queixo, levantando meu rosto em direção è ele.

_ Você está gelada.

_ Só um pouco resfriada. _ Menti.

_ Renesmee... Nunca conheci alguém que tivesse esse nome.

Eu sorri meio que incomodada com a mão dele no meu rosto. Mas por outro lado, era estranhamente bom.

_ Você parece ser tão diferente... Diferente de todas as garotas que eu já conheci.

E como! Ele realmente não se atreveria a imaginar como eu era diferente.

_ Que isso! _ Sorri envergonhada.

_ É verdade! _ Ele disse sorrindo, mas depois foi ficando sério. _ Você é tímida, inocente... E o mais importante é que tudo isso é genuinamente seu. Não é teatro, é só... você.

Olhei no fundo dos olhos dele e o que encontrei foi só sinceridade. Por que era tão difícil para Jacob ser assim? Me lembro da como olhei para ele durante o nosso encontro na floresta, eu me lembro de tê-lo procurando, quem sabe perdido no fundo de seus olhos negros, mas eu não via mais nada.

_ Inocente. _ Repeti. De certa forma aquela palavra tinha me incomodado um pouco.

_ O que? Não leve à mal o que disse. Não foi realmente por mal. Mas... faz parte do que eu vejo em você. Faz parte do que é verdadeiro em você e é grande parte do que a faz ser diferente.

Ora, ele não sabia do que estava falando. Tirei a mão dele do meu rosto, mas não de forma grosseira. Apenas tirei.

_ Acho que não é bem assim Rian. Você não me conhece...

Rian não deixou que eu terminasse.

_ Você vai deixar que eu conheça?

Ele se aproximou e encostou seu rosto no meu, mas eu recuei assutada antes que o pior acotecesse. Na verdade eu me segurei para não saltar para trás como um animal, como eu costumava fazer, como eu tinha feito no meu primeiro encontro com Angela. Meu corpo todo estava trêmulo e de repente, mesmo com a fina chuva caindo, eu estava com um calor insuportável.

_ Desculpe... _ Baixei a guarda, mas evitei o olhar dele.

Surpreendentemente ele passou seu braço sobre o meu ombro.

_ Eu sou bem persistente. _ Ele riu. _ Mas hoje eu não vou insistir, só porque é você.

Eu sorri.

_ Faz parte do que você não sabe sobre minha vida... _ Eu tentei me justificar.

_ Eu imagino. Mas eu posso esperar. E insistir de vez em quando também.

Nós dois rimos enquanto caminhávamos em direção ao carro de Ângela. Ele abriu a porta e eu entrei. Depois ele bateu a porta e abaixou-se para ficar na nossa altura. Pegou o aparelho celular e começou a mexer.

_ Telefone, por favor. _ Brincou. É claro que eu passei o número. _ Nos vemos amanhã?

_ Amanhã.

Então ele se levantou, mas antes de se afastar do carro, me pegou de suspresa e beijou meu rosto.

Ângela arrancou às gargalhadas.

_ O que? O que foi?

_ Você não perde tempo mesmo, hein?

_ Eu não fiz nada! _ Ri.

_ Ahh sim, sim, eu vi. Relaxa, estou brincando! Mas você não precisa fazer nada mesmo. Você é incrivelmente linda. Isso já basta.

_ Eu, linda? _ Ri ainda mais daquela piada.

_ É sim senhora! E então, me conta tudo!

_ Eu não sei... Sei lá o que eu poderia falar...

_ Você gostou dele, não foi?

_ Ahh, ele é bonito, tenho que admitir. Muito bonito.

_ Humm... Já é um bom começo.

_ Angie, fiquei pensando naquilo que você me disse no banheiro. _ Olhei para ela. _ Acho que eu não tinha entendido nada até hoje.

_ É amiga... Às vezes a vida é dura com a gente, e a gente não entende mesmo, fica um pouco atrapalhada e tal. Mas você é especial Nessie.

Fiquei com aquela última frase de Ângela na minha cabeça, enquanto olhava para as grandes árvores da floresta úmida que corriam paralelas a nós, no lado direito da pista. Especial...

_ Eu não quero mais ser especial. _ Eu disse sem tirar os olhos das árvores. Fiquei pensando no que eu tinha dito. O que eu era, o que eu me tornaria e o que o eu queria ser. _ Eu quero ser... Ser só humana.


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