For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 6
Capítulo 6 - Angie




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Eu estava na floresta sozinha. Fugindo, mais uma vez. Eu costumava andar sem rumo durante grande parte do dia. Eu queria ficar cansada, insuportavelmente exausta, para chegar em casa, tomar um banho e dormir, sem nenhum daqueles sonhos que me atormentavam. Não eram pesadelos, pelo contrário. Toda noite eu sonhava com ele, mas nos meus sonhos eu ainda era uma criança e ali nós revivíamos novamente todos os momentos maravilhosos que passamos juntos naquele ano. Era um sonho tão bom, mas que ao despertar dele, me trazia de volta ao pesadelo que minha vida tinha se transformado.

Às vezes eu andava, corria, corria, subia e descia as montanhas em volta do lago Crescente até perder a conta de quantas vezes eu tinha feito. Então eu caçava qualquer coisa pequena, chegava em casa com os pés feridos e cheios de bolhas. Chorava... E quando a noite chegava, me trazia as mais belas lembranças que eu tinha. Então no outro dia eu estava em frangalhos...

_ Renesmee.

Aquela voz madura fez um arrepio correr por todo meu corpo. Mantive os olhos fechados para segurar um pouco mais aquele momento. Se eu me concentrasse, ainda era capaz de ouvir o eco sussurrando meu nome em meus ouvidos.

Ele tocou meus ombros e me abraçou.

_ Seth?!

Eu jurava que era Jacob, mas estava errada. Fechei os olhos novamente e deixei que os braços quentes dele me apertassem. Inspirei seu cheiro e a verdade foi entrando pelas narinas. Não, não era Jacob.

Ele apertou meu ombros contra o chão enquanto lançava um olhar piedoso em minha direção.

_ Você está mal Nessie...

Sorri nervosamente sem olhar para ele.

_ Estou melhorando...

_ Eu não devia ter ido. _ Disse com raiva.

_Angie precisa de você mais do que eu. _ Eu sorri encarando-o enquanto o líquido transparente embaçava minha visão. Quando a primeira lágrima rolou, senti meus dedos cravarem nos braços dele, as pernas tremeram e eu perdi o chão. Agarrei-me à ele com força e solucei tão alto quanto era a minha dor.

Ele não disse nada, como já era de se esperar. Seth era extraordinariamente bom. Insanamente, cheguei a pensar que Jacob não merecia o meu amor e que eu devia ter me apaixonado por Seth. Mas logo Angie me veio à mente e aquela idéia doentia me abandonou para nunca mais voltar.

Por longos minutos Seth me abrigou em seus braços, enquanto eu fingia que ele era outra pessoa. Eu fechava os olhos e quase podia sentir o cheiro dele. Ah, que falta ele me fazia... Como doía não tê-lo por perto, como doía não saber, não saber nada sobre ele.

_ Desculpe Seth.

_ O que? Eu é que fui um otário em ter aceitado viajar com a Ângela com você neste estado! Dá próxima vez você pode me morder!

Nós rimos.

_ Eu já disse... Você não pode deixá-la por minha causa.

_ Eu sei disso. Mas nós podíamos ter ficado juntos, os três. _ Ele sorriu maroto e pegou o celular. _ Vou ligar para ela agora.

_ O que você vai fazer?

_ Vou pedir para ela ir na casa do Sam. Ela precisa te conhecer. _ Ele sorriu.

Eu podia ver nos olhos dele o quanto ele queria me ajudar, o quanto ele desejava afastar aquela dor de mim. Seth era um irmão querido que eu amava tanto quanto à minha família. E o que ele estava fazendo por mim, era... cada pequena coisa, cada pequeno gesto... todas as suas ações deixavam cada vez mais claro para mim o quanto ele me amava. Além do amor da minha família e isso inclui Charlie, Seth devia ser o único humano no mundo que me amava.

_ Mas... na casa do Sam? Eu não posso ir lá. _ Lembrei daquele estúpido acordo.

_ Claro que pode! Eu já tinha falado com ele antes da viagem. Eu já estava planejando isso. Ele disse que até a casa dele, que é bem afastada da aldeia, não tem problema. Você é bem-vinda lá novamente, assim como você já foi um dia.

Aquele já conhecido bolo foi crescendo na minha garganta. Como era bom ouvir que eu era bem-vinda em algum lugar. Sorri, pela primeira vez naqueles quinze dias, verdadeiramente feliz.

_ Obrigada. _ Beijei seu rosto em brasa enquanto ele combinava tudo com Ângela pelo celular.

_ Ela já está indo. Vamos lá.

Andamos devagar para dar tempo de Ângela chegar na reserva. Já estávamos na divisa das terras quando paramos.

_ Eu vou buscá-la. Você acha que consegue lembrar o caminho?

_ Acho que sim. É só seguir na direção do penhasco, sem descer, certo?

_ Sim, sem descer. Duvido que tenha alguém na floresta agora, mas tome cuidado. Se vir alguém, corra.

Concordei com a cabeça.

Depois que Seth sumiu na floresta, sentei no chão para esperar. Tinha que dar tempo para Seth encontrar Ângela e depois, para que ele contasse a ela sobre mim.

Por alguns minutos tive medo. O que Carlisle ía pensar sobre isso, sobre eu contar nosso segredo para um humano? Pior! E se ela não aceitasse? Pior ainda! E se ela tivesse medo de mim? Cheguei a pegar o celular e quase disquei o número de Carlisle, mas quando pensava na possibilidade de conhecer alguém de verdade, um humano e deixar que ele me conhecesse por completo, assim como sou... Ela não era uma garota qualquer, ela tinha compreendido, aceitado Seth, aceitado o que ele era. Lobisomem... O que era pior? O que será que era mais assustador? Lobisomem ou vampiro?

Apertei o celular com força e guardei-o novamente em meu bolso. Após longos minutos, decidi caminhar devagar até lá.

Andei por quase dez minutos até começar a ouvir algumas vozes. Cuidadosamente, afastei as folhas do arbusto rasteiro e me mantive abaixada, observando.

Ela saiu de dentro da casa e parecia estar procurando algo. Aquela devia ser a Ângela do Seth. Morena, cabelos lisos, longos e negros. Ela tirou os óculos modernos que usava e guardou na bolsa.

_ Ness? _ Seth chamou, olhando diretamente para mim. Eles já deviam saber que eu estava escondida ali, exceto Ângela.

Saí dos arbustos devagar, como se fosse um animal acuado. Eu não sabia ao certo qual seria a reação dela, o que Seth tinha dito a ela. Eu não queria que ela tivesse medo de mim.

Atrás de Ângela, apareceram Sam, Emily, Embry, Quil e uma criança que eu não conhecia. Era uma menina e devia ter por volta de dez anos. Eles formaram uma espécie de meia-lua ao redor de Ângela. Obviamente, eu era o perigo.

_ Calma gente. _ Seth tentou acalmar os nervos.

_ Desculpe Renesmee... _ Emily disse sem graça. _ Não sabíamos o que esperar dessa visita. Você sabe, não estamos acostumados a receber vam...

_ Tudo bem... _ Eu engoli minha sina.

_ Oh, o que é que foi gente? Ela é só uma garota! _ Ângela sorriu e me estendeu a mão. Percebi que ela não sabia. Ainda. _ Então você é a famosa Renesmee? Muito prazer, eu sou Ângela Weber.

Eu fiquei paralisada, sem saber o que fazer. Apertava a mão dela ou esperava Seth contar? Olhei para ele e Seth parecia tão nervoso quanto eu.

_ Não se assuste Angie, mas... _ Seth começou, ao mesmo tempo em que eu resolvi acabar com aquilo e estender minha mão para ela. _ Nessie é especial. Algo... algo como nós somos, entende? Ela é...

_ Diga Seth. _ Ângela sorriu ainda mais esticando seu braço em minha direção, enquanto aguardava a resposta de Seth.

_ Uma vampira.

Eu não a culpo por sua reação. Ela é só... humana.

Quando Seth disse aquela palavra... Bem, vampira não era bem ao certo o que eu era, mas o fato é que eu não era humana e talvez vampira fosse mesmo a coisa mais próxima. Quando aquele nome entrou pelo ouvido de Ângela, ela perdeu o controle. Correu para dentro da casa e os demais, a acompanharam, inclusive Seth.

Foi tudo tão rápido que eu também me assustei e quando dei por mim, percebi que tinha saltado uns três metros para trás. Certamente não era uma coisa muito comum de se ver. Talvez a tenha assustado ainda mais.

Fiquei completamente sem graça, sem saber o que fazer. Eu podia ver dentro da casa escura, mas com uma precisão absurda, todos eles ao redor de Ângela, sussurrando para que ela se acalmasse, dizendo que eu não iria lhe fazer mal.

Senti os olhos incharem. Eu não ia chorar na frente deles.

Porém, antes que eu desse o primeiro passo em direção à floresta, ouvi alguém chamar meu nome.

Olhei para trás e vi Ângela encostada no batente da velha porta de madeira. Ela parecia assustada, meio escondida.

_ Desculpe... Desculpe pela minha reação... _ Ela não olhou em meus olhos em nenhum momento e eu percebia como ela apertava forte a mão de Seth.

_ Tudo bem. Você quer que eu vá? Podemos esquecer tudo isso, esquecer esse encontro. Eu posso fingir que nunca te conheci e você que nunca me conheceu.

_ Não! _ Ela saiu para a varanda, dando um grande passo em minha direção. _ Se você pertence à esse lugar, é parte dessa família, eu quero saber, quero te conhecer. Seth agora é a minha vida e todos eles, em breve, também serão minha família.

Eu sorri quando ouvi Ângela dizer aquilo. De certa forma, lembrava a minha mãe, as histórias que eu tinha ouvido sobre antes de eu nascer.

_ E... ele diz que você é como... uma irmã para ele... _ Ela estendeu uma mão trêmula. _ Se isso o que ele diz é verdade, também quero fazer parte dessa família.

Eu percebi que Seth olhava para ela orgulhoso. Realmente, ela era muito corajosa.

_ Vamos, aceite. _ Ela insistiu com a mão trêmula estendida. _ Vamos começar de novo. Meu nome é Ângela Weber, muito prazer.

_ Renesmee Cullen.

Apertei a mão dela delicadamente, mas mesmo assim, percebi um leve solavanco da parte dela, assim que minha mão fria a tocou.

_ Cullen? _ Ela pareceu estranhar o nome. _ Eu conheci uma família Cullen há alguns anos atrás. Quem é seu pai?

E agora? Contava a verdade ou não?

_ Carlisle... _ Gaguejei. Mal consegui completar o nome do meu avô.

_ Carlisle Cullen? Não brinca? Eu conheci toda a família dele! _ Ângela parecia estar em êxtase. _ Então você é mais uma filha adotiva?

_ Nessie... Agora que já começamos, não dá mais para mentir. _ Seth interrompeu nossa conversa.

_ Como assim mentir? O que mais há nisso? Vamos gente, agora que vocês me contaram tudo, eu preciso saber!

Por um lado Ângela tinha razão. Ainda mais pelo fato de que ela parecia mesmo conhecer minha família.

_ Da onde você conhece os Cullen? _ Seth quis saber.

_ Ora! Eu estudei com todos eles na época do colegial! Na verdade peguei a turma do Edward Cullen, os demais estudavam na escola, mas eu tinha pouco ou nenhum contato. Eu soube que uma antiga amiga minha, Isabella Swan casou-se com Edward. É verdade Renesmee?

_ Wow... Você sabe de muita coisa! _ Eu ri e sem perceber, aproximei-me dela. Ângela pareceu desconfortável.

_ Eu não vou te machucar Ângela, nem a você nem a ninguém. Eu estou sem fome, se é isso que está te deixando com medo. _ Tentei tranqüiliza-la. Ela ruborizou.

_ Desculpe...

_ Bom, acho que é melhor você se sentar então para eu te contar a história toda.

Sentamos todos no chão da varanda. Eu evitei ficar muito perto deles, para que ela não tivesse medo. Agora não tinha mais volta, ía ter que contar tudo.

_ Bom, sim, é verdade que Edward e Bella se casaram. _ Comecei.

_ Meu Deus!! Então a Bella se casou com aquele gato do Edward?

Houve algumas risadinhas...

_ O que foi? _ Ela não entendeu, claro.

_ Bom, e você perguntou sobre meu pai, certo? Bom... Carlisle não é meu pai. Eu sou filha de Edward e Bella.

Ângela ficou em silêncio. Parecia estar processando aquela informação. Claro, era natural que aquilo não entrasse em sua cabeça e nem fizesse sentido algum.

A conversa foi longa... Não houve tempo para explicar tudo, mas no fim, ela sabia o bastante. Ângela jurou que nunca, jamais contaria nada a ninguém e eu acreditei piamente no que ela estava dizendo. De algum modo, ela me inspirava confiança. Eu quis levá-la em casa, para que ela visse minha mãe, mas ela não quis ir, embora eu tivesse lhe explicado mil vezes que nada de mal iria acontecer à ela. Acho que lá no fundo, ela ainda precisava de um tempo para processar tudo aquilo e bem... tempo é o que eu mais tinha, então eu podia esperar.


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