For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 5
Capítulo 5 - Blind Faith




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Assim como no dia anterior, os pássaros me acordaram. Diferente de ontem, hoje eu tinha um buraco no peito. Eu ainda estava devagar, cansada. Devia estar dopada, com certeza, pois eu não lembrava de nada da noite anterior depois que Seth saiu para buscar mais lenha para a fogueira. Depois disso eu só lembro das chamas vermelhas do fogo, de ver alguns borrões e sentir uns solavancos.

Abri a grossa cortina que raramente ficava fechada. Chuva, neblina. O dia estava feio, triste, exatamente como eu estava me sentindo. Hoje era o dia seguinte ao do nosso encontro. Era para eu estar feliz com isso, mas cada vez que eu me lembrava que Jacob não tinha aparecido, o buraco dentro de mim aumentava um pouquinho. Puxei o edredom até o rosto e fiquei olhando pra fora. Eu era tão estúpida que ainda procurava pelo lobo marrom avermelhado lá fora, aquele mesmo lobo que só existia na minha imaginação. Quão boba e infantil eu tinha sido? Quão boba eu ainda estava sendo? Eu fantasiei uma coisa que nunca existiu. Essa história de impressão... eu já devia saber que era somente mais uma das muitas lendas sem sentido dos Quileutes.

Mas... não importa como fosse. Lenda ou não, eu preferia que ele tivesse aparecido, nem que fosse para me dizer que eu estava louca, que não tinha nada a ver nós dois. Renesmee, que idéia! Você acha que teria agüentado se ele tivesse dito isso? Seria tão ruim, ou pior do que está sendo agora. Eu não podia imaginar Jacob dizendo uma coisa dessas. Seria como ver a maior parte dos meus sonhos destruídos. Meus planos... eu tinha feito tantos planos para nós dois, tantas coisas que eu queria fazer na companhia dele antes de me tornar uma imortal. Agora nada mais fazia sentido...

Já estava tudo acabado. Jacob tinha feito mais que dizer qualquer coisa. Ele não tinha aparecido e isso bastava. Era eu que ainda custava a acreditar nisso. Às vezes eu tinha alguns momentos de lucidez e compreendia, mas não era fácil aceitar. Quando eu estava quase conseguindo, vinha aquela onda de pânico que me dizia pra empurrar os problemas para longe de mim, que eu não era forte o suficiente para suportar, que eu morreria sem ele e morte era uma coisa que eu tinha medo, muito medo.

Fechei os olhos bem apertado e gemi alto, na esperança de que o medo e a angústia fossem embora. Quando os abri, já encharcados, encontrei com os olhos de minha mãe e imediatamente depois, seu abraço frio e apertado. Aí o medo tomou conta e eu chorei descontroladamente, como nunca pensei que fosse acontecer em minha vida.

_ Ness... _ Ela acariciava minhas costas, deslizava seus dedos em meu cabelo enquanto me aconchegava em seu ninho de amor, onde eu me sentia amada. _ Eu sinto muito...

_ Mãe, eu não sabia que doía tanto. _ Solucei. Não dava para falar mais nada, a voz quase não saía.

_ Jacob sempre foi meio louco, impulsivo, mas eu nunca pensei que... Afinal de contas, ele teve uma impressão!

_ Isso não existe! Se ele realmente me amasse teria vindo. Foi um sinal mãe... um sinal de que acabou. _ Eu ri de mim mesma. Ainda continuava sendo estúpida. _ Acabou algo que nunca começou, que só existia no meu mundo mãe. Onde, quando uma vampira e um lobisomem poderiam viver juntos? Vocês deviam ter me internado, sei lá, botado uma camisa de força! Eu devia estar louca quando acreditei que pudesse dar certo!

_ Shhh... _ Ela tentou me acalmar. Confesso que eu tinha saído fora de mim. _ Eu não acho que seria impossível... Seria, no mínimo difícil, mas não impossível.

_ Claro, até eu dar a primeira mordida nele.

_ Isso nunca aconteceu entre eu e seu pai.

_ Mãe, vocês tinham uma saída; um plano B. E nós, o que teríamos? Ele nunca ía aceitar a transformação. Passar de lobisomem para vampiro nunca foi uma opção para ele mãe, você sabe. Oh! Aqui estou eu pensando tolices de novo!

Dessa vez eu chorei um silêncio e minha mãe apenas me manteve seu seus braços. Acho que ela sabia que eu tinha razão. Desde antes do início, já éramos um caso sem solução.

_ Só me abraça mãe... _ Eu me agarrei à ela. _ Me abraça e não me deixa falar mais nada, por favor.

...

Mais tarde, recebemos uma ligação do meu avô, pedindo para que nós fôssemos a noite à casa dele. Não tínhamos voltado lá desde aquele dia em que contamos a ele toda a verdade. Se ele estava nos chamando, então eu não esperava nenhuma reação ruim, a não ser a respeito daquela coisa entre meu pai e Charlie. Era algo como uma parede de vidro entre eles.

Resolvemos dar um passeio na cidade antes de ir para a casa de Charlie. Na verdade isso foi idéia da minha mãe, para ver se me tirava do quarto um pouco, eu tinha certeza.

Quando pisei fora de casa, senti um raiozinho morno de sol em meu rosto. Aquela coisa morna me lembrava dele... que droga! Eu já podia sentir meus olhos incharem.

_ Ness. _ Olhei para meu pai e ele estava esperando que eu entrasse no carro e me sentasse no banco traseiro do Volvo. Eu devia estar no mundo da Lua quando ele me chamou.

Ainda bem que o sol já estava se pondo e a escuridão logo chegaria...

Estacionamos num beco meio escuro no que se podia chamar de “centro” da cidade de Forks e ficamos encostados no carro, esperando os últimos raios de sol sumirem. Estávamos quietos. Meu pai apertava os punhos dentro do bolso enquanto olhava para cima, para o nada. O que será que ele estava pensando? Será que ele estava armando o melhor plano para matar Jacob assim que ele aparecesse?

Depois ele sorriu e me puxou pelos ombros, nos levando para a calçada. Sem sol, sem perigo. Agora podíamos andar tranquilamente na rua, que estava estranhamente cheia de gente.

_ Tem muita gente aqui ou é impressão minha? _ Ele parecia preocupado com alguma coisa.

_ Tem sim. É época de caça aos ursos, esqueceu?

_ É verdade!

_ A cidade inteira deve estar enfurnada naquela loja dos Newton para comprar material de caça. _ Minha mãe disse. _ Eu lembro muito bem da época em que trabalhava lá.

_ Bem, vamos andar por aí sem rumo... _ Meu pai riu.

_ Depois podíamos caçar, o que vocês acham?

_ Por mim tanto faz... _ Realmente, não tinha nada que eu queria ou não queria fazer. Eu sentia como se fosse um robozinho, que respondia mecanicamente aos comandos.

Ele segurou minha mão sem que eu percebesse e soltou-a imediatamente.

_ Ness... _ Ele murmurou depois disso. Certamente, ele tinha visto algo e sentido através das minhas memórias.

_ Esquece pai, vai passar.

Então nós começamos a andar pela calçada, passamos em frente a várias lojinhas, compramos flores para levar para casa de Charlie até que finalmente chegamos na frente da loja de materiais esportivo dos Newton. Bem que minha mãe disse, aquilo estava bufando de gente.

_ Bella Swan! Eu não acredito! _ Uma garota loira cruzou nosso caminho. _ Bella, é você mesmo? “Quantas plásticas ela não deve ter feito para ficar assim? Santo Deus! Parece até uma modelo italiana!”

_ Oi Jéssica, sim sou eu.

_ Você está... tão... diferente!. _ Essa tal Jéssica Stanley era sempre assim, tão exagerada?

_ Bonita você quer dizer. Bella sempre foi naturalmente linda. _ Meu pai a corrigiu em meio a um sorriso misterioso. Era óbvio que ele estava escutando todos os pensamentos dela.

_ E você hein Edward... não mudou nada... _ Ela fitou-o de cima à baixo, umas 3 vezes. Parecia que ía comê-lo com os olhos.

“Esqueça a Bella, concentra nesse monumento aqui na sua frente Jess... Meu Deus, Edward Cullen, você está tão gostoso quanto no colegial! O que você tem feito? Mergulhado no formol? Jéssica, controle, auto-controle! Eu sabia que ainda havia essa remota possibilidade de cruzar com esse deus grego pelo menos mais uma vez na minha vida. Ahh...”

Minha mãe riu do nada. Eu ri depois, pois sabia o que eles estavam fazendo.

_ Desculpe Jéssica, não é nada com você...  É só uma piada entre eu e o Edward. _ Minha mãe disse, ainda rindo.

_ Eu também não entendi nada. _ Eu fingi, para Jéssica não se sentir tão mal, mas parece que ela não se importou.

_ Soube que vocês se casaram no final do colegial. _ Jéssica comentou, cheia de veneno. _ O que aconteceu? Você ficou grávida Bella?

_ Na verdade eu não posso ter filhos Jéssica. Nos casamos mesmo por amor. Ahh, e o dinheiro dos Cullens nunca importou pra mim.

“Ahhh, não pode ter filhos. Isso é a cara dela... Edward, eu posso te dar quantos filhos você quiser, é só querer meu bem.”

Nossa, aquilo tinha sido pior que um tapa na cara! Mas Jéssica parecia ser bem ardilosa, ela saberia como disfarçar.

_ Imagina! Claro que foi por amor! O casamento foi muito comentado na época. Pena que eu não estava na cidade, senão teria ido. E essa, quem é?

Eu sorri amarelo.

_ Meu nome é Renesmee. Muito prazer Jéssica. _ Estendi a mão pra ela junto com um sorriso. _ Ela cheirava muito bem, e eu estava com fome. _ Bella e Edward são meus irmãos.

_ Irmãos? Não me diga que o Dr. Carlisle e Esme adotaram mais uma?

_ Sim, alguns meses depois que fomos embora de Forks,

_ Que coisa estranha... _ Jéssica dividia seus olhares para nós três. _ Que coisa impressionante! Vocês três são incrivelmente parecidos! E brancos feito papel também!

_ Moramos algum tempo no Alasca. _ Tentei convencê-la de que éramos normais.

_ Que horror! Eu me mudei para a Califórnia. Chega de Chuva, neblina, neve. Já vivi uma vida toda  aqui em Forks. Vocês estão hospedados onde?

_ Na casa de Carlisle.

_ Oh, esperem! Eu vou chamar o Mike. Ele vai adorar te ver Bella!

_ Estamos indo para casa do meu pai Jess. Fica pra uma outra hora...

Jéssica olhou para a mão da minha mãe sobre a mão dela.

“Fria feito um cadáver”.

_Desculpe Jess. Ando um pouco resfriada.

_ Tudo bem então. Fica para uma outra hora então.

Nos despedimos e voltamos a andar.

_ Que estúpida eu fui! Não devia tê-la tocado!

_ Não se preocupe amor, ela parece a mesma Jéssica superficial e tola de sempre. Não desconfiou de nada, eu li o que ela estava pensando.

_ E o que ela estava pensando?

_ Primeiro ela pensou um pouco sobre mim. _ Ele riu. _ Muito na verdade.

_ Edward! _ Ela bateu no peito dele.

_ Mãe, deixa ele fazer um pouco de sucesso. _ Eu o defendi.

_ Isso Ness, me defenda!

_ Vai, conta, o que ela pensou?

Ele olhou para mim.

_ Pensamentos inapropriados para menores de 18 anos.

_ Pai! Deixa de ser bobo! Já até imagino... _ Eu ri.

_ Ta bom Edward. Hoje você está perdoado. Não fique aí se achando só porque ela te achou o máximo, como sempre. Jéssica sempre teve uma quedinha por você.

_ Eu sei.

Ela rosnou.

Seguimos então para a casa de Charlie.

Seth atendeu a porta e logo entramos. Sue estava lá também.

_ Leah voltou de Londres. _ Ela comentou feliz.

Eu quis perguntar se Jacob tinha vindo junto com ela, mas desisti. Do que ia adiantar? Se ele tivesse vindo, Sue já teria comentado. Quando percebi, ela estava olhando pra mim, com uma cara estranha. Então Seth veio sentar-se ao meu lado.

_ E então, o que tem feito?

_ Nada demais... _ Eu disse chateada.

_ Nessie, eu sinto muito. _ Ele segurou minha mão.

_ Obrigada Seth, você é um bom amigo.

Assim como Sue, Seth me olhava de um jeito estranho. Será que tudo isso era pena de mim? Será que eu estava assim tão destruída por fora quanto estava por dentro? Parece até que ele queria me dizer alguma coisa, mas eu não sabia o que era.

_ Vamos sair amanhã?

_ Sair onde? Você sabe, eu não posso... eu não devo sair muito.

_ Ah vamos Ness! A gente sai pra caçar, para andar pela floresta mesmo. Nada demais.

_ Não sei Seth... não estou com muita vontade...

_ Que ótimo! Te pego as duas então!

Nós rimos.

_ Você não aceita mesmo um não, hein Seth?

_ Não, eu nunca aceito. _ Ele sorriu amistoso. _ Você está muito para baixo, precisa sair, precisa viver um pouco. A gente vai conversar, andar, você vai ver, vai ser legal.

_ Viver... _ Murmurei ironicamente. Como será que era viver de verdade? _ É, pode ser... _ A única coisa ruim nisso era que Seth me lembrava muito Jacob. Então cada vez que eu olhava para ele, as vezes minha mente me pregava uma peça e eu o via os olhos dele. Outro fator que atrapalhava era o fato deles serem fisicamente muito parecidos. Aliás, todos ou a maioria da população da reserva Quileute eram semelhante: pele naturalmente bronzeada, olhos negros, cabelos escuros e sedosos. Esse era Seth. Esse era Jacob.

Ouvimos os passos pesados de Charlie descendo as escadas.

_ Pai. _ Minha mãe estava ansiosa por aquele momento. O que será que ele tinha a dizer? Estávamos todos apreensivos.

Quando chegou aos pés da escada Charlie andou até nós e, para surpresa de todos, ao invés de abraçar sua filha vampira e ainda assim aflita, ele parou em frente ao meu pai. Foram intermináveis segundos de um silêncio absurdo, até que Charlie estendeu-lhe a mão.

_ Bem vindo à família Edward. Dessa vez, de coração.

_ Charlie, não precisa disso. _ Indiscutivelmente, dava para ver a alegria brilhando nos olhos de meus pais.

_ Precisa sim. Você salvou minha Bella. _ Charlie olhou para ela com os olhos marejados. _ Não importa como, mas ela está inteira agora, está aqui conosco.

_ Ah pai! _ Minha mãe o abraçou e depois beijou rapidamente meu pai. _ Nem acredito que enfim você compreende pai.

_ Sue me contou muitas coisas depois daquele dia. Eu nem podia imaginar que ela também podia se transformar em lobo! Que absurdo!

A noite seguiu tranqüila, melhor de que qualquer um de nós podia esperar. Estavam todos felizes, conversando, rindo, mas eu não conseguia me entregar verdadeiramente àquilo. Seth ficou o tempo todo do meu lado, segurando minha mão. Parecia até que ele sabia exatamente o que eu estava sentindo. Não demorou muito para que eu, inconscientemente pegasse no sono encostada do ombro dele.

...

_ Vou sair um pouco.

Minha mãe sorriu. Ela devia ter aprovado a idéia.

_ Que bom Renesmee.

_ Tchau Bella.

Beijei o rosto dela e ela acenou para Seth.

Descemos as escadas da varanda e começamos a andar em direção ao lago.

_ Fala alguma coisa. _ Ele riu, não sei por que.

_ Não tem nada na minha cabeça agora Seth. _ Disse chateada.

_ Não quer nem saber para onde vamos? _ Eu parei.

_ Eu ainda não te agradeci por aquela noite, por você ter me trazido de volta para casa...

_ Ah, e você acha que eu ía te deixar lá, no meio da floresta, sozinha?

_ Não, você não, mas quem sabe outra pessoa... _ Fiquei pensando no que tinha acabado de dizer. Minha confiança em Jacob tinha ido direto para o ralo. Sim, eu tinha certeza que ele seria capaz de ter feito isso. Ele era capaz de tudo.

_ Eu gosto muito dele Ness, mas eu não sou ele e eu não concordo com todas as atitudes dele.

Seth voltou a andar e eu o segui.

_ Desculpe.

_ Você não tem que se desculpar. Você está chateada e eu entendo isso.

_Chateada... _ Murmurei para mim mesma. _ Antes fosse só isso.

_Vai passa Nessie, vai passar... _ Ele me abraçou pelos ombros e me puxou.

_ É o que eu mais tenho ouvido nesses últimos dias. Seth, você não tem mesmo nenhuma notícia dele?

Ele demorou para responder. Como é que você pára para pensar numa resposta que é apenas sim ou não? Às vezes eu não entendia o Seth... Essa demora fez meu coração pular, mas logo veio a resposta arrebatadora.

_ Não. _ Ele disse, olhando para o meio das árvores.

Eu não pude evitar a decepção. Eu sei que era bobo chorar por isso, mas ultimamente eu andava chorando por qualquer coisa, qualquer coisa que me fizesse lembrar dele.

Eu sentei no chão e escondi meus olhos com as mãos, mas não pude esconder os soluços, que ecoavam floresta adentro.

_ Nessie. _ Ele sentou num tronco ao meu lado.

_ Ahh Seth, esse buraco no meu peito parece que nunca vai fechar! Eu sinto como se isso nunca fosse passar.

Ele não disse nada. Talvez fosse porque ele concordasse comigo. Tive medo depois disso, mas aos poucos consegui me acalmar e afastar aquela angústia de mim.

_ Que estranho...

_ O que?

_ Você não disse nada dessa vez. Não que eu tivesse esperando, mas parece que você sempre tem resposta para tudo.

Ele estendeu a mão e eu a aceitei. Depois me puxou para que continuássemos a caminhar.

_ Talvez seja porque eu posso me imaginar na sua pele.

Ele sorriu e eu retribuí meio que só para fazer parecer que eu estava interessada.

_ E você? Não tem ninguém? _ Mas de repente eu estava interessada em saber sobre ele.

_ Tenho.

_ Tem?? _ Parei feito uma estátua com uns galhos na mão. _ Ora, porque você não me contou?

_ Seus problemas são maiores no momento. _ Ele riu da minha reação.

Eu fiquei quieta pensando. Desde que eu havia chegado Seth tinha sido um amigo muito querido, me ouvido, me ajudado. Ele era como um irmão pra mim. E o que eu tinha feito por ele? Eu estava com vergonha. Não era assim que se tratava um amigo.

_ Me sinto muito egoísta agora...

_ Que isso! Nós estamos bem, não há com o que se preocupar. Além disso, você está triste, não ía querer saber sobre nós.

_ Bobo! Eu me importo com você, eu quero a sua felicidade, independente se eu estiver feliz ou não. Agora chega de conversa fiada e me conte Seth, quem é ela? Há quanto tempo estão juntos?

_ Ela não é da reserva, é da cidade.

Seus olhos brilharam quando ele começou a falar dela. Dava para ver que ele realmente gostava daquela garota.

_ Apesar de não ser da reserva, ela é quase tão bronzeada como nós, é linda para falar a verdade!

_ E onde você a conheceu?

_ Ela é professora no colégio da reserva.

_ Nossa, então ela é mais velha?

_ Até você Nessie!

_ Calma! Não estou julgando nada! Até mesmo porque, quem sou eu para julgar? _ Eu sorri, interessada.

_ Só quatro anos mais velha. Mas ela tem um rostinho de anjo.

Nós dois rimos enquanto ele se derretia de amores por ela.

_ Ela... ela sabe sobre nós?

_ Não sobre nós... Ela sabe sobre os lobisomens, mas não sobre os frios.

_ Credo, não fala assim!

_ Desculpe, foi só maneira de falar. _ Ele riu maroto. _ Sanguessuga!

_ Cachorro! Sanguessuga não! Ainda não.

Nós rimos, até que eu me lembrei que estava prestes a me tornar definitivamente uma sanguessuga e esse minuto de lucidez levou embora meu sorriso.

_ Que foi?

_ Nada. _ Eu apertei o tecido grosso do casaco no meu peito, quase que sentido aquela dor, meus pulmões sem ar, meu corpo queimando...

_ O que sua mãe achou?

_ Nada, ainda não falei pra ela.

_ A quanto tempo vocês estão juntos?

_ Um ano... _ Ele respondeu baixinho.

_ Que? Um ano e você ainda não contou para sua mãe?

_ Para ninguém, pra ser sincero. Você é a primeira não-lobisomem a saber. O resto sabe... Paul, Jared, Quil, Embry, Sam e Emily. Mas só eles.

_ Obrigada por me contar. _ Eu me senti querida.

_ Lógico que eu ia te contar! Mais cedo ou mais tarde... era só você melhorar.

Eu sorri.

_ Mas porque você ainda não contou?

_ Sei lá... _ Ele andou devagar e chutou alguns galhos. _ Talvez por medo... medo da reação deles.

Um arrepio passou pela minha espinha. Mais uma vez eu tinha sido uma tola. Era isso! Jacob tinha medo da reação dos anciãos da tribo! Como é que ele ia apresentar uma vampira, ou melhor, uma meio-humana para o povo Quileute?

_ Seth. _ Eu segurei no braço dele.

_ Será que...

_ Que absurdo Ness! Todo mundo sabe que ele lutou junto com os Cullen na guerra contra os Volturi. E outra, ele é o Alpha e mesmo não estando aqui todos tem que respeitar as decisões dele. _ Ele soltou meu braço e voltou a andar. _ Não pense bobagens. Você só está tentando achar um motivo, mas não tem.

_ Como assim não tem um motivo? Seth, eu daria tudo pra ouvir uma resposta, para saber o motivo, mesmo que fosse algo ruim, que eu não gostasse. A pior coisa é ficar alheia à verdade.

_ Eu não sei Ness... Um dia ele vai voltar e vai ter que explicar.

Encarei-o, mas ele desviou o olhar. Melhor voltar ao assunto anterior.

_ Será que eu posso conhecê-la?

Os passos de Seth cessaram e ele me fitou. Claro, eu já devia saber.

_ Desculpe, que pergunta absurda... _ Eu já estava meio que acostumada à não conhecer as pessoas, a não me relacionar com elas, mas lá no fundo, sempre doía, porque eu me sentia presa entre esses dois mundos. Nem vampira, nem humana...

_ Ness, você me deu uma ótima idéia!

_ O que?

_ Ela já anda desconfiada de que eu estou escondendo alguma coisa dela, que todos nós estamos... Você é tão... doce, querida. Acho que você é a melhor pessoa, o melhor exemplo de um vampiro, de alguém dessa espécie que eu possa apresentar pra ela. Mais cedo ou mais tarde, ela vai ter que saber.

_ Obrigada Seth. _ Eu sorri. _ Mas eu não sou uma vampira.

_ Mas você tem um dom, que ninguém mais tem, sequer um vampiro. Se ela não acreditar em mim, você poderá fazê-la ver a verdade, não pode? Você faria isso por mim?

Eu sorri largamente e pulei nos braços de Seth. Será que finalmente eu teria a possibilidade de construir uma amizade? Uma garota, uma amiga, humana... Alguém que eu pudesse dividir meus medos, minhas angústias, alegrias, minhas aflições... Alguém que pudesse me ouvir, alguém que eu pudesse ouvir falar sobre garotos, família, pessoas... Sobre a tão... Inexplicavelmente fascinante e extraordinária vida humana.


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Notas finais do capítulo

Comentem!

Calma, o capítulo 7 já vai chegar e o que vocês estão esperando já vai acontecer



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