For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 28
Capítulo 28 - Take me Away


Notas iniciais do capítulo

E a fic se encaminha para o fim... :(((

Deixem reviews! favoritem, leiam, xinguem, reclamem... heheh qualquer sinal de fumaça serve



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Meu pai abriu com violência a porta do meu quarto e adentrou o ambiente. Ele estava aflito e eu me assustei assim que o vi.

_ Edward, veja você mesmo. _ A voz de minha mãe soou triste, enquanto um sorriso contagiante brotava no rosto do meu pai.

_ Eu não acredito!

Ele me abraçou e eu percebi que ele tomou um cuidado extra para não me apertar tanto.

_ Humm, seu novo cheiro me lembra alguém...

Percebi seu olhar apaixonado para ela, mas minha mãe não correspondeu.

_ Mãe! Por favor, fique feliz! Por mim... _ Pedi e finalmente ela esboçou um pequeno sorriso, mas eu percebi que era só para me agradar.

Eu jamais poderia julgá-la, afinal de contas, ela passou por tanta coisa para me fazer vir a este mundo e agora eu estava ali, pronta para ir embora dele, morrendo dia após dia, como ela costumava dizer.

_ Eu vou chamar os outros... _ Ela se levantou e deixou o quarto.

_ Pai, você acha que...

_ Sim, ela vai superar isso. Ela te ama muito mais que isso; todos nós te amamos.

Ele me abraçou mais uma vez e as lágrimas bobas voltaram a cair dos meus olhos.

_ Você está bem? Quero dizer... Estou vendo que você está feliz, mas não me parece assim tão bem.

_ Só me sinto fraca e meu estômago dói. Além disso, sinto-me... “estranha” de forma geral.

_ É claro. Está há três dias deitada nesta cama sem se alimentar.

_ Que dia é hoje?

_ Sábado. Aliás, você se lembra do que aconteceu com você? Precisamos ter certeza de que...

Eu cortei-o. Aquela informação era importante.

_ Sábado? O Sábado do casamento de Jacob? _ Meu coração começou a acelerar.

_ Sim... _ Ele evitou me olhar.

_ E ele vai mesmo casar? _ Perguntei, assim que me lembrei do que Leah tinha feito comigo.

Ele preferiu evitar as palavras, mas fez um sinal positivo com a cabeça.

_ Eu vou.

_ Não!

_ Eu vou, eu quero ir, pai! _ Reafirmei o que tinha dito. _ Onde está Nahuel?

Antes que ele pudesse me responder, a família toda entrou correndo em meu quarto.

_ Não acredito!! _ Rosalie correu até mim e me abraçou. _ Você conseguiu! _ então ela de volta para os pés da minha cama, onde todos estavam, exceto Nahuel. _ Ela conseguiu! Carlisle, se ela conseguiu, então isso quer dizer que...

_ Calma Rosalie. Renesmee já era meio humana. Não há como injetar algo em nosso corpo. Já está tudo morto.

Rosalie fitou-me e eu vi a mesma tristeza que vira a pouco nos olhos de minha mãe.

_ Desculpe... _ Murmurei. Eu queria poder ajudá-la pois sabia que Rosalie faria tudo o que estivesse ao seu alcance para voltar a ser humana.

Ela se levantou e lentamente deixou o quarto.

O choro não tardou a brotar de dentro de mim

_ Emmett, desculpe...

Ele se aproximou e me deu um beijo gelado na testa.

_ Não há porque se desculpar. Fico feliz por você. _ Eu vi sinceridade em seus olhos. _ Agora eu vou atrás daquela loura, se você me permite.

Nós rimos um para o outro e então Emmett deixou o quarto, acompanhado por meu pai.

_ Renesmee, será que é pedir demais que você me dê uma amostra do seu sangue? Eu quero entender o que aconteceu.

_ Claro, pode pegar.

Carlisle abriu o criado mudo e tirou de dentro uma seringa. Assim que a viram, Esme e Alice foram para perto da janela, na certa para segurar Jasper, que estava por lá.

Senti a dor da agulhada em meu braço, mas logo ela cessou. Então ele fechou o tubo de ensaio cheio do meu sangue o guardou no bolso. Depois Carlisle saiu do quarto e deu fim à agulha e a seringa usada. Segundos depois já estava no mesmo lugar: sentado na beirada da minha cama.

Então os outros se aproximaram.

_ Querida, você se lembra do que aconteceu? _ Esme, que havia acabado de se sentar do outro lado da cama me perguntou.

_ Deixem-me mostrar para vocês. _ Toquei a mão dos dois e tentei mostrar à eles através do meu dom.

Carlisle sorriu.

_ Mais uma prova de que você é realmente humana. Eu não vejo nada.

_ Nem eu. _ Esme sorriu.

_ Puxa... Eu gostava do meu dom. Bom, o que eu posso dizer para vocês? Lembro que depois de muito caminhar, Leah apareceu de surpresa.

_ E o que você estava fazendo tom longe de casa? _ Alice perguntou aflita.

_ E ainda por cima naquele penhasco... _ Jasper completou.

_ Por favor, Não me façam responder isso... _ Eu não tive coragem de olhá-lo nos olhos.

_ Oh querida! _ Esme me abraçou e eu correspondi.

_ Eu perdi a cabeça... Não sei explicar...

_ Tudo bem, continue.

Inspirei profundamente. Era difícil me lembrar do motivo pelo qual eu queria acabar com minha vida. Eu tinha me tornado humana, mas aquele mesmo vazio que eu sentia no peito ainda estava lá. Quisera eu que todos meus sentimentos também tivessem sido renovados...

_ Então Leah apareceu e me mostrou um frasco contendo um dos soros que você produziu. A etiqueta dizia 98% de cura. Então ela me disse que tinha pegado de sua bolsa e que iria me dar e que depois sumiria de Forks, pra sempre.

_ Oh Ness, e você acreditou?

_ Alice, eu estava prestes a me jogar daquele penhasco! Eu acreditaria em qualquer coisa! Eu sei que eu fui uma tola, mas eu queria acreditar, eu queria achar qualquer motivo para não ter que acabar com a minha vida. Eu queria um sinal, eu queria que algo caísse do céu naquele momento e eu acreditei que Leah fosse o sinal, que o que ela estava fazendo fosse realmente nobre e generoso.

Agora Esme e Alice me olhavam com pena.

_ Que ótimo... Olha só para a cara de vocês agora... _ Senti uma lágrima escorrer no canto esquerdo dos meus olhos.

_ Ela não precisa dizer mais nada. Nós já sabemos por que e por quem ela queria fazer isso. _ Jasper interveio. Ele era o único que não me fitava com pena. Eu via compreensão em seus olhos.

Carlsile voltou ao seu raciocínio.

_ Então Seth estava dizendo a verdade...

_ Que verdade?

_ Ele ligou dizendo que Leah confessou ter roubado uma de minhas fórmulas e também de ter trocado as etiquetas.

_ O que? Como assim? _ Por um momento eu não entendi. Eu jamais pensaria uma coisa dessas de Leah. Jamais pensaria que ela fosse capaz de tentar me...

_ O soro que você recebu era uma das primeiras fórmulas que criei, uma das piores. Leah não tinha nenhuma boa intenção quando te deu isso. Ela queria acabar com você. _ Carlisle contou-me calmamente cada detalhe do plano sórdido de Leah, mas eu ainda não conseguia acreditar.

_ Acabar? Acabar como?

_ Ela queria que você morresse. _ Jasper disparou.

_ Minha nossa! _ Meu corpo se contorceu involuntariamente na cama, enquanto meu estômago doeu ainda mais. _ Como alguém pode desejar a morte de outra pessoa? Está certo que as vezes explodimos, dizemos coisas de que nos arrependemos depois, mas daí até a fazer algo de concreto...

_ Esqueça isso Ness, você está ficando pálida... _ Esme acariciou meu rosto.

_ Leah foi tão azarada que a fórmula funcionou. _ Carlisle riu, mas eu não consegui. Estava enjoada com aquela historia toda.

_ O que você tem?

_ Acho que é fome... _ Apertei a barriga com minhas mãos trêmulas.

_ Eu tenho algumas bolsas de sangue.

_ Por favor, não! Só de pensar me dá nojo.

_ Gente, espera! Ela é humana agora, esqueceram? _ Alice questionou e eu percebi que Esme, Carlislie e Jasper se entreolharam e depois fitaram-me.

_ Não olhem para mim desse jeito!

_ Sim, é de comida de humano que você precisa! _ Esme sorriu radiante.

_ Que horas são? _ Alice perguntou, mas não quis esperar Jasper consultar o relógio. Ela mesma praticamente voou para o braço dele. _ Está na hora do almoço dos humanos! _ Ela cantarolou.

_ O que se come? Eu não me lembro ao certo... Arroz? _ Arrisquei.

_ Não, acho que é batata. _ Esme concertou. _ Não se preocupe querida, vamos trazer algo para você daqui a pouco.

_ Bem, eu vou me certificar de que a transformação foi mesmo um sucesso. _ Carlisle bateu a palma da mão no bolso e saiu. Jasper acenou e o acompanhou.

_ Eu vou para a cozinha com a Esme.

_ Alice, espera! _ Sentei-me na cama com dificuldade. Qualquer esforço me fazia sentir ainda mais fraca.

Ela fitou-me por alguns instantes.

_ Oh não! Não, não e não!

Eu nem precisei falar.

_ Alice, por favor, vamos comigo! Eu preciso ir, eu quero olhar para ela, quero que ela me veja.

_ Você quer é vingança, isso sim...

_ Não, não é verdade. _ Cruzei os braços enquanto Alice dava as costas para mim e ía em direção à porta. _ Alice, por favor, é o casamento do Jacob... _ Implorei e ela parou de andar. Então Alice caminhou de volta até minha cama.

_ Por isso mesmo.

_ É a última vez que eu te peço. Será como uma despedida, eu prometo.

_ Promete que se você estiver bem, na próxima semana partimos num longo passeio para Londres?

_ Promento! _ Eu sorri.

_ Aiii, vai ser ótimo! _ Os grandes olhos de Alice brilharam cheios de satisfação.

Assim que Alice me deixou sozinha em meu quarto, me levantei e caminhei lentamente, me apoiando  nos móveis e nas paredes, até o meu closet. Eu sentia um buraco dentro de mim e quanto mais meu corpo se esforçava, mais eu sentia-me mal. Não sabia que a fome podia ser assim tão ruim.

Não pude esperar a banheira encher, tamanha era a fraqueza em minhas pernas. Abri as torneiras e deixei a água quente envolver pouco a pouco meu corpo. Como fazia frio... Acho que eu nunca tinha sentido tanto frio quanto agora.

Depois de algus poucos minutos, a banheira já estava cheia. Meu corpo deslizou pelas bordas, eu tapei a respiração e afundei a cabeça. Não demorei muito para voltar. Dessa vez eu não queria me forçar a chegar perto da morte, a sentir como era. Agora, mais do que nunca, eu era como se fosse feita de papel; extremamente frágil; eu tinha a minha vida literalmente pelo fio da navalha. Eu era humana.

Ouvi algumas batidas na porta e e a voz fina de Alice me chamar.

_ Já vou!

Saí da banheira e pressionei a toalha branca e macia contra meu corpo. Não pude deixar de notar minha imagem refletida no espelho e vagarosamente me aproximei. Toquei meu pescoço e depois meu colo. Era incrível como não havia nem sinal das cicatrizes. Sorri.

_ Alice, acho que eu não tenho roupa pra ir...

_ Venha, sente-se aqui. _ Ela colocou o prato de comida sobre a minha escrivaninha e segurou a cadeira para que eu me sentasse. _ Você precisa se alimentar primeiro. Olha o que eu trouxe!

A única coisa que eu sabia distinguir dentro do prato eram as tiras de bacon, pois Charlie sempre comia.

_ Eu não me lembro... O que é mesmo essa coisa amarela? _ Apontei.

_ Batata. A Esme disse que se come batata hoje em dia.

_ Certo. Esses eu acho que são ovos, né?

_ Sim.

Confesso que estava com um pouco de nojo da comida, afinal de contas, eu tinha me alimentado com sangue durante toda a minha vida.

_ Alice, eu não sei bem se eu consigo comer...

_ Oh Ness, se você pudesse ver sua cara agora... Mas veja, eu trouxe algo que eu sei que você gosta. _ Então ela colocou um copo grande cheio de sangue do lado do meu prato.

Aquele cheiro forte que antes eu adorava me fez querer vomitar. Acho até que eu teria feito, se meu estômago não estivesse completamente vazio.

_Vamos, você tem que escolher!

Bem, já que eu era humana agora, o mais correto seria escolher a comida e não o sangue, que eu não teria mesmo coragem de beber.

Empurrei de leve o copo.

_ Leve daqui...

Alice pegou o copo e bebeu seu conteúdo por completo enquanto eu observava a cena, me lembrando de como eu costumava fazer aquilo quase que diariamente.

Espetei um pedaço da batata com o garfo e com muito custo, consegui colocar na boca. Eu não conseguia mastigá-la, na verdade eu não estava nem respirando.

_ Então... _ Alice fitava-me, curiosíssima.

Quando o fôlego acabou, eu tive que inspirar e então eu senti aquele sabor extremamente diferente do que eu estava acostumada, mas igualmente maravilhoso. Será que haveria outra comida no mundo melhor do que batata?

Eu engoli aquela massa e imediamente meu corpo pediu mais e mais daquilo e logo eu estava experimentando os ovos e as tiras de bacon. Agora eu entendia porque Charlie gostava tanto daquilo.

Em poucos minutos, eu terminei a refeição.

_ Alice... Que delícia!

Percebi que ela me olhava com cara de nojo e então nós duas rimos.

_ Ao menos você está mais corada agora. Sente-se melhor?

_ Sim, mais forte.  Me deu até calor.

Alice sorriu.

_ Você é humana agora, definitivamente.

_ Alice, você precisa me ajudar a achar a roupa certa. Eu não tenho nenhum vestido desses de festa, você sabe...

_ Relaxa, eu tenho a roupa perfeita pra você! Fique bem queitinha aqui que eu já volto.

Levantei-me da cadeira e observei minhas roupas, sapatos e acessórios no closet. Andei até uma longa fila de cabides cheios de roupas e deslizei meus dedos sobre eles. Imaginei que fosse por causa da fome, mas enfim percebi que minha visão, meu tato, todos os meus sentidos estavam diferentes agora. Concluí que ser humana, era meio superficial, algo como sobreviver no escuro, já que eu já não via, ouvia, sentia tão nitidamente e profundamente como antes. Talvez esse fosse o preço que eu teria que pagar por alterar o curso da minha existência, por pasar uma rasteira no destino. Mas se esse fosse o preço, eu pagaria com gosto.

_ Aqui está, veja.

Avistei Alice na porta do closet, com nada mais nada menos que o vestido mais lindo do mundo nas mãos! O tecido era fino e leve e a estampa era formada por centenas de florzinhas amarelas e azuis, sob um fundo “rosa chá” envelhecido.

_ Alice... Mas não está frio lá fora?

Aproxeimei-me dela e toquei o tecido. Pecebi que não era um vestido longo e que tinha alças finas.

_ Tem um pouco de sol e a neve já derreteu. Você não vai querer ser a única a estar em um casaco de peles, não é mesmo?

_ Não... _ Alisei mais um pouco o tecido. _ Alice, é lindo...

Então vista-se que eu vou chamar seu par.

Fitei-a. Par? Como assim? Por um breve momento, não comprendi o que Alice estava querendo me dizer, mas não durou muito.

_ Alice! Nahuel! Me esqueci de Nahuel!

_ Eu sei... Sorte que ele acabou de chegar. Estava caçando.

_ Como eu pude!? _ Andei pelo closet, atordoada.

_ Você só falou e pensou em Jacob, desde que acordou.

_ Não! Não é verdade!

_ Não diretamente, mas você está focada em se preparar para esse casamento.

_ Eu quero que ela me veja, só isso.

Senti-me mal por ter esquecido de Nahuel. Eu jamais poderia ter feito isso, não depois de tudo o que ele havia feito por mim, arriscado sua vida por mim. Eu tinha que parar de agir feito uma criança mimada, eu tinha que ser adulta; adulta e racional.

O vestido tinha servido feito uma luva, embora eu me sentisse com uns 15 anos dentro dele. Calcei uma sandália cor creme e apertei a echarpe de lanzinha rosa, quase branca, que Alice havia encontrado no meu armário. Finalmente tirei a toalha do cabelo e deixei-o solto e úmido.

_ Você está ótima assim. _ Ela disse.

_ Não acha que seria melhor eu fazer uma escova?

_ Não temos tempo. _ Alice olhou no relógio. _ O casamento é daqui a vinte minutos.

_ Já? _ Meu coração pulou. _ Nós vamos nos atrasar!

_ Não senhora! Eu vou me trocar e você trate de ir buscar seu par.

Bastou apenas um instante e eu já estava sozinha em meu quarto. Corri até o cômodo ao lado e bati insistentemente na porta, até que ela se abriu.

De banho tomado, Nahuel vestia uma calça social grafite, camisa branca e um blazer quase no mesmo tom da calça. Não pude deixar de notar a felicidade nos olhos dele ao me ver, fato que só me fez sentir mais culpada, mais odiosa.

_ Entre... _ Ele ofereceu a passagem.

_ Onde você vai?

_ No mesmo lugar que você. _ Sorriu. _ Alice me ligou pela manhã dizendo que você havia acordado. Eu sempre soube que se você despertasse a tempo, você iria querer ir.

_ Nahuel, eu...

Ele acariciou meu rosto com as costas das mãos e aquilo me fez chorar.

_ Não diga nada, por favor.

Então ele me abraçou e eu solucei em seus braços.

_ Me desculpe, me desculpe por tudo, por querer desistir, por estar assim agora...

_ Não importa como você esteja agora; o que você é agora. _ Ele segurou meus olhos e fitou-me. _ Eu vou te amar sempre.

_ Eu nunca mais vou te deixar, eu juro! _ Saltei para os braços de Nahuel e ele me recebeu.

...

Assutei-me quando o freio do carro foi acionado. Eu podia quase ouvir meu coração pulsando num ritmo irregular.

Descemos do carro e de onde estávamos; atrás da casa de Sam Uley; era possível ver os convidados já acomodados em seus lugares e que estes, não deviam somar muito mais do que cem pessoas. Alguns deles nos fitaram de longe com uma certa desconfiança e até mesmo uma pitada de arrogância, mas como o evento já estava prestes a começar, logo esqueceram de nós.

_ Vamos, já vai começar! _ Alice foi na frente e inconscientemente, eu enlacei meu braço no braço de Nahuel e comecei a caminhar, sem saber ao certo para onde eles estava me levando.

Tudo era branco, assim como Alice tinha me dito. As flores... Lindas, perfumadas... As cadeiras, os acentos, o altar, o arco de flores em volta dele. Era tudo tão perfeito...

Quando dei por mim, estávamos na última fileira e eu estava na ponta, próxima ao tapete vermelho, que se estendia da porta da casa de Sam Uley até o pequeno altar, do qual estávamos a uns dez ou quinze metros de distância.

Um silêncio arrebatador tomou conta da clareira e foi então que eu vi Jacob, acompanhado da mãe de Leah, sairem da casa de Sam, sorrindo, sob o som triste de um piano. Meu estômago embrulhou, meu coração disparou e meus olhos encheram-se d’agua. Eu não pude fitá-lo por muito tempo, pois vê-lo vestido daquela forma especial, para aquele momento especial, fez com que finalmente tudo voltasse à tona. Tudo o que um dia eu senti por Jacob, aquela paixão arrebatadora acompanhada pela dor da perda pressionaram meu peito.

Olhei para cima e avistei o céu azul. Apenas poucas nuvens ocupavam o espaço. Tentei fazer com que as lágrimas voltasse para dentro dos meus olhos, mas era impossível. Inspirei profundamente.

_ Você está bem?

Apertei a echarpe sobre meu corpo e engoli aquele bolo cheio de angústia e descepção. Balancei a cabeça, para que ele não percebesse minha voz alterada. Eu já tinha infringido à Nahuel minha quota de maldade para aquele dia, ele não merecia sofrer mais.

As mãos frias de Nahuel apertaram meu corpo quando Jacob já estava bem próximo. Eu percebi que ele me olhou rapidamente, mas continuou andando em direção ao altar, com aquele sorriso de satisfação em seu rosto.

Então eu me arrependi de estar ali, de ter desejado tanto... Onde eu estava com a cabeça? Para que, senão para sofrer? Eu não sei o que eu estava pensando quando acordei pensando ir vir para assistir a cena mais triste de toda a minha vida, na qual eu deveria ser a protagonista e não Leah.

Como se já não bastasse, um violino soou e logo outros o acompanharam na marcha nupicial e todos se levantaram e olharam para trás. Fizemos o mesmo, mas não vimos nada. Pouco depois Leah apareceu. A barriga estava bastante evidente sob o vestido branco colado em seu corpo, muito semelhante ao que ela usou na noite em que ficou noiva, na casa de Charlie.

Ela caminhou devagar em direção ao altar. Cabeça alta, sorriso no rosto. Leah era a confiança em pessoa. Ao passar o meu lado, sorriu ainda mais, o que me deixou sem saber o que fazer. Eu planejei tanta coisa e no final das contas tudo o que consegui fazer foi abaixar a cabeça e ceder às provocações que ela impunha.

Depois desse turbilhão de emoções, eu mal me dei conta de que os padrinhos começaram a entrar. Vi apenas de relance Seth e Ângela passarem por nós e depois tudo se apagou.

...

Minhas mãos tremiam e minha boca trazia o gosto amargo do dissabor daquele momento.

_ Como assim não está grávida?

_ Ela perdeu, filho, perdeu... Mas ela não quis te contar. _ A voz macia da mãe de Leah falava ao pé do meu ouvido, enquanto nos posicionávamos na porta da casa de Seth, para seguir o tapete vermelho.

Aquela notícia só fez com que meu descontentamento aumentasse. Eu sequer conseguia sentia raiva de Leah.

_ Ainda há tempo, Jacob. Ainda há tempo. Oh Jacob, me perdoe por não ter feito isso antes, mas apesar de tudo, Leah é minha filha. Mas eu não espero realmente que você compreenda isso... _ Ela fitou-me, descepcionada.

Forcei um sorriso para a foto e acariciei a mão de Sue que estava sobre a minha.

_ Agora nada mais importa...

Finalmente começamos a caminhar sobre o tapete, em direção ao altar. Eu estava tão perturbado que ao passar por um dos convidados, tive a vaga impressão de que era Renesmee. Nossos olhos se cruzaram por um breve momento, mas foi somente isso.

E parecia que aquela caminhada nunca mais iria acabar... Aquilo já estava durando uma eternidade. Eternidade... Aquela palavra me fazia lembrar “dela”.

Olhei para trás, já quase chegando no altar e a moça de longos e esvoaçantes cabelos vermelhos apertava os braços contra si mesma, cabisbaixa, derrotada. Era real, era ela, a minha Ness.

Minha cabeça começou a ferver e antes que eu pudesse concluir qualquer coisa, uma música nova tocou. Eu vi Leah no fim do corredor, caminhando em minha direção. Fitei a barriga. Como é que podia? Ela me parecia bem grávida.

O desespero já estava tomando conta de mim e os tímidos raios de sol fizeram com que meu corpo esquentasse ainda mais debaixo daquela roupa pesada. Desapertei o nó da gravata e voltei a procurar por Renesmee no meio dos convidados. 

Eu não podia acreditar no que meu olhos vislumbraram. Apertei-os com força e voltei a observá-la. Os raios de sol deixavam e pele de Alice extremamente brilhante, mas o estranho é que nada aconteceu com Renesmee. Eu procurei ao menos aquela luminescência leve mas constante e ficava tentando compreender o impossível, pois era inegável o fato de que raios de sol penetravam neste instante a clareira e incidiam sobre Renesmee, e que ela devia brilhar, não tanto quanto Alice, mas devia.

O padre olhou feio quando eu me apoiei com uma das mãos no altar que estava atrás de mim, mas era isso ou eu caía. Eu só queria saber o que tinha acontecido com Renesmee, embora eu já desconfiasse, mas eu precisava ouvir da boca de alguém.

_ Jacob, está tudo bem, cara? _ Seth apareceu do meu lado e segurou meu braço.

_ É ela, não é? Lá no fundo... _ Eu mal conseguia falar. O ar me faltava.

Seth apenas sorriu.

_ Ela... Ela é humana agora, não é mesmo?

_ É... Ela conseguiu.

_ Por Deus Seth...

Mais uma vez, antes que eu pudesse terminar meu raciocíneo, algo me interrompeu.

_ Seth, o que você está fazendo aqui? Vá já para o seu lugar junto com a Ângela! _ Leah falou baixo, mas sem perder o tom autoritário e firme de sempre. Senti o braço dela enganchar-se ao meu. _ Jacob, você não vai me beijar?

Acordei.

_ Que?

_ Jacob! _ Leah rosnou e eu beijei seu rosto.

Percebi um riso abafado por parte dos convidados e observei de relance Leah me olhando feio, até que ela virou meu rosto para frente, com uma de suas mãos.

Eu via a boca do padre articulando dezenas de palavras, mas eu juro que não consegui escutar ou compreender nenhuma delas. A única coisa que eu conseguia ouvir era o leve ruído dos convidados e meu próprio coração que pulsava às pressas.

Eu acompanhei o corpo de Leah quando ela virou e segurou minhas duas mãos. Então o padre apareceu do nosso lado com uma espécie de prato, contendo as alianças dentro dele.

Não pude deixar de olhar para o fundo da clareira mais uma vez, e ela ainda estava lá. Humana, humana...

_ Jacob, você está me machucando! _ Leah implicou, então eu vi que eu estava apertando as mãos dela com força e mesmo assim, não parei.

Eu não achei que fosse possível, mas meu coração acelerou ainda mais, cada vez mais e mais, à medida que as palavras certas a serem ditas chegavam à minha boca.

_ Leah...

_ O que?

_ Leah...

Mas algo me impedia, eu parecia estar engasgado. Olhei mais uma vez para Renesmee e ela permanecia cabisbaixa. Em nenhum momento ela olhou em meus olhos.

_ Acabou Leah. _ Eu disse alto.

Um murmúrio geral de descontentamento soou dentre os convidados e pela primeira vez, peguei Ness olhando para mim. Percebi que ela falou qualquer coisa para o sanguessuga ao lado dela, enquanto puxava com força o braço dele.

Eu não tinha muito tempo.

_ Acabou! _ Voltei-me aos convidados. _ Perdoem-me por ter chegado à este ponto, mas... Eu não amo esta mulher. _ Então o murmúrio se intensificou assim que todos ouviram Sue afirmar, em alto e bom som que Leah tinha perdido a criança.

Não pensei duas vezes: retirei com força minhas mãos das de Leah, que ela fazia questão de deixar presas, desde o início da cerimônia. Corri pelo tapete vermelho e só parei quando cheguei na frente de Renesmee. A puxei com força para perto de mim.

_ Vem comigo??? Vem! _ Jacob me olhou intensamente e eu não soube o que responder naquele instante.

_ Jacob! _ O grito estridente de Leah ecoou pela floresta, enquanto ela corria em nossa direção, aos prantos.

_ Não, me larga! _ Apertei com força o braço de Nahuel, mas ele mesmo tirou minhas mãos de cima dele.

Entrei em pânico quando finalmente me dei conta do que estava acontecendo. Eu não tinha controle de mais nada, nada! Comecei a chorar.

_ Vá! _ Nahuel ordenou, num tom extremamente grosso, que ele nunca havia usado comigo.

_ Não!

_ Não seja boba! Você o ama! _ Ignorei o comentário de Nahuel. Eu não queria amar Jacob.

_ Alice! Alice, não deixa! _ Gritei, mas ela nem se moveu. _ Não! Eu disse que não ía te deixar! Eu prometi! Nahuel! _ Tentei abraçá-lo, mas Jacob me segurou. _ Eu te amo!

Ele sorriu sarcasticamente.

_ Leve-a com você, lobo. _ Nahuel se afastou de mim e então Jacob me jogou sobre seu peito, apertou meus braços e começou a correr.

_ A vampira não Jacob! Não! _ Leah, que agora estava extremamente próxima de nós, esticou a mão para me pegar e em um instante ela se tranformou. Espremi os olhos e o corpo, esperando a dor que não chegou. Quando os abri novamente, vi pedaços de tecido voaree por toda a parte, assim que outros três lobos puseram-se na frente dela, protegendo a mim e Jacob do ataque.

_ Nahuel! _ Gritei em meio ao choro, com as mãos esticadas, esperando que ele corresse para me salvar, mas isso não aconteceu. A última coisa que vi antes de Jacob me jogar para dentro do carro, foram lágrimas transbordando de seus olhos tristes e aflitos, de uma forma tão sofrida que doía dentro de mim.


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