For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 26
Capítulo 26




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Injetei cuidadosamente o líquido licoroso em uma das veias daquela criança. Eu não sabia ao certo se devia injetar via intramuscular ou em contato direto com o sangue dele. Na verdade, eu me sentia dando um tiro no escuro. Na dúvida, a segunda opção nos traria um resultado mais rápido.

_ Você está bem?

_ Sinto-me... Sinto-me um pouco tonto...

Eu sabia que não era só isso. Ele tremia, transpirava e seu corpo chacoalhava em espasmos musculares involuntários.

Apetei a mão dele, na certa, ele devia estar com medo. Bem mais do que eu.

_ Não se preocupe, se por ventura algo der errado, traremos você de volta. _ Edward mostrou-lhe a seringa de ferro, repleta de nosso veneno.

Pela primeira vez eu tive dúvidas a respeito de estarmos fazendo a coisa certa. Por um momento pensei que não importava tanto a vontade de Nahuel em experimentar a fórmula, mas sim, a ética de um profissional da medicina que eu era. Mesmo não sendo humano, eu me sentia feito um e agora estávamos pondo em risco a vida de Nahuel por outra pessoa. Senti-me odioso quando cheguei a essa conclusão, pois na certa, se não fosse por Renesmee, eu não participaria deste ato.

_ Só o façam se não houver saída alguma. _ Nahuel disse entre os dentes. _ Está começando a queimar...

Quando Nahuel disse aquilo, pressenti que o experimento não ía funcionar. Queimar, ele disse queimar. Essa era a sensação que se tinha durante a transformação de humano para vampiro. Eu realmente não esperava esse efeito colateral.

Começo a ficar nervoso...

_ Edward, prepare-se.

_ Não, me deixe tentar! _ Nahuel rugiu entre os dentes. Instantes depois, enquanto eu e Edward hesitávamos em aplicar-lhe nosso veneno, seu corpo caiu em profundo repouso.

...

Bati mais de três vezes o nosso código secreto na parede do meu quarto, mas Nahuel não respondeu. Também... O que eu queria depois de tudo o que tinha acontecido?

Não pensei duas vezes e fui até a porta do quarto dele. Não era possível que ainda estivesse dormindo, pois já passava do meio-dia. Dei algumas batidas e imediatamente escutei sussurros que não eram de Nahuel. Rodei a maçaneta e entrei.

O quarto dele já não existia, pois aquilo mais parecia um hospital, cheio de lençóis brancos, instrumentos e máquinas. Meu pai, Jasper e Emmett estavam próximos à janela.

_ O que aconteceu aqui? _ Perguntei em meio ao desespero. Nem sei porque eu perguntei, já que não precisava de respostas. Ver Nahuel desfalecido sobre a cama já me dizia tudo.

Imediamente corri até seu leito e sentei-me ao seu lado. Embora eu quisese muito tocá-lo, tive medo. No entanto, por fim, não resisti: morno feito eu; como sempre. Entristeceu-me de forma descomunal não tê-lo encontrado quente... A revolta começou a brotar dentro de mim.

Apertei as costas de uma das mãos dele contra meu rosto.

_ Por que você fez isso, por quê? _ Eu não resisti às lágrimas, eu não queria resistir, pelo contrário, eu queria gritar, eu queria me deixar levar pelo desespero, só por hoje, só dessa vez, eu tinha esse direito. _ Como ele está?

Meu pai fitou-me chateado, depois deu de ombros. Ele não tinha a resposta que eu queria ouvir.

_ Onde está Carlisle? Não é possível! Alguém tem que saber como ele está! _ Senti um calor intenso queimar meu rosto.

_ Calma maninha... _ Emmett me abraçou, mas eu fui rude com ele e me desvencililei de seu toque frio. _ Ninguém sabe, não é mesmo? Vocês estão loucos?? Vocês foram além dos limites permitindo que ele fizesse isso! Vocês não podiam ter deixado, Carlisle não podia ter deixado!

_ Ele saiu para caçar com Esme, mas já volta.

Meu pai aproximou-se, mas eu dei um passo atrás. Eu não queria o abraço de ninguém agora, eu não merecia isso.

_ Tenha fé, apenas tenha fé...

_ Fé??? Fé a gente tem quando faz de tudo pra dar certo e não... _ Eu não conseguia achar um nome para aquilo. Fitei novamente Nahuel desfalecido. _ ... Isso o que vocês estão fazendo é assassinato!

_ Ele ama você, Ness. _ Jasper entrou no meio da discussão.

_ Amor? Que tipo de amor é esse que destrói?

_ Ele não esperava nada em troca, nem que você ficasse revoltada desse jeito. Ele fez por você. Por favor, tente entender!

_ Jasper... _ Meu pai acenou para ele. Na certa pensou que eu não percebi. Eu sabia o que ele queria com aquilo

_ Não, eu não quero! _ Tapei meus ouvidos com ambas as minhas mãos e me afastei o quanto pude de Jasper, embora ele continuasse a caminhar em minha direção, com aquele típico olhar hipnotizante. _ Eu quero sentir, eu quero sentir! _ Gritei em meio aos soluços.

Passei feito um furacão por Rosalie, Alice e minha mãe, que espiavam tudo da porta do quarto. A última coisa que escutei antes de fechar a porta do laboratório de Carlisle atrás de mim foi minha mãe pedindo para que Jasper parasse, para que não tentasse manipular meus sentimentos.

...

O laboratório estava escuro e frio. Senti-me aliviada por estar sozinha.

Andei depressa pelos estreitos corredores até chegar na bancada onde Carlisle guardava os tubos de ensaio contendo, cada um deles, o resultado de suas experiências. Minha vontade era de acabar com todos eles, mas me contive quando passou pela minha cabeça que talvez Carlisle precisasse deles pra fazer Nahuel voltar à vida.

Desapontada, sentei-me no chão frio e deixei que a raiva fosse embora. Por hora, o que eu podia fazer, era apenas esperar.

...

Vinta e quatro horas haviam se passado desde a aplicação do soro. Durante este período, Nahuel permaneceu em estado letárgico, mal podíamos perceber o movimento de seu peito inflar enquanto ele respirava.

Na calada da noite, levei o apanhador de sonhos para o quarto dele.

_ Ness, vá dormir. _ Alice sussurou ao me ver entrar no quarto.

Desde o início, todos revesavam para que Nahuel não ficasse sozinho, já que ninguém tinha idéia do que poderia acontecer.

_ Não consigo. _ Subi no sofá da bay window e pendurei o instrumento místico bem próximo à janela. A luz da lua refletia um suave brilho proveniente das contas coloridas, enquanto a brisa gelada que entrava pelas frestas da janela mantinham-no em um leve momento.

Sentei-me na janela quando terminei de pendurar. Alice colocou uma manta sobre mim.

_ Você devia ser menos teimosa e ir descançar. Não é amanha que você e sua mãe vão comprar roupas em Seattle?

_ Eu não tenho cabeça pra comprar roupas...

_ Como não? O casamento de Jacob é no sábado! Depois não vai haver mais tempo.

Ela tinha que me lembrar!

_ Eu não vou nesse casamento... Não sem Nahuel. _ Refleti sobre o que eu disse. _ Aliás, não tenho vontade alguma de ir, Alice.

Ela sentou-se ao meu lado e me abraçou. Por isso que eu não gostava de falar sobre ele; sobre Jacob. Eu sempre ficava mal, frágil, de forma que as lágrimas surgiam sem motivo algum. Olhei para Nahuel e senti-me pior ainda. Eu não devia sequer estar pensando em Jacob agora, não com Nahuel nesse estado. Eu era mesmo um monstro.

_ O que você vê Alice, o que você vê sobre ele?

_ Nahuel?

_ Sim.

_ Desculpe querida, mas eu não vejo nada. Lembre-se: ele é como você, não me deixa ver nada.

Engoli seco.

_ O que você vê sobre Jacob? Você sabe...

_ Esqueça isso Ness... _ Alice se levantou.

_ Eu preciso saber Alice, por favor! _ Implorei.

_ Bem, eu... _ Ela gaguejou. _ Não há lobo algum, você sabe que eu também não posso vê-los.

_ Mas na certa você vê algo relacionado, não? _ Meu coração estava disparado com o que Alice estava prestes a me dizer.

_ Bem, eu... Eu vejo Charlie no mesmo terno escuro que usou no casamento de Bella e Edward. Vejo Ângela num vestido lindo de cetim. Acho que é verde... Mike Newton, Jéssica Stanley, um padre quileute. Vejo muito verde; a floresta; um lugar que eu ainda não conheço. Vejo um bolo branco, vejo flores brancas, muitas flores...

_ Pare! _ A dor rasgava-me o peito e eu respirava ofegante. Era quase como se eu estivesse presente, como se eu estivesse por lá.

Alice andou depressa até mim e me abraçou.

_ Desculpe querida, eu não devia ter dito nada.

Engoli o choro.

_ Alice, obrigada por não mentir.

Ela me afagou o cabelo.

_ E por me entender também.

Alice sorriu e eu retribuí, embora meu sorriso representasse toda a tristeza em que eu me encontrava.

_ Será que você pode me deixar um pouco a sós com ele?

_ Ness, é perigoso...

_ Por que? _ Insisti.

_ Por que hoje vão completar dois dias desde a aplicação do soro e a transformação geralmente dura dois ou três dias. E se ele acordar agressivo e te morder?

_ E daí? Só vai adiantar um pouco o futuro.

Alice me olhou de canto de olho.

_ Por favor, eu preciso. Além do mais, logo vai amanhecer...

_ Está bem... Eu estarei por perto. Qualquer coisa é só me chamar.

Então Alice saiu do quarto e me deixou a sós com ele na escuridão.

Deitei-me ao seu lado e segurei sua mão fria.

_ Nahuel, por favor, acorde...

Sussurrei inúmeras vezes, como se ele realmente pudesse me ouvir. Depois de muitas tentativas, o cansaço tomou conta de mim e eu acabei adormecendo.

...

A primeira coisa que vi quando abri os olhos foi a claridade de alguns fracos raios de sol refletidos no apanhador de sonhos. Percebi que o sol já estava alto. Levante-me e conferi as horas no relógio de pulso de Nahuel, que estava sobre o criado mudo.

_ Que horas são? _ Ouvi uma voz fraca me perguntar.

Meu corpo estremeceu, já que eu conhecia muito bem aquele timbre.

Vire-me apressadamente e fitei seu rosto pálido. Logo notei seus olhos extremamente negros, mas ainda sim eu tinha esperanças. Apertei forte suas mãos e ele retribuiu, chegando a quase me machucar. Notei seu corpo morno, assim como era antes.

_ É melhor você sair, seu cheiro está me matando.

Percebi que ele tentava prender a respiração em vão, pois precisava do oxigênio. Lágrimas bobas saltaram pelos meus olhos, enquanto a adrenalina tomava conta do meu corpo.

_ Oh Ness, desculpe...

_ Eu não estou chorando por isso. _ Menti. A raiva tinha voltado pra dentro de mim. Quase tínhamos matado Nahuel, quase tínhamos o perdido, e para que? Pra satisfazer um capricho bobo que eu tinha, um desejo tolo e infantil? E por que? Por nada... Não havia acontecido nada! O soro que Carlisle produzira incessantemanete por meses a fio de nada valia. Eu havia enganado a mim mesma, eu havia me feito promessas tolas, eu havia plantado sonhos absurdos dentro do meu coração. Eu acreditava piamente... Como eu pude ser tão boba? Como?

_ Eu sei que está. _ Ele tocou meu rosto, depois voltou a apertar meu pulso com força, tentando levá-lo à sua boca.

_ A sede está me matando Ness... Vá embora, por favor, antes que eu faça uma besteira.

_ Eu não ligo! _ Deixei um pouco da raiva escapar.

_ Mas eu me importo.

_ Faça o que você tiver vontade. _ O soluço me fazia tropeçar nas palavras. _ Aliás, me desculpe por aquele dia no lago. Eu fui uma...

Ele me cortou.

_ Você foi sensata.

_ Eu amo você! _ Gritei.

_ Não, você não ama.

_ Eu amo! _ Debrucei-me aos prantos sobre seu corpo.

_ Renesmee... Eu posso sentir seu sangue correr dentro de suas veias. Por favor, faça valer à pena, não me deixe ser seu agoz.

_ Você nunca o faria!

_ Ora, você sabe do que é capaz quando está sedenta... Vamos, eu não estou te cobrando nada. Se você diz que me ama, eu deixo você amar, à sua maneira. Agora vá, saia daqui e vá chamar seu avô. _ Ele disse calmamente.

_ Sinto-me tão culpada por ter te deixado assim, nesse estado. _ Confessei.

_ Ora, eu só estou como eu já era antes.

_ Eu não queria que você tivesse feito isso, eu não mereço isso, não deu em nada, veja!

_ Alguém tinha que testar. Eu disse que eu faria e você não tinha poder de decisão sobre uma coisa que já estava decidida.

_ Eu... Eu não entendo. _ Solucei mais um pouco e voltei a abraçá-lo. _ Nahuel, promete que nunca mais vai fazer isso, promete que nunca vai me deixar, promete?

_ Eu não vou te deixar, até que você decida partir, isso eu prometo.

_ Eu não vou a lugar algum!

_ Não até que “ele” te peça pra ir.

_ Do que você está falando?

_ Eu não estou te impedindo de ir, eu quero mesmo que você vá.

_ Eu não estou entendo...

_ Renesmee, o amor que existe entre você e Jacob é maior de tudo o que eu já vi.

_ Jacob? Quem liga pra Jacob!? _ A raiva voltou a queimar dentro de mim.

_ Eu fiz por vocês... Por quem mais você acha? Para que vocês tivessem a change. Oh Ness, você não sabe como me sinto frustrado de não ter conseguido.

Ele tocou meu rosto com as costas de suas mãos.

_ Eu não vou amar outra garota; não tanto quanto um dia eu te amei.

_ Amou? Amou? Você não me ama mais? _ Senti meu corpo pesar e o quarto rodar à minha volta.

_ Eu não tenho esse direito, você não me pertence. Você é toda dele e ele é todo seu, é tão óbvio! _ Ele sorriu ironicamente. _ E eu demorei tanto tempo pra entender, para enxergar o que estava o tempo todo na minha cara.

Levantei-me na cama enfurecida.

_ Se é isso o que você pensa... _ Senti-a me um lixo insignificante. Eu nunca imaginei que Nahuel fosse um dia deixar de me amar. Sentia-me como antes de ele chegar, enganada, desprotegida, só... Completamente só.

Enfurecida, andei apressadamente rumo ao laboratório de Carlisle. Ía concretizar a idéia que me passara pela cabeça no dia seguinte. Fui direto ao objeto da minha raiva: a pequena caixa de metal contendo dezenas de tubos de ensaios cheios daquele soro maldito, que quase matara Nahuel, que havia me trazido a certeza do desamor que ele sentia por mim. Ele era a fonte de toda minha infelicidade, minha maior frustração, a maior descepção que se pode ter em uma vida inteira.

Empurrei a bancada de madeira, que por sua vez, caiu sobre os tubos de ensaio, enpatifando-os no chão.

Senti as costas de minha mão queimar ao mesmo tempo que a voz da minha mãe resoou em meus ouvidos.

Arranquei o pequeno caco de vidro que estava fincado em minha pele e observei o pequeno rasgo, enquanto o sangue fluía. Saí depressa do laboratório e passei correndo pela minha mãe. No topo da escada, me deparei com Jasper.

_ Deixe-a ir Jasper. _ Minha mãe pediu.

Ele me olhava feito um louco, com seus olhos negros, sedentos. Alice apertou o braço dele, na certa, com medo que ele me atacasse. Eu podia sentir a vontade que ele tinha de me matar em seus olhos, ao mesmo tempo que eu via toda tristeza e culpa por trás de sua excitação.

Corri para fora de casa sem ninguém ao meu encalço e não parei tão cedo. Deixei os chinelos para a trás e decidi continuar descalça morro à cima. O céu começava a se fechar e eu continuava não me importando. Eu iria o mais longe possível, o mais alto possível, pra que quando tudo estivesse terminado, realmente não tivesse volta.

Quando finalmente parei de correr, já não fazia idéia de onde estava. Apenas uma coisa eu tinha certeza: a noite já estava caindo e eu não conhecia aquelas terras.

Aproximei-me do penhasco e observei as enormes montanhas em sua volta. A todo momento relâmpagos e trovões rasgavam o céu, enquanto as nuvens negras emaranhavam-se umas às outras freneticamente. Certifiquei-me que estava bem agarrada na pedra e olhei para baixo. Chutei alguns pedriscos que sumiram entre a densa neblina que tinha lá embaixo. Ótimo, era isso que eu queria. Na certa, ninguém nunca acharia meu corpo, já que me parecia impossível descer penhasco abaixo e ainda chegar vivo lá embaixo.

_ Não tão rápido Renesmee.

Assustei-me a ponto de quase caí. Agarrei-me à pedra e quando me virei... Só podia ser ela! Eu tinha certeza que algo corria comigo enquanto eu subia a montanha.

_ Leah? Por que me seguiu até aqui? _ Não pude deixar de observar a forma como ela segurava a barriga.

Ela colocou a bolsa no chão e aproximou-se. Eu me afastei um pouco, mas não tinha para onde correr. Só o penhasco me aguardava há apenas alguns passos.

_ Não tenha medo. Eu vim pra acabar com seu sofrimento. _ Ela sorriu feito um anjo.

...

_ Edward?

_ Fala cachorro.

_ A Leah está aí?

_ Não... Por que ela estaria?

Suprendeu-me que Leah não estivesse na casa dos Cullen infernizando Renesmee, ao mesmo tempo que me deixou assustado. Não por ela, é claro, mas Leah carregava meu filho em seu ventre.

_ Não sei... Ela saiu cedo e não voltou até agora. O celular não atende e ninguém aqui de casa sabe onde ela está. Estou preocupado.

_ Puxa... Mas ela não tem nenhuma amiga que você possa ligar?

_ E desde quando Leah tem amigas, Edward? Escuta, a Ness está em casa?

_ Claro, mas por que?

_ Você tem certeza? _ Insisti, já com maus pressentimentos.

_ Onde você quer chegar com isso Jacob?

_ Eu não sei... Foi só um pressentimento.

_ Espera, vou checar.

Esperei enquanto ouvia Edward conversar com Bella.

_ Jacob, ela não está. _ Percebi a voz alterada de Edward.

_ Edward, eu tenho certeza que elas estão juntas! Elas se odeiam, só pode!

Eu ouvi Bella gritar ao fundo.

_ O que? Bella?

_ Jacob sou eu. _ Na certa, se eu a conhecia bem, Bella havia arrancado o telefone das mãos de Edward. _ O que foi que aquele monstro fez com a minha filha?

_ Eu não sei Bella, eu não sei onde elas estão, mas acho que devíamos começar a procurar agora, antes que a tempestade chegue; o que parece que não vai demorar muito.

_ Ok, chame Seth, chame quem você puder e venha pra cá o mais rápido possível. Temos que encontrá-las.

_ Está certo, eu já estou indo.

_ Jacob, se aquela lunática fez alguma coisa com a minha filha, eu, eu sou capaz de...

Eu a interrompi. Bella não precisava me dizer do que era capaz, eu sabia muito bem. Além do mais, se Leah tiver realmente feito algo com Renesmee, eu mesmo acabaria com ela.

Desliguei o telefone e sai para fora de casa. Olhei para a grande massa de nuvens negras se aproximando ao lado da montanha e finalmente me dei conta da gravidade da situação. Não sabíamos onde Ness estava... Perdida na floresta, com frio, com fome, sei lá. Senti meu coração apertar e corri em direção à caminhonete. Eu ía reunir todos os lobisomens e na certa íamos encontrá-las ainda naquela noite.

...

Fitei-a por alguns instantes, antes de concluir que talvez eu devesse confiar nela, já que eu era fraca, covarde; incapaz de executar a parte mais importante do meu próprio plano.

_ Leah... Será que você me faria um favor?

_ Bom... Depende, você sabe, tudo tem seu preço...

_ Digamos que Jacob será sua recompensa.

_ Hum... Vamos ver... O que você precisa que eu faça?

Inspirei profundamente antes de falar. Não queria que ela me julgasse mal ou nem quisesse terminar de me ouvir assim que eu começasse a falar. Ora, mas quem não julgaria mal uma coisa dessas?

_ Bom... Não é nada demais... _ Dei as costas para Leah e me deparei novamente com o precipício à minha frente. _ Primeiro, um empurrão. Depois você guarda um segredo: você nunca esteve aqui comigo, nunca esteve aqui nesse lugar.

_ E então, o que eu digo a Jacob depois disso?

_ Nada. Será como se você nunca tivesse estado aqui comigo.

_ Renesmee...

Ela riu de um jeito que eu não gostei. Não sei, me deu a sensação de que ela achou que eu estava blefando. Senti-me uma idiota por estar pedindo ajuda dela para acabar com a minha vida.

_ Olha, eu tenho uma idéia melhor.

Leah agachou-se e tirou algo de dentro de sua bolsa, Depois aproximou-se de mim lentamente. Então ela me mostrou o tubo de ensaio. Tentei tomar da mão dela, mas ela não deixou. Eu não estava entendendo mais nada.

_ Veja isso. Peguei da maleta de seu avô, n’outro dia em que ele foi me atender na casa de Charlie.

_ Esqueça... Não deu certo com Nahuel. _ Cruzei os braços.

_ Pára de achar que você é o clone desse sanguessuga! Quem te garante que não vai dar certo com você, hein? Vocês se acham tão parecidos e eu nem sei por que! Ele é venenoso e você não, não é mesmo? Caso contrário você teria matado o cara que atacou na boate em Port Angeles.

Que???

_ Leah, de onde você tirou essas coisas?? _ Tentei me defender, ainda que mentindo. Leah podia ser a pessoa mais ardilosa que eu já conheci, mas ela não estava mentindo agora. Estava é jogando a verdade na minha cara.

_ Então você vai deixar essa chance passar? _ Ela voltou a me mostrar o vidro. Depois pegou uma seringa de dentro da bolsa e inseriu o líquido nela. _ Aqui pode estar o seu futuro... _ Ela bateu no vidro da seringa, na tentativa de tirar todo o ar de dentro. _ Pense bem. 98% de chance de funcionar...

Fitei o rótulo. Leah tinha razão: 98% de cura. Estava escrito.

_ Leah, eu estou dizendo, não deu certo com Nahuel! _ Hesitei, enquanto meus olhos não conseguiam deixar de fitar a etiqueta no tubo de ensaio. Noventa e oito porcento... Era muita coisa...

Antes que eu pudesse finalizar meu raciocínio, senti a palma da mão de Leah arder em meu rosto.

_ Não seja estúpida!

Pressionei o local e continuei calada, sem reação. Eu não esperava aquela atitude.

_ Então você prefere se jogar do penhasco a testar a fórmula?

O velho bolo instalou-se em minha garganta. Senti as lágrimas chegando só de pensar que eu não tinha mais razão para viver.

_ Não há mais motivo para isso Leah, tente entender. _ Tentei convencê-la sem entrar em detalhes.

_ Sei. Jacob, não é mesmo? Não há mais Jacob para você, é isso o que você quer dizer, não é mesmo?  Pois bem sangussuga, eis aqui minha condição: se o procedimento funcionar, eu sumo, desapareço e Jacob nunca mais me verá.

_ Leah, você está grávida! Não pode privar um pai de ter seu filho, nem o filho de ter seu pai.

_ E desde quando Jacob quer esse filho? Sabe Renesmee, eu estou ficando farta disso tudo... Farta de mim mesma, de Jacobo... Mas principalmente, farta de você!

_ Não, eu não quero! Absolutamente, não! _ Embora eu tivesse sido catergórica e decisiva, lá dentro de mim, no meu íntimo, minha’alma gritava “sim, sim, sim! Eu quero!”.

Fraca, covarde! Covarde, covarde!

_ Então... Acho que só me resta mandar pro nada essa fórmula, bem lá no fundo, lá onde seu corpo nunca será encontrado.

Leah foi para trás de mim e ameaçou jogar a seringa. Antes  que ela o fizesse, não sei o que deu em mim, mas segurei seu braço.

_ Não! Me dê isso! Me dê, Leah!

Tentei arrancar dela, mas não consegui. Então ela me empurrou com força em direção à rocha que estava atrás de mim, o que só fez aumentar minha raiva. Sem pensar na criança que ela tecia em seu ventre, avancei pra cima dela e logo nossos corpos caíram no chão, emaranhados um ao outro, lutando, um contra o outro.

Quando finalmente consegui arrancar a seringa da mão dela, senti uma forte pancada seguida por um dor intensa em meu estômago. Antes que ela acabasse comigo... Oh, eu não pensei em mais nada! Finquei a agulha no meu antebraço e pressionei com toda minha força o êmbulo da seringa.


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Notas finais do capítulo

hehehehe
qual sua aposta?
Leah conseguiu matá-la?



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