For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 25
Capítulo 25 - All Myself to You


Notas iniciais do capítulo

Falta 10 capitulos pro final!!
:P



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_ Olá, moça que já tem dezoito anos. _ Bobinho! E então, vocês dois virão ou não? _ Só porque acabou de fazer dezoito anos a senhorita já quer sair pra aprontar? _ Seth continuou me provocando. _ É, agora eu “estou podendo”. _ Eu ri, entrando na dele. _ Não vai dar Ness... _ Por que? _ A Leah não está bem e a médica dela teve uma emergência para atender em Port Angeles. Sue acabou de ligar para Carlisle, pra ver se ele pode dar uma olhada nela. _ Ahh, entendo. Mas você acha que é grave? _ Acho que não. Ela diz que são cólicas, contrações, eu sei lá. Coisa de mulher grávida. _ Humm. Jacob está aí? _ Naturalmente, dimunuí o tom da minha voz, como se fosse um crime pronunciar aquele nome. Imediamtente percebi o desconforto de Nahuel, que estava bem ao meu lado. _ Está, mas não começa Ness... _ Calma, não foi nada demais. _ Eu respondi, fitando Nahuel, enquanto o sangue fervia em meu rosto. Temia que ele tivese escutado a resposta de Seth. _ Aliás, o que foi aquilo ontem à noite? _ Aquilo o que? _ Vocês dois! Dava pra sentir a tensão entre vocês. _ Eu não senti nada, a não ser pena. Ele estava abatido. _ Adivinha por que!? _ Seth soltou um risinho irônico enquanto meu coração se espremeu dentro do meu peito. _ Pára, Seth! _ Quase gritei. Incomodou-me extremamente a maneira com a qual ele disse aquilo. Seth estava sendo impertinemente. Além do mais, ninguém sabia mais dos meus sentimentos do que a dona deles e Seth parecia insinuar o contrário a cada frase que dizia. _ Está bem, está bem. _ Ele continuou rindo. _ Ah, a Ângela está aqui do meu lado, está mandando um beijo pra você. _ Mande outro pra ela. Bom, mais tarde eu ligo então. Tchau. _ Disse meio seca. _ Tchau Ness. _ E ai? _ Nahuel perguntou. Eu respirei fundo, na tentativa de voltar ao meu tom normal. O problema é que por mais que eu fingisse meu coração continuava acelerado. Seth não tinha o direito de dizer aquelas coisas, não tinha! Eu estava com raiva, com muito ódio dele agora, a ponto de lágrimas bobas quererem escapar pelos meus olhos. _ Eles não vão. Leah não está bem e meu avô está indo vê-la agora pela manhã. _ Ahh, não faz essa carinha... _ Ele me segurou pelo queixo. Nahuel deve ter percebido o meu descontentamento. Ainda bem que pensava que era por conta da falta que Seth e Ângela fariam no passeio. _ Vamos nós dois. Abracei-o e nos beijamos, docemente para ele, amargamente para mim. ... Seth desligou o telefone e ficou me olhando. _ Era ela? _ Sim. _ Ele caminhou em direção à cozinha, mas depois parou e voltou-se a mim. Ainda bem que estávamos sozinhos na sala. _ Jacob, você já parou pra pensar na burrada que fez? Acho que de todas as coisas, foi a mais estúpida que você já fez. Supera até o fato de quando você voltou para La Push e estava evitando encontrá-la. Seth sabia que me chateava aquela conversa. Eu não ficava bravo nem nada parecido, mas só fazia a dor crescer ainda mais dentro de mim. _ Você vai me culpar pelo resto da vida, não vai? _ Não Jake, você vai se culpar pro resto da vida. _ Ele frisou o “você”. Mais um golpe certeiro. Já não era difícil admitir que eu jamais conseguiria ser feliz longe dela, jamais. _ Agora é tarde demais... _ Levantei-me e olhei pela janela, evitando contato visual com Seth. _ Sabe, eu ainda não sei se é tarde demais... _ Não há nada pra fazer Seth. Eu só lamento que ela tenha escolhido esse caminho. Ela desistiu de tentar a vida humana que ela tanto queria e todos nós sabemos que o sanguesuga vai mordê-la muito em breve. _ Você sempre põe a culpa nela. Você desistiu dela primeiro Jacob, o que você queria que a pobre garota fizesse? Olha pra ela, ela está em pedaços! Feito você... Lembrei-me da expressão no rosto dela, quando no dia anterior, eu disse que queria que aquilo tudo fosse com ela e não com Leah. Ela não me pareceu se importar. Ela tinha mesmo razão, tinha conseguido se rerguer, tinha conseguido esquecer. _ Ela me parecia feliz... _ Feliz? Você chama aquilo de feliz? Tem certeza que olhou bem no fundo dos olhos dela? _ Eu percebia que Seth andava de um lado para o outro, mais ainda sim, não voltei a fitá-lo. _ Renesmee é esperta... Ela mostra aos outros somente o que ela quer. Inflei meus pulmões como o ar que cabia deles. Qualquer pequena lembrança me trazia o cheiro dela, o gosto dos lábios dela em minha boca. _ Eu tinha medo. Um medo que eu sempre escondi dela. _ O que? Do que você está falando? Sentei-me novamente na poltrona de Charlie e as lembranças vieram nitidamente em minha cabeça. _ Quando eu estava com ela, quando eu dizia que a amava, eu tinha medo de não saber se eu realmente a amava ou se eu devia amar. Você entende Seth? _ Jake... _ Eu tinha sempre aquela sensação de que parecia que estava tudo bem, mas sabe quando você lá no fundo sente que não está tudo certo? _ Você falou com ela sobre isso? _ Claro que não! Acho que ela morreria de tristeza se eu falasse uma coisa dessas. Percebi a sombra de Seth ao meu lado. _ Ela está morrendo agora... Você devia ter falado. _ Eu... Eu sei... Agora eu sei. _ Engoli seco o choro. _ Eu fui estúpido, completamente estúpido. _ E você ainda tem dúvidas? Sobre o que você sente por ela... Balancei a cabeça negativamente entre minhas mãos, que apoiavam o peso sobre meus joelhos. _ Jacob Black, então o que você está esperando? _ Ele cobrou. _ Ela... Ela é uma vampira Seth! Vai ser... Eu, eu realmente nunca encontrei uma saída para nós dois. Imagina ela, a minha Ness, uma vampira? Você consegue imaginar isso? Eu não consigo nem pensar... Eu não consigo aceitar isso. _ Peraí Jacob. Tem mais coisa do que apenas dúvidas bobas sobre o que você sentia por ela. Sobre isso espero que vocês tenham convesado. _ Sim, falamos. Inúmeras vezes... _ E? _ Ela tinha medo, muito medo de querer me matar. Ela sabe que vai ter que ir para Denali, que não poderíamos continuar juntos, por anos, décadas, sei lá... _ Jake, ela vai ser uma vampira igual a Bella. Você acha que a Bella o machucaria? _ É diferente Seth. A Bella mataria para ser uma deles. Ness nunca quis, sempre repugnou essa idéia. Eu tenho certeza que ela não vai ser igual à Bella. Carlisle e Edward também pensam o mesmo. Carlisle me contou que nunca viu um recém-nascido feito a Bella, e olha que ele tem quase 500 anos. Seth sentou-se na poltrona a minha frente. Dava pra sentir que de repente os argumentos dele tinham se esgotado. Então a frágil teia de esperança que tinha começado a se formar dentro de mim foi destruída. Nem meu melhor amigo acreditava em uma solução para nós dois, então por que é que deveria acreditar? _ Acho que ela também merece ser feliz, com alguém igual a ela. Ela está com a pessoa certa Seth e eu seria egoísta demais se acabasse com tudo isso. _ Agora eu compreendo com mais clareza, mas... _ Não há “mas” Seth. Tudo o que você tem a fazer é se conformar. _ Como é que se pode ser feliz longe de quem você ama? _ Ela ama o sanguessuga, você não viu Seth? _ Sim, eu vim, mas... Aposto que é diferente. _ Fitei-o de canto de olho e percebi um meio sorriso em seus lábios. De onde vinha tanta esperança? Como Seth conseguia? Às vezes eu sentia inveja dele... Sorri enquanto na verdade eu queria mesmo é chorar. _ Seth meu amigo, nem tudo na vida é perfeito. É como eu disse, em algumas situações, tudo o que está ao seu alcance, é apenas se conformar. ... Eu dirigia o jipe de Emmett pelas trilhas no meio da floresta. Conhecia aquele lugar melhor do que ninguém. Às vezes eu o fitava, às vezes ele me fitava e sorríamos feito bobos um para o outro. O dia estava bonito e dava quase para ver o azul do céu. De vez em quando ouvíamos um trovão ou outro distante. Talvez Carlisle estivesse mesmo certo quando fez sua previsão de neve para o fim de semana. Há sempre uma última nevasca antes da primavera definitva... Chegamos enfim na beira do lago Crescente. Não muito longe da margem, uma estaca de madeira mantinha presa uma corda, que por sua vez, prendia uma pequena canoa. Bastava descer o curto barranco coberto de grama e já era possível tocar a água. _ Nossa... _ Já tinha alguma tempo que eu não vinha aqui. _ E esse barquinho? _ Eu e Emmett trouxemos logo na primeira semana que chegamos aqui, no ano passado. Nahuel desceu o barranco e eu fui atrás dele. Ele se abaixou e tocou na água limpa do lago, que ali, naquela pequena baía, estava extremamente calmo. _ É realmente lindo... Ele subiu o barranco novamente e andou até o jipe. Tirou de lá um acolchoado vermelho e estendeu-o na margem do lago, meio que no barranco. _ Vai começar o piquenique? _ Eu ri. _ Sim senhora! _ Onde estão as cestas de pães e frutas? Onde estão as jarras de suco? _ Lamento senhorita. Apenas leões-da-montanha, leopardos, ursos e veados estão no cardápio hoje. Deitei-me ao lado dele e nos abraçamos. _ Bem que podia estar sol... _ Pra que? _ Sei lá, o sol faz tudo ficar mais bonito... _ Sentei, observando a calmaria do lago, que seguia seu curso rumo ao sul, aos pés da montanha. O lago era de um azul incrível e por um instante, fez-me lembrar do azul escuro do mar. A lembrança era tão viva em minha mente, que os raios de sol em contato com a água salgada, ofuscavam a minha visão. Senti um arrepio percorrer meu braço, quando o calor “dele” invadiu o meu corpo. _ O que foi? _ A voz de Nahuel soou marota em meus ouvidos. Esfreguei meus próprios braços, afastando aquela lembrança ruim de tão boa que era, pra longe dos meus pensamentos. _ Nada... Só me deu um frio de repente. _ Que tal se saíssemos de barco um pouco? _ Não sei se é uma boa idéia... O tempo está fechando. _ Ahh sim, e a senhora vai derreter por acaso? Ele me fez rir. Nahuel entrou na pequena canoa e eu o segui. Ele tomou os remos, um em cada mão e começou a empurrar o barco para o meio do lago, remando contra a correnteza. Ele remou, remou e remou... Parecia que nunca íamos chegar em lugar algum, até que finalmente ele parou. Como que num milagre, o céu se abriu em meio aos relâmpagos que ouvíamos ao longe, só para mostrar seu belo azul anil, que por sinal, era quase da mesma cor que a água. _ Afim de nadar um pouco? _ Ele sorriu. Pela segunda vez naquele dia, uma brisa gelada deslizou sobre minha pele, rasgando-me por dentro. Mar, peixe, sol, vento, barco, conforto, calor, Jacob... Jacob. Jacob. Jacob. Jacob... _ Não... Melhor não. _ Eu espremi os olhos, na intenção de esconder a irritação que as lágrimas traziam a eles. _ Bem, eu não vou perder a oportunidade. Nahuel se levantou e tirou a camisa de flanela xadrez. Jogou em mim e imediatamente seu cheiro hipnotizou-me. Sorri, completamente sonza, enquanto observava-o pular do barquinho. Apertei a camisa dele contra minha boca e nariz, intoxicando-me e logo, senti o torpor levar a dor embora. Enquanto Nahuel aproveitava a água gelada, mergulhando e subindo inúmeras vezes, tirei meu suéter e a regata, ficando apenas com o soutien. Deite-me no casco do fundo da canoa, a olhar para o céu, para a única nuven nele existente. Ela era gorda e alva, era feito meus sonhos... Inalcançável, improvável, impossíveis. Não importava o quanto eu me esticasse, quanto minhas mãos lutassem, quanto sangue de meu próprio corpo eu desse por aquela nuven, ela ainda estaria longe, embora eu tivesse a doce ilusão de que ela estava bem próxima, a apenas alguns centímetros do meu alcance. Agarrei novamente a camisa de Nahuel e levei-a à boca. Abocanhei-a, cerrando os dentes e os olhos. O sol voltou a aparecer assim que “meu sonho” passou por ele. A luz vigorosa esquentou meu rosto, penetrou em minha pele, na minha carne e trouxe à tona algumas lembranças que eu queria esquecer. Era quase como os braços “dele” ao meu redor. _ Ness? Assim que abri os olhos, duas gotas geladas pingaram sobre minha testa. Sentei-me novamente e percebi que ele não tirava os olhos de mim. Então percebi que estava semi-nua, mas ao invés de cobrir-me, fiz de conta que era muito natural. Nahuel calou-se e voltou a pegar os dois remos. Bem mais devagar do que na vinda, ele começava a remar de volta à margem do Crescente. Meus olhos estavam teimosos naquele momento, não queriam deixar de observar o tórax definido dele, as gotículas de água secando sobre sua pele, minuto à minuto, dando lugar a um brilho moreno queimado de sol, enquanto minha pele já começava a vermelhar. Vez ou outra ríamos um ao outro, sem dizer qualquer coisa, pois através dos olhares e sorrisos, já estávamos dizendo. Foi então que ele largou os remos presos um em cada lado da pequena canoa e lançou seu corpo sobre o meu. Agarrei seu cabelo úmido e bagunçado entre as mãos e beijei fervorosamente seu pescoço, que estava surpeendentemnte quase quente. Suas mãos habilidosas abriram o feixe do soutien e eu logo o vi de relance boiando na correnteza, à deriva, assim como nós. Apenas sorri debilmente e antes que pudesse pensar em qualquer coisa, suas mãos geladas pressionaram suavemente meus seios. Minha cabeça pendeu frouxamente para trás e eu ouvi um fraco fio de minha própria voz, enquanto abria furtivamente os olhos e fitava-se o céu azul. Impetuosamente, empurrei-o para longe de mim e me levantei, ficando de joelhos, assim como ele estava. Fitamo-nos por alguns poucos instantes, até que me lancei sobre ele, beijando-o intensamente. Então em ele voltou a pegar as grandes pás de madeira e começou a remar fervorosamente de volta à margem. A essa altura eu já sabia o que viria a seguir, então me abracei a ele, segurando firme sua camisa em minhas mãos, tentando me proteger do frio e do medo. Antes mesmo de chegarmos à margem, Nahuel pulou na água e me puxou junto com ele. Estava extremanente fria. Ele me levantou e me beijou, enquanto minhas pernas enlaçavam-se em sua cintura. Seus braços fortes e mornos tentavam me proteger, mas o frio era intenso e me fazia tremer, da cabeça aos pés. Ele me levou para o barranco, onde tínhamos deixado nossa colcha estendida. Parecia até que corríamos contra o tempo, de tão apressados e precipitados que eram nossos movimentos. A única coisa que estava seca era a camisa xadrez, que ele logo tirou de minhas mãos e me fez colocá-la. Então ele deitou-se sobre mim e eu me aninhei em seu peito. Já quase não tremia de frio, mas ainda sim tremia, embora agora fosse de medo. Os botões da camisa permaneceram abertos e logo os dedos dele passearam suamente entre os meus seios, enquanto nossos olhos não deixavam de fitar um ao outro. Num piscar de olhos e já não eram somente suas mãos que passeavam pelo meu corpo. Seus lábios mornos beijaram-me o colo e antes que eu desse conta, senti-o sugar um dos meus seios. Eu podia sentir a descarga de adrenalina por todo o meu corpo e instintivamente, minhas mãos passaram de deu peito e nuca, para o zíper de minha própria calça, que eu arranquei com minhas pernas. Sem nenhuma interrupção ou dificuldade, consegui abrir o botão e o zíper da calça dele. Meu coração saltava de uma forma selvagem, como eu jamais havia sentido antes. _ Te amo Renesmee, eu te amo... _ Ele murmurou dezena de vezes em meu ouvido enquanto beijava meu pescoço. Eu podia jurar que sentia os movimentos de cada músculo de minha face, minha boca gesticulando, no entanto, eu não ouvia minha própria voz. Era como se eu tivesse ficado muda de repente. Abri os olhos assustada e lá estava ela, a minha nuvem, de volta, bem sobre minha cabeça. Ingenuamente, estiquei uma das mãos na tentativa de alcançá-la, mas era impossível, eu não podia, eu não conseguia. Então ela se foi e o sol ofuscou minha visão. Meu peito queimou de tristeza e os músculos da minha face voltaram a se mover involuntariamente. Senti lágrimas quentes escorrerem em ambos os lados do meu rosto. _ Jake... _ Soou feito um desabafo. Nahuel saiu de cima de mim imediatamente e eu me sentei, tão rápido quanto ele. _ Ness... _ Ele balançou a cabeça negativamente e pendeu seu corpo em direção ao meu. _ Não me toque! _ Gritei horrivelemnte, como se ele fosse um desconhecido qualquer. _ Eu sabia, eu sabia... O tempo todo, eu sabia! _ Seus olhos marejados, assim como os meus, não conseguiram esconder as lágrimas. Juntei um bolo de roupas em minha mão e corri floresta adentro, sem parar, por longos minutos, até chegar perto da encruzilhada, onde começava duas trilhas: uma para Forks, outra para La Push. Meu coração ainda pulsava assustado; eu estava assustada. Abri o bolo de roupas em minha mão e vi que tinha pegado apenas e camisa de Nahuel. Vesti-a, sem lamentar, enquanto um estrondo rasgou-se no horizonte. A chuva fina começou. Pus-me a caminhar sobre a trilha que me levaria de volta para Forks. Apertei os braços contra o peito e as mãos contra o queixo, tentando conter os involuntários tremores de frio. Eu me recusava a lembrar, a raciocinar sobre o que havia acontecido há pouco. Eu não sabia o que eu ía dizer quando chegasse em casa, não sabia que desculpa inventaria desta vez. Eu não sabia como ía ser daqui pra frente, como eu ía olhar outra vez nos olhos dele, sem sentir pena de mim mesma. ... Quase atolei a caminhonete no barro quando freiei bruscamente. Seus olhos grandes e assustados fitaram-me através da janela do carona, enquanto seu queixo teimava em tremer, ainda que preso pelo maxilar rigidamente contraído. _ O que aconteceu? O que você esta fazendo aqui sozinha? Ela não me respondeu. Apertou os braços contra o peito e voltou a andar na chuva, meio que encolhida. Desci da caminhonente e não precisei de muito esforço para alcançá-la. Toquei seu ombro gelado e Renesmee não teve forças para continuar. Virei seu corpo em minha direção e ela continuava com o mesmo olhar assustado, quase como se não me conhecesse. Eu não podia obrigá-la a falar, a me contar sobre o que tinha acontecido, embora eu quisesse. _ Vem, eu te dou uma carona. Discretamente, ela tirou sua mão da minha. _ Não precisa, eu vou andando. _ Ela disse no tom mais triste que eu já tinha ouvido. _ Pára com isso. Você está tremendo toda. Além disso, você vai atravessar a cidade assim? Renesmee puxou a camisa pra baixo, na tentativa de desgrudar o tecido de seu corpo. Não adiantou muito, sua silhueta continuou marcando. Por um segundo eu tive pena da situação, mas logo me ocorreu algumas idéias sobre como ela tinha conseguido ficar quase nua e estar vestindo uma camisa masculina, que não passava nem perto de seu número. _ Vem... _ Empurrei-a delicadamente pelas costas e ela deu o primeiro passo em direção ao meu carro. _ Tem mais alguém com você? Onde está o Nahuel? Ela deu de ombros. Parecia ter raiva. Eu não consegui ficar queito. _ Ness... Você está bem? Aconteceu alguma coisa? _ O que você acha que aconteceu? _ Ela rebateu com mais raiva ainda. Confesso que tive vontade de me embrenhar na floresta, de caçá-lo e torturá-lo até a morte. Só de pensar nas mãos dele enconstando em minha Renesmee e agora ela assim, nesse estado. Mas eu me contive, afinal, ela escolheu assim... Engoli meu orgulho e a coloquei sentada no banco do carona. Bastou que eu entrasse na caminhonete para que ela saísse. _ Entra no carro. _ Eu já estava sem paciência, não com ela, mas com aquele bruto do Nahuel. _ Eu vou atrás. _ Renesmee teimou. Aquilo me ferveu o sangue. Eu desci mais uma vez na chuva e tentei colocá-la, mas ela continuava resistindo. Então eu perdi a cabeça e fiz o que estava querendo faz tempo: tomei-a em meus braços e fechei os olhos, aninhado-a em meu peito. No começo ela tentou resistir, mas depois se aquietou. Apertei os olhos e foi como se tivesse voltado no tempo, quando ela ainda era minha. Coloquei-a mais uma vez sentada no banco da caminhonete e cobri-a com uma manta, que eu sempre carregava no banco de trás. Suas lágrimas confudiam-se com seu rosto molhado pela chuva, porém, eu conhecia muito bem aquela expressão em seu rosto. Tirei uma toalha pequena do porta-luvas e entreguei è ela. _ Eu prometo não falar mais nada se você ficar dentro do carro. Eu não quero que você fique andando por aí desse jeito. _ As pontas de meus dedos tocavam propositalmente o rosto dela, enquanto eu segurava a toalha contra ele. Ela não me olhou nos olhos, mas consentiu. O dirigi o mais lento que pude, com a desculpa que o carro pederia derrapar no barro ou coisa parecida. Eu queria que aquela trilha nos levasse para uma estrada sem fim, desejava profundamente que o mundo acabasse agora e que tivéssemos que ficar presos dentro do caso para o resto da vida. Eu era um tolo... ... Rosalie, Emmett e Alice levantaram-se ao mesmo tempo assim que me viram entrando pela sala. _ Não, não falem nada! _ Em disse, já quase que soluçando. _ Eu não estou para ninguém. Subi as escadas correndo e me tranquei no banheiro. ... Corri para a varanda e vi a caminhonete de Jacob pegando a trilha de volta para Forks. Eu não consguia acreditar que Jacob tinha feito algo de mal pra ela. _ Alice, por isso que você não viu! _ Eu disse para mim mesma. No entanto, no mesmo instante em que a caminhonete de Jacob sumiu depois da curva, Nahuel brotou no meio da floresta, todo molhado, feito Renesmee. Estava só de calça e sem camisa. “Não acredito...” ... _ Você tem certeza de que não quer pensar mais um pouco? _ Absoluta. Aliás, hoje, eu tive ainda mais certeza que deveria fazê-lo. _ Nahuel, você sabe que este pode ser um processo irreversível... Eu não tenho certeza do que estamos fazendo. Carlisle podia falar o quanto quisesse, mas eu não ía voltar atrás. Eu tinha consciência das consequências que poderiam surgir se a fórmula não funcionasse, mas hoje, quando eu estava no lago com Renesmee, eu pude ter uma vaga idéia do sofrimento em que ela se encontrava. Mais uma vez eu havia subestimado a ligação que ela tinha com Jacob, seu amor irracional pelo lobisomen. Agora eu compreendia a tristeza sem tamanha que eu exergara nos olhos de Jacob durante o aniversário de Renesmee na casa de Charlie. _ Eu a amo... Eu me deixei apaixonar por ela. Ele sorriu. _ Ela também se apaixonou por você, dá pra ver nos olhos dela. _ Sim, eu sei. Também dá pra ver que o que ela e Jacob sentem um pelo outro é maior do que tudo isso. É muito maior do que eu posso imaginar, do que você pode imaginar. Carlisle andou pelo quarto. _ É... _ Ele tentou dar voltas. _ Eu tenho que admitir que aqueles dois... Cortei-o. _ Eu a amo tanto que quero dar isso a ela. Você entende, não é mesmo? Carlisle fitou-me. _ Eu faria o mesmo. Sequei algumas lágrimas que caíam pelo meu rosto. Era inegável que eu estava com medo. Carlisle me entregou o frasco. _ Pense, reflita, pela última vez. Pense nas conseqüências... Peguei o pequeno tudo de ensaio. “Soro V - Cura - 91%”. _ Eu penso no futuro, na eternidade de sofrimento e desgosto que ela vai encontrar pela frente. _ Mas você também vai sofrer. _ Há muito com o que se distrair por aí... _ Sorri. _ Além do mais, não se pode comparar meu sofrimento com o deles. Devolvi o tudo de ensaio a Carlisle. _ Esse foi o melhor resultado que consegui durante todos esses meses de pesquisa. Eu realmente creio que vá funcionar, as chances são muito grandes. Só se durante todo esse tempo eu tiver seguido um caminho completamente errado... _ Não, vai funcionar. Eu confio em você Carlisle. _ Um último pedido... Pense que isso pode levá-lo à morte. Ainda sim você deseja? Sentei-me na cama e pus-me a explicar-lhe enquanto arregaçava a manga da camisa. _ Eu tenho pensado muito na morte nos últimos tempos. Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos um fim. Até a eternidada um dia acabará para nós, você sabe. Bem... Ultimamente meu único medo é, em meu leito de morte, saber que eu tive a chance de fazer algo por ela e que eu não fiz. _ Está bem. Acho que está claro o suficiente agora. Não importa o que eu diga, nada vai fazê-lo voltar atrás, não é mesmo? _ Ele riu. _ Podemos começar agora? Carlisle assentiu com a cabeça e caminhou em direção à porta. _ Vou pedir para os garotos me ajudarem com os equipamentos. Você gostaria que falar com Renesmee pela última vez? _ Não, absolutamente. Se possível, que ela não saiba de nada hoje. Ela não precisa ter mais um motivo para sofrer, para se culpar. _ Então assim será.


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