For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 24
Capítulo 24 - The Trap


Notas iniciais do capítulo

well well...
não consegui conectar semana passada, sorry... Minha vida está uma loucura.
Vou tentar atualizar diariamente pra compensar durante esses dias.
Bjos!
Deixa um review, vai...



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Cheguei sorrateiramente atrás dele. Queria assustá-lo.

_ Pode sair de trás deste mato. _ Ele disse usando de seu estilo mais engraçado.

_ Ah, como você me achou? Eu não fiz nenhum barulho! _ Me abaixei até o chão e o envolvi com meus braços. Beijei seu rosto inúmeras vezes, mas ele continuou sério, olhando para o nada. Não muito longe de nossos pés o chão terminava, dando lugar a um precipício, que só findava cinqüenta metros abaixo, nas margens do lago crescente. _ Que vista maravilhosa... _ Observei o tom azulado do céu sem nuvens, como raramente tínhamos em Forks.

_ O crepúculo visto daqui é realmente extraordinário. _ Ele comentou ainda sem tirar os olhos do horizonte.

_ Não sabia que você gostava...

Então Nahuel fitou-me.

_ Quando a gente está triste, gosta do pôr-do-sol.

Sorri, embora não fosse o momento certo para esboçar tal reação.

_ Eu li isso num livro...

_ Eu também. _ Ele tentou me acompanhar, em vão.

Nossos olhos se cruzaram e eu me vi através dos olhos dele. Eu conhecia o significado da tristeza no rosto de Nahuel. Ele ainda tinha dúvidas a respeito da minha escolha, mas ela já estava feita e eu em nada me arrependia.

Senti as costas da mão dele acariciar meu rosto. Fechei os olhos, absorvendo o quase escasso calor de seu toque. Depois o abracei e fiquei entre beijos e mordiscadas em seu pescoço.

_ Por que você não acredita em mim? _ Sussurrei.

_ Não é o que os seus olhos me dizem.

Eu ri.

_ Eu vou te provar, você vai ver. _ Puxei o rosto dentre entre minhas mãos. Eu queria que ele ficasse feliz, assim como eu estava. _ Quer ver uma coisa?

Ele me olhou um tanto quanto sem expressão e deixou seu rosto pender levemente para meu lado.

Virei-me de costas para ele e tirei meu suéter, depois tentei tirar minha regata, mas ele não deixou que eu terminasse.

_ Hey! Espera!

Quando olhei para trás, Nahuel procurava por olhos curiosos à nossa volta.

_ Não tem ninguém, relaxa. _ Terminei de tirar a camiseta e puxei todo meu cabelo para frente. _ Olha.

_ Você é doida!? _ Finalmente ele riu. _ Como seus pais deixaram que você fizesse uma tatuagem tão grande?

_ É linda, não é? O que eu mais gosto são os pássaros. Queria poder ser como eles...

_ Sim, é bonita.

Olhei pra ele na intenção de me certificar de que o sorriso dele ainda persistia.

_ É a sua cara.

Senti seus dedos deslizaram pelas minhas costas e esperei que ele terminasse de analisar a tatuagem, mas isso nunca aconteceu. Então senti o mesmo toque percorrer uma linha tênue que ía do meu pescoço ao pulso. A minha velha dor rasgou-me por dentro e inúmeros flashes de imagens congeladas no tempo ofuscaram minha visão. Tentei cobrir-me com o suéter, mas era tarde demais, ele finalmente havia conseguido o que tanto queria.

_ Não é tão ruim assim. Não tanto quanto você disse que eram.

Eu ía responder que o pior eram as lembranças que elas me traziam, mas preferi me calar. Do contrário, Nahuel nunca acreditaria em mim.

Encostei-me em seu peito enquanto ele ajeitava a camiseta novamente em meu corpo. Depois ele me apertou e sussurrou em meu ouvido o que eu mais precisava ouvir naquele instante.

_ Te amo...

Eu apertei insanamente os braços dele contra meu corpo e fiz o possível para não deixar transparecer a dor na minha voz.

_ Mas não me peça para vê-las novamente.

_ Eu não vou, não se você não quiser.

Ficamos ali, naquele abraço, Nahuel com sua tristeza rotineira e eu com minha dor.

_ Vamos para casa, já está tarde...

_ Pensei que você tivesse considerado dormir aqui. _ Ele provocou, tentando animar-me.

Virei-me de frente a ele.

_ Eu ainda não tenho permissão para dormir fora de casa... _ Eu disse, tentadoramente.

As mãos dele me apertaram em seus braços de um jeito que eu gostava.

Ele me beijou astuciosamente e eu retribui. Chegamos a cair no chão...

Eu não sei como, mas escapei de seus braços e saí em disparada no meio da floresta. Eu ainda não estava pronta, ou melhor, a maior parte de mim estava, o desejava, assim como eu via em seus olhos que ele também me queria, mas... Eu ainda tinha uma espécie de medo, medo de algo sem sentido que nem eu sabia o que era. Mas ainda sim eu gostava de provocá-lo, exatamente como eu estava fazendo agora.

Corremos feito dois loucos, nos engalfinhamos um no outro inúmeras vezes; sem parar de correr; nossos lábios ainda davam um jeito de se encontrar. Subi correndo as escadas na varanda e esbarrei de costas na parede. Ele me apertou ainda mais contra a madeira úmida e me beijou intensamente, loucamente, insanamente, eu diria. Ao mesmo tempo em que ele me beijava, minhas mãos puchavam-lhe os grossos fios de cabelo de sua nuca e no instante seguinte, deslizavam libidinosamente pelo seu peito definido. Seu corpo prendia-me contra o dele e suas mãos agarravam-me veementemente pelos ombros. Então elas desceram pelos meus braços e voltaram a subir pela minha cintura, apertanto voluptuosamente meus seios, até chegar novamente em meus ombros. Todo o meu corpo ardeu agradavelmente com aquele último movimento e eu senti como se tivesse, ainda que por alguns míseros instantes, deixado meu corpo e depois voltado a ele. Aquela sensação estava além da realidade.

_ Renesmee, é você?

No susto, paramos imediatamente.

_ Sim, já estou indo. _ Respondi. A voz completamente alterada.

Nahuel soltou meus pulsos e segurou meu rosto em suas mãos.

_ Estou indo rápido demais, não? _ Ele perguntou ofegante.

_ Não, não está! _ Respondi imediatamente.

Nós dois rimos baixinho um do outro.

_ Temos que entrar agora... _ Eu disse, lamentando por Carlisle tem percebido o barulho.

Ele concordou com os ombros, já que não havia mesmo alternativa.

Antes, porém, abracei-o.

_ Eu amo você, não duvide.

_ Também te amo. _ Sua mão, agora quente, segurava meu rosto. _ Você tem que entrar.

Sorri.

_ Eu vou pela janela. Nos vemos lá em cima, mais tarde.

Beijei seu rosto e entrei pela porta da frente.

_ Ahh, é você! _ Carlisle sorriu ao me ver.

Fiquei sem graça. Será que ele tinha visto o que estávamos fazendo na varanda?

_ Eu estava te procurando. Tenho novidades sobre a fórmula que Nahuel trouxe.

Meu coração pulou ao ouvir a notícia. Eu queria voltar atrás, queria muito dizer a ele pra não se preocupar mais com isso, mas Carlisle estava tão animado, tão dedicado à sua pesquisa... Eu tinha pena de que ele estivesse se esforçando tanto por nada.

_ Que bom! _ Sorri forçado. _ Mas não se preocupe Carlisle. Na verdade eu já nem sei se realmente quero mesmo experimentar isso. _ Tentei introduzir o assunto de forma que não ficasse tão rude.

_ Mas... _ Ele me encarou com olhos estranhos. _ Você queria tanto...

_ Queria... _ Confirmei, enfatizando o passado. _ Eu já quis tanta coisa estúpida... Essa foi a mais tola de todas. _ Segurei firme sua mão. _ Você me entende, não é mesmo?

_ Sim, eu compreendo. Nahuel, não é mesmo?

_ Por um lado, sim. Mas também é algo que eu quero fazer por mim. Eu estou cansada de viver, se é que você me entende.

Ele continuou me fitando e sua cabeça balançava vagarosamente, em negação ao que eu havia dito. Eu não compreendi.

_ O que?

Demorou alguns segundos para que ele respondesse.

_ Nada. _ Sorriu largamente. _ Mas eu não vou parar. Eu estou muito perto agora.

Sorri.

_ Tudo bem, mas saiba que eu não pretendo mais usá-la.

_ Eu entendi.

_ Obrigada mesmo assim. _ Abracei-o forte. _ Em breve serei da família, eu enfim decidi.

_ Oh, Ness! Até parece que você já não é o nosso raio de sol. Amamos você, como você é, seja como você escolher ser.

_ Está certo... Eu vou tomar meu banho. Boa noite.

_ Durma bem.

Subi lentamente as escadas até chegar em meu quarto.

...

Tarde da noite, ouvi batidas fracas na parede. Eu já sabia o que era. Corri até lá e bati quatro vezes seguidas, depois fui esperar na porta.

Nahuel entrou feito um furacão e abraçou-me.

_ Onde você estava? Eu bati algumas vezes. _ Perguntei.

_ No laboratório, com Carlisle.

_ Ahh... Ele está obcecado em terminar a fórmula...

_ Também... Você implorou a ele.

_ Mas eu já disse pra ele esquecer. Não é necessário, não mais.

_ Não diga bobagens. _ Ele segurou meus ombros. _ Já está tudo combinado, eu a testarei.

_ O que??? _ Meus olhos queimaram e eu nem tentei conter o choro. Puxei meus ombros para longe dos braços dele. _ Não! Não! _ Nunca o desespero havia tomado cona de mim tão rapidamente.

Ele voltou a me segurar, mas eu esmurrei seu peito, revoltada.

_ Eu não quero! Não quero! _ Já estava quase fora de mim.

...

_ Hey! Shhhh... _ Realmente eu não esperava que ela fosse reagir dessa forma. No entanto, eu ainda não me sentia totalmente seguro. Era como uma espécie de paranóia, como se eu soubesse, o tempo todo, que estava me deixando viver, acreditar em uma mentira.

_ Você não pode me deixar! Não pode! Não agora! _ Ela continuou a dizer em meio aos soluços.

Apertei-a em meus braços. Tive pena de seu sofrimento, pois dessa vez, parecia-me tão real...

_ Está bem... Está bem. _ Sussurrei em seu ouvido.

Arrastei-a até a poltrona e aninhei seu corpo gelado em meus braços.

_ Você disse que seria pra sempre...

_ E é para sempre! _ Reafirmei, num dos inúmeros instantes de loucura em que eu estava constantemente vivendo nos últimos dias. Eu a amava, mais do que qualquer coisa que eu havia amado em toda minha existência. Eu a amava, mais do que a minha própria vida.

_ Mas não pode ser pra sempre se você continuar com essa idéia. Desse jeito tudo acaba... Tudo acaba Nahuel! _ Seus braços finos envolveram meu pescoço e ela voltou a chorar.

Seu cheiro doce entrou pelas minhas narinas, inebriando todo meu corpo, levando-me ainda mais fundo; de onde saiam todos os meus delírios de uma vida eterna ao lado de Renesmee.

_ Está bem... Não chore mais. É só que... _ Eu desejei ser louco para sempre. Eu queria agora, neste exato momento, perder completamente a consciência, afogar-me em meios às maravilhosas alucionações e devaneios que me saltavam à mente a todo instante. Eu queria que não tivesse cura, pois somente o amor dela para mim bastava-me.

_ O que?

Mas eu era vivo demais, consciente demais, sábio demais. Agora eu era o mais mais infeliz de todo o mundo...

_ Desde que eu cheguei, você nunca mais falou com Jacob. Parece... Parece que ainda está com raiva dele...

_ O que você quer? Que nos tornemos os melhores amigos? _ Ela ficou brava.

_ Não. Queria apenas ter certeza que você não sente mais nada por ele.

_ Eu só sinto raiva. Só raiva. Isso basta a você? _ Percebi o tom irônico que ela agora usava.

_ Raiva... _ Entristeceu-me ainda mais oví-la dizendo aquilo, daquela forma, tão ressentida, como se eu tivesse cometido um pecado mortal ao lembrar da existência do lobo Jacob. _ Se sente raiva, é porque se importa.

Coloquei-a em pé sobre o grosso carpete e caminhei em direção à porta.

_ Nunca vai ser suficiente pra você, não é mesmo?

_ Enquanto você sentir qualquer coisa por ele...

...

_ Não vá! _ Corri até onde ele estava e me lancei sobre seu corpo. _ Eu não sei o que fazer! Eu estou cansada de tentar te dizer, de tentar te provar, mas parece que você só acredita em suas próprias conclusões! Por que não me dá uma chance, hein? _ Beijei seu pescoço, seu rosto, sua orelha. Depois sussurrei em seu ouvido. _ Fique comigo essa noite, por favor.

Na verdade eu estava com medo. Ele falava de um jeito... Que fazia até parecer ser verdade, embora eu soubesse que não era.

Então ele me colocou na cama, me cobriu e depois se deitou ao meu lado, onde ficamos por muito tempo, um de frente para o outro, com apenas a grande lua cheia nos observando pela janela. Não falamos mais nada desde que eu implorei para que ele ficasse. Eu podia ver que ele não estava ali obrigado, mas ele estava triste. Senti-me impotente, pois não havia mais nada que eu pudesse fazer.

...

Quase quatro meses haviam se passado desde a chegada de Nahuel. Quatro meses haviam se passado sem Jacob em minha vida. Nunca mais nos falamos e eu nunca mais o tinha visto. Por mim eu nunca mais veria, mas inevitavelmente iríamos nos encontrar no meu jantar de aniversário, na casa do meu avô Charlie.

Todos, sem exceção, partimos para a casa dele assim que a noite chegou. Eu não sei como íamos caber todos lá dentro, mas ele insistiu tanto que tive pena de dizer não. Eu não estava preocupada em encontrar Jacob por lá (eu não duvidava que ele fosse), estava apenas anciosa pelo momento e, às vezes, até queria que chegasse logo a hora. Eu ía vê-lo e eu poderia enfim provar pra Nahuel que nem raiva eu tinha mais dele.

_ Entrem, entrem crianças! _ Charlie não poderia estar mais feliz. _ Vão direto para os fundos, por favor, a Sue me ajudou a montar uma coisa que ela chama de “tenda”, para ficarmos mais a vontade.

_ Só espero que não chova! _ Sue referiu-se ao vento gelado que soprava do norte.

_ Pela minha previsão, teremos apenas neve no próximo fim de semana. _ Carlisle comentou, enquanto atravessava o pequeno corredor que dava para os fundos da casa.

_ Neve? Mas já estamos no início da primavera! _ Comentei.

_ Acredite, eu tenho experiência. _ Ele sorriu.

Era realmente uma tenda, uma grande e branca tenda. No centro dela, uma grande mesa, também coberta com uma toalha branca, já com os devidos talheres e copos espalhados por ela, assim como um grande arranjo de flores, das mais diversas cores e formas.

Num canto, Seth e Ângela anceram assim que nos viram adentrar a tenda. Imediatamente, Jacob virou para trás, fitando-nos.

_ Ness, parabéns querida! _ Charlie cortou meus pensamentos com um abraço e em seguida veio Sue. Eles botaram um pacote pesado em minhas mãos. _ Foi Sue quem escolheu, você sabe, eu nunca soube ao certo o que comprar para mulheres.

Eu abri o pacote mecanicamente, mais preocupada em perceber minhas emoções do que o presente propriamente dito. Por incrível que pareça, meu coração não pulou, minhas pernas não bambearam, nem o ar me faltou. Era apenas um garoto, era apenas Jacob. Definitivamente, nada é o que eu sentia por ele. Sem dor, sem lembraças, sem raiva. Estava tudo acabado, morto e enterrado.

_ Livros! Adoro livros, obrigada! _ Abracei-os novamente, sempre com um canto dos olhos colados em Jacob. Era quase como uma espécie de auto-teste, eu queria ver até onde eu podia agüentar.

No instante seguinte; no momento em que eu vi Leah adentrar o ambiente, foi aí que tudo veio à tona. Seu corpo estava lindo, sua barriga ligeiramente crescida sob o vestido largo era quase como imã para meus olhos. Então a dor amargou um pouco... Na verdade, acho que foi só um pouco de inveja, pois eu sabia que jamais poderia ser mãe.

_ Renesmee.

_ Sim. _ Somente a voz de Jacob me fez acordar do transe em que eu me encontrava.

Ele me entregou uma caixa grande.

_ Oh, não precisava Jacob.

_ Você merece mais, muito mais... _ Ele disse, mas sem olhar em meus olhos.

Senti as mãos frias de Nahuel sob o meu ombro.

_ Ah, você se lembra de Nahuel?

_ Sim. Também devo pedir desculpas por aquele dia na floresta. Foi totalmente inadequado e desnecessário. _ Jacob parecia estar extremamente envergonhado.

_ Não fique preocupado. _ Ele sorriu amarelo.

_ Você se lembra de Leah, não é mesmo? _ Jacob olhou para ela, que andou sensualmente até onde estávamos. Eu me sentia mal perto dela... Muito mal.

_ Sim, eu me lembro.

Leah apenas sorriu.

_ Ela cresceu... _ Não me contive e comentei, fitando a barriga dela.

_ Quase cinco meses... _ Ela sorriu vitoriosa.

_ Vamos, abra. _ Jacob lembrou-me que eu segurava o pacote.

Nahuel segurou a caixa e eu puxei a tampa. Lá dentro, retirei o papel manteiga e depois aquela peça estranha, mas extremanete bonita. Era uma espécie de mandala, num tom dourado envelhecido com várias contas e penas beges e marrons penduradas. Eu não sabia o que dizer... Não queria ser indelicada, mas eu não entendia o que era.

_ Eu te disse que ela não ía gostar. Renesmee não é dessas coisas. Antes tivesse dado uma bolsa ou sapato. _ Leah cutucou Jacob.

Dava pra ver nos olhos de Jacob sua frustração crescer ainda mais.

_ Não, eu gostei! _ Sorri, tentando amenizar o mal estar que havia surgido ali. _ O que é Jake?

Imediamente, Leah começou a bufar e depois, andou furiosa pra dentro de casa. Percebi o erro. Eu jamais devia tê-lo chamado de Jake. Que droga!

_ Tudo bem... É um apanhador de sonhos. Mas Leah tem razão, eu devia ter te comprado outra coisa, algo que fizesse sentido.

_ Não! Que legal! Eu já ouvi falar sobre esse tal apanhador de sonhos. Me explica mais sobre ele.

_ É só uma lenda boba... _ Ele comentou chateado. Jacob estava diferente, era visível. Mais magro, rosto abatido, olhos tristes, cabisbaixo. Por um instante, senti-me miserável por estar tão feliz, e ele naquele estado, mergulhado numa espécie de angústia sem fim. Ele não era mais como o “meu Jacob”. _ Você pendura na janela do quarto, bem perto da sua cama. Os antigos quileutes diziam que os sonhos bons que você tiver vão até o apanhador e depois ele os manda de volta pra você. Já os sonhos ruins ficam presos nessa teia e quando os prinmeiros raios de sol do alvorecer tocam a mandala, eles são destruídos.

_ Puxa... Vou colocar na minha janela então. _ Sorri. _ Não é mesmo Nahuel? _ Olhei ao meu lado e ele já não estava lá. Aliás, estávamos sozinhos na tenda. Que ótimo...

_ Eu queria aproveitar e te entregar isso. _ Jacbo tirou do bolso um pequeno cartão. _ Por favor, não entenda como provocação nem nada. Só me deixaria menos culpado se vocês todos fossem, inclusive você. E feliz, é claro. _ Ele forçou a última frase, junto com um sorriso nada sincero.

Peguei o evelope cor de pêssego e o abri, enquanto Jacob continuava falando.

“Leah Clearwater & Jacob Black convidam para seu matrimônio, que será realizado no dia 28 de Março, às 16 horas, na reserva Quileute de Forks...”

Jacob não me deixava terminar de ler de tanto que ele falava.

_ Resolvemos cancelar aquele coisa toda de festa... Será algo pequeno, somente para a família e os amigos mais chegados da reserva. Eu ficaria honrado se vocês todos fossem.

Ou eu estava muito bem com a notícia, ou realmente muito mal, pois não me sentia nenhum pouco afetada. Não era novidade que o casamento realmente sairia, pois Seth e Ângela me contavam sobre tudo, mas eu só não esperava que fosse assim tão rápido, já na próxima semana.

Sorri.

_ Vou fazer o possível. Aliás, você acha que se Nahuel...

_ Claro que sim, Ness! Ele é muito bem-vindo. Vocês estão juntos agora, não é mesmo?

Apenas afirmei com a cabeça e então, subtamente, Jacob cobriu os olhos com as mãos.

_ O que foi??

Quando ele tirou, percebi que estavam molhados. Meu coração apertou. O que é que tinha acontecido com Jacob, “meu Jacob”?

_ Você sabe que eu queria que isso tudo fosse com você...

Meu coração foi a mil. Eu queria abraçá-lo, dizer que tudo ficaria bem, que ele estava fazendo a coisa certa, mas eu sabia que não devia, que não era mais adequado sequer tocá-lo.

_ Não estrague tudo Jacob. Foi tão difícil me reerguer.

_ Eu nunca conseguirei te esquecer...

_ Por favor... _ Eu disse entre os dentes.

Jacob terminou de secar as lágrimas.

_ Tudo bem, desculpe, eu nem sei direito o que eu estou dizendo. Vamos entrar, Leah e seu namorado devem estar nos esperando.

_ Tem razão.

...

Saltei da cama assim que Jacob e minha mãe fecharam a porta. Enquanto eu estivesse grávida, conseguiria tudo o que eu quisesse, bem mais fácil. No meio do aniversário de Renesmee, inventei um enjôo bobo seguido de um surto de sono. Foi o suficiente para que os dois me ecompanhassem até meu quarto e me pusessem na cama.

Só havia um jeito de eu acabar com essa historinha patética de Jacob e Renesmee e eu ía fazê-lo, custe o que custar.

Abri a janela e devagar consegui segurar num galho da árvore. Desci agarrada à ela e em poucos segundos eu já estava no chão. Embrenhei-me na floresta e quando já estava bem longe de casa, tirei minhas roupas e guardei-as penduradas em um tronco de árvore.

Agora eu era um lobo correndo freneticamente pela floresta verde e úmida. Não demorou muito para que eu chegasse na casa dos Cullen. As luzes apagadas faziam o grande sobrado branco parecer ainda maior. Ali mesmo no gramado eu me transformei de volta, pois não queria deixar rastro da minha passagem por ali. Complemente nua, corri até os fundos. Como já era de se esperar, a porta estava aberta.

Fui direto para meu alvo: o laboratório de Carlisle. Pela conversa que tinha ouvido entre Renesmee e Seth pelo telefone, Carlisle estava pretes a terminar a maldita fórmula, capaz de transformar a meia-vampira em uma humana de verdade, embora eu também tivesse escutado sobre o seu namoro ridículo com o igualmente meio-vampiro Nahuel e o fato de ela ter dessitido dessa loucura. Eu não era burra feito Seth e Jacob a ponto de acreditar nessa baboseira toda...

Eu sabia que o vampiro chefe era perfeccionista e organizado, então não foi nada difícil encontrar o que eu procurava. Num canto do pequeno laboratório, vários tudos de ensaio etiquetados estavam de pé sob um suporte. As etiquetas continham datas e um nome estranho. Parece que Carlisle havia chamado aquilo de “soro V”. Talvez fosse “soro da vida”. Que ridículo! Embaixo do nome, que eram iguais para todos os tubos, havia uma espécie de classificação “cura – 95%”, “cura – 60%” e assim por diante. Os resultados variavam de acordo com a data de classificação dos soros e dava para ver que quanto mais recente, a cura tornava-se cada vez mais favorável.

Avancei para o tubo com o resultado mais desfavorável possível: “Cura – 8%”. Ali estava a minha arma. Peguei uma etiqueta em cima da mesa e colei em cima da que estava no tubo. Escrevi “soro V”, coloquei uma data qualquer da semana passada e o mais importante: “Cura – 98%”.

Certifiquei-me de não tinha mexido mais em nada da sala, porém, antes de sair, uma outra idéia me veio à mente. Eu não podia deixar o tal Nahuel conseguir tornar-se humano, pois desta forma, seria muito fácil Renesmee também conseguir. Embora eu tivesse a intenção de matá-la... Sim, era esse meu propósito, eu tinha que deixá-la sedenta pelo que eu tinha em minhas mãos.

Voltei aos tubos de ensaio e troquei as etiquetas de dois tubos: um de “Cura – 91%” e outro de “Cura – 15%”. Certamente Carlisle usaria o tubo com a melhor probabilidade para testar no meio-vampiro. Se eu tivesse muita sorte, talvez ele também morreria.


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