For Evermore escrita por MelanieStryder


Capítulo 14
Capítulo 14 - What Happen in Vegas, Stays in Vegas




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O sol estava quase rompendo quando chegamos em Forks. Ângela desceu do carro sem falar comigo e Seth foi atrás dela.

Através do vidro embaçado vi os dois discutindo enquanto os primeiros raios de sol atingiam seus rostos nervosos e preocupados. Eu estava tão zonza, de modo que não podia ouvir o que eles estavam dizendo. Percebi que Ângela chorava e gesticulava muito, apontando para o carro (certamente para mim) algumas vezes e então, Seth a abraçou.

...

Abri os olhos e pela primeira vez naquele dia, senti que estava consciente; sóbria. Eu nunca tive uma dor de cabeça tão horrível quanto aquela, que martelava mais e mais a cada movimento do meu corpo. Lembrei-me da noite passada e o medo tomou conta de mim. Abri os olhos assustada e me dei conta que estava numa clareira, no meio da floresta, com Seth sentado em uma pedra bem em minha frente, com uma garrafa térmica nas mãos.

_ Seth, o que aconteceu? _ Levantei-me, mas voltei a cair no chão, não sei se de tontura ou de tanta dor de cabeça ao lembrar da atrocidade que eu tinha cometido. _ Seth, me diz que eu não fiz aquilo... _ Solucei alto enquanto arrancava com todas as minhas forças, grama e terra do chão úmido. Sentia-me completamente consumida pela revolta.

Escutei e respiração profunda de pesar proferida por Seth.

_ Fez... Infelizmente fez...

Senti o gosto do sangue humano voltar em minha boca. O gosto do crime, o gosto do assassinato, o gosto da vergonha, vegonha, vergonha.

Rastejei até um tronco de árvore caído, que estava coberto por uma vegetação rasteira e botei tudo para fora. Eu arrancaria meu estômago de dentro de mim se fosse necessário, mas eu ía me livrar de tudo aquilo, eu tinha que me libertar.

Só consegui me acalmar quando senti a mão quente de Seth em meu ombro.

_ Hey Ness... Fica calma... Se acalma para a gente conversar.

Passei a manga da camisa branca na boca enquanto Seth me tirava dali e me encostava na pedra.

_ Toma, bebe isso. _ Ele me entregou a pequena garrafa térmica, abriu e um vapor quente e mal cheiroso saiu de dentro.

_ O que é? _ Eu murmurei, quase sem forças.

_ Café.

Eu ía abrir a boca para reclamar, mas hoje eu não tinha direito algum de fazê-lo. Se Seth queria que eu bebesse aquilo, certamente, alguma boa razão haveria de ter e então eu ía fazê-lo. Fechei os olhos e engoli vários goles. Em seguida tapei a boca impedindo que o líquido negro voltasse, tamanho era o nojo que eu tinha de bebê-lo. Enquanto sentia as lágrimas grossas e quentes escorrerem pelo meu rosto, desejei profundamente estar bebendo veneno; algo que me matasse em poucos segudos.

Percebi um carro se aproximando de nós pela trilha. Ângela saiu de dentro dele e começou a caminhar em nossa direção.

Encolhi-me e abaixei a cabeça entre meus joelhos. Eu nunca mais olharia para ela.

_ Como você está? _ Escutei a voz dela no ar. Não respondi, imaginando que a pergunta tivesse sido dirigida à Seth. _ Hein? Renesmee?

_ Queria estar morta agora... _ Murmurei entre os soluços.

_ Já deu na TV. O rapaz está internado, vai recebr algumas bolsas de sangue, mas está bem.

_ Eu sou um monstro! Pior que vampiro, pior que lobisomen. Eu sou definitivamente um monstro!

Percebi Ângela se abaixando e senti quando ela tocou meu ombro, mas Seth tirou as mãos dela de mim.

_ Seth! _ Ângela pareceu-me revoltada com ele.

_ Ele tem razão. Melhor você ficar longe de mim Ângela. Não é seguro estar perto de mim.

_ O que é isso Renesmee! Isso tudo só aconteceu porque você bebeu. Se não tivesse, nada teria acontecido. Você não fez por mal. E Seth, se é isso o que você pensa sobre ela, então é melhor nós terminarmos por aqui, já que você representa um perigo para mim.

_ Angie, eu só... _ Seth tentou argumentar.

Ângela se levantou.

_ É isso Seth. É tudo ou nada.

_ Desculpe...

Então Ângela se abaixou novamente.

_ Ness, bebe esse resto de café, vai te fazer bem, vai tirar o álcool do seu corpo. _ Ele me ofereceu a  garrafa novamente, mas eu não podia olhá-la nos olhos, não podia!

Senti a mão quente de Seth em meu queixo, puxando meu rosto pra cima. Olhei de relance nos ollhos dos dois.

_ Oh Ness... _ Ângela me abraçou e Seth nos abraçou enquanto eu chorava rios de lágrimas sem fim. _ Nós vamos fazer como Mike disse _ Ela e Seth seguraram minhas mãos. _ O que aconteceu na Vegas, fica na Vegas.

_ Mas... Mas e meus pais, minha família? Vai aparecer no jornal e...

_ Ninguém precisa saber que foi você Nessie, ninguém. _ Seth disse. _ Mas você precisa prometer que nunca mais irá beber. Você viu como você ficou fora de sim... Promete?

_ Prometo...

Eu ainda não estava totalmente convecida de que aquilo iria dar certo, mas se Seth e Ângela estavam dizendo, talvez desse mesmo. Além do mais, se todos ficassem sabendo eu seria a vergonha da minha família. Nem Jasper nunca fez isso, nem ele que já matou tanta gente no passado...

Passamos o resto do dia na floresta juntos, até que o álcool saísse completamente do meu sistema e eu pudesse voltar para casa...

...

Conforme combinamos, nunca mais tocamos no assunto de Vegas. O rapaz que havia sido hospitalizado já estava quase para receber auta do hospital, inventamos algumas desculpas para Mike, Rian e Jess, enfim...  Tudo parecia ter voltado ao normal.

...

Alguns dias depois, Jacob voltou a insistir no tal jantar. Dessa vez eu não tinha nenhum compromisso com Rian, então resolvi aceitar. Eu disse a ele que iria na casa no Charlie, para que eu não ficasse com ciúmes ou imaginasse bobagens.

_ E como é que eu devo ir vestida? _ Perguntei a Jacob pelo celular, com Alice na minha cola, dentro do meu closet.

“Não sei Ness, que pergunta! Vai de qualquer jeito que está bom.”

_ Nem pensar! Eu preciso pelo menos saber que estilo é esse tal restaurante, não quero dar vechame.

“Eu não sei, eu também nunca fui. Se chama Barô Bistrô, tem um site na internet. Dá uma olhada lá...”

_ Está bem, vou fazer isso. _ Desliguei, já bufando. Homem não está nem aí para essas coisas, dá uma raiva!

_ E aí? Como você dev ir? _ Alice me perguntou. Eu puxei-a pela mão de volta para o meu quarto.

_ Vem, vamos procurar na Internet.

Chegando lá, minha mãe estava usando o computador. Talvez fosse um bom momento para contar a ela, afinal, Jacob viria me buscar à noite e eu tinha que dizer onde ia.

_ Mãe?

_ Já vou sair... Só quero achar uma coisa... _ Ela continuou, sem olhar para mim.

_ Alice está me ajudando a me arrumar. Vou sair hoje à noite... _ Tentei iniciar a conversa.

_ Você realmente gosta da turma no Mike Newton, hein? _ Ela olhou para mim e sorriu. _ Impressionante.

Eu ri nervosamente.

_ Gosto, mas não é com eles que eu vou. É com o Jacob.

Ela parou de teclar e olhou para mim, séria.

_ Jacob? Jacob Black?

_ É... Eu sei que você vai achar estranho, mas... Nós fizemos as pazes. Mãe eu não quero ficar brigada com ele, nem ele comigo, então...

_ Mas Ness... Você acha que vai dar certo ser amiga de quem você ama? Acha isso possível? Por que oras, não venha me dizer que você não gosta mais dele.

_ Eu gosto, eu admito. Mas eu gosto de estar perto dele...

_ Renesmee... _ Ela me olhou com olhos de reprovação. _ Você vai sofrer com isso... E Leah, o que ela acha disso tudo?

_ Ela não sabe. _ Falei baixo. Era realmente vergonhoso aquilo.

_ Bom... Você já sabe qual minha opnião. Cuidado, você está entrando no jogo de Jacob. _ Então ela se levantou e saiu do quarto, sem dizer mais nada. Eu desabei na cadeira do computador.

_ Alice, por que todo mundo tem que complicar as coisas tanto assim?

_ Acho que não é complicar... Ela só está preocupada com você, é isso. Eu no lugar dela também estaria.

Fiquei olhando para a expressão séria de Alice. Ela raramente tinha aquela expressão.

_ Vem, vamos achar o restaurante. _ Digitei no Google o nome do local e rapiamente achei o site. _ Alice, olha isso!

_ Nossa... Jacob, hein? _ Ela riu. _ Vamos começar a te arrumar agora! _ Alice me puxou da cadeira e corremos de volta ao closet.

...

Tirei a chave da ignição e bufei. Eu faria qualquer coisa para não ter que entrar naquele casarão novamente, mas... Se eu queria a amizade de Renesmee de volta, eu ía ter que fazê-lo.

Ajeitei o cabelo no espelho antes de sair da caminhonete, então pulei para fora. Alinhei-me em meu blaser e ajustei a gravata que estava quase me enforcando. Arranquei-a e abri o botão da camisa branca, que estava igualmente me entrangulando. Uma brisa gelada passou pelo meu rosto.

_ Nada mal Jacob... _ Bella disse, encostada no capô da caminhonete.

_ Oi Bella.

Ela parecia adorar me pegar de surpresa.

_ Já pode começar a explicar Jake. _ Ela foi sarcártica, mesmo atrás daquele sorriso de anjo.

Antes que eu pudesse responder, Edward apareceu do lado dela.

_ Cachorro.

Edward estendeu a mão para mim sorrindo e eu aceitei.

_ Edward. Vim busca Renesmee. Ela deve ter contado para vocês.

_ Não contou. _ Ele disse sério. Depois sorriu. _ Mas não precisa contar, eu sei.

Eu não estava conseguindo entendê-lo. Aquele tom de sua voz... Uma felicidade estranha por trás dele.

_ Entre, ela está te esperando. _ Ele convidou-me.

_ Edward! _ Bella o repreendeu.

_ Ela não é mais uma criança Bella. _ Edward segurou o braço dela e depois olhou para mim. _ Ela sabe onde está se metendo.

Engoli seco. Percebi então que Edward estava me dando um voto de confiança.

Bella soltou seu braço da mão de Edward e entrou em casa pisando fundo e bantendo a porta atrás dela.

_ Mulheres... _ Ele sorriu pra mim.

_ Obrigado.

_ Jacob, só uma coisa.

Eu o interrompi.

_ Eu sei, eu sei. É a sua filha, eu sei. Vou cuidar dela.

_ Não era isso o que eu ía dizer.

_ Então o que era? _ Perguntei curioso.

_ Ía dizer para você só fazer o que o seu coração mandar.

Aquele velho tijolo voltou à minha garganta. O que Edward estava pretendendo com aquela conversa estranha?

_ Algo mais?

_ E não haja como se você tivesse 15 anos... _

Nós sorrimos um para o outro.

_ Você está na minha cabeça agora, não é sanguessuga?

Ele entortou os lábios, como costumava fazer.

_ Bem no meio da confusão toda.

Estranhei.

_ Não há confusão alguma. Do que você está falando?

Ele riu.

_ Renesmee está te esperando. _ Saiu andando depressa em direção à varanda da casa, e eu atrás dele, não entendendo nada daquela história de “confusão”.

_ Hey, espera! Do que você está falando Edward? _ Corri  em vão, pois ele era mais rápido que eu.

Antes que eu percebesse, já estava dentro da casa. Meus pés pareciam ter se enterrado diante da escada, que trazia uma das visões mais belas que eu já tinha presenciado. Pela segunda vez em toda minha vida, senti-me completamente fora de mim quando a vi, descendo graciosamente cada degrau. Ela tinha os mesmos olhos quentes e intensos que eu vislumbrei há sete anos atrás. Seu cabelo acobreado graciosamente solto e encarocolado emoldurava o rosto magistral e delicado daquela linda mulher.

Sentia como se estivesse fora do meu corpo, flutuando naquele pequeno espaço onde só existiam Renesmee, eu e meu coração batendo descompassadamente, loucamente, prestes a saltar para fora do meu peito.

Finalmente encontrei o que eu procurava quando decidi voltar para La Push e que eu não havia encontrado até agora. Senti-me como eu era antes, como se nada tivesse mudado, desde o primeiro dia que eu a vi, nos braços da vampira loira. Sentia-me pleno, sentia-me eu mesmo. Eu tinha me encontrado de novo.

De repente, como se acordasse de um transe, visualizei Bella encostada embaixo da escada. Ela balançava a cabeça negativamente.

_ Cachorro... _ Bella murmurou cinicamente e sumiu cozinha adentro.

_ Jacob, você está bem?

Senti a mão fria de Renesmee tocar a minha e retirei minha mão bruscamente. Não sei por que fiz isso... Ela me olhou chateada.

_ Hey Ness... _ Segurei as duas mãos dela, pois não era minha intensão ser rude.

Renesmee sorriu arrebatadoramente.

_ Você está... _ Arranhei a garganta. _ Está linda.

_ Eu achei o Barô Bistrô na internet. É muito chick. Olha para você Jake!

Sorri.

_ Não consegui ficar com a gravata. Aquilo lá aperta demais o meu pescoço... _ Nós rimos. _ Se importa?

_ Não, você está lindo assim, todo social. _ Ela riu e isso me incomodou. Percebi um certo rubor no rosto dela assim que ela me elogiou, assim como o sangue subir pelo meu próprio rosto. Senti as pernas bambearem novamente. Eu devia ser um idiota mesmo. Por que é que estava assim?

_ Vamos? _ Melhor acabar logo com aquilo. Eu não agüentava mais Edward invadindo a minha cabeça naquela noite. Se eu deslizasse...

Inevitavelmente olhei para debaixo do sobre-tudo que ela vestia, mas não dava para ver muita coisa. Era só um vestido preto que eu podia ver somente pelo comprimento.

_ Tchau. Juízo para vocês dois. _ Ele deu uma risadinha cínica para mim e depois saiu da sala. Inferno! Com certeza ele tinha me pegado olhando pra ela.

_ Você parece meio nervoso... O que é?

_ Seu pai me deixa nervoso...

_ Imagino...00

_ Não! Você não tem idéia! Eu vejo nos olhos dele o que eu estou pensando. Sorte a sua... _ Abri a porta pra ela.

_ E o que você estava pensando que te deixou tão nervoso assim? _ Ela riu maroto.

_ De jeito nenhum! _ Entrei no carro e ela continuava com aquele sorriso no rosto. Não vou falar isso para ela!

Fingi que não era comigo e fui dar a partida, mas ela segurou minha mão.

_ Nós vamos para esse jantar, mas sob uma condição.

_ Sabia! _ Bati no volante. Eu sabia que eu já tinha visto aquele sorriso chantageador em algum lugar. _ Não começa Renesmee... _ Eu não conseguia segurar o riso. Estava me sentindo um idota e ainda sim não conseguia segurar o riso.

_ Eu não estou começando nada! _ Ela arrancou a chave da minha mão.

_ Vai lá... Qual a condição?

_ Essa noite falamos somente a verdade um para o outro. A verdade, nua e crua, doa a quem doer. _ Ela propôs. Confesso que fiquei meio atordoado quando ouvi aquilo, mas... Se estávamos tentando veavivar nossa amizade, nada melhor que sinceridade um com o outro. Mas ainda sim... Me incomodava aquela condição. Eu já podia imaginar as perguntas dela e wow... Algumas verdades eu não queria dizer, eu não queria magoá-la. Na realidade eu queria privá-la de algumas coisas.

_ Ou?

_ Ou eu dirijo até Port Angeles.

_ O que? Não mesmo! _ Arranquei a chave das mãos dela e dei a partida, ignorando-a. Quando ía arrancar, ela abriu a porta e desceu.

Senti meu corpo tremer e aquele arrepio característico subiu pela minha espinha. Foi por pouco que eu não me transformei dentro do carro.

Desci.

_ Entra no carro, por favor. _ Ele me pediu, já bem irritado. Eu podia ver a mão dele tremendo. Ele ía rasgar o blaser e a calça a qualquer momento.

_ Nós temos um jantar Jacob, controle-se!

_ Eu estou muito bem controlado. Só entra no carro. _ Ele foi seco.

_ Você acha que eu vou sair com você, já sabendo que você não vai ser completamente sincero comigo? Jacob, que amizade é essa que você procura?

_ Ness... _ Ele bufou e então começou a dizer pausadamente. _ Eu só acho que seja desnecessário algumas coisas... _ Dava para ver o esforço dele em procurar cada palavra.

_ Jacob, eu não sou uma rosa indefesa dentro de uma redoma de vidro. Eu posso agüentar, eu agüento!

_ Eu não quero que você tenha que agüentar! Será que dá para você entender isso? _ Ele disse alto.

_ Então morra Jacob! Morra! Por que só assim para eu me obrigar a tirar você de dentro me mim! _ Gritei, já me descontrolando. Se arrependimento matasse, eu já estaria morta e enterrada por ter dito isso a ele. Eu sempre dizia além do necessário, eu sempre mostrava o que eu estava sentindo, o que eu tinha na cabeça e droga... Não precisava ser tão explícito quando já era.

Jacob entrou no lado do passageiro e me jogou as chaves no chão.

_ Droga Jacob! Por que é que tem que ser assim? _ Peguei as chaves do chão e sentei-me no banco do motorista.

Passamos os próximos trinta minutos em silêncio total e aquilo estava me deixando louca. Jacob estava completamente emburrado e eu estava muito, mas muito brava com a atitudade dele. A gente tinha essa coisa de viver nesse drama. Parece que tudo tinha que ser exagerado entre nós e que nunca íamos nos dar bem. Por quê? Por que ele fazia as coisas ficarem tão mais difíceis? Por que ele tinha que me procurar de novo, me levar para a praia, implorar pela minha amizade? E agora ele queria mentir para mim... Mas uma coisa que eu não entendia no Jacob.

Enraivecida, enterrei o pé no acelerador e o carro respondeu. Senti Jacob me encarando, mas ele não disse nada, então eu apenas fingi que não tinha percebido.

Pelo menos ser um meio-vampiro tinha suas vantagens. Meu sentido de percepção de tudo à minha vida era extremamente aguçado e aliado à minha visão noturna privilegiada, era muito tranqüilo para mim dirigir em altas velocidades.

_ Será que dá para ir mais devagar? _ Ele falou bravo.

_ Não dá. Ainda não chegamos nos 150km/h.

_ Pra que isso agora?

Continuei enterrando o pé no acelerador, já judiando do carro. A cada curva, a caminhonete cantava os pneus e eu percebia que Jacob se agarrava desconfortavelmente no banco.

_ Eu tenho a impressão que você não vai ser sincero comigo.

_ Eu não te dei as chaves? Você só pode estar maluca!

_ Eu vejo a mentira em seus olhos Jacob Black. Eu quero ver você jurar.

Ele não respondeu. Típico!

_ Você já pensou se eu bato o carro agora e morro? Será que você não vai ficar com remorso por ter me matado a custas de algumas verdades?

_ Você está louca, é isso! Completamente louca!

Acelerei, já passando dos 150.

_ Pára com isso agora! _ Ele gritou.

_ Jura primeiro Jacob! _ Eu também gritei. Ele ía ter que aprender na marra que eu não era um lobo da sua alcatéia, que ele dava as ordens e eu obedecia. Comigo não seria assim.

Estávamos numa estrada reta, numa longa descida. Ao longe, percebi um caminhão. Mudei de pista e comecei a andar na contramão, ficando bem a frente do caminhão.

_ Sai daí! _ Ele tentou me roubar o volante, mas eu o empurrei. O carro sacodiu e eu quase perdi o controle.

_ Jure primeiro!

_ Deixa de ser besta!

_ Eu não estou brincando Jacob.

O caminhão já estava extremamente próximo e eu não saí da frente. É claro que eu sairia quando estivéssemos quase em cima, eu não queria matá-lo, mas eu queria sim assustá-lo, testá-lo, para ver até que ponto ele estava desejando verdadeiramente a minha amizade.

_ Jacob, você tem 10 segundos. _ Apertei o volante entre minhas mãos e continuei acelerando. A essa altura, o caminhão já buzinava. Meu coração ía sair pela boca a qualquer momento, mas eu sabia que se desviasse cerca de três segundos antes do impacto, nada aconteceria com a gente.

_ Está bem, eu juro! _ Ele gritou, enquanto pulou para cima de mim, tomando conta do volante e em seguida, puxou com força o freio de mão. Entramos no acostamento à esquerda e derrapamos várias vezes num descampado cheio de mato rasteiro. Imediamtamente o caminhão cruzou a pista e por pouco não nos atingiu.

Jacob saiu do carro furioso.

_ Puta merda! Você é louca! Louca! _ Ele gritava, andando de um lado pro outro, totalmente descontrolado.

Eu consegui abrir a minha porta e sair, ainda que bastante tonta, pois eu tinha batido minha cabeça no vidro, já que estava sem cinto de segurança.

Segurei meus joelhos enquanto tomava fôlego e realizava que tínhamos acabado de escapar da morte. Olhei para o lado e vi Renesmee cambaleando para fora da caminhonete. Não pensei duas vezes e corri até ela. De repente toda a raiva que eu estava sentindo desapareceu, dando lugar ao medo por ela ter se ferido. Medo... Não, não era medo, era pior! Era culpa...

_ Ness, você está bem? _ Segurei-a, enquanto ela pressionava a cabeça.

_ Só estou meio tonta... Bati a cabeça no vidro.

_ Claro, você estava sem cinto! _ O sangue me ferveu nas veias novamente, ao relembrar o que tinha acabado de acontecer.

_ Estava tudo sob controle Jacob! Se você não tivesse pegado o volante, não teríamos quase morrido os dois.

O que? Ela só podia estar brincando! Agora eu estava mesmo começando a ficar com raiva dela.

_ Garota estúpida! Você está tentando imitar as loucuras da sua mãe, só pode!

_ Me solta seu grosso! _ Ela gritou com ódio nos olhos. _ E fique sabendo que ao contrário da minha mãe, eu não estou procurando morrer de uma forma estúpida. Além do mais, se minha mãe tivesse morrido, meu pai voltaria para acertar as contas com você Jacob Black, porque ele a deixou para que ela ficasse com você!

_ Mentira, ele a abandonou! _ De onde ela tinha tirado aquilo? Eu me lembro como se fosse hoje quando o sanguessuga a largou no meio da floresta.

Andei até ela, mas Renesmee começou a correr. Dessa vez foi fácil pegá-la.

_ Nunca mais faça isso! _ Apertei os braços de Renesmee, assim como todo o corpo dela contra mim.

_ Será que você não vê Jacob? _ Ela tentava se soltar a todo o momento, mas eu não ía deixá-la correr de novo. _ Por algumas verdades, eu quase tive que morrer, para você jurar que ía me contar, mas mesmo assim eu não sei ainda se você vai me contar.

_ Eu sei, eu fui estúpido! Isso não vai acontecer de novo. Vamos ser sinceros um com o outro, eu prometo. _ Abracei-a apertado, mas ela continuava querendo se livrar de mim.

_ Está bem, acho que eu acredito em você. Mas Jacob, temos um acordo e você está me abraçando, percebe?

_ Dane-se o acordo! Estou saindo fora do acordo agora. _ Sorri com ela em meus braços. Graças a Deus nada tinha acontecido, ela ainda estava viva. _

Então ela deixou de tentar escapar do meu abraço e nós ficamos por alguns instantes em silêncio com nossos corpos colados um no outro. Afaguei o cabelo quase ruivo que ela tinha e senti o galo em sua testa, devido à batida no vidro.

_ Olha aqui o galinho... _ Massageie-o e ela riu baixinho.

_ Ness...

_ O que?

Ela olhou pra mim e por alguns instantes eu me perdi na intensidade de seus olhos castanhos. Eu devo ter perdido os sentidos, a noção de tudo, porque pelo que eu diria em seguida... Onde é que eu estava com a cabeça para dizer uma coisa daquelas a ela?

Segurei o rosto delicado e frio dela em minhas mãos.

_ A diferença entre você e Bella é que se eu tivesse deixado que algo pior e irreversível acontecesse com ela, com certeza Edward voltaria para acertar as contas comigo, porque ao contrário do que você disse, ele a abandonou para que Bella escolhesse um novo caminho e mesmo sem ele por perto, ela não me escolheu, ela quis morrer para não ter que viver com a sombra de Edward na vida dela.

_ Mas...

_ Shhh. Deixa eu terminar... Agora você Renesmee... Se algo acontece com você, se você morre... _ Inspirei profundamente. Eu não gostava nem de pensar naquilo.

_ O que? _ Murmurei enquanto olhava fixamente para os olhos dele. Queria ouvir logo, antes do meu coração me matar de tão acelerado que estava. As mãos quentes dele no meu rosto faziam-me esquecer que o resto do mundo existia, faziam com que desejos proibidos; tão proibidos quanto beber sangue humano; saltassem aos meus olhos. Eu só queria um beijo dele agora... Estávamos tão perto um do outro como nunca estivemos antes e era fácil sentir o calor irradiando de seu rosto, seu hálito entorpecente que me convidava para encontrar os seus lábios. Mas eu não podia...

_ Se você... Se você morre Renesmee, eu teria que morrer junto com você, pois não há alternativa de vida para mim onde você não existe. Entendeu?

Eu já sentia meus olhos marejados. Queria ser capaz de compreender como é que se diz uma coisa assim para alguém sem dizer que ama? Qual era o significado daquilo? Era demais para mim tentar decifrá-lo...

_ Não é muito fácil para mim entender isso... _ Murmurei, tentando esconder o choro.

_ Eu gosto muito de você Ness, muito.

_ E eu amo você. _ Abracei-o para que ele não visse minhas lágrimas.

_ Por isso eu não queria te contar... Tudo.

_ Mas se você me contar, podemos transformar isso numa bela amizade. _ Olhei pra ele.

_ Oh Ness, não chora... _ Ele sencou minhas lágrimas. Mal sabia ele que eu tinha uma ferida muito maior agora dentro de mim.

_ Eu vou superar Jake, você vai ver. E se você me ajudar... Você me ajuda? _ Solucei.

_ Eu não sei se eu sou a melhor pessoal para te ajudar com isso, mas... _ Eu enconstei minha testa na dele e lembrei de quando era criança.

 _ Você é, não tenha dúvida. Acho que eu não consigo sem você.

Voltei a enlaçar meus braços em torno dele. Eu nunca tinha me sentido assim, tão sem esperança. Agora parecia completamente impossível esquecê-lo, arrancar o amor que eu sentia por ele de dentro de mim.

_ Olha só, mal começamos o nosso jantar e quase morremos pelo caminho. _ Ele fez piada.

_ Desculpe. _ Eu sorri.

_ Tudo bem, eu vou admitir que você tinha total controle sobre o volante e fui eu quem estraguei tudo, só para você se sentir melhor. _ Ele riu, enquanto secava minhas últimas lágrimas. _ Ainda está afim de ir até Por Angeles jantar comigo?

_ Com certeza. _ Sorri, ainda que chorando por dentro.

_ Ótimo! Mas agora eu dirijo.


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Notas finais do capítulo

aguardo comments pra postar o próximo



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