Mais um fim de semana, mais alguns dias na balada.

Era assim, semana após semana... Eu tinha que esperar os cinco dias para chegarmos na sexta-feira e sábado, quando saíamos para barzinhos, para boates ou simplesmente ficávamos na frente da casa de Mike conversando. Eram meus melhores dias, sem dúvida.

Jacob e eu continuávamos mantendo contato; ainda que em segredo. Para ser sincera, eu não entendia o por que de tanto segredo. Apenas suspeitava ser por causa de Leah... De qualquer forma, ele disse que virá me buscar na sexta-feira para jantarmos em Port Angeles. Ora, se ele vem me buscar, creio que ele deve entrar dentro de casa, pois eu não planejo fugir mais uma vez pela janela.

...

_ Hoje não vamos na Poison. _ Rian disse.

_ E por que não? _ Eu continuei empurrando o carrinho de compras dele e de Mike.

_ Abriu uma tal de Vegas lá em Seattle. _ Ele sorriu.

_ Seattle?

_ É... Mas por que? Você ficou com uma cara...

_ Eu não sei se meus pais vão me deixar ir para Seattle e além disso, eu tinha outro compromisso marcado.

_ Outro compromisso? _  Rian largou o katchup no carrinho e ficou me olhando.

_ É bobagem... _ Eu voltei a empurrar o carrinho, tentando disfarçar. _ Eu só ía sair com aquele amigo do Seth que voltou de viagem. Para conversarmos apenas.

_ Sei... O que comprou a loja dos pais do Mike, né?

_ Esse mesmo... _ Eu disse sem olhar para ele, enquanto colocava qualquer coisa da gôndola para dentro do carrinho.

_ Jacob Black. _ Ele continuou. Parecia insistir nesse assunto. _ Outro dia você não queria ir na casa do seu avô para não ter que vê-lo e agora você quer sair com ele?

_ Já fizemos as pazes, é isso. _ Eu estava meio nervosa em falar sobre Jacob com Rian. Eu não me sentia à vontade fazendo isso. _ Mas esquece, nós vamos para Seattle. _ Sorri e o enlacei pelo pescoço.

Passamos as compras no caixa e saímos do supermercado. Do outro lado da rua, em frente à loja de meteriais esportivos, Mike conversava com Jacob.

Jacob sorriu quando me viu e acenou discretamente com uma das mãos. Eu não puder evitar um largo sorriso e depois disso, parece que meus músculos faciais estavam condicionados a sorrir pelo resto do dia.

Então os dois atravessaram a rua e vieram até nós.

_ Oi Ness. _ Jacob me abraçou e me deu um beijo no rosto.

Quando terminanos, percebi que Mike e Rian trocavam olhares estranhos. Será que tínhamos exagerado?

_ Bom... Você já conhece o Rian, Jacob? _ Perguntei meio sem jeito, tentando quebrar aquele clima tenso, mas parece que piorei as coisas, pois o Jacob fitou-o da cabeça aos pés. Foi desconfortável até para mim... Imagina só para o Rian!

Ele balançou a cabeça negativamente para minha pergunta.

_ Então esse é o Rian. Rian, esse é meu amigo Jacob. _ Depois de se olharem, ou melhor, de se estranharem, finalmente os dois apertaram as mãos.

_ Hey Jacob, nós vamos na Vegas hoje, não está afim? _ Mike perguntou.

_ Vegas? _ Ele franziu a testa.

_ É uma boate nova que abriu em Seattle.

_ Ahh, entendi. Bom, obrigado pelo convite, mas tenho muita coisa para fazer na loja. _ Jacob olhou para mim já com outros olhos. _ Seattle, hã?

_ É... _ Eu não estava gostando daquele olhar assassino dele. Agora o que ele tinha com a minha vida? Eu não prometi que ía sair com ele, apenas disse que ía ver se dava. _ Bom Rian, vamos? Eu tenho que almoçar em casa hoje.

Quando eu disse que tinha que almoçar, percebi um risinho cínico de Jacob.

_ Desculpe Jacob, depois marcamos outro dia para aquela nossa conversa. _ Eu disse sem encará-lo.

_ Tudo bem.

Então ouvimos Leah gritar o nome de Jacob lá da frente da porta da loja. Olhamos todos e ela estava parada com as mãos na cintura.

Jacob desmoronou assim que a viu. Parecia ter ficado meio que desconcertado, não sei se por vergonha dela ter gritado ou por ela nos ter visto juntos.

_ Vai lá cara, sua mulher está chamando. E parece que ela está brava. _ Mike riu e deu um empurrãozinho no ombro de Jacob, que sorriu amarelo.

_ Bom... Aproveitem a noite. Eu tenho que ir.

Jacob atravessou a rua correndo e os dois entraram na loja aos berros.

Andamos em silêncio até o carro de Mike.

_ Cara estranho... _ Rian comentou olhando para mim.

_ Por que?

_ Tive a impressão de que ele estava flertando com você. _ Ele falou sério.

_ Ah que bobagem Rian! _ Eu disse enquanto sentia o sangue subir para meu rosto.

_ Quer saber de uma pior? _ Ele continuou sem achar graça.

_ Qual é dessa vez Rian... _ Eu disse com desdém.

_ Também tive a impressão de que você estava flertando com ele.

_ Não acredito que eu estou ouvindo isso! _ Joguei os sacos de compra com força no porta-malas do carro. _ Não tem nada a ver Rian!

_ Ouvi boatos de que ele vai se casar... _ Nunca fiquei tão feliz por algo que Mike disse.

_ Está vendo Rian! Aliás, não são boatos, é verdade! Ele vai casar! _ Então eu me acalmei, pois já estava fazendo um escândalo na rua. _ Ora... Nós estamos juntos, não estamos? _ Abraceio-o pela cintura.

_ Se estamos juntos, então por que você não me leva para conhecer sua família?

_ Ahh não Rian. Essa conversa de novo não! _ Eu emudeci e entrei no banco de trás do carro.

_ Cara, vai por mim, você não ía gostar da família dela.

_ Está vendo! Escuta o seu primo pelo menos uma vez na vida. _ Eu dei razão ao Mike e Rian acabou ficando quieto.

Eles me deixaram na estrada, na frente de casa. Eu saí do carro e abaixei-me até a janela de Rian.

_ Nos vemos a noite? _ Perguntei docemente.

_ Está bem. _ Consegui um sorriso de Rian.

_ Pára de pensar bobagens. _ Afaguei o cabelo dele e beijei-o.

Mike arrancou com o carro e eu andei até a frente de casa.

Assim que entrei, encontrei a família toda na sala. Isso não era bom...

_ Onde você estava? _ Minha mãe perguntou.

_ Nossa... _ Olhei para todos eles e as expressões não eram das melhores. _ Eu estava no supermercado com o Rian, mas por quê?

_ Jacob acabou de ligar dizendo que você está saindo com um maníaco. _ Minha mãe contou e eu não pude deixar de gargalhar.

_ Maníaco? Sei... Eu encontrei com ele também lá no mercado.

_ Então dever ser por isso que eu não consegui ver nada... _ Alice comentou.

_ Com certeza. _ Completei.

Eu comecei a subir as escadas.

_ Não dêem ouvidos ao Jacob. Ele só está querendo me irritar.

...

À tarde, como de costume, Alice me ajudou a encontrar a roupa perfeita para que eu fosse na Vegas. Eu só consegui permissão para ir porque Seth e Ângela também íam, senão eu estaria presa em casa, ainda mais depois do que Jacob disse sobre o Rian.

_ Por que será que o Jacob falou mal do Rian? _ Comentei com Alice, enquanto ela escovava meu cabelo.

_ Não sei... Ele não vai se casar com a Leah?

_ Pois é...

Fiquei remoendo aquela cena... Tive vontade de contar à Alice que eu havia saído com Jacob há algumas noites atrás, mas aí eu teria que contar onde nós fomos e ainda tinha a história do acordo entre as nossas terras e a dos Quileutes... Bom, melhor deixar para lá. Eu com certeza contaria para a Ângela hoje a noite e certamente ela me daria algum conselho sobre a situação.

...

Como sempre Alice ajudou a me vestir e, mais uma vez, eu estava sensacional naquela roupa. Não era nem tanto eu e sim, mais a roupa.

Seth e Ângela vieram me buscar como de costume. Passamos na casa do Mike e então saímos com os dois carros, rumo à Seattle. Saímos às 6 da tarde e cerca de quatro horas depois chegamos ao centro da cidade. Agora procurávamos a tal Vegas, que não foi difícil achar, pois Mike conhecia Seattle muito bem.

_ Bem, chegamos finalmente! _ Mike ativou o alarme do carro.

_ Então é essa? _ Rian apontou para uma grande construção de tijolos cor de areia à vista. Havia muita gente na frente da boate, muito mais do que na Poison.

_ Renesmee, por favor, vê se não passa mal hoje, hein! _ Jéssica avisou.

_ Qualquer coisa, meu remédio está aqui. _ Mostrei a bolsa a todos e sorri.

Dois rapazes passaram na calçada ao nosso lado e percebemos que eles olhavam para mim e Jéssica. Prontamente, Rian enlaçou-me pela cintura e um dos rapazes decidiu parar de olhar. Eu ri para mim mesma. Tenho que admitir que isso foi muito bom para meu ego.

_ Melhor irmos para a fila. _ Seth chamou e nós o seguimos.

Ficamos mais de uma hora na fila, o que não era problema para nós, pois conversa não faltava. Quando estávamos prestes a entrar, Mike, Seth e Jéssica já estavam meio altos, pois tinham exagerado um pouco na bebida enquanto esperávamos na fila. O pior era Mike, que estava até falando mole.

_ Olha aqui pessoal. _ Ele abraçou Rian e Seth pelos ombros. _ Vai, todo mundo se abraça. Vamos fazer uma concentração aqui entre a gente.

_ O que nós vamos assitir? Você e Seth vomitarem? _ Rian disse enquanto passava seu ombro sobre o meu, fazendo com que o círculo se fechasse.

_ Vegas! Woww! _ Ele gritou completamente bêbado. _ Olha só, lembrem-se do velho ditado: “o que acontece em Vegas, fica em Vegas”.

_ Ahhh Mike! Que bafo de pinga! _ Ângela saiu do círculo e todos fizeram o mesmo.

Rian me abraçou e sorrimos um para o outro, acompanhando a fila.

O ingresso dessa vez foi caro, pois estava incluso a consumação de bebida alcoólica. Já estava prevendo como é que íamos voltar para casa...

Dentro da Vegas não era muito diferente do que a Poison, a não ser pela decoração que era toda preta e dourada. Muitas luzes, bar e uma enorme pista de dança. Todas eram assim, mas é claro, essa era mais pomposa.

Ângela, Jéssica e eu ficamos em um canto perto de uns sofás enquanto os rapazes foram pegar mais bebida. Eu conversava com Ângela enquanto Jéssica dançava e gritava no nosso lado, completamente alheia à conversa e igualmente passada. Era cômico vê-la daquele jeito.

­_ Meu Deus! Essa garota surtou hoje! _ Ângela riu.

_ Totalmente. _ Eu concordei. _ Mas escuta, tem uma coisa que eu preciso te contar.

_ Conta! Conta! _ Ela deu um gole na vodka e pôs-se a me ouvir.

_ Eu saí com o Jacob outro dia. _ Falei enquanto esperava a reação dela, mas Ângela parecia não entender.

_ Saiu? Como assim? Você ficou maluca? Depois de tudo que...

_ Shh! Espera, vou te contar! Ele veio me procurar outro dia de madrugada. Eu pensei que era o Seth, mas quando fui ver, era o Jacob. Ele me disse que estava mal, que nada mais deu certo na vida dele depois daquele dia na casa do Charlie e que não queria mais continuar com aquilo.

_ Mas e aí?

_ Aí que eu não agüentei vê-lo daquele jeito. Pareceu-me que ele estava realmente sofrendo... Entendeu?

_ Renesmee! _ Ângela rolou os olhos. _ Os homens não sofrem! Ele te enrolou direitinho, hein!?

_ Será? _ Cruzei os braços, me sentindo meio boba.

_ Lógico!

_ Mas depois ele me levou para La Push.

_ O que? _ Ela me puxou para longe de Jéssica, para que ela não ouvisse aquilo. _ Olha a minha mão. _ Ela esticou uma das mãos, que estava trêmula. _ Você é maluca de ter ido até lá? Se te pegam Renesmee, eu nem sei o que poderia acontecer!

_ Eu sei, eu também fiquei com medo. _ Apertei a mão dela. _ Mas ele insistiu e me levou porque eu sempre quis ver o mar e ele sabia disso; sabia que eu nunca tinha visto.

Ela virou a pequena garrafa de vodka.

_ Eu não estou acreditando Renesmee... Mas me diz uma coisa... A Leah sabe disso?

_ Não, não sabe. E é por isso que você não pode contar nem para o Seth.

_ Claro que não! Imagina... Fica tranqüila. Mas amiga, esse Jacob está te enrolando... _ Ela disse.

_ Eu não sei Angie... Não sei... _ Apertei meus braços, confusa com o que Ângela estava me dizendo.

Então os rapazes chegaram, fazendo com que nossa conversa acabasse ali.

Olhei para o copo de whisky na mão de Rian, meu coração apertado com aquela conversa confusa que tinha acabado de ter com a Ângela e o medo... Será que Jacob estava apenas brincando comigo? Enganando-me? Será que eu era assim tão tôla a ponto de não perceber a verdade e a mentira através dos olhos dele?

Tomei o copo de whisky de Rian e observei o seu conteúdo amarelado com um pouco de nojo.

_ Nossa, vai chover! A Renesmee bebendo?! _ Mike riu e deu mais um gole na cerveja. Eu evitei olhar para Seth ou Ângela, levei o copo à boca, fechei os olhos e dei uma golada.

Tossi enquanto entregava o copo de volta à Rian.

_ Hey! Sua exagerada. _ Ele riu enquanto batia nas minhas cotas, para ver se eu desengasgava.

Não era ruim. Na verdade, era muito melhor do que eu imaginei. Tinha um gosto meio amargo e queimava na minha garganta. Aquela queimação me era familiar... Era quase igual quando se estava com sede, muito, muito parecido mesmo.

Peguei de volta o copo das mãos de Rian e bebi mais um pouco. Dessa vez, sem engasgar.

_ Esse é meu. _ Sorri.

Olhei para Seth e Ângela e eles estavam com os olhos esbugalhados para cima de mim.

_ Você gostou disso mesmo? _ Seth perguntou.

_ Gostei. É muito bom! Você devia ter me dito antes.

_ Nossa... Que estranho. Isso não é normal... _ Ele comentou.

_ E quem disse que eu sou normal? _ Eu sorri.

_ Vou até o bar pegar mais um whisky para mim. _ Rian disse.

Segurei a mão dele e o acompanhei. Terminei meu copo e experimentei a tal vodka. Boa, mas nem tanto quanto o whisky. Para mim, era como se o amargo escondesse o gosto ruim.

_ Prefiro o whisky. _ Entreguei a Rian o copo vazio.

_ Como todas as mulheres, prefere o que é mais caro. _ Ele disse em meu ouvido, então eu o apertei forte e beijei intensamente sua boca. Confesso que me sentia um tanto quanto fora de mim, com uma liberdade que eu nunca tivera antes. Acho que depois daquele whisky, eu era capaz de tudo, de tão solta que estava, principalmente capaz de esquecer Jacob e o que ele estava fazendo comigo.

Ele riu.

_ Você devia beber mais vezes.

_ Me sinto leve. Leve feito uma borboleta... _ Sussurrei no ouvido dele enquanto o garçom entregava meu terceiro copo duplo daquela bebida.

Bebi aquele copo na companhia de Rian e em seguida pedi outro.

_ Vai com calma Ness. _ Ele me pediu.

_ Essa noite eu quero só experimentar. _ Sorri e o beijei. _ Relaxa Rian... Eu só bebi um poquinho. _ Disse, sentindo minha voz meio mole, meio que fora do meu controle.

_ Um pouquinho? _ Ele riu. _ O que será que seus pais vão achar de você chegando bêbada desse jeito?

_ Ai, não quero nem pensar... Vem, vamos dançar! _ Puxei-o pela mão. _ Vamos Rian, vamos! Anima!

Fomos para a pista eu, Rian e meu novo copo de whisky. Não demorou muito para que entrássemos no ritmo, mas de uma hora para outra, aquelas luzes, as pessoas todas se encostando em mim... Aquilo começou a me incomodar.

Minha garganta queimava como nunca e eu mal conseguia enxergar os rostos de quem estava dançando ao meu lado. Eu apenas sentia o toque e o cheiro forte das pessoas, dos humanos. Eu nunca tinha desejado tanto em minha vida estar cançando agora, neste momento. Era um desejo incontrolável de aplacar minha sede, de uma intensidade imensurável, como eu nunca tinha sentido antes.

_ Eu preciso ir no banheiro, fica aqui, ok? _ Rian falou alto em meu ouvido. Eu apenas balancei a cabeça positivamente, não compreendendo o que ele estava querendo dizer realmente.

Sentia-me voando, flutuando num mar de pessoas, de humanos com seus corpos cheios de sangue quente. Por Deus... Eu queria tanto, mas tanto...

Então senti uma pele quente em meu braço. Percebi que um rapaz dançava freneticamente ao meu lado. Eu mal podia ver seu rosto, mas ele cheirava deliciosamente bem. Aproximei-me mais um pouco, chegando a me esfregar nele, pois eu precisa sentir a pele dele queimando no meu corpo gelado novamente. Eu queria, eu tinha que sentir o sangue dele percorrendo suas próprias veias... Era bom demais... Era quase como se estivesse em minha boca, era quase possível sentir o gosto... Hum... Aquele rosto irresitível...

Entorpecida por meus pensamentos e desejos insanos e proibidos, não percebi para onde aquele desconhecido estava me levando. A única coisa que eu tinha em mente era o pulso acelerado que eu podia sentir de sua mão entrelaçada na minha.

Senti minhas costas baterem forte contra o muro daquele beco quieto e escuro e o corpo quente dele em cima do meu. O que ele estava querendo? Será que ele sabia mesmo o que ele estava querendo? Eu não sei... Eu só sei que eu queria, eu precisava, eu não ía aguentar passar nem mais um minuto sem sentir o gosto do sangue dele dentro de mim.

Senti os lábios quentes dele pressionarem os meus, enquanto meu coração acelerava mais e mais a cada segundo. Era uma caçada e defitivamente, ele era a minha presa.

_ Ouch! _ Ele deixou de me beijar e pressionou seus dedos nos lábios vermelhos. Quando tirou, uma gota de sangue escorreu pelo seu queixo.

Aquela gota... Uma gota perfeita.

Ouvi meu próprio rosnado e em seguida meus caninos perfuraram seu pescoço. Senti que ele quis gritar, mas não deve ter conseguido. Eu extava em êntase, completamente, enchendo minha boca de seu líquido precioso por duas, três, quatro vezes, engolindo aquilo, sentindo o calor do sangue humano abrandar as brasas da minha garganta. Não podia haver sensação melhor...

Assustei-me com um grito agudo e feminino ecoando no ar. Pensei ser o homem gritando de dor e tirei rapidamente a minha boca do pescoço dele. Do pescoço? Não! O que eu tinha feito?

_ Renesmee! _ Uma voz masculina e grave soou no beco escuro.

O desespero tomou conta de mim. Trêmula, olhei para o lado e vi Seth em pé. Atrás dele, uma Ângela apavorada pela cena de horror que acabara de presenciar.

Algo escorreu pela minha boca e num ímpeto, eu sequei com minha mão, deixando à mostra para Seth e Ângela um pouco do sangue da minha caçada.

Olhei para minhas próprias mãos e enfim enxerguei o sangue de um inocente.

_ Não! _ Gritei aos prantos, enquanto caía de joelhos no chão esperando que alguém tivesse misericórdia da vergonha que eu estava sentindo e acabasse de uma única vez com a minha vida.

Ângela passou longe de mim e correu em socorro do rapaz.

_ Ele ainda tem pulso. _ Ela balbuciou ainda com a voz embargada e trêmula de medo.

Em seguida, Seth ligou para a ambulância. Depois se abaixou até mim, me tomou nos braços e nós três corremos daquele beco, antes que a multidão começasse a se aglomer à nossa volta.

Depois disso, lembro-me apenas da chuva do lado de fora do carro, durante nossa viagem de volta para Forks. Lembro-me de Ângela, de seu olhar assustado para mim e então, depois disso, foi só escuridão.