Tempo escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/776089/chapter/1

Seus cabelos mudaram drasticamente. Olhava-se sem reconhecer-se. Fechou os olhos, mentalizando os cabelos na tonalidade rosa.

Nada.

Respirou fundo, pois sabia a razão disso.

Sabia que a razão era um bruxo mais velho que a enxergava como uma novata no mundo da luta contra Voldemort.

Um homem que via a si mesmo como um perigo.

Merda.

As missões, a forma como ele agia, como lutava, como protegia a todos.

Até que parou de ir nas mesmas missões que ela.

—--

Remus encarou o teto, querendo conversar com seus amigos.

Os marotos.

Já fazia algum tempo que optara por não ir nas mesmas missões que ela.

Claro.

Havia apenas ele que, novamente, caminhava em outros passos, em outro ritmo, pois carregava uma maldição dentro de si.

O sorriso, a jovialidade, a agilidade, o tempo dela era outro e trazê-la para seu mundo era egoísmo.

Nunca havia realmente se apaixonado, claro que não. Tivera alguns encontros, porém não podia esconder o que morava dentro de si. Não havia sido sua escolha ser um lobisomem, mas ele não podia escolher não ser depois que foi mordido.

Por isso falava sobre sua condição e não via apenas decepção no olhar de sua companhia, via medo.

Remus não queria que tivessem medo de si.

Aprendeu, então, que as coisas entre ele e outra mulher deveriam acontecer de forma lenta.

Acordou sem saber quando tinha dormido, sem poder esquecer que, naquele dia, seria inevitável vê-la.

Quando chegou na antiga casa de Sirius, Tonks já estava lá, encostada sobre a pia. Sentiu seu coração falhar algumas batidas, pois sabia o motivo do cabelo dela estar como estava.

Não era só o cabelo que havia perdido a cor.

­Eu te amo.

 Ele pensou, sem dizer. Sem demonstrar.

Era injusto porque em Ninfadora tudo era vitalidade, sorriso, rapidez, energia. Nela havia vida.

Enquanto havia em Lupin uma lentidão, uma lentidão que não cabia no tempo em que vivia, porém não podia ser diferente quando perdera seus amigos. Quando precisava libertar um amor como aquele.

Um amor como Ninfadora Tonks.

Então, num rompante, sentiu muito mal, pois sabia que não havia mais vitalidade naquela corajosa auror.

Não havia mais sorriso, nem rapidez e nem aquela energia rosa tão contagiante. Tão contagiante que ele não pôde evitar, novamente, ser apanhado.

—--

Tonks não queria, mas não pôde resistir à urgência de olhá-lo. Olhá-lo e imaginar e saber e reconhecer todas as angústias que passavam dentro do homem que amava.

Não sabia o peso que carregava, no entanto estava disposta a dividi-lo.

Ela era metamorfomaga. Ele era um lobisomem.

Estavam numa maldita guerra.

Ninfadora Tonks não se importava.

—--

Remus notou que a cozinha se esvaziou mais rápido que esperava, sem esvaziar totalmente.

— Eu não me importo – a auror disse de repente. Olhava-o e Remus tentou sustentar aquele olhar, porém desviou. Desviou com medo que ela se assombrasse com o lobo que dormia dentro de si.

— Não sabe do que está falando. Não sabe no que me transformo.

— Então deixa que eu saiba.

­Deixa que eu saiba porque te amo.

Não posso deixar que saiba porque te amo.

Remus balançou a cabeça e foi embora, deu poucos passos e aparatou.

—--

Não esperava que a auror estivesse lá, porém estava cada vez mais difícil evitá-la. Queria afastar-se pois sabia ser egoísmo levá-la para sua vida, não... para sua licantropia.

Encontrou-a do lado de fora da Toca.

Afinal que merda estava fazendo lá?

— Eu não estou pronto, Tonks – falou, quebrando o silêncio e olhando para o céu, observando as nuvens cobrindo a lua.

— Estou cansada de ouvir isso, Remus. Poderíamos tentar... sabe o que sinto – falou, encarando o contorno das costas dele, sem dar atenção para o céu que ele olhava tão preocupado.

Para ela aquilo não importava.

— Você sabe quem sou... – argumentou, virando-se para ela. Não pôde deixar de notar, novamente,  que os fios antes vibrantes estavam opacos: sabia que a responsabilidade era dele.

— Você tem a poção... Podemos controlar essa situação, Remus.

— Não estou pronto – afirmou novamente, passando por ela.

— Estamos no meio de uma guerra, Remus. Quando estiver pronto pode ser tarde demais – Remus parou ao ouvir a voz dela e, em seguida, o som da aparatação.

—--

— Você não liga para o que sou? Minha idade... – Remus começou, recomeçou falando.

— Claro que não! – exclamou em voz alta. Aquilo não surpreendeu o bruxo que estava concentrado em controlar seus sentimentos, pois não esperava que ela aparecesse ali.

— Eu já disse! Já disse tantas vezes que não me importo.

Remus fechou os olhos, ao longe algumas explosões.

Será que Harry estava vivo?

Olhou para Tonks que o olhava, sem medo do lobo que morava dentro de sim.

Não havia medo.

Havia amor.

Aproximaram-se como se sincronizados, naqueles passos que ensaiavam e imaginam há tanto tempo...

Quando beijaram-se, Remus esqueceu que não a merecia, pois, com ela ali, em seus braços... em seus lábios... sabia que não havia outro lugar para Ninfadora Tonks que não ao seu lado.

—--

Sabia que aquele não era o casamento que desejava, nem o que ela merecia.

De qualquer forma estavam se casando. Estavam se casando apesar de seus medos, apesar de todo o preconceito que enfrentariam.

Estavam casados.

—--

O grito ressoou pela casa.

Andromeda colocou alguns panos molhados sobre a testa da filha.

Mortes e vida estavam ocorrendo concomitantemente. A matriarca suava sabendo que enquanto seu neto nascia, outros morriam.

Seu marido estava morto.

Molly ao seu lado, tentando passar uma calma impossível de ser alcançada.

Remus segurava a mão de Ninfadora e seu cabelo mudando de cor mais rápido que ele podia assimilar. Dedos entrelaçados, passavam coragem, passavam força e Remus pensava que só não queria ter passado sua licantropia para seu filho.

Não, isso não.

Num último empurrão, o bebê saiu. Saiu forte, chorando. Tonks sorriu e chorou, seus cabelos num tom forte de azul - esperança.

O menino tinha o mesmo tom de cabelo, mesmo que fossem poucos fios.

Os dedos de Tons e Lupin continuavam entrelaçados e se separaram apenas para segurarem o filho.

— Ele deve se chamar Ted – Remus falou e as lágrimas corriam com mais força.

— Harry deve ser padrinho, não acha? – Tonks disse, seu cabelo mudando do azul para o rosa.

A pergunta não foi respondida com palavras. O recém-nascido entre ambos mamava como se houvesse amanhã.

Felizmente o pequeno não sabia que não haveria amanhã para alguns.

—--

Na batalha, Tonks correu atrás dele. Correu atrás de Remus.

Não foi uma decisão fácil, claro que não.

Que mundo deixaria para um filho de lobisomem se não estivesse na guerra?

Naquela guerra injusta, infame, como todas as outras... Remus pensou em Tonks. Pensou que morreria feliz porque amou, foi amado e teve um filho.

Caíram juntos, lado a lado.

Remus sabia que não havia outro lugar para Ninfadora Tonks que não ao seu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N.A.: enfim... minha primeira deles que foi inspirada pela música Lento - https://www.youtube.com/watch?v=0rRfJOXGo44

Espero que tenham gostado! Desculpem qq coisa! Bjs bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.