Terra Incognita Online escrita por Haruyuki


Capítulo 2
Nivel 1




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Hoje em dia, MMORPG virtuais são comuns. Principalmente medievais onde espadachins, arqueiros, feiticeiros, elfos, anões, etc. se misturam em reinos encantados cheios de desafios e muita diversão.

A história é a mesma em Terra Incognita Online, um jogo em fase beta pela empresa de jogos Feltsman, onde Victor Nikiforov é o chefe da equipe de desenvolvimento e um dos GMs do jogo. Ele possui dois personagens: O de GM oficial, um Cavaleiro nível ‘???’ de nome [GM]Nikiforov, usado para pôr ordem no jogo e um Espadachim nível 23, de nome Vicchan.

Não, não. Não tem nada a ver com o fato do mascote na versão beta ter sido um cachorrinho chamado Vicchan.

Terra Incognita Online é um jogo com uma peculiaridade considerada por muitos, interessante. O fato do que jogadores, a partir de um certo nível, podem criar seus próprios eventos, podendo ser algo restrito (membros de um time ou Guilda) como também livre.

Até semana passada, o jogo estava em fase beta, onde apenas um pequeno seleto grupo de pessoas puderam ser capazes de testar o jogo antes de seu lançamento. E apenas alguns, como o próprio Victor em seu personagem de GM, continuaram a jogar depois do lançamento.

> Terra Incognita Online - Básico ( Níveis 1-35)

Eu, Vicchan, de longos cabelos cinzas, armadura pesada aprimorada e uma Claymore de aço nas costas, me junto a um grupo de jogadores que pretendem invadir a Dungeon do primeiro chefe, o Minotauro, cujo nível é 25.

“Ei, novato!” Ele percebe os dois cavaleiros, membros do grupo falarem com um rapaz de cabelos negros que não usa armadura e nem roupa de mago.

De fato, ele mais me parece um NPC.

“Está sem armadura, noob?”

“S-sim! Eu não uso armadura.”

“Então você é um mago?”

“S-s-sim!”

“Tudo bem! Vamos te ajudar a subir de nível se você ficar curando a gente.”

E então Victor nota que o tal ‘novato' não está incluso no time. Abrindo uma janela de sistema, ele armazena os apelidos dos dois cavalheiros e decide apenas observar por enquanto.

“Vamos lá!”

Quando os 3 integrantes da party e o mago entram na dungeon, são atacados por esqueletos (nível 12), goblins (16) e demônios (20). Mesmo o mago, cujo nome é Katsudon, conjurar o tempo todo magia de campo de cura, não é algo muito efetivo pois ele não está participando do time.

De repente, o grupo é desfeito e os dois espadachins fogem da gruta, nos abandonando. Ambos se escondem. Katsudon conjura uma barreira.

“Há! Covardes.” Katsudon fala, respirando mais aliviado. “O que pretende fazer?”

“Continuar. Você pode recuar, se quiser.” Eu respondo, preocupado com meu HP que está na metade.

“Você tem poções?” Katsudon pergunta, ao lado dele.

“Sim.” Eu bebo uma, recuperando seu HP.

“Ok. Me decidi.”

De repente, Vicchan recebe o aviso de time de Katsudon. Ele aceita, surpreso e quando olha para onde está o nome e o nível dele, ele quase se assusta.

Katsudon Nível 94

HP: 123000/123000

MP:152000/152000

Vicchan Nível 22

HP: 1200/1200

MP: 500/500

“Espera um pouco! Nível 94?”

“Eu estou jogando desde que saiu em beta.” Katsudon fala, encolhendo os ombros.

“E o que alguém de nível tão alto está fazendo aqui? Você não está ciente de que não receberá XP, Dinheiro e itens?”

“Originalmente, eu não planejava completar a dungeon novamente. Apenas me pediram para lidar com dois cavalheiros covardes que influenciam outros jogadores a se unir a eles para quando chegarem aqui, abandonar os tais membros, sozinhos.” Katsudon se explica.

“E o que te fez mudar de idéia?” Eu pergunto, surpreso com o que escuta.

“Você.” Katsudon apenas responde. “Deixe-me cuidar de todos os monstros. Assim você subirá de nível rápido e estará preparado para enfrentar o boss.”

E então, para a minha surpresa, Katsudon manda para mim um pedido de troca. Quando aceito, Yuuri passa para ele poções de vida, mana, stamina, e fortificações.

“O que você quer em troca?”

“Nada.” Katsudon sorri. “Eu apenas quero ajudar você.”

Eu aceito a troca, organizando seu inventário.

“Pronto?” Katsudon pergunta, e eu acabo afirmando com a cabeça.

Nesse exato momento, ele nota que o mago está usando uma roupa preta estranha. Do lado direito, a camisa é de manga comprida com jóias azuis indo do ombro ao peito e uma espécie de saia longa que cobre sua perna direita inteira. Do lado esquerdo, a camisa não tem manga, deixando o ombro do lado de fora, e usando uma luva preta longa que cobre até a metade do antebraço. Seguindo detalhes transparentes até a cintura, onde mais pedras se destacam e dão à volta até as costas, seguido de uma calça colada na perna e botas pretas.

“Você… essa roupa…” Ele gagueja.

“Precisamos ir.” Katsudon diz, saindo correndo do esconderijo deles.

Eu me vejo confuso. Afinal, aquela roupa preta pertence a uma das lendas do jogo, um personagem chamado ‘Eros’ que é conhecido por ser um jogador solo, cheater e egoísta. Não alguém que surge em um andar muito mais baixo do que seu nível, não se importa em não receber xp, dinheiro e itens e ajudaria outros jogadores assim.

Volto para a realidade quando sinto que subi de nível. Quê?!!! Elu estava em 22% de experiência quando entrou na dungeon!! No mapa, vejo que Katsudon já está um pouco longe dele. Xingando em russo, corro, recolhendo tudo que seu parceiro de time deixou para trás e me aproximo de Katsudon, que já se aproxima de diversos monstros.

— Crossfire Shoot. - Ele recita e conjura um círculo mágico para magias de luz e dele, diversas ‘balas' avançam em direção aos monstros, os acertando várias vezes de longe e os matando.

“Ei, Katsudon! Assim não é justo!” Eu reclamo quando percebe que seu companheiro possui asas nos pés e está flutuando.

“Ah! Desculpa, desculpa.” Ele fala, realmente arrependido, e ergue a mão esquerda na minha direção.— Flyer Flin -

O círculo mágico dele surge desta vez nos meus pés, que ganha asas também.

“Falta mais um grupo de monstros para finalizarmos este andar. Vamos!” Katsudon diz, já voando em direção ao último corredor.

Eu recolho o resto dos itens e avança.

“Katsudon, eu quero enfrentar os monstros também!” Ele exclama, fazendo o outro sorrir.

“Faça como quiser.”

Eu, agora nível 27 e Katsudon estão agora na grande porta que leva ao Boss. Quando eu ergo a mão para abrir a porta, Katsudon o impede.

“Espera um pouco.” Ele diz, estendendo a mão esquerda para mim. “Eu posso derrotar ele sozinho, mas acredito que você também quer enfrentar ele, não é?”

“Mas é claro!” Eu afirmo, sério.

“Então deixe-me te dar buffs para que você não seja pego de surpresa.” Ele fala, novamente estendendo o braço esquerdo. — Barrier Jacket - Divine Energy - Physical Heal - Flyer Fin -

E então quatro círculos mágicos surgem em meus pés e passo a ganhar boost em defesa, ataque, vida e asas.

“Hm. Perfeito.” Katsudon diz, sorrindo. “Vou te deixar enfrentar ele, mas se eu ver que a situação não está boa, irei derrotar ele.”

“Obrigado.” Eu falo, abrindo a porta.

Eu não entendo o motivo da preocupação de Katsudon. Quando o minotauro surge, eu o enfrento e acabo com quatro das cinco vidas dele quando…

“Merda.” Katsudon xinga, quando o chão começa a tremer.

De repente, 4 novos minotauros surgem, e eu recuo, assustado.

“O que está havendo?” Pergunto, notando que Katsudon está olhando para frente, com as mãos estendidas para a frente como se estivesse digitando algo em um teclado.

Eu tento enfrentar os minotauros, mas 5 contra 1 é complicado mesmo com os buffs.

“Desculpa a demora. Você pode recuar agora.” Ele escuta e olha para Katsudon, que agora tem um grande círculo mágico girando em cima dele.

De repente, um círculo de tamanho normal surge em cada minotauro, como se fosse um alvo.

“Número de alvos: 5.” Katsudon diz.— Starlight Breaker -

De repente, diversos raios de luzes se juntam no grande círculo mágico e um grande canhão de luz é disparado cinco vezes, acertando os minotauros e os derrotando.

Assim, nós finalizamos a dungeon e eu agora posso seguir em frente, tendo subido de nível mais 3 vezes e recebido um dos itens lendários: O Chifre do Minotauro.

“Merda, ele escapou de novo.” Katsudon diz, socando uma de suas mãos com a outra.

“O que quer dizer com isso, Eros?” Eu pergunto, franzindo a testa para ele.

Katsudon me olha e sorri.

“Eu sou e não sou Eros.” Ele responde. “Ou melhor dizendo: Eu era Eros.”

Era?

“Eu…” Percebo que Katsudon hesita um pouco em falar algo. “Nikiforov, alguém está modificando o sistema de Stammi Viccino, manipulando as configurações das fases e prejudicando diversos jogadores. Não sou eu, eu juro. É o atual Eros, ou o filho da puta que hackeou minha conta original e está usando as permissões dele para agir livremente no jogo.”

“Como você sabe quem eu sou? Quem é você?”

“Eros é um GM de Terra Incognita Online na versão beta. Eu era para ser um GM de Terra Incognita Online, junto com você e Intoxicated, quando o jogo ainda estava em beta. Mas alguém lançou um vírus no sistema da Feltsman na madrugada de uma semana atrás. Um vírus capaz de modificar dados de contas ativas no jogo, como login e senha. Ele pegou a conta de Eros e mais 5 contas que estavam ativas quando desativei o servidor e declarei manutenção de emergência. É claro, tive de hackear as contas, fazer um backup dos dados, as repassar para seus donos com novas contas e nomes modificados e deletar as contas antigas. Fiz quase a mesma coisa com Eros, exceto que não pude deletar a conta, pois ela é uma conta de GM.”

De fato, além de Victor, Terra Incógnita Online possui mais dois GM’s. Intoxicated, seu amigo Christophe Giacometti, que cuida da parte gráfica dos jogos e alguém que cuida do sistema da Feltsman, que prefere se manter em segredo...

“Então… o Eros que se tornou lenda..”

“Era eu.” Katsudon responde, respirando fundo.

“Player solo, egoísta e trapaceiro?”

“Eu sou um solo player, mas aceito entrar em times quando necessário. E não posso negar que essa conta aqui é uma trapaça. Mas nunca desejei prejudicar alguém.” Katsudon responde, olhando para o lado e franzindo a testa. “Hmm, eu preciso ir. Tchau tchau.”

“Espera!” Eu grito, mas Katsudon sai do jogo.

Soltando um suspiro, ele manda um pedido de amizade para o jogador, esperando que ele aceite ou recuse quando voltar a jogar. Mas, para sua surpresa, recebe uma mensagem de sistema dizendo: Este personagem não existe.

“O quê? Mas como isso pode ter acontecido?” Vicchan pergunta, assustado com o que lê.

Victor decido ir para nova cidade e sair do jogo, pois tem que voltar a trabalhar. Ele decide acessar os dados internos da Feltsman e verificar a lista de empregados da empresa. Na parte de engenharia de sistema, ele se depara com fotos e informações de 5 jovens adultos:

[Foto]

Nome: Celestino Cialdini

Nacionalidade: Itália

Cargo: Chefe da Equipe de Engenharia de Sistema

[Foto]

Nome: Jean-Jacques Leroy

Nacionalidade: Canadense

Cargo: Engenheiro de Sistema

[Foto]

Nome: Seung-Gil Lee

Nacionalidade: Sul-coreana

Cargo: Engenheiro de sistema

[Foto]

Nome: Phichit Chulanont

Nacionalidade: Tailandesa

Cargo: Engenheiro de Sistema

[Foto]

Nome: Yuuri Katsuki

Nacionalidade: Japonesa

Cargo: Engenheiro de sistema

Victor relembra que os dois últimos são os dois funcionários de quem ele ouviu o nome ‘Vicchan' e ele se lembra do cachorrinho fofo na fase beta. Mas voltando à lista, está claro que um dos 5 é Katsudon, como o próprio havia revelado. E de fato, ele lembra te ler lido em um relatório sobre uma manutenção de emergência semana passada, mas apenas isso. Victor olha para a foto do japonês, e franze a testa, se aproximando da tela.

“Oh!” Ele diz, arregalando os olhos. “Ele parece com um porco.”

“Obrigado?” Alguém diz, logo atrás dele, o fazendo gritar e pular de susto.

Para a surpresa de Victor, ali está o japonês da foto, o olhando com…

“Vim trazer os relatórios do sistema.” Ele coloca um tablet na mesa de Victor. “Com licença.”

E se retira do local silenciosamente.

“Você é realmente um idiota em chamar o crush de quase todos os funcionários da empresa de porco.” Yuri Plisetsky, um dos desenvolvedores do jogo, fala do outro dele, o assustando também.

“O que há com vocês para ficarem me assustando assim… Espera, crush? De quase todo mundo?” Victor arregala os olhos, surpreso.

Da.” O jovem russo responde, mal-humorado. “Mas ele é muito tímido e costuma ter ataques de ansiedade e pânico quando está sob pressão.”

“Oh.” Victor apenas diz, se levantando da cadeira.

“Para onde você vai?” Yuri pergunta, cruzando os braços.

“Vou tentar me desculpar com ele.” Victor responde, o olhando seriamente.

“Boa sorte, então.” O jovem russo também se retira, deixando Victor à sós.

“Phichit, posso te pedir dois favores?” Yuuri Katsuki pergunta, se aproximando de seu melhor amigo.

“Qual o problema, Yuuri?” Phichit pergunta, surpreso.

Afinal Yuuri não é de pedir favores.

“Você pode lidar com os relatórios de agora em diante?” Yuuri pergunta, juntando suas mãos, timidamente. “E… eu preciso ir.”

“Sem problemas, Yuuri.” Phichit afirma com a cabeça. “Está tendo um ataque de pânico?”

“Não dos grandes. Eu vou ficar bem.” Yuuri responde, sorrindo apesar do olhar triste. “Eu já me acostumei.”

“Yuuri?” Phichit pergunta, o fitando de testa franzida.

“Não é nada. Até mais tarde, Phi.”

E Yuuri pega suas coisas, deixando o local. No banheiro, ele se tranca, e se encosta na parede, começando a chorar.

“Eu não sou um porco.” Ele diz, se tremendo. “Me desculpe. Não. Pare.”

E sem que ele percebesse, alguém tenta abrir a porta.

Por que o banheiro está trancado?

“Eu não sou um porco. Me desculpe. Não. Pare.”

Victor então escuta uma voz trêmula do lado de dentro e arregala os olhos.

“Katsuki?” Ele pergunta, batendo na porta.

“Está doendo.”

“Katsuki, abra a porta!”

“Pare. Está doendo! Ugh!”

“Quem está aí com você, Katsuki?!”

“Todo mundo.”

Victor franze a testa e respira fundo. Ok, a saúde de um de seus funcionários é mais importante do que uma simples porta. Ainda bem que aquelas aulas de dança e artes marciais lhe deram pernas bem fortes a ponto de quebrar uma porta... desse jeito!

E com um chute preciso, a porta se abre com força e bate na parede, assustando o japonês que Victor encontra agachado do outro lado, se tremendo e chorando. Ele se aproxima do japonês,.que olha para todos os lados, apavorado.

“Por que insistem em me chamar de porco? De baleia gordo?” Ele pergunta, e Victor se assusta.

“Me desculpe!” Ele diz, se ajoelhando e abraçando o japonês. “Me desculpe, Yuuri Katsuki.”

“Hmm.” O japonês apenas encosta a cabeça no ombro dele, fechando os olhos.

“Você conseguiu quebrar a porta do banheiro com um chute?”

“Katsuki estava tendo um ataque de pânico! O que eu poderia fazer?”

“Oh. E ele se acalmou?”

“Sim. Ele acabou dormindo nos meus braços.”

“Ele o que? O que você fez?”

“Eu apenas pedi desculpas por ter dito que ele parece um porco.”

“Entendo.”

“Yakov! Qual é o problema dele!”

“Ele é alguém cuja mente retorna à infância onde ele sofria bullying direto na escola. Isso o traumatizou e até hoje ele sofre as consequências.”

“isso é… triste. Mas porque contratou alguém assim?”

“Porque ele criou sozinho o sistema que Terra Incognita Online atualmente usa. Sozinho.”

“Ele o que?”


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