The Hunt escrita por Don R
Notas iniciais do capítulo
Aqui vai o segundo capítulo. Após os eventos dos dias anteriores, em que Peter descobriu que o mundo era bem mais aterrorizante do que ele sempre havia imaginado, sua "nova rotina" começa de vez.
02 de Novembro de 2012
Certamente Peter nunca apagará as lembranças do que havia acontecido dias antes. Ele pensava no ocorrido o tempo todo, ainda mais quando estava sozinho em casa. Numa noite fria, ele se arrumava para ir a um evento de premiação da revista Forbes, onde sua família já se encontrava; o jovem tinha o costume de chegar atrasado em vários compromissos, e em sua mente isso dava um certo charme — fazer com que as pessoas o esperassem, fazia-o se sentir mais especial. Olhando para a cabeça degolada do gárgula, porém, ele se lembrava da conversa que teve com Erick, que dizia a ele: "A partir de hoje você vai ter uma rotina diferente.”
Quando já tinha acabado de se arrumar, foi surpreendido por um estrondo de vidraça sendo estraçalhada no andar de baixo, e um alto grunhido completa a cena; sabendo que já tinha escutado tal som, Peter foi a um quarto de sua enorme casa, era a sala de troféus e prêmios de seu pai, onde se encontravam dezenas de presentes recebidos, desde medalhas a troféus, entre outros incríveis acervos, sem receber mais a mesma atenção que receberam no momento em que foram recebidos, mas uma era a sua predileta: uma espada de ferro com punhal em ouro, concedida ao seu pai pelo rei de Porto Real em forma de agradecimento pelas doações que a Walkr tinha feito às ONGs de seu país; uma bela espada com escrituras e simbologias desconhecidas por ele.
Peter deu um soco na vidraça e a quebrou, o que fez com que o alarme se ativasse; ele pegou a espada e foi andando a passos sorrateiros, em sentido de alerta, desceu as escadas e avistou 3 das criaturas chamadas gárgulas destruindo um cômodo inteiro; logo entrou em desespero e, temendo por sua vida, correu em direção à porta que dava ligação ao jardim. Percebendo sua presença, uma das criaturas avançou em direção a Peter, que apontou sua espada como defesa; a gárgula veio em sua direção com as garras saltadas, que acabaram perfurando o braço esquerdo de Peter; no chão e com imensa dor, o rapaz tentava se arrastar para longe do predador. Em outra tentativa a criatura tentou dar um golpe fatal com suas garras afiadas no pescoço de Peter, mas, bravamente, ele ergueu sua espada e teve sua primeira vítima; de forma estúpida a criatura bateu com o peito na ponta afiada da lâmina, que perfurou e rasgou seu peitoral; uma grande quantia de sangue acabou sendo jorrada sobre o rosto e a roupa de Peter.
A espada ficou cravada no corpo rígido do cadáver, Peter tentava retirá-la, sem sucesso nas primeiras tentativas; pressentindo que as outras duas que restavam estariam se aproximando dele, escutou um tiro de pistola, o que desviou a atenção das outras duas criaturas; era um dos seguranças que tinham voltado para buscar o garoto, e ambas as criaturas voaram em direção ao guarda-costas. Peter, agora com a espada na mão, disparou em direção das mesmas e pulou nas costas de uma delas; com um golpe vertical ele consegue arrancar uma das asas, e a criatura perdeu o controle de seu voo e desabou no chão. Com a fera caída de bruços, Peter enfia a espada no centro do crânio do ser horrendo, já imóvel e sem chances de escape ou defesa. Enquanto isso, a outra criatura enfiava as garras nos braços do segurança e se evadia levando-o consigo.
Peter, já esgotado, coberto de sangue e de feridas, debruçou no chão com um último suspiro, seguido de um apagão.
04 de Novembro de 2012
O som das gotas do soro que desciam pela tubulação, o monitor cardíaco, o chiado da televisão que já não tinha um canal sintonizado, o galão de água e até o ponteiro do relógio conforme os segundos passavam, tudo isso ecoava no quarto e cochichos soavam na sala de espera.
— Vivian, tem algo que eu quero lhe dizer sobre os exames do Peter — falou o doutor David Anderson para Vivian, mãe de Peter, até serem interrompidos por uma doce voz.— Olhem, ele acordou! — exclamou Rachel, adorável garota de apenas 11 anos de idade, — caçula da família — que o vigiava pela janelinha da porta, e logo a abriu ao vê-lo acordado, e correu para dar um abraço no irmão que estava deitado sobre a cama.
— Como está se sentindo, meu jovem? — perguntou o médico da família.
— Estou me sentindo bem, só um pouco cansado — disse Peter, apesar de sentir algumas dores pelo corpo.
— Você está louco de enfrentar ladrões assim, garoto — disse Vivian, dando-lhe um tapa no braço. – Tem sorte de ainda estar vivo.
Peter não entendia; enfrentar ladrões? Isso não fazia sentido para ele, confuso e pensando que estava a delirar quando tudo havia acontecido.
— Eu estou sabendo de tudo, o garoto que chamou a ambulância me contou — acrescentou Vivian.
— Mãe, quem te disse isso? — perguntou Peter, confuso.
— Ele está aqui no hospital, vou chamá-lo — disse Vivian, saindo do quarto em direção ao elevador.
Minutos depois, Vivian voltava com o rapaz, um rosto já conhecido por Peter: era Erick, o mesmo que o tinha salvado antes.
— Foi ele quem te encontrou, e chamou a ambulância... agradeça-o — falou Vivian, entusiasmada. Peter, com um sorriso amarelo, diz:
— Obrigado. — Claramente não estava contente em vê-lo.
— Vou deixá-los a sós — disse Vivian, ainda agradecendo ao jovem rapaz. Com um olhar enfurecido e ainda envergonhado, Peter questionou:
— O que faz aqui? O que aconteceu?
— Eu disse para não ficar com a cabeça, o cheiro espalha por quilômetros, e isso atraiu a atenção dos outros monstros. Você lutou bravamente, porém teve sérios ferimentos — disse Erick com a voz em tom baixo, enquanto imperceptivelmente injetava no soro de Peter uma alta quantidade de um líquido anestésico, com a intenção de fazer Peter dormir e não lembrar do que estavam conversando.
— Mas como você me encontrou...? — indagou Peter.
— Estava procurando equipamentos na cidade, quando vi um daqueles bichos carregando um homem de terno pelas garras, e vindo da direção de sua casa — respondeu-lhe o caçador.
— Era o Briston, sim, era ele – lembrou-se Peter, como um estalo em sua mente. — Para onde o levaram? Tem algum jeito de encontrá-lo com vida?
— Ambas as questões são difíceis de responder, e a segunda beira o impossível. Mas ando pesquisando e estou perto de dar como certa a localidade do abrigo desse grupo que te atacou. Quando você se reabilitar nós iremos até lá dar a eles um ponto final. — disse Erick.
— Como assim, quando eu me reabilitar? — perguntou Peter.
— Ora... você acha mesmo que depois de tudo que aconteceu você iria voltar à antiga rotina? Está enganado, você irá lutar ao meu lado. A menos que...
Foram as últimas palavras ouvidas por Peter antes de cair num profundo sono ocasionado pelo forte anestésico imposto por Erick.
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Obrigado pela leitura, se houver algo na história que tenha lhe agradado, lhe chamado a atenção ou que você ache que precisa melhorar, por favor, deixe um comentário, estarei aberto a qualquer dúvida, crítica e sugestão. :]