Em uma bela região situada ao Sul, em verdes planícies, vivia uma jovem chamada Clara, cujo coração era doce e sereno, seu espírito, contudo possuía uma grande determinação em defender o que julgava certo, e mesmo que os acontecimentos da vida se mostrassem contrários ao seu amável coração, Clara continuava a agir com delicada fortaleza e uma pura esperança diante de todas as contrariedades da vida, e estava sempre sorrindo não importando a dificuldade.

Porém, ela não estava sozinha, contava com Lydia, uma grande amiga, cuja alma serena podia compartilhar e compreendê-la em basicamente todos os momentos possíveis. Lydia como Clara, era uma jovem doce e delicada, cheia de sonhos,  seu modo leve e amável de ser a tornava uma grande observadora de tudo ao seu redor, tinha também o coração compassivo e misericordioso para com os sofrimentos dos outros. Elas tinham em comum uma grande compatibilidade de gostos e sentimentos, odiavam as mesmas coisas, e amavam as mesmas coisas, entre os programas divertidos e cativantes para o coração de que tanto gostavam, estava sem dúvida Os Cavaleiros do Zodíaco, um anime/Mangá, repleto de aventuras, bons sentimentos, nobres acontecimentos e personalidades marcantes  e santificadas capazes de demonstrar seu amor e misericórdia através do sacrifício e boas obras pelo bem de todos e especialmente dos amigos.

Certa noite as duas jovens que eram vizinhas, combinaram de ficar bons momentos juntas  conversando, revendo melhores momentos, cenas épicas, e belas imagens da obra,  como fãs era algo comum de fazerem, além de trazer consolo e leveza depois de um dia cansativo. Lá por determinada hora da noite, estavam no quarto, e começara a chover, era outono e os dias estavam começando a ficar um pouco mais curtos e amenos. Clara fora a última a adormecer, seus personagens favoritos assim como os de Lydia eram os “Saints of Gold”, (os Cavaleiros de Ouro), e assim ela dormiu segurando uma ilustração de Soul Of Gold (Alma de Ouro) uma de suas séries preferidas deles, após a clássica.

***

Ouviu-se um forte estrondo, Clara acordou assustada, e olhou rapidamente ao redor, era inicio da aurora, e ainda estava levemente escuro, os primeiros raios de sol começavam a aparecer timidamente. De repente Clara percebeu uma paisagem totalmente diferente, viu construções belas e magníficas de templos antigos gregos, e estava deitada em uma suave planície rodeada de uma clareira com um jardim de belas rosas, que rodeavam esculturas belas ao redor, ela gritou assustada, e Lydia que estava ao seu lado, acordou imediatamente espantada:

— Clara?! O que houve... O que... Oh Céus o que é isso? Onde nós estamos? Mas... Meu quarto, minha casa...   – Lydia estava totalmente atordoada e confusa, assim como Clara cuja perplexidade era enorme nesse momento. Ela parecia petrificada, levantou-se de forte ímpeto, olhando atentamente tudo ao redor, era um jardim sem igual, não saberia nem como descrever tamanha beleza, e as rosas eram belíssimas, o perfume delas era incomparavelmente suave e agradável para a alma e o espírito, elas pareciam ter uma vida mais resplandecente do que qualquer outra flor ou jardim que tivera visto antes em sua vida, ao longe viu montanhas belas, uma espécie de vilarejo, com muitas casas próximas uma das outras, a brisa fresca da manhã unida ao brilho dos raios do sol do amanhecer tomavam conta do lugar.

— Onde estamos? Como viemos parar nesse lugar Lydia?! Mas... Espera um pouco... Essas construções, essa paisagem, esse templo... Não pode ser! Será que...

— Clara, esse é o cenário que já vimos muitas vezes, a não ser que meus olhos estejam enfeitiçados, esse é o Santuário de Athena, estamos na mesma paisagem da qual falávamos ontem dos Cavaleiros do Zodíaco, olha lá Clara, rápido, veja aquilo, é a entrada para as 12 (doze) casas... Mas como... _ Dizia Lydia já de pé também, girando ao redor de si mesma observando atentamente a paisagem, totalmente tonta, porém com certa seriedade demonstrada na surpresa que esboçava.

— Estamos sonhando? Esse lugar existe mesmo, eu não posso acreditar... Lydia como pode ser? Diga-me... -  Ainda muito admirada e hesitante. Lydia estava encantada, começou a rir maravilhada,  seus olhos brilhavam e reluziam, voltou-se rapidamente para a amiga.

— Clara! Eu não sei como, e nem porque, mas estamos aqui, tudo isso é real veja, disse beliscando a amiga.

— Ai! Essa doeu realmente! Estamos aqui, essas flores também são reais, disse segurando uma rosa, sentindo seu doce aroma, mas sem arrancá-la do pé

***

Clara olhou com grande encantamento para Lydia, que a respondeu com semelhante admiração em face da improvável situação que seus olhos observavam,  e elas ainda mal podiam acreditar no que estavam vendo. Tudo que sabiam era que, como que por uma ação milagrosa, elas foram puxadas para algo que parecia  outra dimensão, como alguns chamariam “mundo paralelo” e reconheceram estar dentro do universo de Cavaleiros do Zodíaco, já não estavam no quarto lendo e vendo imagens e nem tão pouco adormecidas, realmente estavam dentro de sua história favorita! E todo ambiente, as belezas  e o fascínio presente no lugar assim como tudo que elas presenciavam agora, eram exatamente iguais ao que viram tantas vezes na história.

E naquele belo jardim, presente no Santuário, Clara sentiu o misto de alegria e encanto invadir seu ser, seus olhos cintilavam de acordo com as emoções que sentia, Lydia sabia exatamente como a amiga se sentia, ainda mais diante do cenário que elas conheciam tão bem, seu coração compartilhava justamente dos mesmos sentimentos.

Clara, voltou-se para Lydia, e seu sorriso resplandeceu como nunca! Ela estava emocionada, e já não se importava com a dimensão que estava, ou com o como havia ido parar ali, apenas caminhou por aquele belo cenário, em que arranjos de rosas cercavam o ambiente conhecido nas leituras e animações.

— Lydia, você acha que não estamos realmente sonhando? – Perguntou enquanto caminhava lentamente.

— Nunca tive notícias de um sonho assim, em que duas pessoas conscientes conversam entre si num mundo paralelo, e já se esqueceu do beliscão que lhe dei? – Suspirou Lydia.

— Não! Ainda sinto a dor, e o local ficou vermelho! Mas isso não tem importância! Veja então... Se isso não for um sonho, um milagre aconteceu, viemos parar dentro da história dos nossos personagens favoritos. Você percebe o que significa estarmos no Santuário? Ali posso ver as entradas que dão passagem para as 12 (doze) casas, exatamente como sempre vimos,  será que... Os Cavaleiros de Ouro estão aqui?  – Hesitou um pouco. Lydia suspirou ainda mais profundamente, e a tudo olhava atentamente, ainda tentando entendo os acontecimentos:

— Não sei Clara, eu espero que sim, mas pelos acontecimentos em Soul Of Gold, eles teriam retornado a morte tristemente.  Precisamos saber em que momento da história estamos...  Mas como faremos? – Ambas se entreolharam suspirando. 

 Clara aproximou-se mais uma vez da bela rosa que observara antes, e quando ia tocá-la, ouviu uma voz lhe dizer:

— Espere um momento...  _ Disse a voz firme, porém suave e imponente ao redor. Embora Clara não pudesse ver a direção da qual esta vinha, admirou-se profundamente, e sentiu conhecer aquele tom inconfundível seu coração a alertava, virou-se lentamente, sentia como se seu sangue tivesse congelado em seu corpo, e borboletas no estomago na verdade era um pequeno eufemismo para aquilo que sentia dentro de si mesma, ainda não podia acreditar em tudo que presenciava ali, voltou-se para a direção da qual a voz vinha, ali estava ele! O Cavaleiro de Peixes, chamado Afrodite, sua beleza era única e encantadora, conhecido como o mais belo dos cavaleiros, cuja beleza resplandece entre os céus e a terra, ela o conhecia bem por tudo que já havia lido, sabia que seu amor e ligação pelas rosas eram inexplicavelmente cativantes, mas o que mais a encantava era sobre como na série Soul of Gold, seu coração havia se convertido, e demonstrado que além das nobres lições de amizade, também era capaz de manifestar grande caridade ao sacrificar-se pelo bem dos mais frágeis ou de seus amigos. Com uma das rosas nas mãos, ele se aproximava lentamente da jovem ainda paralisada, chegou diante dela, sua figura tão bela e altiva, usava sua armadura de ouro que cintilava diante do brilho do sol, cada vez mais aparente naquela manhã de outono, exatamente tão magnificamente resplandecente como ela observava nas imagens da história, os olhos eram de um azul encantador a fitaram intensamente

— Quem é você bela jovem, e como chegou a esse lugar? -  A voz suave, porém entoava profundamente. Clara mais uma vez ainda mais admirada olhou-o novamente ainda em face da surpresa que sentiu, e a face delicadamente bela dele estava agora mais próxima a si do que poderia imaginar, mal conseguia respirar, quem dirá responder. Era tudo tão misterioso, e incrivelmente inacreditável, sentia um misto de emoção e aventura indescritíveis, era quase como que estar lendo a história ou então como tantas vezes já se imaginava vivendo uma aventura com um de seus personagens, mas de uma maneira imensuravelmente maior, já que agora ela realmente estava vendo ele frente a frente!

— Você é... O A-Afrodite...?  -  Balbuciou timidamente  essas palavras quando recuperou-se um pouco do espanto evidente que sentia: __ É você mesmo Cavaleiro...? – Ele admirou-se imediatamente com o fato, parecia tão surpreso como ela estava, e aquele olhar de intenso brilho azul lhe chamou muito a atenção.

— Ora! Ora! Parece me conhecer, mas não me recordo de você. Como me conhece? Diga-me. – Aquela voz parecia poder alcançar o mais profundo da alma de quem quer que o ouvisse, lembrava-se claramente de cada detalhe que conhecia e que havia lido dele, e parecia-lhe exatamente igual e por isso as batalhas com esse inimigo eram  muito difíceis. Clara naturalmente esboçou um leve sorriso ainda  emocionada, e corou levemente.

— Eu te conheço há muitos anos, e você sempre esteve comigo, e eu não acredito que agora estou diante de você... Como pode ser...? – Disse ela ainda admirada levando uma das mãos à face. O Cavaleiro de peixes mostrou-se intrigado, como quem se questiona a respeito da veracidade dos fatos ouvidos, e arqueou uma sobrancelha enquanto fitava a jovem aparentemente confusa à sua frente. Lydia interveio:

— Sr. Afrodite, perdoe minha amiga, sou a Lydia, esta é a Clara, nós o conhecemos apenas de longe por nome, mas nunca nos vimos antes, por isso não se recorda de nós, somos apenas duas jovens inocentes de um vilarejo distante por favor perdoe por estarmos aqui, nos perdemos nesse caminho e precisamos de ajuda. A Clara ama as  rosas por isso paramos aqui.

— é isso mesmo! – Respondeu Clara, respirando mais tranquilamente,  a confusão mental estabelecida em sua mente pela situação inusitada de estar ali era ainda difícil de superar, porém ela conseguia refletir a tudo com facilidade quando incentivada, e percebia bem a prudência de Lydia.

— Bem então me deixe ajudá-las, mas primeiro vou me apresentar. Eu sou o Cavalheiro de Ouro de Peixes, um daqueles  cuja beleza resplandece sobre os demais. – Disse o orgulhoso cavaleiro, dirigindo-se a si mesmo, esboçando um meio sorriso enquanto aspirava o suave perfume da bela rosa que estava em suas mãos, e nesse momento sua armadura cintilou ainda mais com o sol dourado, e seus cabelos longos verde água balançavam contra o vento.  Lydia sorriu pensando consigo mesma: “É incrível, realmente todos os detalhes, estamos mesmo ‘dentro dos Cavaleiros do Zodíaco’, Clara deve estar para desmaiar”.

— Temos muito prazer em conhecê-lo Sr. Afrodite. – Respondeu Lydia, Clara suspirou profundamente e permanecia concentrada em silêncio, mas seus olhos observavam a tudo atentamente, especialmente ao Cavaleiro que estava diante de si. Ele continuou:

— Mas me responda jovem, como conseguiram chegar a esse lugar? O Santuário é realmente um lugar muito bem guardado, e se estão perdidas, algum dos Cavaleiros de Athena deveria ter as encontrado antes mesmo de chegarem ao meu jardim.

— Me desculpe, mas não temos essa resposta, algo misterioso nos aconteceu, e quando percebemos já estávamos aqui, é algo que até agora me surpreende! – Clara respondeu demonstrando certa ansiedade em suas palavras enquanto o fitava insistentemente. Ele olhou-a profundamente em silêncio por uns momentos, e a  rosa que ele possuía nas mãos resplandecia ainda mais que antes.

— Sr. Afrodite, quem são essas jovens que estão nesse lugar que ninguém de fora do Santuário tem acesso? Quer que nos livremos delas? – Interrompeu-os alguns guardas do Santuário que faziam uma patrulha por ali e viram as misteriosas estranhas. Eles começaram a se aproximar de maneira intensamente agressiva, em suas mãos haviam lanças afiadas.

— Como se atrevem a perturbar minha conversa? – Disse o Cavaleiro de ouro dando passos lentamente em direção a eles, sua presença imponente colocando-se à frente das duas jovens. Olhava-os de lado e sua expressão já não era mais a bela face suave de antes, pelo contrário parecia intensamente descontente.

— Perdoe Sr. Afrodite, só queremos cuidar de qualquer problema que estranhos possam estar a causar e...

— Podem ir. Não há necessidade de intervir, eu mesmo cuidarei dessas jovens senhoritas.... Ainda estão ai? Vamos retirem-se. – Disse ele dando as costas para os dois homens à frente que ficaram totalmente surpreendidos e confusos, mas retiram-se imediatamente, jamais seriam doidos de confrontar as ordens de qualquer cavaleiro, ainda mais um de Ouro.  Clara permaneceu ainda mais encantada, era ainda mais nobre ver a ação mesmo que pequena de um cavaleiro de ouro pessoalmente e Lydia sentiu alivio, “ Ufa! Graças a Deus que ele impediu os guardas, ou estaríamos bem encrencadas agora” – pensava ela. Afrodite voltou-se para elas:

— Perdoem-me, senhoritas, algumas pessoas realmente não tem bons modos. Eu as ouvi, e não vi mentiras em suas palavras. – Voltou-se para Clara:  _Sua sinceridade me convenceu! Eu Afrodite pretendo pessoalmente ajudá-las. – Disse ele fechando os olhos enquanto sentia mais uma vez o aroma da rosa. Clara emocionou-se e mal podia acreditar mais uma vez naquilo que via e ouvia.

— Obrigada Sr. Afrodite! – Respondeu-lhe Lydia sorrindo-lhe sinceramente.

— Venham comigo, levarei vocês até o Mu de Jamiel, o Cavaleiro de Áries. Ele certamente poderá esclarecer algumas coisas com os poderes  telecinéticos.

— Espera um pouco. – Replicou Clara: _ O Mu também está aqui? -  Afrodite pareceu muito surpreso, porém respondeu-lhe:   

— Ora Clara, realmente és uma incógnita! Ao mesmo tempo em que demonstra inocentemente não compreender muitas coisas, parece conhecer outras. Bem...  Mas não há problemas nisso. Você deve ter ouvido falar que nós os Cavaleiros de Ouro somos 12 (doze), sem contar Kanon, o irmão gêmeo de Saga o Cavaleiro de gêmeos.

Lydia pareceu ainda mais admirada do que Clara:

— Segundo estou entendendo, aqui no Santuário estão os doze cavaleiros de Ouro? É isso Sr. Afrodite?

— Sim isso mesmo! Todos os doze estão aqui, somos responsáveis pela proteção de Athena, deste Santuário, e do mundo. – Clara ouvia a tudo com a maior atenção possível e seu caráter mais silencioso permitia-a fazer reflexões profundas, Lydia continuou:

— Os cavaleiros de Ouro estão todos bem então? E vivos...? – Parecia profundamente aliviada.

— Sim, e estão mais fortes do que nunca, há 4 (quatro) anos fomos trazidos a vida novamente por Athena, graças a ela fomos ressuscitados pela terceira vez, após a vitória contra Hades e depois da grande batalha em Asgard, por sua vontade Athena trouxe de volta a vida a nós todos seus leais cavaleiros mais uma vez. Mas essa é uma longa história que não vamos falar agora, primeiro veremos seu caso. – Disse tranquilamente sorrindo para as duas. Ambas demonstravam muita admiração em meio à grande alegria pela notícia de que todos os cavaleiros estavam vivos e bem, segundo a vontade de Athena.

—Vamos? Venham comigo, eu lhes mostrarei o caminho até a casa de Áries.

— Sim. - responderam ambas sorrindo.