O despertar da Herdeira escrita por Course


Capítulo 9
VIII - O que há nas montanhas


Notas iniciais do capítulo

Ai, gente...
Esse capítulo promete!

Sinceramente, eu nem acreditei que finalmente chegamos aqui, onde eu gostaria MUITO de alcançar nessa história.
Nesse capítulo, algo extremamente importante ocorrerá e espero que vocês peguem a deixa que coloquei especialmente para iniciar a jornada de descoberta da Ella.



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O que há nas montanhas

O caminho, pela noite, até as montanhas não fora algo tão difícil quanto imaginei.

Ciclone manteve seu filho mais novo, Dasper, dando-lhe a ordem para ficar e proteger-me, quando, na verdade, eu era quem deveria ficar de olho no pequeno.

Seguindo as instruções de Fausus e Niemenus, eu direcionava os pequenos narnianos e as crianças pelo caminho, apoiando nossa visão nas tochas que carregávamos.

Nikabrik fora um dos poucos com condições para carregar armas que optou por nos acompanhar até as montanhas. Certamente ele era ainda um dos contra a escolha de Caspian como rei, contudo, nada comentava quando estava perto de qualquer um que apoiasse firmemente a decisão. Neste caso, ele permaneceu toda a viagem calado, acompanhando o nosso ritmo de caminhada mais atrás, enquanto observava os pequenos que vez ou outra saiam da trilha.

Apesar de estar muito tarde, ao alcançarmos as montanhas, consegui ter um belo vislumbre de sua dimensão, graças as tochas acesas ao lado de fora, provavelmente contando com a nossa chegada.

Os faunos pareciam ser guardião de um largo terreno, repleto de gramado ao seu entorno e uma montanha tão alta, que, dali debaixo, parecia quase tocar o céu. Observei atentamente, buscando captar qualquer traço de perigo, enquanto avançávamos até a rampa de entrada, que nos guiaria ao interior da fortaleza.

Lá dentro, pude notar mais tochas acesas e uma quantidade maior de faunos que pareciam ansiosos com a nossa chegada. Ao alcançarmos o que parecia ser o salão principal. Repleto de meses e bancos de madeira, o espaço era composto por tons alaranjados e amarelados, por conta do interior da montanha. Era quente, bastante abafado, mas não me importei tanto, pois uma sensação de leveza acomodou-se em meu peito e eu soube, graças aos meus instintos, que havia conseguido trazer todos em segurança.

Um grupo de faunos pareceu se organizar em fila, enquanto Niemenus começou a dar ordens com um tom pacífico que pareceu ser bem aceito.

― Você e você, mostrarão os aposentos a este pequeno grupo aqui. Já vocês, guiarão as crianças para as fornadas e lhes darão o que comer. Vocês dois mostrarão a estes ali onde escolhemos para manter nossas armas e, por fim, vocês guardarão as bagagens de nossos convidados e depois poderão ir descansar, pois vejo em seus olhos o cansaço do dia pesado.

― Seria bom que todos descansassem. ― Falei, intrometendo-me no que Niemenus dissera e tive a atenção de todos ― Precisamos de todos com boa disposição amanhã para a chegada de Caspian e dos demais. Além disso, estamos esperando um número ainda maior de narnianos, já que Fergs e os ursos espalharam a notícia da nossa união pela floresta. Então, sugiro que hoje, todos aproveitemos o tempo que teremos para descansar, porque amanhã nossa verdadeira batalha terá início.

Esperei que alguém contradissesse o que eu havia sugerido, mas, ao contrário, para minha surpresa, houve uma satisfação geral em minhas palavras.

― Muito bem pensado, rainha Ella. ― Niemenus falou, de repente.

― Hm... eu não sou rainha. ― Expliquei, sentindo minhas bochechas arderem em constrangimento.

― Ah, bem... ― Os faunos começaram a me olhar com surpresa ― É que ouvimos Ripchip e Caça-trufas chamarem-na assim, então pensamos que...

― Olhem, podemos apenas combinar de me chamarem de Ella, o que acham? Assim não teremos que entrar em detalhes de liderança, ou qualquer coisa do tipo. ―Eu estava respirando rápido demais enquanto notava a tristeza dos outros ao ouvirem minhas palavras.

As surpresas não parariam tão cedo, ao que parecia.

Logo, os grupos se dispersaram, todos procurando seguirem as ordens de Niemenus para, em seguida, encontrarem um lugar para dormirem. Eu segui o grupo das crianças, até a cozinha, ciente de que eles se sentiriam mais seguros se eu estivesse por perto. Ficamos lá até que todos os pequenos foram bem alimentados e o sono e cansaço da longa caminhada começara a transparecer em suas feições.

Dasper ajudou-me a encontrar um lugar confortável para cada uma das dezenove crianças que cuidávamos conseguir dormir. Senti-me revigorada por observar todos os pequeninos em segurança e agora respirando, novamente, mais levemente por termos encontrado, finalmente, um lugar seguro.

Só de imaginar que eles passaram suas vidas, assim como Mentis, temendo por perder um pai, uma mãe ou alguém próximo para os trogloditas dos telmarinos, fez-me reforçar a certeza de que precisávamos vencer o tio de Caspian, afim de conquistar nossa liberdade. Nossa liberdade. Eu era uma deles? Sim, eu era. Eu era uma narniana e sentia isso como certeza retumbar dentro do meu coração.

Eu poderia ainda não saber sobre quem eu era, onde estavam os faes ou qualquer outra coisa a meu respeito, contudo, todo o meu ser se acendia com a ideia de proteger aqueles seres do perigo eminente. Estávamos diante de uma guerra grandiosa, contra um inimigo que há muito tempo vem ganhando espaço e conquistando o nosso território sem respeito, moral e nenhum tipo de afeto pela cultura e vida narniana. Muito em breve, os telmarinos verdadeiramente inimigos pagariam pelo que este povo veio sofrendo. E eu prometia silenciosamente, enquanto olhava os pequeninos dormindo, que garantiria que isso seria feito. Custe o que custasse.

≻☼≺

Pela falta de luz, acabei dormindo mais do que realmente deveria.

Ao acordar, notei quatro tochas acesas no aposento que Niemenus havia me colocado. Aparentemente, eles separaram o que tinham de melhor para mim e senti-me constrangida por aceitar. Meus instintos apitavam indicando que eu poderia magoar ainda mais os sentimentos do fauno caso o recusasse, já que a todo instante ele buscava uma forma de não me chamar de rainha ou majestade como se aquilo fosse errado. Quando agradeci alegremente, forçando-me a sentir-me bem por ter um lugar especial só para mim, vi um brilho em seu olhar e senti no peito a certeza de que aquele ato de generosidade do fauno fazia parte de sua cultura hospitalar.

Calcei meus sapatos, sem saber ao certo que horas seriam e usei o espelho antigo no quarto, sob uma bancada de madeira para refazer a minha trança que agora estava quase que completamente desfeita. Usei a água na bacia para lavar meu rosto e dei-me o direito de me sentir revigorada por ter dormido em um lugar confortável, depois de muitos dias. Olhando rapidamente pela bancada, notei que ele deixara uma nova vestimenta para mim e puxei o tecido rosa para analisar o que era. Um vestido de manga longa e acetinada abriu-se na minha frente, enquanto o erguia para analisa-lo melhor. Como uma chuva de flores, todo o tecido parecia ter sido retirado de um jardim florido, já que a cada parte de seu tecido uma flor fora bordada delicadamente e cuidadosamente, causando um efeito esplêndido e mágico enquanto analisava o modelo que posava a minha frente. Com um corpete acentuado, ele parecia bastante com o que eu acordara, mudando apenas o tom, o fato do corpo ser menos cheio, com menos tecidos, parecendo, assim aliviar o peso da vestimenta. Levei muito tempo admirando a beleza delicada da vestimenta até me dar conta de que ansiava por experimenta-lo e avaliar se ficaria tão lindo em mim quanto eu imaginava.

Estranhamente, senti-me alegre por ter um novo vestido para usar, já que a calça e a camisa eram peças estranhas para meu corpo. O tecido da roupa era macio, confortável e ficou perfeitamente bem em meu corpo quando desfiz-me de meu traje anterior e aproveitei para rodopiar quando terminei de dar um laço na fita nas costas do corpete. Olhando-me no reflexo do espelho, senti como se houvesse vida novamente em meu rosto que, com duas pequenas manchas vermelhas pelos sorrisos excessivos que experimentava, parecia como se realmente fosse uma dos fae.

Tratei de arrumar o quarto da melhor forma que conseguia, pensando em uma maneira de utilizá-lo como uma possível área para cuidados médicos futuramente e então saí em busca de algo para saciar meu estômago que roncava, anunciando sua necessidade de alimento. Para alguém que conseguiu sobreviver dois dias apenas com água e algumas poucas frutas, eu estava me tornando uma acomodada com a vida boa que os narnianos me proporcionava.

Seguindo o caminho que Niemenus havia feito comigo no dia anterior, retornei para o salão principal, em que havia um movimento ensurdecedor. Notando as feições de espanto dos faunos, que corriam de um lado para o outro, buscando arrumar tudo que já estava arrumado, senti um calafrio nas costas, temendo que algo de errado tivesse ocorrido com Caspian e os outros. Será que havia acontecido alguma coisa com o assalto que ocorrera nesta noite?

O melhor seria encontrar alguém para conversar e aí notei que um grupo maior de pessoas paradas se encontrava próximo aos fornos, onde o café-da-manhã parecia estar sendo servido com fornadas de pão, mel e água. Foi me aproximando aos poucos, notando a preocupação rondando os rostos dos faunos por quem eu passava, até que notei Mentis sentado em um dos bancos ali dispostos, tomando enormes quantidades de água que os outros lhe ofereciam para encerrar seu cansaço.

― O que foi? O que houve? ― Corri rapidamente em sua direção e só parei quando percebi que obtivera sua total atenção ― Mentis, onde está Caspian?

Seu olhar pousou em meus olhos e, por não encontrar dor ou tristeza, senti um alívio percorrer minha espinha e acalmar meus músculos. Na verdade, pude notar uma enorme quantidade de alegria em suas feições, apesar do cansaço rondá-lo também.

― Nós os encontramos... Ou eles nos encontraram, não sei bem o que dizer. ― Apesar da voz falha, ele conseguiu proferir as palavras com alegria.

― Quem, Mentis? Quem vocês encontraram?

― Os reis e rainhas de Nárnia, senhorita Ella. Eles voltaram para nos ajudar.

Suas palavras foram um baque em minha mente. Uma sensação de náuseas permeou meu estômago, junto de um bilhão de farfalhares de asas de borboletas em meu interior, como se aquela fosse uma das notícias mais aguardadas por mim. Eu senti meus joelhos falharem um pouco, então resolvi sentar-me ao seu lado e respirar fundo.

Notando minha indisposição, Celestar, um outro fauno, trouxe-me um copo com água e uma fatia farta de pão que aceitei de bom grado, rezando internamente para que aquilo fosse apenas cansaço e fraqueza causados pela fome.

― Quando eles chegarão? ― Consegui perguntar, depois de engolir secamente uma enorme mordida da massa.

― Muito em breve, senhorita. ― Ele sorria, alegre e mais calmo agora ― Caspian está ansioso para retornar o quanto antes para vê-la. Mandou lhe entregar isto. ― E retirando uma flor amarela de cima da mesa, ofereceu-a a mim que aceitei sem protelar ― Ele pediu para contar que tudo correu como o planejado e que ele voltará sem faltar uma parte dele.

Meu sorriso cresceu, enquanto acariciava as pétalas da flor maravilhosa que parecia quase reluzir no meio de toda aquela confusão. Caspian estava voltando para mim, como havia prometido.

― Nós precisamos preparar comida para eles. ― Anunciei, erguendo-me de supetão do banco, percebendo que os soldados chegariam famintos.

Os faunos pareciam atentos aos meus comandos que, automaticamente, eram lançados de um a um enquanto eu caminhava, deixando meu vestido balançar livremente pelo corpo.

― Precisamos de cômodos confortáveis para os reis, bacias com água para que possam se limpar. Se eles estão de viagem há dias, seria bom que pudéssemos conseguir roupas limpas para eles. Celester, por favor, encontre o senhor Niemenus e peça-lhe para tomar nota do tamanho que Mentis fornecerá sobre o tamanho de vestimenta dos reis. Dasper, precisaremos da sua ajuda para preparar uma entrada apropriada para os reis nas montanhas. Não sei bem como podemos fazer isso, mas conto com a sua ajuda para que seja algo gracioso e especial.

― Ciclone vem galopando na frente com os demais centauros para preparar a recepção, majestade. ― Mentis informou.

Não tive tempo para corrigi-lo do pronome utilizado, então limitei-me a prosseguir com os comandos que eram acatados rapidamente e todos pareciam se movimentar em sincronia perfeita, organizando tudo, fabricando mais massas com sementes para os pães e correndo para manter tudo limpo e pronto para recebermos os reis e rainhas de Nárnia.

Quase na hora do almoço, Ciclone galopou pelo salão principal, usando vestes de centauro formosas e saudando-me com uma reverencia antes de falar, interrompendo minha conversa com seu filho, Dasper, sobre as flores que colhemos no exterior para enfeitar o quarto das rainhas.

― Muito em breve eles chegarão, senhorita Ella.

E, com seu anuncio, todos começaram a correria novamente, agora desenfreada, para finalizar os preparativos.

― Vocês estão responsáveis pela-

Eu ia informar Ciclone sobre a recepção, mas ele foi mais rápido, interrompendo meus pensamentos.

― Sabemos disso, senhorita. Fique tranquila. Agora mesmo irei preparar os centauros para a comitiva que receberá os reis e rainhas.

Fui na companhia de Dasper até o quarto que Niemenus separou para os reis e terminamos de deixar as roupas acomodadas. Enquanto meu corpo movia-se de forma automática, peguei-me pensando no quanto o peso dessa notícia me abalara e transformara-me em uma espécie de fada mandona que guiava os passos de todos ali que acatavam sem reclamar. O clima não era tão amigável agora. Todos pareciam tensos, ansiosos para a chegada daqueles que, no inconsciente, eles aguardavam.

― Veja, senhorita Ella, gosta dessas? ― Ferruan, uma esquila que ficou designada para preparar as coroas de flores para as rainhas apresentou-me o adorno recheado de flores rosas, amarelas e brancas e assenti, completamente apaixonada pela delicadeza dos detalhes.

― É realmente muito linda, Ferruan. Tenho certeza que a rainha Lúcia amará este.

― Mas não é para a rainha Lúcia. ― Aproximando-se um pouco mais, ergueu-a em minha direção ― Fizemos essa para a senhorita, em agradecimento pela paciência e cuidado na travessia até aqui.

― E por ser sempre gentil conosco. ― Uma outra esquila anunciou.

― E por nos fazer acreditar em Caspian. ― Dasper sorria, complementando a frase, revelando-se cúmplice do presente.

Só então notei que a composição das cores combinava perfeitamente com o vestido que eu ganhara e, assim, pude perceber que o presente do vestido também viera deles. Aceitei a coroa de flores e a posicionei em minha cabeça, sorrindo para os outros que aguardavam ansiosos pelos meus movimentos.

― Solte sua trança também, senhorita. ― Sugeriu Ferruan e assim o fiz, passando os dedos pelo cabelo que logo se desfazia e revelava o volume das ondulações douradas que eu possuía.

― Não tenho palavras para agradecer a estes presentes. Apalpei a coroa no topo da minha cabeça enquanto, com a outra mão, alisava o tecido macio que corria por meus dedos Vocês são mesmo amigos muito especiais. ― Sentia minhas bochechas queimarem de alegria enquanto eu acompanhava Dasper até a entrada das montanhas, para aguardarmos o retorno dos narnianos guerreiros que traziam consigo os líderes salvadores da nossa guerra.

Tudo parecia em seu devido lugar.

Os centauros estavam acomodados nas laterais da rampa de entrada, em posição de sentido, enquanto alguns faunos e sátiros saíram e se organizaram em fileiras para receberem os reis que atravessariam a passagem. O céu estava radiante naquela tarde. Com pouquíssimas nuvens, podíamos aproveitar o melhor que o Sol tinha a nos oferecer, iluminando todo o caminho esverdeado do gramado que os reis passariam, trazia uma sensação de leveza e alegria ao ambiente, finalmente.

Eu iria me acomodar ao lado de Ferruan e Mentis na fila de recepção, quando lembrei de buscar a trompa que estava guardada em uma das minhas bagagens no meu aposento. Voltei às pressas para meu quarto e levei alguns minutos até descobrir em qual das malas eu havia colocado a trompa que Caspian deixara sob minha tutela. Ao encontra-la, finalmente, olhei-me uma última vez no espelho e encontrei uma loira repleta de brilho e expectativa refletindo lá. A coroa de flores azuis e branca combinava perfeitamente com o tecido acetinado do vestido que eu ganhara do fauno responsável pela organização da montanha. Apesar do meu decote ganhar um grande destaque a cada vez que eu respirava profundamente, este corpete não era tão incômodo e deixava-me com uma beleza mais natural.

Ouvi uma batida rápida na porta de madeira tirando-me de meus devaneios e observei Ferruan se aproximar.

― Vamos, senhorita! Eles chegaram. ― Sua voz soou rápida e ainda mais fina que o normal, demonstrando todo a ansiedade que devia circundar em seu corpo diminuto.

Segurando firme a trompa, corri pelos corredores, seguindo Ferruan até a rampa de entrada, completamente ciente de que nossa saída agora poderia chamar atenção, mas ansiosa para reencontrar Caspian e finalmente conhecer os reis da antiga Nárnia.

Ferruan era possivelmente dez vezes menor do que eu, de modo que, no segundo que nossos pés tocaram no primeiro feixe de luz da saída, possivelmente fora eu que ficara em maior destaque.

Para minha total vergonha, os reis já haviam atravessado os primeiros grupos que formavam a enorme fila em direção à rampa da montanha, e, deste modo, senti-me na obrigação de forçar nossos passos a caminharem mais rápido, para tomar nossos lugares sem chamar mais atenção do que já estávamos chamando.

Apesar dos meus esforços para não ser um foco chamativo no meio dos centauros em formação, passei meus olhos rapidamente no grupo de cinco humanos que avançava cada vez mais o gramado em minha direção. Em uma das pontas era possível observar uma garotinha, possivelmente medindo a metade de minha altura, esbanjando um lindo vestido laranja. Seu cabelo era castanho, caindo um pouco abaixo do ombro e liso. Um sorriso formidável cresceu em seus lábios quando ela contemplou-me de volta, parecendo imensamente contente com o que via. Na outra ponta, pude notar um rapaz quase da minha estatura, de cabelos negros e pele tão branca quanto leite caminhar ao lado de uma outra moça que vestia algo similar a pequena garotinha, mas em tom roxeado. Estes estavam armados, sendo o rapaz usando um coldre com uma espada e ela manuseando um arco que possivelmente era parceiro das flechas na aljava que pendia nas suas costas.

Ao centro, havia Caspian. Notoriamente mais alto entre os cinco, destacava-se pelo sorriso colossal em seu rosto ao perceber que eu estava ali o admirando a distância. E, por fim, ao seu lado, havia um rapaz não tão alto quanto Caspian, mas aproximava-se bastante de sua estatura. Com um cabelo dourado e vestes em perfeito estado, ele desfilava despretensiosamente admirando os seus súditos com um olhar maduro e certeiro. Olhando-o atentamente, senti leves arrepios em minha nuca enquanto notava seu jeito de andar e agir. Aquele deveria ser o Grande rei Pedro, como Caspian contara-me. Este foi o último a me notar fora da formação, mas quando o fez, freou no meio do caminho instantaneamente.

Oh, não.

Eu perdi tanto tempo admirando o grupo que sequer notara que havia parado no meio do caminho feito uma acéfala mental. Decidida a não constranger ainda mais os reis, caminhei em disparada, buscando encontrar algum lugar para me enfiar na enorme fila repleta de narnianos, que aguardavam animados a passagem dos seus líderes.

Assim que me mexi, percebi um movimento de algo avançando mais rápido que o normal pelo gramado e desviando minha atenção até o que quer que fosse, notei o rei loiro vindo em minha direção com um olhar extremamente ansioso e estupefato. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele já me alcançara, no meio do gramado e, tomado por um sorriso enorme no rosto, passou sua mão em minha cintura, puxando para si, alegremente, como se eu fosse sua propriedade.

― Aurora... você está aqui!

E, para completar o cerco de surrealidade, ele fez algo que jamais imaginaria ocorrer em toda minha humilde capacidade de lembranças.

O rei passou sua mão em meu rosto, acariciando brevemente antes de tomar meus lábios com os seus.

Ele me beijou.

 

 


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Notas finais do capítulo

Então... é isso.
Sem mais palavras.
Aguardo vocês nos comentários ou me encontro com vocês no próximo capítulo!
Até breve ♥



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