O despertar da Herdeira escrita por Course


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos ao meu universo!

Estou totalmente animada com essa história e desejaria muito saber o que vocês estão esperando com as poucas informações que obterão nesse pequeno prólogo.


Aproveitem a história!



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Todos em Cair Paravel estavam ansiosos com a chegada dos visitantes do Sul, afinal, era chegado o momento da concretização de mais uma profecia: a união entre a herdeira do sangue narniano e aquele ao qual foi incumbido pelo próprio Aslan o direito de Grande rei de Nárnia.

Se alguém, anos atrás, contasse à Pedro que, além de ser condecorado rei de uma terra mágica e que iria se casar com a herdeira do trono do Jardim das Montanhas altas, ele logicamente daria uma boa risada, principalmente por esta situação estar concretamente formada de modo similar aos contos fantasiosos criados por sua doce e meiga irmã Lúcia. Mas ali estava o Grande rei Pedro, terminando de arrumar as abotoaduras de sua melhor vestimenta, afim de impressionar aquela com a fama de ser impressionante.

Ele nunca havia a visto antes, portanto, estava ansioso, pois tudo que tinha de sua futura esposa era uma pintura esculpida por seu irmão Edmundo, a quem ficou encarregada a missão de organizar todas as questões diplomáticas do acordo de noivado entre ambos. Pedro olhava para a gravura todos os dias de manhã, desde que a recebera, e ansiava demasiadamente pela chance de ver pessoalmente a face daquela que seria sua para sempre.

― Irmão? ― Se Susana batera na porta, Pedro não foi capaz de ouvir, afinal estava perdido em seus pensamentos, mas foi capaz de ver, através do reflexo de seu espelho, a irmã se espreitando para dentro de seu quarto, usando o seu melhor vestido.

Assim como Lucia, Susana havia envelhecido muito bem, tornando-se uma bela mulher a quem Pedro sentia muitos ciúmes. Ele ainda tinha dificuldades para ver qualquer outro em Nárnia olhar com um certo desejo para suas irmãs, afinal, como o mais velho, ele tinha todo o direito avaliar possíveis pretendentes para ambas. E, muito em breve, ele sabia que teria de o fazê-lo, visto que os faes das terras do Sul eram o mais próximo da fisionomia humana ali em Nárnia e que, com toda certeza, impressionavam com a beleza que emanavam naturalmente.

Pedro sabia que Lúcia havia nutrido sentimentos por um elfo da guarda real de um líder das terras do Sul e, por conta disso, sua relutância em dar continuidade neste noivado o dominou. Casar-se daria abertura para que suas irmãs também o fizessem e, apesar da chegada a idade adulta, ele ainda sentia que não havia ninguém neste mundo ou em qualquer outro, bons o suficiente para tomarem a mão de ambas.

― Sim?

― Foi anunciada a chegada dela na cidade baixa há pouco e os guardas informaram que ela já está a caminho dos portões principais do castelo. ― A voz de Susana possuía um tremor, até então, desconhecido.

Pedro virou-se para encará-la melhor e percebeu que havia um enrubescer em suas bochechas.

― Que foi, Susana? ― Ele teve de perguntar, preocupado com a reação de sua irmã.

Ela protelou ao responder, buscando aproximar-se uns passos a mais e acariciar o tecido de sua vestimenta.

― Pedro, não quero te deixar preocupado, mas... ― Ela suspirou ― ela é tão linda!

Franzindo o cenho, o homem não compreendeu bem qual seria o motivo de preocupação.

― Ora, não vejo motivos para-

― Pedro, ela é absolutamente linda. Você estará perdido, tenho certeza! ―  E então ele sentiu o tom de zombaria em sua voz ―  Não haverá como escapar, entende? No momento que olhá-la, será totalmente sugado. ― Um sorriso cresceu em seus lábios.

Deixando seus olhos rolarem, ele soltou um longo bufar, como um touro, zangado pelas asneiras que a irmã lhe dizia.

― Por favor, Su, acha mesmo que já não estou acostumado com a beleza destes seres das florestas? Passei quase cinco anos conversando com os reis dos Jardins Altos e nunca, jamais, senti nada, por nenhuma das fadas.

Ela gargalhou, enquanto passava a mão pelos cabelos, afim de arrumá-los ainda mais.

― Pelo que eu posso ver, é você, irmã, que corre o terrível risco de se apaixonar por qualquer um dos fae.

A rainha Susana retribuiu o gesto de seu irmão e revirou os olhos, mas o sorriso em seus lábios lhe entregava totalmente.

― Desde que ele seja bom o suficiente para meu irmão carrancudo, claro. ― A zombaria ainda persistia em sua voz.

― Desde que ele seja bom para Nárnia, Susana. Nunca se esqueça que estes não estão habituados a se envolverem com o resto da população de Nárnia, Su. Desde a guerra contra a feiticeira, nunca mais vimos nenhuma fada ou fae pelas florestas de Nárnia. Eles se guardaram absolutamente nas montanhas para preservarem sua própria cultura.

Ela assentiu, parecendo concordar com o que o irmão dizia, mas o brilho escuro em seu olhar lhe entregava totalmente. Susana, apesar de ser mais cética que Lucia, estava fadada, assim como toda dama de Nárnia, a sentir atração pela selvageria dos moradores do Jardim Alto.

Cansado daquele assunto e do protelar do tempo, Pedro moveu-se em direção à porta, pronto para, finalmente, encontrar-se com aquela que seria sua.

O povo das Montanhas Altas era recluso, exclusivo e praticamente inacessível. Eram, ali em terras narnianas, o que mais se assimilavam anatomicamente dos filhos de Adão e filhas de Eva e, portanto, não havia tanta protelação da parte de Pedro para formalizar a união. Na verdade, uma parte escura e sombria de seus pensamentos só conseguia pensar no momento de consumação do casamento. Fadado à apenas ter uma ilustração e as palavras descritivas de seu irmão como exemplo, Pedro não tinha muito para alimentar sua imaginação e aquilo o deixava ansioso, temendo que, no fim das contas, tudo não passara de uma piada para Edmundo e sua futura noiva seja tão feia quanto um Minotauro.

Chegando à grande porta do salão dos tronos, aguardou por sua irmã até que ela se acomodasse ao seu lado e adentrou no espaço, deslizando pelo mármore brilhante, forçando um sorriso alegre aos súditos que se prostravam respeitosamente em reverências às majestades que passavam por ali.

De fato, ele já imaginava que Lúcia e Edmundo já os aguardariam, sentados em seus respectivos tronos, contudo, com posturas totalmente diferentes. Sua doce irmã esbanjava um enorme sorriso e com os olhos bem abertos e brilhantes não se envergonhava de demonstrar a ansiedade para conhecer a herdeira do trono do Jardim das Montanhas Altas. Já Ed, parecia esforçar-se a demonstrar que assistia a entrada de seus irmãos mais velhos como uma das situações mais monótonas de sua vida, contudo, um pequeno sorriso escapou, deixando claro o divertimento oculto que parecia sentir.

Quanto cada rei efetivamente acomodou-se em seu trono e as pessoas no salão silenciaram-se em respeito, Pedro sentiu ser aquele o momento para que o Grande Rei falasse.

― Povo de Nárnia, há muito ouvimos boatos de uma possível guerra com o povo das Montanhas Altas, para determinar a liderança dos verdadeiros reis das terras narnianas. Hoje, com a chegada da princesa Aurora, colocaremos um ponto final nestes falsos boatos. Não há divisão de líderes em nossas terras. Em Nárnia há apenas um grande rei e apenas isso.

Eram palavras duras de serem ouvidas, contudo, era pior ainda para Pedro proferi-las, pois enquanto elas deslizavam de seus lábios, ele conseguia sentir o sabor da mentira escapando em sua língua e se apossando de seus sentidos. Apesar de realmente não haver nenhuma guerra se aproximando, o vento trazia a notícia dos telmarinos cada vez mais próximos nas terras de Nárnia, assim como a tentativa de isolamento dos faes do restante da população. Os súditos dos filhos de Adão e filhas de Eva não se sentiam confortáveis com esse tipo de divisão, pois lembrava do sórdido período do governo da feiticeira. Portanto, para confirmar uma união em seu território, Pedro e Edmundo, junto do conselho, determinaram que o melhor a se fazer seria buscar uma forma de unir laços com a considerada família real dos fae e, deste modo, a proposta de casamento veio para acalentar o medo que começava a circular pelas ruas e vielas de seu reino.

O que nem Pedro e nenhum outro narniano contava era com a revelação de uma das fadas superiores que indicou que o casamento entre Aurora e Pedro fazia parte do tríplice de profecias que circundavam a formação de Nárnia. A primeira delas, obviamente, era a chegada dos filhos de Adão e das filhas de Eva determinaria o fim do reinado da feiticeira, a segunda era a união entre a herdeira do sangue narniano e o Grande Rei. A terceira, entretanto, só seria revelada ao herdeiro legítimo desta união e, portanto, esta revelação fez com que todos ficassem tão ansiosos quanto Pedro pela consumação do casamento.

― Prometi à vocês que nossa família cuidaria de nossas terras, de nossa união e assim temos feito ao longo dos anos e continuaremos fazendo por muito mais anos que nos forem permitidos. ― Pedro prosseguiu com seu discurso, mas um rápido movimento na porta do sr. Tumnus, fez-lhe interromper sua fala, pois era chegada a hora, finalmente.

O fauno aproximou-se de forma pomposa, percebendo que o efeito de ter interrompido o discurso do rei deu-lhe a oportunidade de chamar a atenção de todos ali presente, e proferiu as palavras que o Grande Rei almejava ouvir.

― Grande rei. ― Tumnus fez uma breve reverencia, antes de prosseguir ―Venho anunciar a chegada da princesa Aurora à Cair Paravel.

E antes que os súditos ou qualquer um dos quatro reis tivesse a chance de esboçar alguma reação, as portas pesadas do grande salão são abertas.

Nem toda tinta dourada do mundo seria o suficiente para Pedro retratar perfeitamente o que podia ser visto na entrada do salão.

Um longo vestido rodeado de brilhos e flores encorpava uma menina de grandes olhos esverdeados e dona de uma longa cascata de cabelos tão dourados quanto seu vestido. Sua pele em tom leitoso parecia reluzir em contraste com suas vestes e a cada movimento que seu corpo dava em direção aos quatro tronos, era possível sentir uma mudança súbita no ambiente, trazendo consigo a sensação de conforto, tranquilidade, paz e o cheiro de lar.

Quando os olhos da herdeira se encontraram com os olhos do rei loiro, todo o espaço a sua volta pareceu congelar. As palavras de Suzana começaram a soar como um sussurro aos seus ouvidos “você estará perdido”.

Poderia ir contra todos os protocolos, as regras de etiqueta e decoro, mas Pedro pouco se importava das leis ou qualquer um que pudesse zombar de sua atitude futuramente, pois colocou-se a caminhar em direção àquela que já estava terminando de percorrer todo o salão em sua direção. Quando finalmente a alcançou, percebeu que tudo o que queria fazer era tocar sua doce face e comprovar se era tão macia como sua mente o fazia crer e, contemplando toda a beleza de seu rosto percebeu que um rubor vermelho se apossou, mesclando-se ao tom claro e delicado de sua pele. Ele a estava constrangendo?

― Majestade. ― Como se mil sinos tocassem em seu interior, todo o corpo dele pareceu se acender e despertar para as palavras proferidas por ela ― Agradeço a gentileza de me receber em seu castelo.

Ela tentou reverenciar-se, mas Pedro a interrompeu, tocando levemente em seu braço.

Houve um movimento de surpresa dos súditos ao seu entorno, mas aquilo não o impediu de prosseguir.

― Não há necessidade, princesa Aurora. Em breve, você será minha esposa e nunca mais precisará se curvar ninguém nesse mundo.

E o efeito de suas palavras voltaram a fazê-la corar e aquilo agradou seu ego de uma forma que não sabia como descrever muito bem. Naquele momento, Pedro quase não podia acreditar que aquela ali, em sua frente, seria sua esposa dali a pouco tempo. A mais bela que já tivera a chance de contemplar seria sua. Pra sempre.

A ideia o agradava mais do que podia sonhar.

Infelizmente, nem tudo é como realmente planejamos.


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Notas finais do capítulo

Ah, gente... Tanta coisa pra acontecer ainda e eu estou tão ansiosa para dar contiuidade.
Será que eu mereço reviews?

Beijos e até breve!



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