Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 4
Capítulo 04 - Cooperação entre as Agências, será?


Notas iniciais do capítulo

Bem... divirtam-se com esse...
Aaron Hotchner e Leroy Jethro Gibbs se encontram novamente...



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Eram em casos assim que a equipe tinha somente duas reações: ou ficavam todos em silêncio, falando somente o necessário, quando fosse necessário, ou todos ficavam tão revoltados com a cena, que agiam no modo de pura raiva. Nos últimos cinco anos, sempre foi a segunda reação. E, nos casos em que pegamos, alguém sempre parou na emergência. O último havia sido Tony. Ele encurralou o suspeito em um beco, e, agindo contra tudo o que eu falei para ele nos últimos quinze anos, acabou por entrar em uma luta corpo a corpo. Não deu outra, o homem estava com uma faca e não hesitou em cravá-la em seu peito. Se Ziva não tivesse chegado rápido e atirado, ele teria matado Tony, com várias facadas, ali mesmo.

Foram longas horas na cirurgia. Erraram o coração dele por milímetros. A equipe ficou apreensiva durante a cirurgia e a pós operação. E eu não sabia quem chorou mais, se foi Abby ou Liz.

Passado o susto e o gancho forçado de três meses em casa. Na verdade na minha casa, pois eram férias de verão e Liz insistiu que ele ficasse lá, pois assim ela tomava conta dele para ele não fazer nenhuma besteira, DiNozzo voltou, um pouco mais cuidadoso, mas eu não sabia até onde esse cuidado iria quando ele visse o corpo que eu estava encarando agora. E foi justo ele quem parou do meu lado quando chegamos à cena do crime.

— Olha o que esse desgraçado fez! – Eu sibilou do meu lado.

— DiNozzo. Se você não se controlar, eu vou te colocar só na burocracia. Não se esqueça no que as suas ações resultaram da última vez!

— Sim, Chefe. Eu lembro – ele levou a mão ao peito onde havia sido esfaqueado.

— Então foco. Não será um caso fácil pra ninguém. Mas temos um casal que quer saber o que aconteceu com a filha. Faça o seu melhor e faça rápido!

McGee, Ellie e Ziva vinham se aproximando. Ellie busque por testemunhas, Ziva, você fala com os pais. Com cuidado. Eles estão tendo o pior dia de toda a vida deles. Pegue o que achar necessário. McGee vá com ela. Os pais tendem a ficar irracionais e às vezes agem no impulso, com uma raiva exagerada.

Eles assentiram e saíram. Não era necessário que todos eles vissem essa cena. Tony tiraria o restante das fotos para que Ducky pudesse mexer no corpo.

— Ah! Estes são sempre os piores. Estes pobres anjos sempre nos machucam quando nos deixam, mas desse jeito. Com essa brutalidade e violência, nos dá uma sensação ainda maior de que o mundo talvez esteja caminhando para o mal irreversível.

Dessa vez eu deixe Ducky falar. Normalmente ele sempre fala as coisas certas, mas estou ocupado pensando nas possibilidades de motivo, execução e autoria. Mas, dessa vez, essa pequena garota loira, com seus olhos azuis já leitosos, me deu muito mais no que pensar.

— Hora da morte, Ducky?

— Há quatro horas atrás, entre meia noite e uma da manhã, Jethro. Essa pobre menina foi tirada da cama para ser morta aqui. Ainda está usando seus pijamas e pantufas.

Olhei para os pés da menina, e vi as pantufas. Eram idênticas às de Liz. Eram o Baby qualquer coisa, daquele filme d’Os Super-Heróis da Galáxia que ela tanto gostava.

Quando Ducky terminou seu exame preliminar. Disse que a causa da morte ainda era duvidosa. Poderia ter sido o pescoço quebrado ou a facada na região do baço, ou as duas coisas. Ele precisava analisar mais.

— Vamos levá-la, Sr. Palmer. Com toda delicadeza possível, por favor.

Palmer hesitou. Ele havia acabado de se tornar pai. Victoria Elizabeth, sim, Elizabeth, havia nascido há menos de um mês. Imagino o quanto essa cena deveria ser difícil para ele. Tão difícil que ele não conseguiu erguer a menininha. Chorando, pediu desculpas e se retirou, dizendo ser demais.

— Eu te ajudou, Ducky.

— Não o culpo, Jehtro.

— Nem eu. Não é fácil para ninguém.

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Outra menininha morta. E em um dia em que todos da equipe ainda estavam remoendo o castigo de Liz. Mas não podíamos perder tempo. Se quisermos manter nossa Pimentinha sã e salva, teríamos que pegar esse desgraçado.

— Atualização.

— O nome da nossa menininha é Angela Willis. Tem nove anos. É filha do Primeiro Sargento Roger Willis e de Mary Ann Willis. Não foi reportado nenhum desaparecimento prévio da garota. Os pais a colocaram na cama por volta das dez e meia da noite e, só notaram que ela não estava lá quando chegamos na casa para avisá-los da morte, Gibbs. – McGee me informou.

— A mãe entrou em choque. O pai está em negação. Mas estão aqui. Na sala de reuniões. Demos uma olhada no quarto dela, e, bem, é o típico quarto de garota, bonecas, ursos de pelúcia, livros, alguns DVD’s, não tinha nenhum sinal de entrada forçada na residência ou no quarto dela. Sem marcas nas paredes, ou até mesmo no jardim. Quem a tirou de casa, a tirou pela porta da frente e tinha a chave. – Ziva disse.

Olhamos para Ellie, ela olhava concentrada o monitor de seu notebook.

— Ellie, você! Hei, descobriu algo?

— Sim e não, Gibbs.

— Não temos tempo para isso, Bishop, o que você descobriu?

— Que tem um alerta sobre assassinatos com esse mesmo M.O. vindo do FBI.

— Você quer dizer que o nosso caso está ligado ao caso de serial killer em aberto, Ellie?

— Sim, Tony. No mínimo nove garotas entre sete e onze anos foram mortas.

— Aonde?

— Em todo o país. Ele não tem um... um perfil geográfico, Ziva.

— Não me diga que vamos dividir a cena com o FBI?

— Disso eu não sei, Chefe. Mas tá aqui. Tem até um perfil. E Angela bate com a vitimologia.

— Atenção. Essa garota é filha de um fuzileiro. Os pais estão lá em cima esperando que resolvamos isso e coloquemos o culpado na cadeia, é o que vamos fazer! Bishop não reporte nada ainda para o FBI, vamos manter a cadeia de evidências e custódia somente em nossas mãos, por enquanto. Todos trabalhando, vamos descobrir quem fez isso. Esqueçam fim de semana, esqueçam sessão pipoca. Nossa prioridade é ela! – O Chefe nunca tinha falado tanto na vida!

Passamos o resto do sábado e o domingo trabalhando no caso. Jenny, sem a Liz, esteve aqui e muito gentilmente nos trouxe café, um lanche e uma pequena atualização sobre a Liz. A Pimentinha realmente estava arrependida, mas o castigo continuava.

A falta de pistas concretas estava deixando todos malucos, mas Abby era a mais inconformada.

— Eu tenho um laboratório pronto, prontinho. Todo equipado com os melhores aparelhos, mas esse cara – ela apontou para uma folha impressa com uma cara de ninguém, só uma sombra – conseguiu nos enganar! Eu não gosto dele! Alguém faça alguma coisa! Por favor!

— Abbs, estamos todos assim. E o Chefe tá pior. Vá por mim. Vamos pegá-lo!

O resto do domingo passou sem novidades. Ducky, sem a ajuda de Palmer, terminou a autópsia de Angela, revelando detalhes assustadores.

— Ela estava viva e imobilizada quando ele a esfaqueou. Ele a viu sangrar e sofrer de dor por um tempo, e, quando se cansou, quebrou o pescoço da pobrezinha. Não foi uma morte rápida, Jethro. Ela sofreu além do limite. E lutou. Muito. Tanto que tem marcas de esganadura em volta do pescoço.

McGee fez menção de que ia vomitar o chocolate que ele havia acabado de ingerir. Ziva quebrou um pedaço do lápis que ela tinha na mão quando o bateu na mesa. Ellie estava horrorizada demais para sequer se mexer. Eu não sabia se saia correndo gritando de ódio ou se pegava a minha arma e atirava na primeira coisa que visse só para poder extravasar a ira.

— Todos para casa. Agora. – Gibbs ordenou depois de ler o relatório da autópsia.

— Mas Gibbs, ainda não temos nada...

— Agente David, isso foi uma ordem. Para casa. Todos vocês. Vão. Tentem descansar. Voltem amanhã às sete da manhã, sem atrasos.

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— Elena, por favor. Não faça essa babá sair correndo. Essa será a sua última chance de provar que realmente quer se redimir da bagunça de sexta passada.

— Sim, papai. Eu prometo, vou me comportar com a nova babá, vou passar o meu tempo estudando e, pensando em como eu vou consertar as coisas na escola na semana que vem. Eu não vou decepcionar nem você, nem a mamãe!

— Assim, espero, mocinha. Essa é a nossa última chance para você. Não desperdice.

— Não vou mamãe!

— Agora vá fazer o que planejou. Se tudo der certo, estaremos aqui à noite. Qualquer coisa te ligamos ou você nos liga. Tchau gatinha!

— Tchau, mamãe! Tchau papai! Amo vocês!

Ela nos acenava da porta, a imagem da calma e quietude. Muito diferente da Elena que chegou em casa na sexta à noite.

— Me diga que ela vai ficar bem! Que essa babá vai durar e que não teremos problemas. Minta pra mim, falando que vamos superar essa semana!

— Ela vai ficar bem, Emily. Um último voto de confiança. Ela está crescendo, já sabe o que é certo e errado.

— Nessas horas eu queria que ela fosse igual ao Jack!

— E que graça teria se tivéssemos dois filhos quietos?

— Não seria paternidade, não é?

— Não. E nós não veríamos o que ela puxou de cada um de nós!

— Espero que o ataque de sexta tenha vindo do seu lado!

Ia responde-la, quando meu celular tocou. Garcia. Cedo assim em uma segunda feira...

— Diga Garcia. Bom dia!

— Bom dia, BossMan! Bom dia, Emilinda! Temos um problema.

— É claro que temos, PG, ou você não estaria ligando para o Aaron.

— Acharam outro corpo. Outra garotinha morta. Mesmo M.O. do “Ceifador de Anjos”.

— Onde Garcia?

— Aqui em Quântico. Na base dos Fuzileiros.

— Avise o restante da equipe. Nos encontramos lá.

— Hotch, lembra do problema?

— Sim...

— Então... Como o corpo foi encontrado na madrugada de sábado, dentro da base dos Fuzileiros. Eles chamaram a NCIS para investigar. Todo o caso está com eles. Do corpo até as evidências.

— E eles não nos chamaram?

— Acho que não... pelo menos não recebi nada.

— Certo. Peça para irem para a sede da NCIS. Encontro todos lá. Vamos trazer esse caso para nossa jurisdição.

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Deixar Elizabeth em casa, sozinha, era algo tão errado de se fazer. Era segunda, pelo amor de Deus. Ela tinha que estar na escola. Não estudando em casa. Uma semana de suspensão era demais. Mas se foi essa a punição que a Diretora achou justa, eu não poderia mudá-la. Mas poderia colocar uma garota de dez nos eixos, com o castigo à altura.

— Comporte-se mocinha.

— Vou me comportar, mãe!

—  Programação de hoje?

— Estudar como se estivesse na Escola. Ajudar a Noemi. Cuidar da Ginger e do Ice. E tem que marcar o veterinário deles também... Tenho tudo agendado. Pra semana toda!

— Espero ver esse calendário cumprido.

— Ele vai estar, pai. Assim como o pedido de desculpas. Trabalhei nele ontem. Tá quase bom.

— Te vemos à noite!

— Tomem cuidado e peguem todos os caras maus! Não importa onde estejam! Amo vocês!

Ela acenou da porta, e só entrou quando viramos a esquina.

Chegando no Estaleiro. A equipe assustou quando Jenny entrou no bullpen comigo.

— Jenny! O que você? Vai voltar pra cá?

— Bom dia, McGee! Ziva, Tony! Como estão? E não, não estou voltando. Mas tenho uma reunião com Vance. Operação conjunta com vocês.

— O MTAC sente sua falta.

— Mas eu não sinto falta nenhuma daquela sala sem janelas, Tony! Prefiro essa aqui.

— É muito bem vinda... ainda mais com casos como esse que temos. – Ziva mostrou a tela.

— Fiquei sabendo... perto demais de casa. – ela ponderou. – Mas vocês já pegaram piores. Vou deixá-los trabalhar e depois trago um café pra cada um. Boa caçada.

E ela subiu as escadas escutando Ellie dizer:

— Vou cobrar, hein Senhora Gibbs!

— Jethro, por favor, dá um tapa atrás da cabeça dela por mim? E por Deus, Ellie, você vai estourar de tanto comer!

O desejo dela era uma ordem.

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Estávamos nisso há quase uma hora. Ainda enrolando o aviso ao FBI e tentando obter todas as mínimas pistas possíveis do caso em questão. Tínhamos que fazer justiça a essa pobre garotinha loira. Mas tudo o que tínhamos eram as pistas coletadas na cena de crime, os depoimentos dos pais de Angela e aquele perfil mequetrefe que o FBI tinha feito.

— Sinceramente, estes caras são pagos para fazer isso? Eu tenho certeza que o Ducky faz muito melhor.

— E você não sabe da maior, Tony. Essa equipe tem um jato particular.

— Um jato particular, McGee? Sério? – Finalmente algo tinha impressionado Ziva.

— Uau... imagina a gente viajando num jatinho desses?

— Ninguém iria aguentar o Tony, Ellie.

— Por que sempre sobra pra mim? Por que sou sempre eu? Hein, Ziva? Saudades da minha mini advogada ruiva...

— Porque você é quem mais fala, DiNozzo. – o Chefe entrou me batendo na cabeça. – O que descobriram?

— Mais nada, Gibbs. Só o que temos. E esse perfil não nos leva a nada.

Enquanto Ziva despejava toda a sua frusrtação com o perfil de araque do FBI, o elevador fez o seu famoso ding. Achei que era a Jenny finalmente trazendo nosso café. Mas não. Era uma horda de seis pessoas. Sendo que o primeiro, com cara de poucos amigos, era claramente o líder.

Mas aí eu olhei de novo. E com cuidado. Não podia ser! Aqueles ali, bem na minha frente, eram o grupo que estava esperando pela outra menina na frente da escola da Liz. Principalmente o magrelo e o careca.

Sem convite ou pedido de explicações, o líder – e pai da tal de Elena que era a culpada pela Ruivinha ter sido colocada de castigo – foi logo falando.

— Vocês têm um caso que pertence ao FBI, mais precisamente à BAU, por favor, entreguem tudo o que conseguiram que nossos peritos irão analisar.

Foi nessa hora que o Chefe levantou a cabeça. E na mesma hora, eu vi, ele reconheceu o homem. Esse vai ser o melhor round da história.

— Vocês vão o que? – O Chefe nem se deu o trabalho de se apresentar.

— Sua equipe escutou. Sou Aaron Hotchner, Chefe da BAU, e o caso que vocês estão investigando, está diretamente ligado a um de nossos casos em aberto. Nossa jurisdição. Nosso caso. Simples.

— A filha de um Fuzileiro foi morta. Dentro de uma Base Militar, em Quântico. Se bem me lembro, é onde fica a sede do FBI, se você sabe tanto sobre isso, por que não evitou mais uma morte? E como vocês não fizeram isso, e, como se trata de um crime cometido contra a família de um membro do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América, é um caso de jurisdição da NCIS. E vocês apareceram aqui sem serem convidados e atoa. Podem ir embora agora, porque não iremos passar nada.

Eu disse que seria interessante. Dois líderes natos, brigando pela jurisdição de um caso, isso vai acabar na sala do Diretor Vance. E, se me lembro bem, tem outra pessoa lá também que... pensando melhor, isso aqui vai ser uma briga por jurisdição e uma desforra por sexta-feira.

— Eu quero falar com o seu superior!

Foi inevitável não sorrir. Olhei para meus companheiros de time, e todos nós concordamos. O Agente Hotchner não fazia ideia de com quem estava lidando.

— Você quer falar com o meu superior? Vai ter que voltar outro dia. Parece que ele tem uma reunião importante agora.

— Ele que pare essa reunião agora.

Senhor! É agora que a coisa vai ficar pior. Ele quer interromper uma reunião do Vance com a Jenny? A mesma Jenny que ainda tem que ir para Langley? A Jenny que sempre detestou ser interrompida?

Gibbs conhecendo melhor que ninguém quem estava dentro daquela sala, simplesmente encarou o outro agente.  Instintivamente um deu um passo na direção do outro.

Uma coisa é troca de farpas. Outra é partir um pra cima do outro.

— Não pense que não te reconheço, Agente...

— Gibbs, Jethro Gibbs. Também te reconheço, mas você não vai chegar mandando na minha equipe, dentro da minha agência.

— A agência não é sua. – mais um passo.

Notei pelo canto dos olhos que o agente careca deu um passo para frente também, no nítido interesse de ser o guarda costas. Me levantei, era melhor deixar as coisas equilibradas.

— A sala do Diretor!

Cara... eu queria que a Jenny ainda fosse nossa Diretora!

— Quer resolver assim? Tudo bem! Suba as escadas.

O Agente Hotchner deu um passo em direção às escadas e o Chefe foi por trás. Ah, as vantagens de se conhecer o prédio!

Mal o poderoso do FBI tinha alcançado o primeiro patamar da escada, escutamos o abrir das portas do elevador no andar de cima. Não. O Chefe não vai vender fácil. E eu queria ser uma mosquinha para poder ver o que vai acontecer lá em cima...

O restante da equipe fez menção de se mexer e seguir o chefe, mas um agente mais velho, e mais sensato, disse para que eles ficassem ali.

— David Rossi, BAU – ele se apresentou.

— Agente Especial DiNozzo. – respondi.

— Ótimo, dois italianos. Podemos nos entender bem ou podemos brigar o tempo inteiro, qual vai ser?

— Depende do que acontecer lá em cima, Agente Rossi.

— Justo. – Ele sorriu em minha direção. Parece que nós nos conhecemos de vista, mas não fomos apresentados. Estas são as Agentes Prentiss, Jareau. E eles são SSA Morgan e Doutor Reid. – Eles acenavam com a cabeça quando foram apresentados.

— Muito prazer, agentes. Doutor. – Aqui temos Agentes Especiais McGee, Bishop e David. – Também éramos educados – quando queríamos, obviamente.

— Ótimo. Será que vocês tem uma previsão do que pode acontecer lá em cima? – Agente Jareau perguntou.

— Infelizmente não. – Ellie disse. – Gibbs não gosta de dividir casos.

— E ele parece não gostar de Hotch também. – Morgan disse me encarando. Parece que ele era o segundo em comando ali.

— A reciproca é verdadeira, não é?

Nenhum deles me respondeu. E um estranho silêncio caiu sobre a sala do esquadrão. Mas não por muito tempo, pois logo em seguida escutamos as portas da sala de Leon Vance serem abertas de supetão.

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— Você me garante que estes dois agentes que estão na Europa são realmente bons, Leon? – Convencer Vance da importância daquela operação e da necessidade de ter dois agentes experientes na Europa para poder executá-la junto com a minha equipe de elite estava levando mais tempo do que eu pensava.

Corrigindo, eu queria Tony e Ziva lá. Confiava nos dois. Sabia que eram excelentes como agentes infiltrados e que resolveriam tudo em menos de uma semana. Mas Vance se recusava a enviá-los e colocá-los sob as minhas ordens, mesmo que temporariamente.  

— Leon, seja sensato. Quem vai levar o crédito vai ser a NCIS. Será o seu nome que aparecerá nos noticiários quando pegarmos esse terrorista. Por que não mandar os seus melhores? A minha melhor equipe está lá. Com os agentes DiNozzo e David será muito mais rápido, veja por.....

E eu fui interrompida. Interrompida por Jethro e... o pai da Elena, a garota que insultou a minha filha?! O que diabos ele fazia aqui?

Levantei da cadeira assustada. Não pelo fato de Jethro ter entrado na sala da direção sem bater, ele fazia isso o tempo todo quando eu estava aqui, estava assustada pela presença do outro homem.

Realmente ele não pensou no que estava fazendo, simplesmente seguiu Jethro porta adentro e, agora que eles se encontravam frente a frente com quem vieram falar, foi que Hotchner, se não me engano, viu o que tinha feito. Seguir Gibbs tem lá seus problemas.

— Em que posso ajudá-los, cavalheiros?

— O Agente Hotchner – quanto sarcasmo, Jethro – tem algo para te dizer, Leon.

— Agente Aaron Hotcher, FBI. Vim reivindicar a jurisdição do último caso que a equipe do Agente Gibbs pegou.

Eu tentava segurar o riso. Parece que Leon tinha um problema muito grande nas mãos. E isso iria dar uma dor de cabeça para ele. Jethro detesta passar casos para outras agências, mas detesta mais ainda dividir jurisdição. Eu devo ter feito isso com ele umas duas vezes. A primeira com Fornell e a segunda com a ECDI, me arrependo até hoje desse.

— Bem, senhores. Pelo jeito vocês tem um assunto de grande importância para discutirem. Não irei atrapalhar. – Lancei um sorriso de compreensão a Leon. – Pense no que falei, Diretor Vance. É o mais certo, sabe disso.

Cumprimentei o Agente Hotchner, bati no ombro de Jethro, como que o avisando para se comportar e me dirigi para a porta.

— Sempre dando a última palavra, Diretora Shepard?

— Eu tento, Vance. Eu tento. E, boa sorte. – apontei para os dois agentes furiosos na frente dele.

— Uma dica seria de grande ajuda, Shepard.

— Não nesse caso. É a sua agência afinal. – Repeti as palavras que ele havia dito mais cedo para mim. – Tenham um bom dia, senhores.

Não perdi o jeito como Jethro me olhou, e muito menos como o agente Hotchner me encarou. Não sei se ele estava mais surpreso de me ver ali, ou de saber a minha posição.

Sai da sala e caminhei até a varanda de onde poderia ver o bullpen. Sentia falta dessa vista. Mas hoje, as coisas estavam mais tumultuadas do que o normal. Porque tinham outras cinco pessoas ali embaixo, e todas elas estavam na porta da escola de Liz na última sexta. Não seria possível que existisse tamanha má sorte assim. Ou tamanha coincidência.

Quando Tony me viu, correu para a escada, muito provavelmente querendo saber sobre o que se passava dentro do escritório de Vance.

— Jenny. Você viu?

— Quem está aqui. E quem está lá dentro? Sim, vi.

— E o que você acha?

— Sobre a guerra de jurisdição ou sobre a presença dessa equipe depois de sexta?

— Os dois...

— Vance vai dividir a jurisdição. Fato. Tem que ser feito assim. NCIS cuida dos Fuzileiros também. E sobre a presença deles, uma tremenda coincidência.

— Regra 39.

— E de que você chamaria isso, Tony? Seja criativo.

Antes que ele respondesse, escutamos Jethro xingar:

— O caramba com isso de politicagem, Leon. É nosso caso. Eu não vou dividi-lo com essa equipe de engomadinhos!

Tony me olhou e disse:

— Você não quer ficar o resto do dia e impedir que o seu marido cometa um assassinato em massa, não?

— Ha, isso é problema de Leon. Tome aqui o dinheiro do café que prometi a vocês. É melhor eu ir, antes que as coisas fiquem ainda piores. Esse aí é o arquivo do caso em questão?

— Sim, é. Por que?

— Porque estou pegando emprestado. Quero saber se vale toda essa briga entre Jethro e o Agente Hotchner. 

Assim que terminei de falar, a porta foi aberta, ou melhor, praticamente arrancada das dobradiças, e antes que eu pudesse sequer raciocinar em me dirigir para o elevador, DiNozzo já tinha descido.

Os dois agentes passaram por mim transpirando ódio. Muito me agrada saber que eles sabiam como partilhar a cena de crime e as evidências, caso contrário eu ficaria preocupada. Era uma boa hora para partir. Deixaria Leon com seus problemas. Sei como Jethro e a equipe ficam quando têm que dividir o caso.

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 Era a primeira vez que tínhamos dificuldade para conseguir a jurisdição de uma cena de crime, ainda mais de um crime que era ligado a um de nossos casos.

Eu já tinha ouvido falar da reputação dessa equipe, e, principalmente de seu líder, contudo, sempre achei que era invenção. Mas pelo visto não era. E, se sem conhecer a equipe eu já não gostava do modo como agiam, conhecendo-os, e principalmente o seu líder, eu gostava ainda menos.

E agora, vinham com mais essa. Jurisdição conjunta, como se um bando de investigadores de crimes ligados à Marinha pudessem fazer algo contra um serial killer. Teria que avisar ao time para que não perdessem nenhum movimento, pois sinto que o compartilhamento de informações não será mútuo.

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— E então, Hotch? Podemos pegar tudo e levar para Garcia e para nosso laboratório?

— Não, Morgan.

— Não?! – Todos respondemos

— Jurisdição conjunta. Temos que trabalhar com a NCIS. Então as evidências e provas, pelo menos deste último caso, serão processadas aqui.

— E quanto ao resto?

— Iremos dividir o que temos, sem exceções. Creio que onze cabeças pensam melhor que uma.

— Se você diz, Hotch. – Eu não estava convencido que aqueles investigadores poderiam fazer algo. Mas se haviam mandado.

— E por onde começamos?

— Reid irá para o laboratório. JJ e Prentiss para a cena de crime, Rossi e Morgan na autópsia. Eu vou avisar Strauss da jurisdição conjunta.

— Certo. Mas, onde exatamente, foi o crime? – JJ perguntou.

Foi aí que a outra equipe entrou na jogada.

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Vi quando as ordens começaram a ser dadas pelo Agente Hotchner, mas eu estava confusa, onde nós entraríamos nisso tudo?

Foi quando Tony buscou confirmação junto a Gibbs, ele estava gostando menos de tudo isso a cada minuto.

Quando a Agente Jareau perguntou da cena, eu me vi tentada em ir lá e mostrá-la. Mas por mim mesma não poderia.

— Bishop, Ziva vão com o FBI à cena de crime, e se elas quiserem, à casa da família Willis. DiNozzo, autópsia. McGee, leve o Doutor até o laboratório da Abby e se certifique que ela irá repassar o que ela tem.

— Certo, Chefe.

E cada um rumou para a sua definição. Eu podia dizer com certeza que era a primeira vez que eu dividia a cena diretamente com outra agência. Ok, que eu trabalhei junto com o escritório de New Orleans, mas eles são NCIS. São família. Esses aqui... estranhamente estavam trombando conosco desde sexta.

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De que adiantava rever o local de desova do corpo, se tudo já havia sido recolhido e processado. Aaron passou dos limites dessa vez. A NCIS estava trabalhando direito. Não havia nada que eles tinham deixado passar. Nem um fio de cabelo. Reid tinha comprovado depois que reviu as provas e os resultados obtidos pelo laboratório. Apesar de que com um pouco de dificuldade, já que a analista forense, de início, se recusou a cooperar, pois o reconheceu da porta da escola, na última sexta-feira.

JJ e eu, sob o olhar afiado da Agente David, reanalisamos a cena e encenamos como poderia ter acontecido, tendo por base as fotos tiradas.

Mas o mais estranho aconteceu no final. Quando já estávamos voltando para o carro, agora com um clima um pouco mais leve, tendo em vista que as duas agentes do NCIS não eram más pessoas, um homem passou por nós. Parecia um andarilho, algo estranho para dentro de uma base militar. Ziva não perdeu tempo e o abordou.

— Senhor. Pare. NCIS. Identifique-se ou chamarei a segurança da base.

O homem continuou seus passos, na mesma direção da cena de crime.

— FBI – ordenei. Pare e siga as instruções.

Dessa vez ele parou, mas somente para sacar um revolver e atirar em nossa direção.

Não pude ver o seu rosto. Estava coberto por uma barba imunda e por um capuz de um sobretudo em uma situação pior ainda. Mas algo dentro de mim gritou. Aquele era nosso assassino. E ele estava voltando para a cena de crime para reviver a atrocidade que cometeu.

— Todas bem? – Bishop perguntou.

— Sim, respondemos. Apesar de ter um cotovelo arranhado, as balas disparadas não me acertaram ou acertaram alguma das meninas.

— Temos que coletar essas balas e levá-las até Abby. – Ziva já corria para processar o nosso incidente.

— Isso é novidade, Emily. Não contamos que ele voltava para a cena do crime, e muito menos que ele possuía uma arma de fogo. Isso dá uma nova visão ao perfil.

— Ele ameaça as meninas, dentro de casa. E assim ele as tira de lá. Muito provavelmente ele deve ameaçar os pais.

 - E não tem nada que amedronte mais uma menina, do que pensar em ficar órfã. – Bishop disse direto da cena.

— Você está certa. Mas como ele chegou até aqui?

— Podemos pedir para McGee ver os vídeos da base. Todas as entradas e, praticamente todas as ruas desse lugar são vigiadas à exatidão.

— Exatidão, Ziva?

— Ela quis dizer exaustão! – Bishop corrigiu – ela ainda tem problemas com algumas expressões. – confidenciou mais baixo.

— Deu para entender o que eu quis dizer, não deu?

— Claro, Ziva. – Se tinha algo que tanto JJ quanto eu tínhamos aprendido sobre Ziva era: ela dirige como uma louca. Não gosta de ser contrariada e quando é, é melhor você estar longe dela.


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Notas finais do capítulo

Well, primeiro round deu empate... mas bem que Tony queria era ver o circo pegando fogo!
Eu não poderia perder a oportunidade de trazer os famosos trocadilhos de Ziva!
Muito obrigada por lerem!



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