Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 11
Capítulo 11 – Depois da calmaria, vem a tempestade...


Notas iniciais do capítulo

Nem tudo são flores para essas equipes...
Boa leitura!!



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— Eu te disse, Elizabeth! Eu te disse para não comer todos aqueles chocolates!

— Eu só tô um pouquinho enjoada!

Esse foi o tom de todo o nosso caminho até a escola.

— Ah... mamãe?

— Não me diga que você vai passar mal? Eu vou ter que conversar com o seu pai!

— Não! Não é isso! É outra coisa! Uma que o Tony me disse...

— Que seria... -  ela parecia tensa....

— É verdade que vamos deixar o país e o papai vai ficar para trás?

— Sim, Liz. Nós vamos! Mas nós vamos voltar...

— Ele me disse que tem algo de errado acontecendo... por isso a presença do Donney...

— Tem sim, querida. Mas o seu pai, a equipe e toda a BAU vão resolver isso, o mais rápido possível!

— Eles poderiam resolver isso antes que a senhora voltasse de Nova York...

— Liz eu sou vou ficar algumas horas lá! É uma reunião importante que eu tenho que presidir. Volto hoje à noite! A tempo de te dar um beijo de boa noite...

— Eu não quero deixar o papai pra trás! Lembra do “Ninguém Fica Para Trás”, do “Semper Fi”? E a regra número 15?? Então... ele não pode ficar!!!

— Hei, Ruiva, nós vamos voltar para ele! Pense sempre nisso!

— Eu não quero dar adeus para ele... nem pro Tony, pra Ziva, pro Tim, pra Abbs, pro Ducky ou pro Jimbo! Eu não quero ficar longe deles!

Já tínhamos parado em frente à escola. Era relativamente cedo, então ela me abraçou forte.

— Não precisa chorar. É só para te proteger! Tanto você quanto a Elena! Quando esse pesadelo acabar, nós duas vamos voltar para ele!

— A Elena vai também?

— Sim, a Emily me pediu para levá-la!

— E a Sra. Hotchner não vai?

— Não... só vamos nós três. E eu te peço para não comentar nada com ninguém! Ninguém mesmo! Posso contar com você?

— Pode!! Palavra de filha de Marine!

— É assim que eu gosto! Já está na hora de você ir! E ali estão Emily e Elena! Tenha uma boa aula, filha! - Ela beijou o topo da minha cabeça e andou do meu lado até a porta da escola, onde encontrou a Sra. Hotchner que entregou para ela uma mala imensa mais uma nécessaire.

— Bom dia, Sra. Hotchner! - Cumprimentei

— Olá Liz! Tudo bem?

— Sim! E a senhora?

— Bem!

— Agora as duas para dentro! Ou vão perder o primeiro sinal.

— Sim! Tchau mãe! Tchau Sra. Hotchner!

Mal tínhamos saído do alcance das duas e Elena me perguntou:

— Sua mãe também fez uma mala pra você?

— Sim... está dentro do meu quarto!

— Para onde vamos?

— Não faço a menor ideia... só sei que não tô gostando.

— Nem eu... parece que ninguém sabe que vamos sair, e minha mãe não contou pro meu pai que fez a minha mala... achei estranho.

— Adultos são estranhos!

— Muito!

————————

— Bem... todo o necessário para a Elena está aí. Meu coração nunca ficou tão apertado por fazer uma mala quanto nesta madrugada!

— Eu nem sei se posso dizer que sei o que é isso, porque não faço a menor ideia, Emily! Mas te prometo que vou tomar conta dela como se fosse minha filha.

— Eu sei que vai... e eu vou segurar as pontas por aqui. Sei que vão precisar.

— Obrigada.

— Partirão amanhã?

— Sim. Hoje irei para Nova York, durante o voo vou organizar tudo para tirá-las daqui. E vou levar a Noemi comigo, será mais uma para olhar as meninas. E amanhã, nesse horário, você deixa a Elena comigo no aeroporto.

— Prefiro fingir que venho para cá.

— Se despeça dela lá. Já vai ser muito difícil ela deixar todos para trás. Levando-a até lá, vai ser mais fácil para ela.

— É mais difícil para mim, Jenny... não vou conseguir vê-la embarcando em um avião sem saber que dia ela vai voltar.

— Bem, você tem o dia para pensar. Se mudar de ideia e quiser levá-la até lá, me avise! Eu te falo qual aeroporto será.

— Eu falo sim. Boa viagem pra NY.

— Obrigada! Mas estas viagens nunca são boas... só me rendem mais dores de cabeças do que soluções. Ainda mais desta vez que estou indo mais do que obrigada!

———————

 - E então, comeu muitos doces??

— Nem me fala!! Tô enjoada até agora! Meu pai não tá muito diferente, não!!

— Sério?! Não consigo imaginar o Agente Gibbs enjoado de comer doces...

— Você vai ver hoje de tarde! Ele fica ainda mais mal-humorado do que de costume! E olha que comeu mais do que eu!

— Estranho isso!

— Falando em estranho... você sabe o motivo da viagem? Bem, sua mãe te disse algo mais concreto?

— Não. Achei que você sabia. Sei lá, talvez o Tony tenha te contado.

— Não falou nada, minha mãe também não.

— Bem... espero não ficar muito tempo. Nunca fiquei longe do meu pai e da minha mãe. Eu sei que eles viajam e tudo mais, mas mesmo assim... eles estão no país, qualquer coisa eles voltam pra casa, né?

— Sei... eu também nunca fiquei longe do meu pai desde que foi adotada por ele. Nem dele, nem da minha mãe, nem da equipe... não sei se sou capaz de dizer adeus a eles!

— E eu que acho que não poderei dizer adeus a ninguém??

— Jura?

— Pelo que entendi, sim. Meu pai não quer isso. Mas mamãe acha melhor... uma confusão assim!

Foi quando o sinal, avisando que era hora de nosso almoço tocou. Como sempre, nós duas fomos as últimas a irmos para o refeitório... assim ninguém ficava nos encarando.

Pegamos nossos pratos e sentamos na mesa de costume. Com pouco tempo Jack passou para nos verificar e começamos a jogar conversa fora com nossos dois seguranças!

— Tá elegante hoje, Donney? Gravata nova? – Lizzie perguntou para o seu segurança, já que ele vinha sustentando um estilo bem parecido com o do Tony, ultimamente. Anderson, por sua vez, parecia ter uma coleção de gravatas! Nunca tinha repetido uma sequer!

— Gostou do meu novo visual, Liz?

— Ô se gostei! Já tá se preparando pra ser agente de campo sênior??

— Mais ou menos!! – Donney respondeu meio tímido.

— Então reza pra esse drama acabar rapidinho que eu falo pro papai te recomendar para o Diretor Vance!

— Não preciso rezar pra isso, Lizzie! Eles vão resolver! Aqueles lá são os melhores agentes de toda Washington!!

— Donney, Donney, Donney!! Tá querendo uma vaguinha da BAU??

— Não, Elena! Eu quero subir dentro do NCIS mesmo! Sou de lá!

— É legal, né? São todos dois agentes federais, mas nenhum quer trocar de agência. Eu acho essa lealdade tão legal!! – Lizzie continuou.

— Mas, mais legal que a lealdade à agência, é a amizade entre os membros das equipes! E eu acho que isso que faz com que eles resolvam os casos mais difíceis! Cada um confia no outro a sua vida! E não há nada no mundo que os façam dar as costas para o parceiro! - Eu disse.

— Sinceramente – Liz começou com a boca cheia - eu acho que tanto a MCRT quanto a BAU são mais família do que equipe de trabalho!

— Isso eu concordo com você, Liz! Mas mudando de assunto: meninos, nossa tarefa de hoje, pelo menos até agora, tá tranquila. O que vamos fazer de tarde? Outra partida de pôquer ou vamos de Batalha Naval ou War??

— Me ajuda e fala que será War!! - Liz torceu!  - Amo esse jogo!

Batalha Naval, os nossos seguranças disseram.

— Pode também - Ela completou.

— Hoje quem está ferrada sou eu! Mal sei o nome das patentes, imagina saber o nome de todos aqueles navios e suas classes também!! Eu tô perdida!

Nesse momento o alarme de incêndio tocou. Todos ficaram tensos...

— Não sabia que hoje teria treinamento! – Falei espantada.

— Nem eu... eles costumam avisar quando vai ter, ainda mais com esse frio!! – Elizabeth respondeu olhando em volta procurando por alguém para nos ajudar.

— Bem... vamos evitar a loucura e sair tranquilamente, é o jeito mais fácil!

— Donney, Anderson... por favor! - Pedimos com carinhas de cachorro!

— Tudo bem! Vamos controlar vocês duas! Dorneget de ponta de lança e eu na retaguarda! – Anderson se protificou.

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Acontece que não era um treinamento. Algo realmente estava pegando fogo. E quando andamos pelo corredor em direção à saída principal, era difícil de ver quem estava à nossa frente.

Tentei chamar por Donney, mas a fumaça era tanta que mal podia respirar. Tentei fazer como o meu pai uma vez havia me falado, colocar um pano sobre a boca e respirar devagar e não entrar em pânico. Contudo não resolveu. Porém, sempre existem almas boas, e um dos faxineiros viu o nosso desespero e nos guiou pela porta lateral até a saída.

Mas não era a saída. Era um dos vestiários do ginásio coberto, uma parte que eu não conhecia, pois era destinada aos alunos mais velhos. E lá, no meio da fumaça, com dificuldades para respirar, fomos trancadas. Tentamos de tudo, mas não conseguimos abrir a porta.

Com o que restava do ar, tentamos chamar por alguém, seja por gritos abafados ou batendo nas portas dos armários de ferro.

Ninguém veio à nossa ajuda. E, de repente, comecei a ver tudo embaçado. Minha respiração ficou difícil, me lembro de ver Elena cair e quando fui ajudá-la.... não me lembro de mais nada.

——————

O aperto no peito. A sensação de que algo está muito errado. Não era a primeira vez. E talvez não seria a última. Mas essa maldita sensação ficava mais forte a cada segundo. Eu estava sem ar. Inspirava mas não havia ar que preenchesse os meus pulmões.

Elena. Uma voz no fundo da minha mente me dizia. Elena. A voz repetia.

Não. Ela está bem. Está na escola.

ELENA!

E, como que para me livrar dos meus pensamentos, meu celular toca. Estranho. É Anderson.

— Hotchner - respondo.

— Senhor. É Anderson, temos um problema.

— Que problema, Anderson?

— As meninas sumiram.

———————

Passar e repassar o caso até que tivéssemos uma outra visão, uma nova pista que não vimos da primeira vez. Era assim nos últimos dias.

Sem respostas. Sem pistas. E Vance ameaçando declarar o caso como “frio”. Mas é claro, não era a filha dele quem estava sob a ameaça de um lunático.

Olho para as fotos das meninas que foram mortas. Olho para a sequência escolhida. Loira, afrodescendente, morena, ruiva. Três sequências iguais. E a quarta faltava duas peças. As duas meninas ameaçadas. Liz e Elena.

Meus pensamentos errados são interrompidos pelo telefone tocando.

— Gibbs.

— É.... Agente Gibbs...

— O que você quer Dorneget?

— As meninas sumiram.

Ele só tinha um trabalho. Um único trabalho. E não o fez. Liz. Liz e Elena tinham sido levadas.

— Mas como?

— Um incêndio... - Não o esperei terminar.

Quando dei por mim, toda a minha equipe estava pronta para partir. Eles sabiam que algo estava errado, só não sabiam quão errado.

———————-

Reuniões internas, intermináveis e sem propósito algum. Era a terceira em que eu ia em duas semanas. Céus! Eles fazem isso para chamar a atenção de serviço mal feito. Mas deveriam xingar de forma mais discreta. Pois cada um sabe o que fez e faz. Não precisa ficar escutando os erros dos demais.

Já tinha perdido a conta de quantos desenhos sem nexo tinha desenhado nas bordas das folhas que estavam à minha frente.

Por fim, resolvi voltar a minha mirada para quem estava falando. E, meu Deus! Já era outra pessoa. Nem tinha percebido.

Estava sentada, encarando o homem à minha frente, nada de diferente dos demais. Talvez um diploma de alguma faculdade chique, mas fora isso, mais nada. E ele parecia ser tão comum. Tão sem graça. Analisava o homem em pé, à frente do alto escalão da CIA, quando meu telefone tocou. Jethro.

Não podia atender, não agora que meu chefe imediato estava começando a falar. Seria uma grosseira sem tamanho.

Mas ele estava insistindo. Atípico dele. Ele geralmente liga uma vez.

Se ninguém atender, ele deixa ou um recado, ou não fala nada, apenas esperando que a secretaria eletrônica dê o aviso que há uma chamada não atendida.

Mas dessa vez, eu precisava saber o que se tratava. Tinha somente 10 minutos para acabar isso.

Quando finalmente a reunião acabou, liguei imediatamente pra Jethro.

— Sou eu.

— Jen...

Esse tom de voz. Essa forma de dizer o meu apelido.

Eu sabia. Algo no fundo do meu peito tinha me dito, ele as pegara. Era tarde demais.

— Elas foram levadas. - Não era uma pergunta. Era o meu coração de mãe gritando em desespero.

— Hoje na hora do almoço!

Eu vou voltar agora. Por favor, Jethro. Faça o que puder, em uma hora e meia estarei aí.

Esse cara queria guerra? Pois ele conseguiu!! Ninguém leva alguém da minha família e acha que vai sair impune, eu vou caçar esse cara.

——————-

Eu tinha visto a cara de Aaron. Eu li cada uma das micro expressões  que passaram pelo seu rosto. E meu sistema nervoso não quis processar aquilo. Eu me recusava a acreditar que ele tinha conseguido. Que ele tinha levado a minha menina. Não depois que tinha um plano para deixá-la segura.

Eu senti meu sangue ferver. Senti a vermelhidão que cobriu o meu rosto. E eu entendi, naquele momento eu entendi o verdadeiro porquê de Hotch ter matado o Foyet com as próprias mãos.

Por que com nossos filhos ninguém mexe!!

E esse unsub iria sentir a minha fúria quando eu colocasse as minhas mãos nele!!!


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Notas finais do capítulo

Muto obrigada por lerem!
E até o próximo!!!



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