Double Trouble escrita por Carol McGarrett


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Concurso


Notas iniciais do capítulo

Começo essa pequena grande loucura com uma pequena apresentação das meninas. Mas, por favor, não fiquem bravos com elas!

Boa leitura!



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— Bom dia, bela adormecida! Conseguiu dormir? – Mamãe me saudou direto de dentro da geladeira.

— Bom dia, mamãe!! Sim e não...tô um tanto nervosa.

— Não sei por qual motivo! Você vai se sair bem! – Papai passou atrás de mim, arrumando sua gravata e me dando um beijo de bom dia na cabeça.

— Bom dia, papai! É esse o motivo. Eu sei que eu tô pronta para esse concurso de soletrar, mas mesmo assim, meu estômago está dando nós!

— Um pouco de nervosismo é normal, filha.

— O poderoso Aaron Hotchner já ficou nervoso assim? Aposto que não.

— Já sim. Todo mundo fica. Por isso é tão normal. Agora coma.

— Não consigo!

— Elena, por favor, pare de pensar nesse concurso e se alimente, ou então estará atrasada e, desse jeito, perde a carona e vai ter que ir de ônibus para D.C.

— Ok, mãe! Beleza. Vou comer.

Eu realmente não queria comer nada, tinha medo de passar mal na frente da escola toda. Custei chegar na final desse concurso de soletração. Não poderia fazer feio agora.  Comi o mais depressa que consegui, assim nem mamãe ou papai ficariam monitorando o que eu estava efetivamente comendo, enquanto estavam distraídos com Jack e sua permanente falação sobre qual Faculdade escolher.

Pareceu a eternidade, mas finalmente saímos para a Escola. Dessa vez íamos todos, coisa rara, pois na maioria dos dias, papai e mamãe estavam viajando por conta do trabalho e sobrava o ônibus e a companhia do meu irmão até à escola, que, diga-se de passagem, não era nada perto. Mas como papai sempre diz, a melhor educação sempre vem na frente, então partimos de McLean para a cheia e movimentada Washington.

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— Tá tudo aí?

— Bom dia para o senhor também, pai! – Passei por trás da cadeira de papai e dei-lhe um beijo na cabeça. – Bom dia, mãe! – Fiz o mesmo com a ruiva número um da casa.

— E então, como estamos, preparada para a final do concurso?

— Sim...

— Esse seu sim não foi nada confiante. O que tem na cabeça?

— Na cabeça um monte de ideia e palavras e uma estranha sensação de algo, pai.

—Algo? – os dois me olharam por cima de suas imensas xícaras de café preto sem açúcar.

— É, uma sensação estranha, como se algo ruim fosse acontecer.

Mamãe deu um sorriso de canto olhando para meu pai, ele, por sua vez, apenas me encarava.

— Você não quer dizer intuição, não, Liz?

— Pode ser, mas essa coisa de intuição funciona assim? Por que olha, se o papai sente esse troço toda vez que ele tem um caso e sabe que algo pode dar errado, Deus me livre!

Papai continuou olhando em minha direção, suas feições ainda mais sérias, mas mamãe tentava segurar o riso.

— É só nervosismo, é a final. Você vai se dar bem, querida. – Ela já estava atrás da minha cabeça e me abraçava apertado. Não é, Jethro?

Papai demorou um tempo, mas concordou com a esposa. Apesar de que depois olhou pra mim com uma cara estranha. Agora eu estava duplamente nervosa. Será que não dava para isso acabar logo não? Só que para isso acabar eu teria que chegar na escola primeiro. E hoje, era o dia de mamãe me levar, já que ela e papai fazem rodízio, uma vez que a Escola é em Washington e fica longe tanto daqui de casa quanto dos seus locais de trabalho. Me despedi de papai, como de costume, um beijo na bochecha e um eu te amo. Ele, depois de se despedir de mamãe, entrou no Dogde azul marinho enquanto deslizei para o banco do Jaguar de mamãe. Graças a Deus era sexta-feira, dia de jogar videogame com a equipe!

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— Atenção, crianças! Atenção aqui! – A diretora tentava colocar ordem na tumultuada reunião de alunos do ensino fundamental I. – Quietos. Bom dia! Como todos vocês sabem, nos últimos três meses estamos realizando um concurso de soletração. E, hoje, é o dia da grande final! Então, por favor, vamos receber as finalistas, Elena Prentiss-Hotchner e Elizabeth Shepard-Gibbs.

Poucos sabiam, mas era uma surpresa que duas alunas, da mesma classe disputassem essa final. Eram duas ótimas alunas, ambas com um espírito (muito) competitivo e, durante os últimos três meses, ficou mais do que provado que elas detestavam perder. Não importava como. Só a vitória interessava. E, o que era para ser uma brincadeira entre os alunos, se transformou em uma competição sem precedentes. Tanto a ruiva quanto a morena se esforçaram ao máximo para chegar até aqui e, se contar suas expressões agora, essa final vai entrar para a história da Escola.

Quando os seus nomes foram ditos pela diretora e ecoaram pelo auditório, as duas imediatamente levantaram. Estavam sentadas em lados opostos da fila, e, em um gesto mais automático do que cordial, apertaram as mãos quando se encontraram no meio do palco. Miss Jones, a diretora indicou quais eram seu postos e as duas rumaram para lá. Sem nenhum sorriso ou expressão de medo ou nervosismo, apenas um olhar intimidador em ambos os jovens rostos. Nenhuma delas veio para perder, mas somente uma sairia vitoriosa dali. Restava saber qual.

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Após deixaram os dois filhos na porta da Escola, a única coisa que o casal Prentiss-Hotchner desejava mais que a vitória da filha nesse concurso era que tivessem um fim de semana de paz, em casa. Fazia mais de um mês que estavam viajando praticamente direto para todos os cantos do país, caçando um serial killer que assassinava crianças. Sua vitimologia eram meninas, na faixa etária entre oito e onze anos. O problema? Ele não tinha uma zona de conforto. Era errante. Nem mesmo Reid conseguiu fazer um perfil geográfico decente que pusesse a equipe no rastro certo. E tudo isso frustrava o Chefe da Unidade e toda a equipe da BAU. Mas, Emily era quem mais se preocupava. Pois sua menininha estava na faixa etária do assassino, e como ele não tinha ponto fixo, seus pensamentos só a lavavam para o pior cenário.

— Espero que neste fim de semana possamos descansar e aproveitar o início da estação quente.

— Algo está te preocupando, o que é, Emily?

— Esse nosso caso em aberto. Não aguento mais ver meninas mutiladas, Aaron. Cada uma que vejo...

— Por favor, não faça isso consigo mesma. Não pense nela, nessas horas. Não irá te fazer bem.

— Eu era tão boa em compartimentalizar tudo. Em separar minha vida privada do trabalho, mas desde que a Elena nasceu, cada caso envolvendo crianças me afeta mais do que todos os outros. Como você e JJ aguentam isso há tanto tempo?

— Não é questão de aguentar Emily, é só vontade de fazer tudo isso ficar bem longe deles. Sempre. E acho que JJ pensa o mesmo

— Mas cada dia é tão mais difícil. Parece que o mal cresce a cada dia e está mais perto deles. De todos eles. E, como ainda não pegamos esse psicopata, eu sinto como se estivesse falhando em proteger os nossos filhos.

— Em, mais cedo ou mais tarde vamos pegá-lo. Estamos analisando todos os casos e cobrindo todas as apostas que temos. Uma hora ele vai errar e vamos prendê-lo. Cada uma daquelas famílias que visitamos terão o seu fechamento. – Ele beijou a minha cabeça antes de descermos do carro. Agora não éramos marido e mulher. Éramos dois agentes do FBI, prontos para caçar os maiores assassinos do país.

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Quando Liz falou sobre uma “sensação estranha” algo se acendeu dentro de mim. Não era possível que ela também fosse portadora de “dom”. Não é algo que se possa desligar e ligar quando se quer. E, na maioria das vezes, é altamente desagradável.

Acontece que, quanto mais eu pensava sobre o que minha filha tinha dito, mais a “sensação de que algo ruim está para acontecer” crescia dentro de mim.

A equipe estava estranhamente calada para uma sexta-feira. Apesar de que os planos para este final de semana foram previamente traçados no último domingo. Nenhum deles tagarelava sobre o que realmente iriam fazer ou qual comida iriam levar, esse último tópico, claro, sempre levantado por Bishop. Nosso último caso em aberto estava sendo exibido nas duas telas. Com a as informações preliminares devidamente dispostas para que alguém tirasse alguma conclusão delas. Até agora nada de suspeito e nenhuma conclusão válida. Se eles quisessem realmente fazer os planos darem certo, teriam que ser rápidos. Pois quase meio dia já havia se passado. E quando notei a hora, lembrei que era mais ou menos nesse horário que começaria o concurso de Liz. E meu estômago se apertou ainda mais. Isso nunca era um sinal.

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— Bom meninas, vocês já sabem das regras. Mas não custa lembrar.  Na primeira rodada, vocês podem pedir para trocar de palavra por três vezes, e tem duas vidas, caso errem alguma. Na segunda fase, passam a ter o poder de trocar duas palavras, e apenas uma vida. E, por fim, na fase final. Não há troca nem vidas. A primeira que errar a soletração perde. Então. Vamos sortear quem será a primeira a soletrar.

— Começamos com você: Elena! E a palavra é habilidade!

— Habilidade; h-a-b-i-l-i-d-a-d-e. Habilidade. – A garota sorria para si mesma, menos uma.

— Elizabeth:  medicamento.

— Medicamento; m-e-d-i-c-a-m-e-n-t-o. Medicamento.

— Uma primeira rodada fácil, para as garotas se acostumarem. Próxima palavra para Elena...

E apesar da crescente dificuldade, nenhuma das duas errava. E estando já na última fase, isso começou a irritá-las. Seus espíritos competitivos se rebelando em aceitar o fato de que um empate fosse melhor.

A troca de olhares raivosos e superiores aumentava a cada palavra soletrada certa. Cada uma certa de que era melhor do que a outra.

Até que em um determinado momento, vendo que a competição permaneceria empatada, mesmo que ela buscasse todas as palavras do dicionário, a diretora decretou o empate. E esse foi o maior erro que poderia ser cometido.

— Empate? – Duas vozes se fizeram ouvir em claro tom de espanto.

— Sim, meninas, empate. Parabéns.

Elas se olharam raivosamente, e depois dirigiram seus olhares intimidadores à diretora. E, como se fosse algo combinado, clamaram juntas por outra rodada. Sem esperar por respostas, rumaram para seus lugares e esperaram. Como a diretora nada disse, apenas dava ordem para buscarem o outro troféu, elas se encararam, nenhuma abaixava o olhar. Eram intimidadores e poderosos os olhares. Ambas sabendo exatamente como encarar e posicionar o corpo como se quisessem passar uma mensagem. Uma clara mensagem: “Eu sou a vencedora”!

Não ajudou muito quando educadamente foram conduzidas à frente do palco para receberem os troféus. E, aqui, a inocente diretora, que até então não tinha notado a feição de puro ódio por dividir a vitória com a outra menina, de cada uma das garotas, entregou o microfone para Elena, que no ato disse em direção à concorrente:

— Por que você, Elizabeth, não soletra senilidade? Se você quiser posso te passar o significado, mas você sabe o que é, basta olhar para a cabeça branca de seu pai!

A cabeça da ruiva se levantou ainda mais, e, ao mesmo tempo em que ficava vermelha de raiva, voltou alguns passos e pegou o microfone que era destinado a ela durante a competição e, elegantemente respondeu:

— Você é quem deve soletrar outra palavra, que tal começarmos com absentismo? Não me darei o trabalho de ter dar o significado, pois você sabe o que é isso, não é? Já que seus pais não ficam muito em casa...

Foi a vez da morena ficar com raiva. Vermelhidão cobriu seu rosto enquanto suas mãos se fecharam. Ela ameaçadoramente deu um passo na direção da ruiva, que sorria displicentemente na sua direção.

Empunhando o microfone novamente, ela soltou uma única palavra em um tom frio, mandão, que não admitia discussão: adotada.

Elizabeth pega de guarda baixa, deixou o mínimo tristeza passar por seu rosto, mas se recompondo, levantando a cabeça e encarando a concorrente na sua frente, se preparou para uma nova palavra, até a diretora mandou desligarem os microfones e, enfim colocando ordem nos agitados alunos, determinou que as duas meninas a seguissem para sua sala. E, avisando ainda, disse que se alguma delas ainda pensasse em dizer outra coisa, ambas seriam expulsas da escola.

Entrando como uma tempestade em sua sala, acompanhada pelas, até então, mais quietas e exemplo de alunas que aquela instituição de ensino tinha, ordenou que suas secretarias ligassem para os pais da senhorita Shepard-Gibbs e da senhorita Prentiss-Hotchner, imediatamente.

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Toda a equipe principal da BAU estava reunida na sala de conferência. Não tinham um novo caso que os fizessem viajar para algum canto remoto do país, então estavam discutindo os erros e acertos do perfil do caso que foi apelidado pela mídia de “O Ceifador de Anjos”.

— Hotch, sério, não sei mais quantas vezes podemos fazer isso. Cada vez que aparece uma nova vítima nós revisamos esse perfil e não mudamos nada. Ele muda o seu local de despejo, muda a raça, cor de cabelo, classe social das menininhas. Mas estamos sempre atrás dele. É frustrante.

— Eu sei Morgan. Mas tem que ter algo que deixamos passar. Ele não pode escapar assim tão fácil. Temos...

E, nesse momento, o celular do Chefe da BAU tocou, juntamente com o telefone de sua esposa. Ambos trocaram um olhar assustado e pediram licença para atenderem as respectivas ligações.

— Hotchner...

— Senhor Hotchner, boa tarde. Sou a Secretária Boone da Escola  onde sua filha Elena estuda. A diretora Jones solicita sua presença e a de sua esposa imediatamente aqui na escola.

— Está tudo bem com a Elena? – Seu instinto de pai se aguçando.

— Sim, ela está bem, mas Miss Jones necessita conversar com você. Muito obrigada pela atenção.  – E a linha ficou muda.

Ele não sabia o que fazer, foi quando notou, na esposa, o mesmo olhar intrigado combinado com medo. Não foi preciso palavras, ambos pegaram seus pertences e rumaram para o elevador, deixando a equipe com cara de assustada para trás.

— O que fazemos agora?

— Não sei BabyGirl... devemos segui-los? Pois só vejo um motivo para saírem assim... – Morgan se pronunciou.

— Elena. – Todos disseram em uníssono e, sem pensar duas vezes, saíram na mesma direção que os dois outros agentes haviam saído.

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A manhã da Diretora de Operações Especiais da CIA, Jennifer Shepard tinha sido, para ser educada, desgastante. Ficar plantada no Capitólio para pequenas reuniões com congressistas que mal sabiam o que estava acontecendo no mundo, era um teste para a sua paciência. Apesar de este não ser o seu primeiro trabalho como diretora de uma Agência Federal. Ela sempre odiou esses momentos de, como seu marido costuma dizer, “se encontrar com os calças apertadas”. E era sempre a mesma conversa, as mesmas piadinhas e, para o seu horror particular, as mesmas insinuações na sua direção, mesmo que ela esfregasse na cara de quem aparecesse a aliança no dedo anelar esquerdo. Eram nesses momentos que ela sentida falta de ser agente de campo. De estar no coração da ação, com a adrenalina alta e sentindo o sangue correndo veloz por suas veias. Mas agora, a única coisa que ela sentia era tédio. Tédio e uma sensação crescente de mandar o velho senador que discursava pro inferno. Ela nunca ouvira tanta palhaçada.

Pela milésima vez naquele dia ela resolveu conferir o seu celular, diferentemente do marido que havia parado no tempo e tinha um velho celular de flip, ela tinha em mãos o último modelo lançado e, ao olhar a tela de bloqueio, o que viu foi a foto sorridente da filha abraçada com seus dois bichinhos de estimação. Shepard pensou ter ficado paranoica. Nada de ruim tinha acontecido com a sua Ruivinha.

Acontece que instinto de mãe não falha, mesmo uma mãe adotiva como ela e, assim que ela fez menção de colocar o celular no bolso do seu blazer bem cortado, o aparelho começou a vibrar. E o número na tela a fez ter um sobressalto. E todas as emoções que ela sentia falta por não estar mais em campo, começaram a borbulhar sob sua pele.

Pedindo licença aos demais diretores que sentavam na mesma fileira que ela, ela cruzou olhares com o atual diretor da NCIS, Leon Vance, um breve cumprimento de ambas as partes e ela rumou o mais rápido que podia para porta mais próxima.

— Shepard.

— Senhora Shepard, boa tarde...

— Aconteceu alguma coisa com a minha filha?

— Bem, a diretora Jones solicitada a sua presença imediatamente na sala dela. Mas adianto que Elena...

— Elizabeth! Minha filha se chama Elizabeth.

— Ah sim, Elizabeth está bem. Mas a diretora está te esperando. Seu marido já foi devidamente informado. Tenha uma ótima tarde!

— Uma ótima tarde! Como ela ousa! Não terei uma ótima tarde, até que eu saiba o que aconteceu com minha filha.

E rumando para porta, ela fez um sinal para sua assistente pessoal, quando a avoada moça enfim olhou na sua direção, ela pediu que pegasse as suas coisas e saísse dali, ela tinha uma emergência.

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Leon Vance não deixou de perceber o olhar assustado que a Diretora Shepard, ou a “Irritante Ruiva”, como ela era conhecida pelas suas costas, tinha. E só havia uma coisa, ou melhor, motivo que poderia deixá-la assim, acontecera algo com sua família, e isso era ruim para ele também, pois significava que o seu melhor time também estava envolvido. Ele suspirou pesadamente, pensando na tempestade que o aguardava no Estaleiro, e, secretamente desejou que  essa tediosa reunião durasse pelo dia todo, ele não queria encarar o seu agente especial sênior nem tão cedo.

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Finalmente a equipe tinha uma pista que valeu a pena seguir e o culpado pela tentativa de assassinato de um oficial de primeira classe que estava a bordo de um navio da Marinha estava solucionado. Faltava só a papelada. Para ele, isso poderia ficar para outro dia, mas para a sua equipe ele exigiu que os relatórios fossem entregues até as dezessete horas. Tudo para mantê-los calados.

Enquanto ele pensava seriamente se deveria ou não tirar um tempo de descanso durante o verão, seu celular tocou. Olhando para o irritante pedaço de tecnologia, ele mentalmente amaldiçoou quem quer que estivesse do outro lado da linha. Chega de assassinatos e tentativas de assassinatos por essa semana, ele só queria descansar do lado de suas garotas. Observando o número que aparecia no pequeno visor, ele não o reconheceu. Pelo menos não era um caso, e, notando que os outros quatro agentes o fitavam com apreensão, Jethro apenas meneou a cabeça em negativa para eles, e ordenou com um olhar que eles voltassem para seus relatórios.

— Gibbs...

— Senhor Gibbs, Sou a secretaria da diretora Jones, da escola onde a senhorita Elizabeth estuda.

Jethro Gibbs não precisou de mais nada para reagir. Algo o estava incomodando todo o dia, e agora ele sabia o que era. Tinha alguma coisa errada com sua filha.

Sem esperar pelo falatório da secretaria, ele apenas respondeu.

— Estou a caminha, já avisaram à Jenny?

A, agora assustada, secretaria soltou um tímido sim do outro lado. Sem esperar por maiores explicações, ele pegou suas coisas, rumou para o elevador já discando o número da esposa. Mas, mesmo com mil e um pensamentos correndo por sua mente, ele não perdeu o olhar de seu Agente Sênior, DiNozzo já tinha feito a associação sobre o que se tratava o telefone, sem ele ter dito nada, e Gibbs não duvidava que logo, logo o jovem agente iria atrás dele para saber o que havia acontecido com Liz.

Quando as portas do elevador fecharam, respirando fundo, ele discou os únicos números que sabia de cor, os do telefone de Jenny.

Ela atendeu no primeiro toque:

— Jethro, eu seu que já te ligaram.

— Onde você está?

— No Capitólio.

— Não saia daí, você está no meio do caminho, vou te pagar e nós vamos.

— Depressa.

 A essa altura, ele já havia saído do elevador e entrava no sedan escuro. Depressa ela havia dito. Isso era desnecessário.

Quando passou pela porta principal do prédio, viu de relance DiNozzo, Ziva, McGee, Ellie e Abby já na porta. Definitivamente sua equipe/família nunca lhe decepcionava.

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Pareceu a eternidade, mas haviam se passado somente dez minutos desde que Jethro havia encerrado a ligação. Ela andava de um lado para o outro aos pés da escadaria, procurando por qualquer sinal de um dogde azul marinho sendo conduzido loucamente.

— Por que eu aceitei por esperá-lo! – A vontade que ela tinha era de dar um tapa na parte de trás de sua própria cabeça.

Outra conferida no relógio e, apenas um minuto.

— Céus, Jethro, por que essa demora?

Foi quando ela ouviu pneus cantando no asfalto recém molhado pela chuva. Ao levantar o olhar, viu o carro e pode notar a expressão determinada do marido, a sua própria não deveria estar muito diferente. Se despedindo de sua assistente, ela ordenou que a jovem moça rumasse novamente para o QG da CIA e redigisse um e-mail de desculpas para o senador líder do Congresso, explicando que a Diretora da CIA teve uma emergência familiar, por isso que não pode ficar até o fim da reunião.

Antes que o carro encostasse propriamente, ela já abria a porta e se jogava no banco do passageiro. Sem palavras, um único pensamento. Elizabeth.


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Notas finais do capítulo

Capítulo revisado, mas qualquer erro ou dúvida ou confusão, é só falar!

Muito obrigada por lerem!

xoxo



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