Os quatro reinos escrita por Estefanie Priscila


Capítulo 6
Capítulo 5




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Lá dentro fecho a porta e a tranco. Dirijo-me a janela que da para o fundo da casa. Eu queria mesmo era olhar a cidade. Queria entender onde havia paraíso ali porque parecia mais o oposto. Começo a futricar as gavetas tentando encontrar algo porém tem apenas objetos comuns. Fico sentada na cama olhando fixamente para uma estante de livros. Decido folheá-los mesmo sabendo que não entenderia nada. Enquanto os vistorio encontro um com imagens. Desenhos feitos a mão de rostos que não me são conhecidos. Guardo tudo de novo. Ouço um bater na porta.

—Vai embora vocês seus idiotas – digo irritada.

A pessoa bate de novo. Vou até lá e destranco e então a abro e encontro a criada que estava limpando o chão. Ela entra no quarto e deixa toalhas e algumas coisas em cima da cama.

—Espera – digo e ela me olha tentando entender.

Tento fazer sinais para que ela entenda que não consigo entender sua língua e aponto para os livros.

Ela assente e sai. Espero ela voltar, e quando volta carrega um livro cheio de expressões e traduzido em português.

—Era da minha mãe – diz ela.

Surpreendo-me quando ela fala.

—Você fala minha língua? – ela assente – porque não disse antes? – sorrio.

—Não posso bater papo com convidados – ela diz – são ordens.

—Bom, pode conversar comigo – digo abrindo um sorriso – obrigada por isso.

—Pode ficar – diz ela – não acho que minha mãe vá se importar – ela diz – e pode ajudá-la a entender o idioma daqui.

—Obrigada – digo e ela sai.

Fecho a porta. Tiro todos os tecidos e tomo um banho de banheira muito bom e depois visto o traje simples e limpo que ela me deixou. Começo a ler cada pagina e a guardar o que mais eu usaria daquele livro. Um tempo depois alguém bate na porta e encontro Erlian segurando uma bandeja de sopa.

—Você precisa comer – ele diz.

Pego a bandeja dele em silêncio e ele entra para o quarto fechando a porta.

—Precisamos conversar.

Sento-me em uma poltrona e deposito a bandeja na mesa ao lado e então puxo o prato para que eu comece a comer. Ele vê o livro sobre a cama.

—Onde arranjou isso?

—Importa? – pergunto – fala logo.

—Sei que não concorda com o que Kawell contou, mas são leis Arya e não temos jurisdição sobre elas.

O observo enquanto me alimento.

—Sempre existiram leis como estas, porém o governo se tornou mais opressor e autoritário e são coisas que vieram com a guerra. Há mais impostos e estão pegando homens velhos e novos para lutarem na guerra. Os ossos de bourn nunca aceitariam mulheres.

—Não faz sentido – interrompo-o – se são inúteis para eles.

—Tudo bem eu entendo o que você pensa, eles precisam de pessoas que vençam a guerra e não de fardos – ele fala a ultima palavra com cuidado – ao contrário do que pensa há mais mulheres felizes do que o contrário – ergo as sobrancelhas mostrando que eu duvido – até chegar o dia de irmos à capital preciso que se mantenha como uma daqui, não mostre sua linguagem, nem nada seu na verdade. Preciso que seja uma deles porque se não, não iremos conseguir.

—Quando tempo até formos à capital?

—Talvez uma ou duas semanas.

—Tudo isso?

—Sim, precisamos deixar tudo preparado.

—Acham que o príncipe esta lá?

—Não – ele diz – mas temo encontrar alguém la que provavelmente o tenha ajudado e saiba de algo.

—Então vou arriscar a minha vida por um talvez?

—Nunca te obriguei a ir.

—Só me enganou.

—Durante pouco tempo – ele abre um sorriso.

Volto a comer.

—Estão se preparando para a guerra Arya, eles querem aniquilar os outros reinos e isso não é uma brincadeira, você verá violência e terror nas ruas e não poderá fazer nada a respeito. A Guarda do reino cuida dos bagunceiros e das brigas e não devemos nos meter.

—Não entendo, porque as mulheres não se defendem?

—Porque elas não podem.

—Claro que podem – coloco o prato novamente a mesa – eu não entendo, sei que não conheço muito a respeito da cultura e como funciona o reino dos ossos de bourn, mas sei que são poderosos e não faz sentido ser um reino tão opressor quando qualquer um pode se rebelar. Porque são tão submissos?

Ele me olha triste.

—Presumo que sua mãe não contou como funcionam seus corpos – assinto – como o próprio nome do reino diz, suas veias contem bourn que é um componente venenoso para qualquer um que não seja um deles. Eles nascem com marcas pelo corpo como tatuagens e por isso se cobrem. Elas mostram o quanto de força terá cada um. Eles conseguem controlar o ar tornando o venenoso a qualquer um inclusive a eles mesmos. É difícil vencer uma luta contra eles quando se é preciso respirar. As tatuagens elas tem significados que para cada um significa algo, como quando alguém lê seu futuro pelas mãos entende? Eles lêem pelas tatuagens. As mulheres que possuem insígnias de estrelas são imediatamente mortas porque significam que nasceram para guerrear e que normalmente é algo que pertence aos homens quando nascem. As outras são queimadas nas regiões onde as tatuagens existem tirando assim seus poderes. Assim como só temos poder se podermos enxergar eles só podem se tiverem marcas na pele. São elas as responsáveis pelo poder que carregam.

—Então aqui mulher nunca reina devo imaginar? – ele assente. – Porque fazem isso com as mulheres, às queimam enquanto criança para que não revidem o marido? Para que não se defendam de um estrupo ou de um assassinato? Elas servem para que? Sexo? Criar filhos? Isso é horrível! Parece a antiguidade!

—Eu sei que vê assim, mas as regras são regras e elas funcionam em paz há mais tempo que podemos imaginar.

—Eu... – meus olhos estão marejados – isso me da vontade de vomitar – digo chateada – porque minha mãe chamava de paraíso?

—Talvez você tenha entendido errado – ele se levanta – preciso que me prometa não se envolver com nada aqui, inclusive com as pessoas – ele diz.

Levanto meu olhar.

—Prometa Arya ou estaremos mortos se você fizer algo.

—Eu prometo – digo quando uma lágrima cai.

Quando Erlian sai eu fico paralisada pensando em todo o horror daquele lugar e como todas aquelas mulheres eram sujeitas a aquelas coisas e nada mudava, nada acontecia.


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Notas finais do capítulo

continua...



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