Os quatro reinos escrita por Estefanie Priscila


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

E o jogo começa...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775809/chapter/11

Chego ao final do corredor com o suor escorrendo pelas costas. Ouço ainda tiros e gritos e me pergunto se Kawell e Sheila conseguiram correr. Tento controlar minha respiração e meus pensamentos. Volto à forma humana, porém ainda com a visão noturna que temos o prazer de possuir. Sinto as pontas dos meus dedos adormecerem e tento o possível para que meu pânico passe. Eu não estava acostumada a ver a morte assim tão de perto e para mim era assustador.

Vejo uma sombra e depois uma silhueta se aproximar. Preparo-me para atacar e ataco.

—Hey! – a pessoa engasga ao falar.

—Liam? – pergunto.

—Sim – ele diz.

O solto e tento observar seus traços, a visão noturna dos olhos de vidro é realmente boa quando estamos na forma original e não humana.

—Eu vi alguém correndo – ele diz baixo – não sabia quem era só segui.

—Eles maataram tooodos? – pergunto gaguejando.

Ele me olha com o semblante assustado e assente.

—A maioria, precisamos sair daqui agora

—Claro – assinto.

Eu o sigo por outro corredor até uma porta que leva a escada para o andar de cima. Chegando lá atravessamos vários cômodos rapidamente e descemos uma escada que nos levava a uma saída bem escondida. Ele me ajudou a pular o muro e juntos corremos pela rua, eu o apenas o seguia sem conseguir discernir direito tudo que estava acontecendo e porque eu havia aceitado participar de tudo aquilo.

Enquanto corríamos conseguia ouvir barulho de sirenes se aproximando de onde estávamos. Ele para na frente de um enorme portão de ferro preto antigo e então o abre e entramos. Eu o acompanho em silêncio por uma longa trilha de pedras. Quando chegamos à casa uma mulher baixinha e sorridente abre a porta.

—Senhor Sharles boa noite, chegou cedo – ela para quando me vê – ola moça – abre um sorriso.

—Oi – digo tentando abrir um sorriso.

—Arrume um quarto para ela – ele diz – ela ficara aqui essa noite – e então antes que eu possa dizer algo ele entra naquela enorme mansão e some. Olho desorientada para mulher.

—Siga-me.

                                         ***

 Acordo com um raio de sol percorrendo meu rosto. Grunho e me desvencilho da luz, mas ela percorre toda a cama. Olho para as cortinas que deveriam estar fechadas e fico irritada. Levanto-me e de repente tudo me vem à mente. Eu não estou na casa de Erlian, a festa...

—Droga! – saio do quarto às pressas. Enquanto desço as escadas tentando encontrar a saída torço para não encontrar ninguém.

—Onde esta indo? – a voz de Liam me faz arrepiar dos pés à cabeça.

Viro-me para ele devagar e o observo. Ele esta com o cabelo molhado e o semblante preocupado. Observo as olheiras em seu rosto. Parece que não fui a única a dormir mal.

—Para casa – digo.

—Eu posso levá-la – ele diz – não precisa fugir.

—Eu posso ir sozinha – digo e ele estreita os olhos – desculpe, não quis ser rude.

Ele se aproxima.

—Não acho que seja Nina Orem – ele diz naturalmente – e nem que seja casada e muito menos da capital.

Fico calada sem saber o que dizer.

—Me deixa curioso o porquê estava na festa.

Continuo calada.

—Não acho que fazia parte dos assaltantes, mas sei que estava lá por algum motivo.

Afasto-me sem conseguir olhá-lo nos olhos. Eu não sabia o que dizer. Parecia que quanto mais passava os dias, mas eu estava próxima de ser morta enrolada em minhas mentiras e dos meus pais.

—Deveria pelo menos ficar para comer – ele diz e abre um sorriso solene – não me importa na verdade o que você faz ou deixa de fazer da sua vida. Não sou a favor de mentiras e odeio mentirosos, mas você não me parece ter mentido por algo muito ruim. Então venha comer e não perguntarei mais nada a você.

O observo curiosa com sua atitude.

—Venha – ele segue no corredor e eu o sigo até uma enorme sala com uma mesa de vidro e nela se encontra leite, vários tipos de roscas e pão, bolos, café, chá...é tanta comida que fico meia perdida. Sento em uma cadeira e começo a me servir em silêncio. Começamos a comer então.

—Senhor desculpe interrompê-lo, mas tem visita – a mulher que nos recebeu ontem diz quando entra no cômodo.

—Já vou – ele diz.

Liam limpa a boca com um pano e sai da sala.

Continuo comendo enquanto tento aguçar os ouvidos. Enquanto ouço a conversa fico com pena de Liam por todas as informações que ele recebe. Quando ele volta seu rosto esta contorcido de tristeza.

—Preciso me retirar – diz mal olhando em meus olhos – com licença. A empregada te ajudará.

Fico parada naquela cadeira olhando fixamente tentando entender o que esta acontecendo. De repente estava sendo garçonete e no outro estava precisando matar pessoas para viver. A empregada diz algo, mas continuo tão focada em meus pensamentos que apenas balanço a mão dispensando ela. Retiro-me dali caminhando em direção a rua. As pessoas me vêm com a veste de dormir e fazem cara feia. As mulheres apontam e os homens fazem caretas, mas continuo ignorando. Caminho até finalmente chegar a casa. Logo quando entro na casa encontro Erlian na sala bebendo.

—Onde diabos você estava? Pensei que estivesse morta!

Olho para o copo de bebidas em suas mãos. Aguço os ouvidos e me viro para subir as escadas.

—Estou falando com você Arya! – Ele tenta me puxar, mas sua mão queima em minha pele e ele não volta a me tocar – Arya fale comigo?!

Subo as escadas onde ando tranquilamente pelos corredores. Viro o próximo corredor.

—Arya onde você esta indo?!

Quando estou prestes a abrir a porta do quarto de Kawell ele abre antes.

—Que barulheira é essa?! – Eu o pego pelo pescoço sufocando-o contra a parede. Seu poder parece imune a mim. Ele se contorce e Erlian tenta novamente me puxar, mas sua pele não consegue ficar na minha sem fritar. Sheila levanta da cama com seu hobby e começa a gritar.

—Por quê?

—Porque o que Arya? Me soltaa! – Kawell engasga.

—Seu único trabalho era ficar de olho, mas você estava se divertindo com a vadiazinha para se importar não é? Então centenas de pessoas morreram a sangue frio por causa da sua incompetência. Todos fizeram seu trabalho menos você e ela – olho para Sheila com os olhos em minha forma não humana. Ela parece se fascinar e ter medo ao mesmo tempo – O que significa vidas para você Kawell? É uma piada? Não interessa se todos morrem o que conta é transar com a sua vadia? É isso? Eu poderia ter morrido lá e não morri porque tive que matar alguém! Eu nunca matei alguém antes, você me fez escolher matar ontem quando o seu único e majestoso trabalho era no mínimo cuidar da minha segurança. Sabe o quanto eu te odeio agora? – Kawell tenta se transformar, mas de alguma forma eu consigo impedir sua transformação e percebo desespero em seus olhos. Parece que finalmente ele se vê diante da morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os quatro reinos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.