O sucessor escrita por HinataSol


Capítulo 16
Um quase encontro e palavras que precisam ser ditas


Notas iniciais do capítulo

Quero pedir que leiam esse capítulo devagar, sem pressa...

Esse capítulo me causou problemas, achei muito difícil de escrever e ainda estou meio acanhada em relação a ele...

Nota: o título seria "Um quase encontro e um anúncio de despedida. Palavras que se quer ouvir e palavras que precisam ser ditas", mas o spirit tem limite de caracteres aí diminuí aqui também para ficar igual.

P.S.: Tive problemas para postar aqui no Nyah mais cedo. Então saiu em horários diferentes.

Agora fiquem com o capítulo e boa leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775808/chapter/16

Hinata passeou os olhos pelo Rāmen Ichiraku.

A barraca de lámen era simples, mas aconchegante. Havia um balcão que servia de mesa e seis banquetas enfileiradas lado a lado. Os tons amarronzados das paredes a dava a impressão de estar mergulhados em tempero. O cheiro do caldo que preenchia o ambiente era gostoso e, sem consultar o menu, Naruto pediu dois miso ramen para eles, dizendo que aquele era o seu preferido, mas lançou-a uma olhada e esperou-a confirmar como que lhe dando permissão para pedir por ela.

Hinata apenas consentiu. Gostava daquele também.

Teuchi-san, o dono da barraquinha, era um senhor robusto de olhos estreitos e que vestia um chapéu, uma roupa branca e um avental cinza-azulado amarrado em volta cintura. Ele era simpático e agradável, e conversou amenidades com Naruto e ela.

O ramen de Teuchi-san era realmente saboroso. Um dos melhores que Hinata já havia provado. Não havia exageros, o dono do Ichiraku realmente caprichava, ela considerou.

Enquanto comiam, Hinata questionou a Naruto sobre as aulas no dojô e ele apenas desconversou, dizendo que Minato estaria no lugar dele naquele dia ministrando as aulas.

Ela pensou que poderia estar atrapalhando-o, mas, antevendo isso, Naruto antecipou-se em afirmar que não havia nenhum problema.

Quando saíram, ele se manteve próximo a ela e se distraíram em uma caminhada. Ao se darem conta, já estavam em um passeio, a passar um bom tempo em silêncio, apenas compartilhando da presença um do outro.

As árvores estavam quase sem folhas, e as que restavam carregavam traços da estação anterior. O ar estava frio. E, enquanto Hinata ajeitava o cachecol e a touca na cabeça, Naruto aconchegava mais as mãos no bolso do casaco laranja de moletom grosso.

— A gente acabou de almoçar, mas... o que acha de ir a um café? Comer um pedaço de bolo com Kit Kat ou beber um chocolate quente como sobremesa... — Ofereceu Naruto.

— Seria bom — ela não tardou a responder. — Confesso que amo doces.

Ele sorriu e ela retribuiu de modo tímido, sentindo as bochechas se aquecendo.

No café, eles pediram sobremesas iguais. Uma gorda fatia de bolo de chocolate com Kit Kat e um chocolate quente cremoso.

As mesas do café eram quadradinhas e pequenas, para apenas duas pessoas sentarem-se confortavelmente ou, no máximo, quatro mais apertados. Sobre o tampo de madeira repousava um jarrinho de flores. As paredes em tons pastéis e marrom claro eram de alvenaria e possuíam grandes janelas de vidro, e o chão era revestido em piso de madeira escura. O ar estava quentinho e o cheiro de café se impregnava nas narinas de quem chegasse ali.

Um ambiente que tinha um toque de aconchego.

Aquilo era um quase encontro.

Houve o convite, o passeio, a comida e os dois ali. Só faltava uma única coisa...

A generosa fatia de bolo foi servida em pratos de sobremesa brancos com belos crisântemos desenhados na borda. O creme por cima firmava um bocado de chocolate kit kat ao leite e meio amargo. O chocolate quente estava cremoso e suave ao beber, nem amargo e nem muito doce.

Shiawase! — Hinata exclamou. — Está uma delícia.

Naruto riu.

— Acho que sim. Mas o bolo que você fez mês passado no aniversário do Konohamaru estava tão bom ou melhor que esse aqui.

Ela corou.

— Arigatô! Mas acho que não é para tanto.

— Eu achei.

Ele simplesmente deu de ombros e comeu um outro pedaço de bolo, enquanto Hinata desviou o olhar para a xícara e bebeu um gole do chocolate morninho, intentando desconversar e esconder o sorriso que brincava em seus lábios.

— Vamos fazer uma festa de despedida para o Shikamaru — Naruto falou, de repente.

— Festa de despedida? — Ela se revelou surpresa ao arquear as sobrancelhas.

— Hai. Não será bem uma festa, mas quase isso. Acho que você ainda não sabe, mas o Shikamaru vai sair de Nara... Ele conseguiu a oportunidade que estava esperando e vai embora em algumas semanas.

Hinata admirou-se daquilo.

Ela tinha conhecimento de que Shikamaru estava estudando para uma seleção havia algum tempo. Kurenai-san havia dito que era por isso que ele não se preocupava tanto com seu turno. Ele aproveitava o ambiente tranquilo da biblioteca para estudar enquanto ainda ganhava algum dinheiro trabalhando. Chegava cedo e só ia embora de tarde, quando encerrava o expediente. Era o emprego perfeito para ele, assim como era para Hinata.

— Nossa! Que bom! Eu... fico feliz por ele, mas não esperava por isso... Ele ainda não precisa prestar o exame final aqui? Ou concluir o projeto final? — ela ficou confusa com aquilo.

— Vai sim. Mas já é garantido que ele vai conseguir. Ele conseguiu a recomendação que precisava e teve um bom aproveitamento. Só vai prestar o exame final aqui para completar o cronograma — Explicou Naruto. — O Shikamaru já tem até o emprego que queria garantido. Vai ir na segunda metade de março e já começa lá em abril.

Sugoi! — Ela exprimiu. — Preciso parabenizá-lo. Shikamaru-kun é realmente muito inteligente. Mas onde vai ser a despedida dele? E... eu também estou convidada?

— Claro! — Ele exclamou como se fosse óbvio. — É algo entre amigos, claro que você está convidada. Vai ser na casa dele. Não sabe o quanto, às vezes, é difícil tirar o Shikamaru de casa. Pelo menos lá ele não vai ter como fugir.

— Essa é uma estratégia e tanto... — Hinata admitiu em um meio sorriso.

Naruto anuiu com a cabeça, mas se remexeu desconfortável.

— Hm... eu estava pensando em uma outra coisa... sobre o que a Temari falou no festival — ele começou dizendo — Você... bom, realmente é estranho ver que você diz “Naruto-san”. Eu... nós somos amigos, certo? Eu chamo você de “Hinata”, e ouvir “Naruto-san” soa meio distante, muito formal... você chama o tou-chan assim, fica parecendo que eu sou um oji-san...

Hinata entreabriu os lábios e arqueou as sobrancelhas, surpresa com o questionamento que ele levantou. Ela titubeou, sem saber o que dizer diante das palavras dele.

— Naruto-san... ettoo, gomen nasai. Eu... não tinha a intenção... só não quis parecer mal-educada ou desrespeitosa — ela explicou, baixinho e numa meia verdade.

Naruto negou com um gesto brando.

— Você não é! Hinata, você fala de um jeito tão educado que se tentasse me insultar, ainda assim, pareceria bonito — ele expôs seu ponto de vista. Coçou a bochecha com o indicador, quando aditou — Mas é realmente estranho o “san” e, depois que a Temari falou sobre isso... achei que devia dizer a você.

Hinata desviou os olhos um momento, olhando para o lado de fora por através da parede de vidro que as janelas formavam. Ela avistou o clima nublado e o movimento das pessoas agasalhadas caminhando pelas ruas estreitas de Nara-shi.

O quão estranho seria tratá-lo de maneira ainda mais informal? O ideal seria o “sama” e ele estava a reclamar do “san”?

Ela mordeu os lábios levemente.

Eu não sei se devo, ela pensou, mas se sentia tão à vontade ao lado dele... Eram amigos, certo? Não existia problema em algo bobo assim, não é?

— Hm, eu acho que podemos tentar... “Naruto-kun” é melhor?

Naruto tentou se conter, mas sabia que seria impossível que Hinata não notasse o canto de seus lábios repuxando em um sorriso satisfeito.

— Acho que soa bem melhor assim... Talvez eu devesse até mudar o meu nome de “Naruto” para “Naruto-kun”, o que acha? — Ele tentou deixar o clima mais leve e distraí-la de seu acanhamento momentâneo.

Verdadeiramente queria que ela se sentisse mais à vontade perto dele.

— Acho que seria interessante, mas aí eu teria de chamá-lo de “Naruto-kun-kun”.

— Ei! Isso aí ficou horrível! Parece palavrinha mágica ou nome de personagem de animê infantil — Ele reclamou.

— Tem razão. Acho que seu nome é perfeito do jeito que é.

Ela não mediu as palavras e ele a olhou de modo mais intenso que de costume quando balbuciou o nome dela.

— Hinata...

Ela corou outra vez.

— Hm, quando vai ser mesmo a despedida do Shikamaru-kun? — mudou de assunto.

Naruto achou engraçado, mas não comentou.

— Estávamos pensando no segundo sábado de março... ele já vai ter terminado tudo aqui e ainda vai ter uns dois ou três dias para descansar antes de ir embora.

— Acho que assim é melhor mesmo...

Naruto puxou o aparelho celular de dentro do bolso do casaco e espremeu os lábios.

— Eto, já está quase na hora de terminar as aulas... acho que vou aproveitar que estou aqui e encontrar o Konohamaru... Você quer que eu te acompanhe até em casa ou quer vir junto?

— Não precisa — ela dispensou com o tom ameno. — Mas acho que eu vou ir junto. Moro perto da escola mesmo. Aproveito o caminho e vou para casa.

Ele balançou a cabeça, concordando. De onde estavam, a Nara Gakuen ficava no meio do caminho até a casa dela. Era perfeito.

Depois de pagar pela sobremesa, Naruto levantou-se e Hinata o imitou. Ao atravessarem a porta do café, Hinata riu por Naruto reclamar do frio e ele embicou os lábios.

— Hm... — iniciou o rapaz. Ele olhou para Hinata por alguns instantes e desviou os olhos. — Eu estava pensando se você não quer sair comigo de novo qualquer dia desses...

Hinata virou-se em direção a ele, surpresa. Ela o fitou o perfil, já que, para manter-se encorajado, Naruto manteve os olhos a frente, sem olhá-la de fato. Achou que estivesse imaginando coisas quando viu o rosto dele meio avermelhado.

A Hyūga constrangeu-se e desviou os olhos para a frente também. Estranhou que seu interior parecesse agitado naquele momento.

— Naruto-kun... eu... h-hai! Eu quero sim.

Ele arregalou os olhos e, arqueando as sobrancelhas, tornou suas vistas para ela.

— Sério? — exclamou ele, embasbacado e, depois, fingiu limpar a garganta — Quero dizer. Pode ser no sábado agora? A gente pode escolher aonde ir... hm, você me passa o seu número?

Ela mordeu os lábios.

— Eu estou sem celular — Hinata apertou a bolsa contra o corpo.

— Ah... entendo — ele murchou. — Deixa para uma outra hora então. Gomen.

— Não! Não é isso — ela apressou-se em falar. Como diria a ele que não sabia o número do próprio celular e que, mesmo que soubesse, não poderia dizer a ele? Choramingou internamente. — É que... eu realmente não tenho como passar meu número. Eu deixei meu telefone em Tóquio e não comprei outro desde que cheguei aqui.

— Uau! Sério?

Aquilo era uma verdade. O telefone celular dela ficou em Tóquio e em nenhum momento ela pensou em adquirir outro. Não parecia ser algo necessário já que só vinha mantendo contato com Kushina.

Ela afirmou com a cabeça.

Ele riu.

— Eu não acredito nisso. Como você é boba, Hinata!

Hinata acharia ruim ouvir aquilo se o tom de Naruto não soasse tão genuíno e leve. Ele não a dizia nada com tom maldoso. Ele era espontâneo e gentil. Naruto era alguém de companhia agradável e quentinha. Era reconfortante estar perto dele. A sensação que tinha era a de estar sendo calorosamente abraçada.

Ela se dispersou tanto ao lado dele que só reparou que haviam chegado em frente à escola porque Konohamaru já saia com os dois amigos e os avistara de lá, e correu até eles ao se despedir de Moegi e Udon.

— Ei, nii-chan, Hinata-san! — Ele saudou e então estreitou os olhos — O que vocês estão fazendo aqui agora?

O irmão mais velho pensou um pouco, procurando uma boa forma de dizer algo, mas não encontrou um modo eufemístico para que pudesse falar.

— Naruto-kun e eu estávamos passeando. A gente aproveitou que já estava na hora de você sair e viemos te encontrar — Hinata falou, sem qualquer receio.

Konohamaru desviou as vistas do irmão para Hinata, surpreso.

— S-sério?

— É.

— Hm!

Ele não gostou muito daquilo. Soou como se eles fossem um casal que ia buscar um filho pequeno na escola. Ficou com ciúmes. Se mais de Hinata-san ou do irmão, ele não saberia dizer.

 

 

— NH —

 

 

Os dias passaram depressa a partir dali.

Hinata e Naruto se encontraram algumas vezes durante o mês de fevereiro. Na maior parte delas Konohamaru estava junto e foi divertido.

Em um dia, enquanto jogavam hanafuda sobre a kotatsu de Minato-san, nevou.

Não nevava muito em Nara. Então Naruto contou que Konohamaru e ele gostavam de admirar os cristais de neve caindo das nuvens, pensando que talvez fosse divertido esquiar em Hokkaido algum dia.

Enquanto o ouvia, com as pernas aquecidas debaixo da mesa, Hinata descascou uma tangerina da qual Naruto e Konohamaru surrupiaram alguns gomos. Ela os olhou com olhos estreitos, mas riu.

Era estranho ao passo que era comum. Hinata se sentia próxima demais a eles. Como se fossem uma família.

Compartilhavam bons momentos.

 

 

— NH —

 

 

Hinata viu o tempo passar como um sopro e logo chegou o dia de se despedirem de Shikamaru.

Foi resolvido que se reuniriam ainda no final da tarde, antes de anoitecer, naquele sábado de março quando o período letivo ainda estava prestes a terminar e restava alguns poucos dias para o dia de formatura nas escolas regionais.

Yoshino-san ajudou a preparar as coisas e o próprio Shikamaru foi posto pela mãe para trabalhar.

A casa dele era grande, bem maior que a de Naruto. Tinha dois pavimentos e a estrutura robusta. Havia uma garagem com dois belos carros estacionados cujos modelos Hinata logo reconheceu. Um jardim bem cuidado e de cada lado da porta de entrada havia um vaso de planta bem ornamentada e podada. Em meio aos tons neutros das paredes e o telhado escuro, havia sempre um ponto ou outro esverdeado. Em suma, era uma bela construção.

E consoante Naruto falou, estavam reunidos os amigos de Shikamaru e as pessoas mais próximas a ele: seus pais, Temari, Kurenai-san, Asuma-sensei, Mirai, Kiba, Shino, Chouji, Lee, Minato-san, Kakashi-sensei, Gai-sensei — um homem enérgico que Hinata conheceu apenas naquele dia —, Konohamaru, Naruto e a própria Hinata.

Eles dividiram o espaço em dois ambientes. Os mais velhos em um lado da sala e os mais jovens no outro extremo. Tudo por questão de afinidade e assuntos em comum.

Enquanto conversavam banalidades do lado de cá, lá os pais e senseis comentavam sobre como o tempo passava depressa e coisas desse tipo.

Durante toda aquela tarde, a namorada de Shikamaru pareceu acuada. Em volta de Temari-san o clima se fazia melancólico e desanimador.

Hinata se sentiu estranhamente mal por ela estar daquela forma, assentada em um canto, dispersa e distante dos outros.

Decidida a fazê-la companhia, de súbito tomou fôlego, aproximou-se e assentou-se ao lado dela e sorriu. Temari tentou corresponder o gesto, mas falhou, lançando apenas uma careta estranha e um suspiro.

Fez-se um momentâneo silêncio entre elas.

— Temari-san... — A Hyūga tentou iniciar, mas hesitou. — Hm...

O que diria a ela? As duas não eram realmente amigas. O elo entre elas era Shikamaru-kun, namorado de Temari-san e seu colega de trabalho e amigo. Hinata e ela não conversavam com frequência. Trocavam poucas palavras e nunca tão íntimas ou que tivessem relação com algo mais privado. Sempre que se falavam, a pauta era um tanto superficial, nada realmente importante.

Frustrou-se.

— O preguiçoso vai embora em alguns dias... Eu acho que não tinha jeito. Era o que ele queria, afinal... Eu fico feliz, mas... vou sentir falta dele — comentou a moça, como se estivesse a confidenciando algo. A voz dela soava arrastada e baixa, sem qualquer traço de empolgação.

Hinata ficou em silêncio um outro instante, ainda sem saber o que dizer. Ela deslizou as vistas pela sala, observando os amigos conversando em meio a risos e brincadeiras. Lee parecia empolgado, assim como Kiba que falava alto. Já Shino se mantinha mais calado, enquanto Shikamaru parecia cansado com tanto movimento diante dele.

Tornou seus olhos para Temari e falou, intentando elevá-la o ânimo.

— Tenho certeza de que vocês vão dar um jeito. Shikamaru-kun gosta muito de você e... eu sei que você gosta muito dele também. Consigo ver isso.

Eram palavras simples de quem não entendia do assunto nem se sentia no direito de dizer algo, mas que queria dispersar o clima mau que rondava alguém ao seu alcance. Apenas um gesto gentil.

Temari negou com a cabeça. Internamente agradecida pela boa vontade de Hinata, mas honesta quanto à ineficácia dela.

— Não acho que só isso basta. Já faz algum tempo que estamos discutindo sobre isso. Sei que tenho agido de maneira infantil e o Shikamaru fica chateado com isso, mas... mesmo assim não faz nada — ela falou ainda entre resmungos, as bochechas levemente coradas — Eu não tenho como ir com ele, e ele não pode perder essa chance e eu nem quero que perca. Só que eu me sinto abandonada. É como se ele estivesse me deixando de lado. E eu gosto dele; muito.

Hinata entendeu, na medida do possível. A Hyūga nunca esteve em um relacionamento amoroso, mas compreendeu o que Temari quis dizer. Ela queria que Shikamaru escolhesse a ela. Mas, embora fizesse isso visível, ela também queria que ele realizasse o que planejou e conquistasse o que sonhava. Queria que Shikamaru a escolhesse, não queria ser abandonada. Porém também queria o sucesso dele.

Ela o amava.

E Hinata sabia que Shikamaru sentia algo igual ou parecido. Talvez maior.

Então por que parecia tão simples e tão complicado?

— Temari-san... eu nem sei o que dizer — tentou exprimir algo, mas precisou confessar sua incapacidade, com pesar.

Por que parecia tão inútil intervir?

Notou que não importariam seus esforços, somente Shikamaru e Temari poderiam resolver a própria situação. Nada do que Hinata dissesse ou fizesse mudaria algo se eles não agissem.

— Não ligue para isso, Hinata. Você não deve se preocupar com isso. Deveria estar mais preocupada com seus próprios assuntos.

Arregalou os olhos, atordoada com a repentina displicência dela e, sem entender completamente, balbuciou:

— O quê?

— Você e o Naruto...

— Como? — Surpreendeu-se mais uma vez. — Por que diz isso?

Antes que Temari pudesse aditar algo, a voz dos rapazes se sobressaiu e as chamaram a atenção.

— Ei, Naruto. Não vá beber, hein! — exclamou Kiba, da outra ponta do cômodo, apenas intentando provocar o amigo. — Você só não é mais fraco para bebidas do que o Lee.

— Ha-há! Como você é engraçado — Naruto rebateu.

— Não tem nada alcoólico aqui, Kiba. Você sabe disso — Shikamaru cortou.

— Shikamaru, venha e me ajude a pegar as outras coisas na cozinha — Yoshino-san mandou, intervindo.

Shikamaru se levantou preguiçosamente, resmungando algo como “que bela festa” e coisas sobre ter que ficar servindo os outros sendo que ele quem deveria estar sendo bajulado.

— Yoshino-san, deixe que eu também ajude — Hinata se prontificou, aproveitando a chance de evitar uma conversa constrangedora com Temari.

— Vê, shikamaru?! Por que você não pode ter mais disposição em ajudar as pessoas assim como a Hinata-san? — Nara-san quis saber.

Ele apenas deu de ombros quando ouviu o som de risos, e seguiu até a cozinha.

 

 

A mãe de Shikamaru retirou do refrigerador algumas travessas com comidas muito bem aparentadas e de cheiro agradável. Jarros de sucos, garrafas de refrigerante e doces, assim como um refratário cheio de mochi muito bonitos e apetitosos.

— Eto, Shikamaru, pegue alguns copos e papéis toalha no armário. Hinata-san, ajude ele com as porções, por favor — ela pediu e apontou, e pegou uma das sobremesas. — Eu vou ir levando esses por agora.

Hinata apenas anuiu e Shikamaru deu de ombros. Ele pegou uma bandeja e colocou o que a mãe pediu ali. Viu Hinata ajeitar alguns pratos com as porções e resmungou, chamando pela Hyūga.

— Hm, você e o Naruto... — ele lançou e deixou no ar.

Hinata esperou que Shikamaru continuasse. Não havendo ele dito mais nada, ela indagou:

— O que tem?

— Eu acho que você devia falar com ele.

Ao ouvir isso, Hinata se pôs na defensiva, retraindo-se um pouco e tendo cuidado na escolha das palavras.

— Sobre o quê? — a verdade é que ela já tinha ideia do que ele estava falando, mesmo assim questionou.

— Hinata, acho que você já sabe disso, mas eu sei quem você é.

Ela abaixou um pouco os olhos, juntou as sobrancelhas acima do nariz e espremeu os lábios numa linha fina.

— Kakashi-sensei comentou algo assim... — Ela admitiu. — Mas... não entendo o que você quer dizer com isso.

— Ei, Shikamaru, você está demorando muito. Agilize isso! — Yoshino-san chegou ali e reclamou. — Arigatô, Hinata-san. Pode colocar esses daqui no mesmo prato. O restante fica assim mesmo. — Pegou outra travessa e logo retornou até a sala, não antes de apressar o filho com um olhar.

Hinata a seguiu com os olhos até que mãe de Shikamaru desaparecesse atrás da passagem que dividia os cômodos, Shikamaru suspirou e largou os papéis toalha sobre a bancada.

— Cara, isso é tão chato, mas... quando você chegou em Nara, eu fiquei desconfiado. Fazia pouco tempo que havia me inscrito no programa de seleções que é oferecido anualmente pela família Hyūga e achei que estivesse aqui para me avaliar, mas logo percebi que não era algo possível e desconsiderei. A ideia de um Hyūga vir avaliar pessoalmente os participantes era ridícula. Não fazia sentido e nem havia motivos para inspecionar a vida dos concorrentes logo de cara. Há todo um processo e milhares de candidatos. Se fossem fazer uma investigação pessoal, seria após filtrar e reduzir os números. E os métodos não seriam diretos dessa forma — disse. — Concluí que Hyūga Hinata estar em Nara não passava de uma coincidência, apesar de ser quase impossível acontecer algo assim.

“Com o tempo, vi que você foi fazendo amizades com o pessoal daqui e tudo sempre pareceu muito autêntico. Você parece ser bastante honesta e meio ingênua também, além de uma pessoa comum. Eu mesmo já havia me afeiçoado. Então eu não vi motivos para falar sobre isso antes. Sempre que eu pensava nisso, a situação toda parecia ser bem chata e preferi ficar quieto e evitar qualquer problema. Você poderia querer viver uma vida tranquila ou ter um tempo de descanso. E, embora eu não consiga aceitar isso até agora, a vida é sua e eu não achei que devia me intrometer.”

Ele fez uma curta pausa, como se buscasse recuperar o fôlego.

“Só que então eu vi você e o Naruto e a cada dia que passa parecem mais próximos. No último mês eu sempre via os dois juntos e o seu nome não saiu da boca dele e eu não consigo deixar de achar que isso é ruim. Ele e você são pessoas de realidades diferentes. Não consigo acreditar que qualquer coisa entre vocês daria certo, não importa como eu pense. Você é a primeira herdeira direta da família Hyūga e faz parte do círculo da família imperial, o Naruto é meu melhor amigo e o status dele é bem distante do seu. Ele é um cidadão comum. Não consigo mesmo ver isso dando certo.”

Hinata o olhou e arfou, estupefata.

Nunca, em cinco meses, havia visto Shikamaru falar tanto e tão rápido. Ele sempre parecia querer economizar as palavras e evitar problemas relacionados ao que pudesse dizer. Era incrível que ele estivesse tão incomodado a ponto de dizer tudo aquilo da forma que fez.

Ela fechou os olhos um momento e pensou. Tentou pesar as palavras do amigo e filtrar tudo o que ele falou. Precisava processar o que ele havia dito e não se comprometer. Parecia embaraçoso e complicado. Uma situação em que ela se emaranhava mais e mais a cada instante.

Já para Shikamaru, Hinata em Nara-shi era como uma incógnita.

Não importava a forma como ele olhasse para aquela questão, ele não parecia ser capaz achar um resultado razoável. Parecia que as coisas não se encaixavam, como se faltasse um dado em um problema ou uma informação em um caso. Como se toda a história fosse um quebra-cabeças o qual faltavam peças. Algo incompleto.

— Isso... explica muita coisa — ela disse por fim e respirou fundo. Depois de alguns instantes, continuou — Eu não fazia ideia de que estava participando do processo. Eu devo parabenizá-lo mais uma vez. Sei que é uma seleção cansativa e bem difícil... Sobre minha estadia em Nara... isso é algo sobre o que não quero falar no momento. Mas... sobre o Naruto-kun e eu... nós somos amigos. Não há nada além disso — disse. — Não acho que você deveria se preocupar com isso.

Hinata admitia internamente que se surpreendeu com seu próprio autocontrole. Por dentro, ela achou que iria ter uma hiperventilação. Ela sentiu os pés gelarem e as mãos suarem. Sua cabeça parecia ferver. Tudo lhe parecia estar desandando e desabando.

— Talvez para você. Mas o que Naruto pensa disso? — Shikamaru perguntou. Ele pegou uma das bandejas, colocou o papel ali e suspirou — Eu acho que ele gosta de você, Hinata. Na verdade, eu tenho certeza. Naruto e eu somos amigos desde sempre. Eu conheço ele. E nunca o vi assim como vem estado. Acho que você devia mesmo falar sobre isso. Se continuar agindo da forma que vem agindo, só vai acabar o magoando no final. O Naruto é um cara legal... É melhor você ser sincera com ele ao invés de alimentar esperanças que não existem. O seu nível social está muito acima do dele. São mundos completamente diferentes — o Nara falou e disse — Eu acho que ele não se importaria com isso, mas e Hyūga Hinata?

— Você está errado — ela engoliu em seco. — Não acho que isso seja possível... Naruto-kun e eu? — o questionamento saiu como se fosse algo absurdo.

Parecia incabível cogitar que o herdeiro do trono japonês tivesse algum interesse romântico nela. Naquele momento, Hinata não entendia como Shikamaru poderia pensar em algo como aquilo. Era impossível. Naruto e ela eram somente amigos. Hinata apenas queria levá-lo até a mãe. Apenas queria levar o herdeiro para perto do trono. Ela não se sentia assim por ele e acreditava que ele também não se sentia assim por ela. Todavia, mesmo que fosse verdade, Shikamaru estaria errado pois Naruto estaria em um nível acima dela, não o contrário.

— Acho que você está confundindo as coisas, Shikamaru-kun. Naruto-kun e eu somos amigos. Eu não o vejo assim e Naruto-kun sabe disso — reafirmou ela. Incomodada, pegou um recipiente e murmurejou fracamente — Eu vou levar esse prato de mochi para lá.

— Hinata, você não pode continuar fazendo isso com ele. O Naruto não merece isso — O Nara reclamou. — Eu não sei por que não diz nada disso a ninguém, nem se você tem seus motivos, mas... se não falar com ele, eu vou falar.

Ela estancou, embasbacada.

— O que? — soprou.

— Não quero te prejudicar nem criar confusão, mas o Naruto é o meu melhor amigo e, mesmo que eu também seja seu amigo e não tenha nada contra você, não tenho nem que pesar o certo e o errado aqui — Shikamaru avisou. Ele respirou fundo e completou — Eu não vou ficar muito mais tempo em Nara, mas... acho melhor ele ouvir isso de você do que de mim.

Shikamaru saiu dali antes dela que ficou olhando para os belos mochi coloridos no prato.

Hinata respirou fundo, sentindo-se agitada, e seguiu por onde ele foi.

Depois disso, o clima agradável da despedida se desfez para ela.

Como Temari esteve anteriormente, Hinata se sentiu. Acuada, melancólica e desanimada. Ouvir Shikamaru dizer aquilo a deixou incomodada. Tudo parecia fora do lugar. Além disso, ele cogitou algo inacreditável.

Naruto e ela? Aquilo não devia estar acontecendo.

Absorta e presa em suas próprias questões, mal acompanhou o que se sucedeu. Somente voltou à realidade quando teve a atenção capturada pela conversa ao seu lado.

— Aqueles dois discutindo de novo... — Kiba revirou os olhos ao resmungar e mordeu um pedaço de doce.

— Temari-san ainda vai fritar os neurônios do Shikamaru-nii-san — comentou Konohamaru, baixinho. Se não estivesse ao lado dele, Hinata sabia que não teria escutado.

— Acho que ela poderia ser um pouco mais flexível — Shino concordou.

Naruto não comentou nada. Ele parecia tranquilo. Não exatamente como alguém que estivesse acostumado, mas sem preocupações ou incômodo.

Hinata estreitou os olhos e em seguida focou o casal.

Eles estavam conversando baixo, mas o silêncio que se fez na sala a partir dali os fez ser audíveis.

— Seja compreensiva, Temari — ele pediu, resmungando.

— Não tem como isso dar certo, Shikamaru. Eu não tenho meios para ir até Tóquio com frequência e você não vai ter tempo para ficar voltando até Nara — ela respondeu baixo, entredentes — Por que não entende isso?

— Eu posso enviar dinheiro para você. Tenho certeza de que não será um problema.

Todos ali faziam grande silêncio. Era de certo modo constrangedor dizer algo naquele momento.

Hinata sentiu vontade de se levantar e sair, mas a quietude fazia parecer que até sua respiração chamaria atenção em meio ao dilema que assistiam.

— Meu orgulho não me permitiria isso... e eu não sei se conseguiria levar um relacionamento à distância — rebateu Temari.

— Então por que não vem para Tóquio comigo? Podemos alugar uma casa perto da minha se achar melhor.

— Eu tenho um emprego aqui. Não posso ir com você — ela teimosamente insistiu.

— Então eu te demito.

— Você não pode fazer isso. Eu não trabalho para você.

— Mas trabalha para o meu pai. Tenho certeza de que ele não vai se opor a isso. Posso perguntar a ele agora mesmo se quiser — ele a desafiou.

— Até parece que eu vou ir para Tóquio assim... de qualquer jeito — ela resmungou, ousada.

Aquilo poderia ser cômico, se não fosse embaraçoso. Era absurdamente incrível o quanto Temari-san e Shikamaru-kun poderiam ser cabeças-duras a ponto de discutirem algo sério de forma tão infantil.

Shikamaru aspirou o ar, reunindo coragem para falar o que queria.

— Então case comigo.

Temari o olhou aturdida, assim como Hinata e os outros que estavam ali, a exceção de Naruto.

Os lábios dela tremeram e o rosto tinha o choque estampado.

— Você não está falando sério... — ela gaguejou, mal acreditando naquilo. Shikamaru Nara a estava pedindo em casamento? O rosto dela avermelhou de um modo o qual nunca Shikamaru havia visto — ou está?

O Nara apenas afirmou, balançando a cabeça uma única vez.

— Eu não quero que você fique longe de mim. E, se nos casarmos, não vai haver qualquer problema, não é? — ele questionou e ergueu as sobrancelhas — ou... você não quer se casar comigo?

— Shikamaru... — a voz dela sumiu e os olhos lacrimejaram. Temari-san ignorou o olhar dos outros ali e escondeu o rosto ao abraçá-lo. — Baka! — ela sussurrou contra ele. — Baka, baka, baka!

— Isso é um sim?

Ela não disse em voz alta, apenas balançou a cabeça.

Surpreendentemente, Temari estava sem palavras.

— Uau! Por essa eu não esperava. — Konohamaru admitiu, embasbacado e apontou — Ei, nii-chan, você não parece surpreso. Já sabia disso?

Naruto deu de ombros.

— Shikamaru e eu somos amigos. Ele me contou há alguns dias.

— Ele não está sendo precipitado? — Inuzuka Kiba questionou.

O amigo negou.

— Shikamaru não faz nada sem pensar bem antes. Ele já vinha considerando isso há bastante tempo apesar de tudo.

Ao ouvi-lo dizer isso, Hinata sentiu um frio lhe passar pela espinha.

Parecia uma confirmação das palavras de Shikamaru. Deu-se conta de que não sabia quão profundo era o laço entre os dois. Não sabia o quanto eles confiavam um no outro. Se ele disse algo tão importante como um pedido de casamento a Naruto, então não teria problema algum em dizer algo sobre ela também, mesmo que não soubesse nada em profundidade.

Se não contasse logo a Naruto, as coisas se tornariam piores pois, sem sombra de dúvidas, Shikamaru o diria quem ela era.

Constatando isso, Hinata se levantou de súbito, com os olhos arregalados e o rosto pálido. Os meninos a olharam confusos com aquela reação. Ela os fitou de volta, tentando respirar fundo e se recuperar. Seus olhos focaram os azuis de Naruto e ele a olhou de maneira inquisitiva.

Ela balançou a cabeça, afastando qualquer tipo de pensamento ruim e negativo de sua mente. Hinata resolveu expulsar qualquer traço de dúvida, medo ou receio de perto de si.

Tentou esboçar um sorriso pequeno e sentiu seu rosto borbulhar enquanto o sangue circulava ligeiramente. A garganta apertou-se, como se abrindo e fechando repetidas vezes. Ela entreabriu os lábios e balbuciou:

— Naruto-kun... poderia vir comigo um instante? — a voz soou baixinha e como um suspiro — Eu preciso dizer algo a você.

Havia urgência na fala dela. No entanto, nem um deles pareceu notar. O filho de Minato e Kushina apenas acenou com a cabeça e se levantou, seguindo Hinata até o lado de fora.

Antes de sair, ainda puderam ouvir um questionamento de Lee.

— Será que ela vai se confessar ao Naruto? — ele exclamou.

— De onde você tirou uma coisa dessas? — Indagou Kiba.

— Talvez o pedido de casamento tenha deixado ela emocionada — Lee justificou.

— O Shikamaru-nii-san pediu a Temari em casamento, não a Hinata-san — Konohamaru interpôs.

— Mas ela é mulher. Deve ter se emocionado. Pedidos de casamento costumam mexer com as mulheres.

Hinata envergonhou-se por ter havido escutado aquilo, porém prosseguiu e se afastou um pouco mais da casa, pondo-se no limite entre a propriedade e a rua, por precaução.

— Não ligue para eles. Estão brincando — Naruto murmurejou.

— Hunhum — Ela balançou a cabeça.

Naruto esfregou as mãos. Não estava tão frio naquela noite, mas ele saiu logo atrás dela deixando o casaco dentro da casa de Shikamaru e a diferença de temperatura o fez se arrepiar. Ele observou o rosto de Hinata sob as luzes da lua e das luminárias da rua. Os olhos dela eram claríssimos e ele os achava muitíssimo belos. Os traços dela eram delicados e o cabelo negro emoldurava e ressaltava cada um dos detalhes do rosto feminino. O nariz pequeno e os lábios simétricos. O queixo estreito e as bochechas levemente arredondadas e rosadas. Mas Hinata fitava o nada. O olhar estava sem um foco específico. Os lábios estavam entreabertos e ela parecia meio dispersa.

— Hm, o que queria me dizer? — Ele então questionou, com certa expectativa.

Ela o olhou por um instante, observando bem o rosto dele também. Ela o achava bonito. Muito bonito. Os cabelos dourados que sempre pareciam bagunçados, a expressão facial alegre, o sorriso que ele costumeiramente mostrava e os olhos azuis que pareciam brilhar com intensidade.

— Ettoo, o que acha da imperatriz Uzumaki Kushina-sama? — Ela perguntou o que lhe veio à mente primeiro.

Naruto arqueou as sobrancelhas, surpreso e confuso com a pergunta.

— Isso foi... inesperado — ele respondeu depois de algum tempo.

Pareceu considerar um pouco e Hinata o olhou com expectação e temor.

— Eu não sei — ele respondeu por fim, um tanto envergonhado — Não entendo muito sobre essas coisas, mas não tenho nenhum tipo de reclamação se é isso que quer saber. Acho que já vi ela pela televisão e em algum jornal ou revista... Acho ela bonita. Já pensei se ficaria bem com um cabelo vermelho como o dela — ele contou em tom ameno e um sorriso pequeno e engraçado ao final.

Hinata concordou com a cabeça, um tanto decepcionada com a resposta de Naruto e consigo. Buscou uma forma de dizer aquilo que precisava. Seu rosto estava quente e ela sentia o pescoço arder e pulsar em nervosismo. Já sua cabeça parecia estar vazia. Hinata temeu perder a consciência.

Abriu e fechou os lábios algumas vezes, tentando dizer, mas a voz não saia. Ela estava se desesperando e com os olhos arregalados prestes a marejar. As mãos pareciam frias e trêmulas, embora ela soubesse que estavam rígidas e suadas.

— Hinata, você está bem?

— Estou! — a fala saiu rápida, mas fraca, como em uma resposta ao susto.

— Tem certeza? — ele se inclinou em direção a ela.

— Sim.

— Então?

— Naruto-kun, eu preciso dizer algo...

— Estou ouvindo.

— Espere um momento, estou reunindo coragem.

Ele emudeceu, sem saber o que dizer em meio a evidente aflição que tomava a moça.

— Eu... — Hinata iniciou — meu nome é Hyūga Hinata — ela disse e viu Naruto balançar a cabeça. Ele sabia disso. — Você é o melhor amigo do shikamaru-kun... sabe onde ele vai trabalhar, não é?

Ele concordou outra vez e então assimilou o que ela quis dizer.

Hyūga... você é dessa família Hyūga? — Ele se surpreendeu.

Ela anuiu. Naruto suspirou um “suge”, admirado.

Hinata respirou fundo algumas vezes.

— Eu... eu não vim até aqui a passeio, nem para passar o tempo. Eu vim até Nara para... buscar uma pessoa.

Ela ia dizendo as coisas devagar, como se buscasse fazer Naruto e ela mesma entender.

— Buscar uma pessoa, é? — ele questionou, ainda sem entender.

Ela concordou outra vez.

— Não qualquer pessoa... — disse e mordeu os lábios — uma pessoa especial.

— Hinata, isso está meio confuso. Não estou entendendo o que você quer dizer — Ele admitiu, frustrado.

— Naruto-kun...eu vim até Nara procurar alguém a pedido de Kushina-sama. Algumas coisas aconteceram e ela me pediu que eu buscasse essa pessoa... O filho dela.

Ela disse e aguardou pela reação dele.

— Nossa, eu não sabia que ela tinha um filho. Ouvi que a linha de sucessão poderia passar para uma outra família porque a imperatriz não tem herdeiros... — ele mostrou admiração.

— Sim. A família Uchiha. Mas Kushina-sama não quer que isso aconteça. Eu não entendo bem a situação, mas ela não confia muito nisso... Kushina-sama viveu em Quioto e Nara quando mais jovem e teve um filho aqui. Ela pediu que eu o procurasse e o levasse até Tóquio.

— Hm — Naruto começou a traçar possibilidades em sua mente. — Você quer minha ajuda? Ainda não encontrou ele?

— Não. Não é isso — atormentou-se — Eu o encontrei, mas não consegui falar com ele ainda. Não até agora.

— Parece complicado...

— Mas você parece estar lidando com tudo o que eu disse muito rápido — ela apontou com esperança.

— Eu acredito em você. E você parece desesperada também, então... — ele murmurou com acanhamento, e quis saber — mas... se já o encontrou, você pretende falar logo com ele, certo?

Hinata meneou com a cabeça, aspirou o ar e tomou coragem.

— Hai.

— Então... era isso que queria dizer?

— É!

— Ah... — ele pareceu desanimado — Mas por que disse que precisava falar comigo então?

— Porque você é o filho da Kushina-sama.

— O que? — balbuciou Naruto, sem acreditar.

Hinata curvou-se quando confirmou.

— Naruto-kun, você é o próximo imperador do Japão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente!
Mas e agora?
...

Shiawase = felicidade. Mulheres às vezes usam essa expressão quando acham algo gostoso. Como a ponto de sentir felicidade.
Mochi - são doces feitos com massa de arroz
eto/ettoo - hm/hmmm...
gomen nasai - desculpe-me
Sugoi - incrível
suge - incrível (de modo mais descontraído)
kit kat é o chocolate mais popular no Japão. Lá se tornou uma espécie de amuleto da sorte devido a pronúncia que se assemelha a da expressão "eu certamente ganharei", em japonês (kitto Katsu).
hanafuda - jogos de cartas japonesas.
kotatsu - mesa baixinha do Japão (aquelas que vemos nos animês e, no inverno, coloca-se uma coberta para aquecer as pernas)
Segundo minhas pesquisas, não neva muito em Nara.
Hokkaido é a ilha ao norte do Japão, sendo uma região que atinge menores temperaturas durante o inverno
O período letivo no Japão se inicia em Abril de um ano e termina em Março do outro.

P.S.:Desculpem o capítulo grande de novo. Eu pensei em dividir, mas achei que ia ficar estranho ou sem graça...

Se tiver ficado ruim, digam-me que eu arrumo.

Comentem! Preciso saber o que acharam para dar rumo a história.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O sucessor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.