Capítulo 12

PDV da autora

Dois dias depois Esme acorda depois de ter dormido após o almoço, pois estava cansada por não ter conseguido dormir a noite, por fim conseguiu fazer Collin dormir e repousar. Eram três horas da tarde quando ela levantou e foi até o berço ver como o filho estava. Ele parecia dormindo profundamente, mas ela achou estranho pois já deveria ter chorado para mamar.

Esme coloca a mão sobre o peito do bebê e sente que ele não está mexendo. Seu filho está gelado como pedra:

— Collin! – ela grita desesperada.

Levanta o menino e encosta o ouvido em seu corpinho para ouvir seu coração, mas não escuta nada:

— Collin! – chama novamente.

— Não meu filho, não! – cai de joelhos abraçando forte o filho como se pudesse ressuscitá-lo colocando ele perto de seu coração.

Após alguns minutos chorando Esme tem a ideia de ir até um penhasco perto da entrada da cidade. Senta e fica ali por alguns minutos observando o horizonte:

— Oh Deus porque o Senhor fez isso comigo? O que eu fiz? Você viu o que meu ex-marido fazia, isso era uma punição por eu ter sido uma filha ruim? Eu era sim moleca, mas não fazia tanto mal ao meus pais. Por que Deus? Por que? Eu não deveria ter fugido, o Senhor queria que eu morresse junto com meu bebê? Então eu vou. Não posso viver sem ele. Não consigo.

Ela se levanta e caminha para o precipício:

— Carolina… Mary vai cuidar dela, não preciso me preocupar. Ela me ama, mas vai aprender a amar Mary. Espero que ela me desculpe. Não suporto. Preciso encontrar meu filho.

O vento forte do alto do rochedo faz com que seu vestido esvoace. Ela beija a testa do bebê e o coloca deitado no topo do desfiladeiro. Mas decide segurá-lo até morrer e pega ele de novo:

— Vamos morrer juntos!

Ela salta no abismo.

...XXX...

Estava demorando demais! Esme sabia que ainda não estava morta pois sentia dores horríveis. Ela esperava que pulando de um lugar alto e se ferindo gravemente a morte não iria demorar tanto. Era frustrante ainda ter que esperar não se sabe mais quanto tempo. Ela queria rever seu filho rapidamente e por isso se jogou do alto do penhasco. Por que está demorando tanto? Deus só pode estar sendo sádico e perverso com ela, mas por que? Ele sabe exatamente o motivo que a levou a tomar tal atitude extrema. A não ser que Ele não aprove, mesmo sabendo qual o motivo. Suicídio é pecado tanto quanto assassinato. Suicídio é um assassinato. Matar a si mesmo. Ninguém tem esse direito, apenas Deus pode decidir quando é a hora de cada um. E não era a hora dela ainda. Ela não deveria ter apressado, agora não há mais o que fazer a não ser esperar. Por isso o Senhor vai prolongar sua agonia para que reflita. Evitar não vai, mas adiar.

Oh como dói! Pior do que qualquer dor que ela já sentiu na vida. Muito pior do que era quando Charles a espancava. Porém não deixa de ser um grau de sofrimento. Seu ex-marido não deveria ter feito o que fez. De certa forma ele é o culpado por tê-la maltratado e a obrigado a fugir. Provavelmente as agressões foram a causa da morte de seu filho. Charles deve estar satisfeito agora ele matou tudo, até ela. Acabou. Ao menos agora ela estará livre daquele monstro, pois vai para onde ele não poderá alcançá-la. Seu ex-marido vai para o inferno depois do que fez, certamente. Ela pode ir para o purgatório desde que tenha seu filho novamente e nunca mais encontre Charles de novo.

...XXX...

Dois homens passavam pela pequena estradinha que contornava os precipícios quando o cachorro de um deles percebeu o corpo e começou a latir para alertar o dono:

— Acho que Thunder encontrou alguma coisa. O que foi garoto?

— Au au au au au.... auauauauau...

O rapaz segue até encontrar Esme:

— Meu Deus! John venha rápido!

— George o que foi? – ele diz se aproximando do amigo. – Oh! – exclama ao ver o que se trata.

— Ela não está morta – o jovem se abaixa e ouve sua respiração quase imperceptível.

…

Os dois homens levaram o corpo de Esme para o hospital fazendo uma rede com a toalha que um deles trazia na mala depois da pescaria.

Lá chegando, a enfermeira pediu para eles levarem-na até o necrotério que depois o médico iria vê-la. Não poderiam fazer mais nada para salvar sua vida. Ela quis morrer tentou se matar então não gostaria de ser resgatada, poderiam ter deixado lá. Mas já que trouxeram coloquem lá, talvez algum parente apareça depois para reconhecer o corpo.

...XXX...

Carolina e Mary chegam à casa de Esme (Anne) e não a encontram ali. A menina começa a chorar desesperada:

— O que será que aconteceu com minha ‘mãe’ tia Mary?

— Eu não sei – responde sinceramente não fazendo a mínima ideia. Ela tenta se segurar para não desabar e dar apoio para a criança, mas por pouco não fica em prantos também. – Ela deve ter ido ao mercado e já volta, podemos ficar e esperar aqui, ela não vai demorar.

Mas nem Mary acredita muito no que diz. Se Anne precisasse de alguma coisa poderia pedir para ela, não deveria sair de casa ainda. Mas diz isso para confortar a pequena. Carolina corre até o berço, quem sabe ali encontraria alguma pista:

— Collin sumiu!

—É claro que Anne não iria sair e deixar o bebê sozinho em casa, querida.

— Sim – corda a menina.

— Mas é estranho, ainda é muito cedo para levar o filho para passear...

— Estranho... Muito estranho. Aconteceu alguma coisa, tenho certeza. E se ‘mamãe’ foi ao hospital?

— Não acredito. Carol, não se preocupe. Eu vou depois até a delegacia dar queixa se ela não voltar para casa até a noite. Agora você precisa ir para casa se não seu pai vai ficar  bravo. Vá para casa, sim?

— Vou, mas amanhã eu volto. Tchau tia – acena em despedida.

Mary corresponde o gesto:

— Tchau querida, até amanhã.

Mary observa a garota se afastar e se permite chorar agora que ela não vê:

— Anne onde você está minha amiga? – diz soluçando e sentando na mesma poltrona que Anne estava no outro dia.

...XXX...