Still Hope escrita por Mário Reis Juliasse


Capítulo 2
Segundo Registro - Sufocamento


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelo feedback no primeiro registro, eu ouvi e decidi dar um pouco mais de cor ao personagem nesse capítulo, espero que gostem.



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Não tenho muito tempo, preciso de um plano. Os homens que estão me procurando, eles vão encontrar a cratera em questão de segundos, eu posso ouvir seus comandantes gritando suas ordens, o barulho característico de seus moduladores de voz vinha pelo meio das árvores. Depois de perceberem que eu não estou no ponto de impacto eles irão começar as buscas e não vai demorar mais do que um ou dois minutos para me encontrarem. Eu tento me levantar e percebo que na minha condição isso vai ser impossível.

Merda, o que eles querem? Já não é suficiente saber que eu caí em um planeta primitivo? Não é como se eu fosse conseguir escapar daqui sem uma nave, eu não sou uma ameaça no estado que estou, tudo isso é desnece-... Calma, não há tempo para questionamentos improdutivos.

Eu respiro profundamente, mas sou interrompido por uma súbita falta de ar. Rapidamente checo meu medidor de oxigênio. Vazio, como eu temia. Devido a composição da atmosfera ainda ser um mistério e o nano-traje estar defeituoso, trancar a respiração até conseguir um outro respirador é a única opção que tenho para me manter vivo. Em meus treinamentos eu conseguiria cinco minutos sem ar tranquilamente, mas no estado atual de desgaste e estresse, além do esforço físico que eu teria que fazer para sair dali eu conseguiria manter no máximo três minutos e meio. Três minutos precisa ser tempo o suficiente, eu preciso fazer com que seja tempo o suficiente, ou este será meu fim.

Ok, primeiro: Contar mentalmente para acalmar minha mente e diminuir meus batimentos cardíacos. Um, dois, três… é extremamente necessário utilizar todo tipo de truque para diminuir meu metabolismo e aumentar meu tempo sem precisar respirar. Quatro, cinco, seis… imediatamente começo a procurar os reguladores de meu traje para verificar se ainda tinha água disponível no humidificador, tinha o suficiente para o que eu precisava. Sete, oito, nove… apertei o botão de liberação para o controle manual do container de água e o espremi com força, esguichando água no meu rosto. Isso era necessário para ativar o instinto natural de mergulho, diminuindo ainda mais meu metabolismo. Dez, onze, doze… agora eu precisava subir.

Para isso eu precisaria pelo menos de uma perna, tinha que resolver essa situação rápido. Treze, catorze, quinze… tentei mexer meu pé esquerdo, ele se moveu mesmo na posição não natural em que estava, quer dizer que não estava quebrado, apenas torcido. Aproveitando que os anestésicos de combate ainda estavam ativos em meu corpo, eu me estico para colocar o pé de volta no lugar. Dezesseis, dezessete e... ouço um estalo desagradável. Agradeço as drogas de combate por não me permitirem gritar de dor, pois tenho certeza que deve ter doído horrores. Dezoito...

Agora com certeza já estavam procurando por mim, eu consigo ouvir o som dos drones de reconhecimento vasculhando os arredores, também posso ver mais ao longe no rio os feixes de luz das lanternas dos meus perseguidores. Dezenove… quando estou verificando uma última vez meu traje para me certificar de que eu tinha tudo que eu precisava para meu plano, e me deparo um código branco escrito no braço direito do traje, eu não havia percebido até agora: A-042. O que seria isso? Um nome, seria meu? Não, deve ser alguma outra coisa. Que dor de cabeça infernal. Não tenho tempo para isso agora. Vinte…

Com a força dos braços me coloco sentado, em seguida me viro para a direita ficando de frente para a árvore onde estava recostado. Vinte e um… estendendo meus braços me seguro no tronco branco e me puxo nas rachaduras da casca para me erguer do solo. Vinte e dois… uma das maiores vantagens de se utilizar um nano-traje é o peso nulo quando comparado com uma armadura convencional, o traje quase não ocupa espaço e também não limita os movimentos. Vinte e três… claro, o seu exoesqueleto não é tão potente quanto o de uma armadura de força, principalmente quando não está energizado, mas ainda assim basta para me permitir escalar aos poucos a árvore. Só que eu não tenho tempo para escalar, eu preciso subir mais rápido. Vinte e quatro… equilibrando-me em um pé só, eu me abaixo para tomar forças para dar um salto, solto as mãos da árvore. Neste momento o meu peso está todo sobre o pé que a pouco tempo estava torcido, benditas sejam essas drogas de combate. Vinte e cinco… ouço vozes se aproximando, é hora de saltar. Impulsionando minha perna me arremesso ao ar, estico minha mão para agarrar o galho mais baixo da árvore. O exoesqueleto me deu potência o suficiente para saltar os quase dois metros que eu precisava para alcançar o galho. Foi por pouco, com a ajuda da potência do traje me jogo para cima do galho e me escondo na copa da árvore bem a tempo de ver um drone se aproximando. Vinte e cinco… agora eu consigo subir um pouco mais para sair do campo de visão de qualquer soldado que apareça.

Conforme subo, observo abaixo o drone metálico com a pintura dourada e a grande lente vermelha na frente do aparato parecia um grande olho que observa o ambiente. Vinte e seis… o drone faz um vasculhamento e identifica os meus rastros no solo, imediatamente posso ver em uma de suas antenas um sinal verde acender. Ele deve estar transmitindo as informações para o comando neste momento. Vinte e sete… como pensei, uma tropa começa a se aproximar por entre as árvores, as armas em riste, as lanternas procurando por mim. Todos os soldados vestiam armaduras de força, seus rifles pesados de plasma estavam modificados com capacitores de alta potência, não teriam problema em passar pelos escudos desativados do nano-traje. Vinte e oito… por isso eu precisava que eles chegassem perto, haviam quantos? Oito, não, nove e um oficial. O oficial era o único sem o capacete tradicional, ao invés disso portava uma máscara metálica que se assimilava com a face de um homem com feições quadradas. O uniforme de todos tinha aquela coloração dourada a vermelha do drone. Vinte e nove… se meus cálculos estavam corretos, os grupos todos se separaram em direções opostas, demorou pouco menos de trinta segundos para que estes chegassem aqui, então quer dizer que eu tenho aproximadamente cinquenta segundos antes que os outros grupos cheguem. Eu levo minha mão ao cinto do traje e saco minha Vibro-lâmina. Trinta...


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Eu sei que vocês devem estar curiosos para saber mais sobre esse fugitivo e também sobre esses homens atrás dele, mas calma, tudo a seu tempo. Comentem e me deem feedback para que eu possa continuar escrevendo sabendo um pouco mais do que as pessoas tão achando.



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