A Valquíria Exilada escrita por Tinho Legal


Capítulo 5
Álcool. Álcool e mais álcool.


Notas iniciais do capítulo

Oie

Esse é um dos capítulos que eu mais me diverti para escrever. Tem cenas de ação nele, algo que gosto bastante.

Então realmente espero que gostem!

Boa leitura!!!!



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                - E o que eu posso fazer? – Peter estava incrédulo. Sua nova vizinha podia ser uma asgardiana valquíria. O jovem mal sabia a real função das valquírias. Poderiam ser espiãs mandadas para descobrir informações que podem prejudicar ele ou outras pessoas. Ou até mesmo uma assassina, mandada para realizar um abate ou ficar à espera caso alguém saia da linha. Peter não sabia com o que estava lidando. E isso o amedrontava.

                - Eu não sei. – Jéssica ofereceu novamente a garrafa de Whisky para seu companheiro e dessa vez ele aceitou. Deu três goles e sentiu a garganta arder, mas precisava se acalmar para pensar. – Eu vou ficar de olho nela. Ver se descubro algo.

                - Obrigado. – Jéssica sorriu um pouco, mas não deixando Peter ver. Ela tomou mais um pouco do Whisky e sentou na mesa.

                - Mas e você? – Peter voltou a atenção para ela. – Como é ser o Aranha? – Peter voltou a sorrir, mas quando ele ia começar a falar, ambos começaram a ouvir batidas na porta. Não eram agressivas, mas eram batidas firmes. – ‘Tá de sacanagem. – Jéssica falou e deu um último gole na garrafa de whisky antes de fechá-la. – ‘Tá aberta!

                A porta se abre revelando um homem alto de postura ereta. Era calvo, mas possuía uma barba desenhada em seu maxilar. Utilizava um terno enfeitado somente em preto e branco.

                - Senhorita Drew. Acredito que possa me ajudar em um “problema”. – Ele fala pausadamente ao se aproximar. Não é difícil ver o desdém que ele tem ao estar em um ambiente sujo como aquele. Seu olhar cai em Peter, que sente os olhos cheios de malícia e perigo que já viu várias vezes em criminosos do alto escalão. É claro que o sentido aranha apita. Peter conhecia o homem até, não sabia seu nome, mas tinha certeza que era um cientista da Oscorp.

                - Peter, pode esperar naquele quarto, por favor? – A atenção de Peter voltou para Jéssica. - Ainda quero conversar com você, mas parece que o dever me chama. – Peter assente com a cabeça antes de se dirigir ao quarto o qual Jéssica o apontou. Após ele fechar a porta, ela cruza os braços e se apoia em sua escrivaninha. – E você é?

                - Travis Dinkleberg. Engenheiro chefe da Oscorp. – Ele ostenta seu título. Jéssica já não gostava dele. – Soube que você é boa em descobrir podres das pessoas.

                - Eu faço o que sei. E cobro por isso. – Ela analisava a postura do homem. Conhecia o tipo. Já tinha uma ideia do que ele queria. – Deixa eu adivinhar. Você quer que eu arranje provas para você se livrar de alguém acima de você na Oscorp. – O sorriso do homem caiu ao mesmo tempo que frangiu a testa. Jéssica sorri.

                - Claramente. -  Ele cospe. Ela podia sentir o veneno em suas palavras, como se falasse com um vilão caricato. - Deve receber vários desses trabalhos. – Ela assente com a cabeça, não era mentira. Realmente recebia vários pedidos desses, mas sempre dava um jeito de passar a perna em quem pediu. Hoje não seria diferente. Ela sorri já pensando no que irá fazer com esse. O homem retribui o sorriso. – Então acho que estou falando com a pessoa certa. – Ah se está.

                - SE tiver como me pagar. – Ela faz questão de enfatizar o ‘se’. Gosta de receber uma boa grana como qualquer um. – Acontece que eu sempre consigo. Mas cobro caro. – Ela termina a frase como se estivesse desafiando o homem. Era uma boa estratégia para conseguir esse tipo de clientela.

                - E quanto seria para um caso como esse? – O homem responde como se aceitasse o desafio de Jéssica. Era tão previsível.

                - O suficiente para eu não ter de me preocupar com aluguel por dois anos. – Isso era uma mentira. Não havia dinheiro no mundo que ela conseguisse guardar para pagar o aluguel. - No mínimo. – Completou com o mesmo tom de desafio de antes. - Dependendo do trabalho eu posso aumentar. – Já isso era uma meia verdade, ela aumentava quanto lhe convinha. Sem motivo aparente. Mas o homem continua sorrindo.

                - Então acho que podemos negociar. – O homem coloca a mão dentro do bolso interno e logo retira um pequeno papel. Uma fotografia. – Esse é Dylan West Junior. – Ele mostra a fotografia de um senhor de terno e cabelos grisalhos para Jéssica. – Meu superior. Digamos que eu queira que ele saia da empresa. Como ficaria? – Jéssica pega a foto da mão dele e começa a observá-la. Era um senhor, podia ter a idade para ser seu avô. Seu sorriso era simpático, acolhedor.

                Jéssica sabia muito bem que conseguiria podres desse homem. Era quase exigido que para entrar na Oscorp você precise ser um cara mal. Conhecendo o tipo, deve fazer experimentos ilegais ou o básico desvio de grana.

                - Simples. – Jéssica se dirige a escrivaninha, se senta e começa a mexer em seu computador. – Me paga metade agora que a vaga é sua. Sem chance de me rastrearem. – O contratante sorri. Pela primeira vez no dia, Jéssica acha que ele sorri por alegria sincera, não por charme.

                - E quanto seria? – Ele puxa a carteira do bolso. Claramente se achava confiante o bastante para três coisas. Que Jéssica aceitaria. Que não seria assaltado. E que teria dinheiro o suficiente para pagá-la.

                - Quanto tem aí? – Jéssica nem precisou olhar para o homem. Ela digitava e pesquisava sobre o alvo. A internet era uma boa aliada para encontrar podres fáceis. – E se continuar com esse tom paro agora de trabalhar e te jogo para fora. – O homem engoliu em seco e deu um passo para trás.

                - Será que dois mil dólares seria o suficiente? – Ele fala controlando a voz. Jéssica já tinha pego ele.

                - Três mil. – O sorriso de Jéssica é tão sincero como de uma criança ganhando brinquedo novo. – Ou nada feito. – O homem fecha a cara. Ele dá um breve suspiro, mas tira o dinheiro e coloca na escrivaninha da detetive. Ela já pega o maço de notas de 100 e começa a contar. Parecia que tudo estava ali.

                - Eu acredito que temos um trato. – O cientista tenta retomar o tom autoritário de antes. Mas Jéssica via que ele estava nervoso. Ela guarda o dinheiro em uma gaveta e fecha o notebook. O sorriso maldoso da garota ainda estava em sua face.

                - Já pode atualizar o currículo. – O homem assente. Logo ele se vira e vai em direção da porta. Após passar alguns segundos do homem ter saído de seu apartamento, a mulher ainda tinha um sorriso no rosto.

                - Peter! – Jéssica gritou. – Pode vir. – Peter saiu do quarto e voltou a se sentar no sofá a frente da escrivaninha. O amigo observou um pouco a porta do apartamento. Como se esperasse que o cientista voltasse para causar mais confusão, mas seu sentido aranha acalmou. O homem realmente tinha ido embora.

                - Uau. É sempre assim? – Ele falou voltando o olhar para a detetive. Ele mentiria se dissesse que reconheceria a ex-colega de aula. O sorriso que ela possuía era até um pouco maldoso, mas bem sincero. Antigamente via ela sorrir para lá e para cá com a cara cheia de purpurina, mas não ousava dizer que eram sorrisos verdadeiros.

                - Nem sempre. O que achou? – Jéssica pega novamente o whisky e o abre. A garganta de Peter começou a arder só de olhar a detetive dar tantos goles na garrafa. Não demorou muito para a garrafa logo estar vazia.

                - Dinkleberg é um dos piores da Oscorp. – O aranha já ouvira o nome do cliente. - Ele trabalhou com várias coisas que eu já enfrentei. Rino, Elektro, o próprio duende. Todos esses poderiam estar no currículo dele. Não ajuda esse babaca. – Uma sobrancelha da detetive se levantara. O professor logo percebeu as reais intenções dela.

                - Era isso que eu queria ouvir. – Jéssica levantou a tela do notebook e voltou a trabalhar nele. Digitando rapidamente. – Eu conheço um babaca de longe. Vou ter o maior prazer de mostrar para todo mundo o que esse cientista maluco faz. – Peter se ajeitou no sofá. Agora quem sorria era ele.

                - Quer ajuda?

                Já havia anoitecido. Peter estava trajando um uniforme diferente do Homem-Aranha. Ele não era o colorido de sempre para que todos o vejam. Esse era quase totalmente negro, somente os dois grandes olhos brancos se destacavam. Peter o chamava de traje camuflado.

                O Homem-Aranha estava escalando o edifício da Oscorp. Algo que fazia regularmente, mas dessa vez a ideia era achar algum lugar para entrar. Achou uma janela semiaberta e aproveitou ela para entrar. Cautelosamente ele se despistou de alarmes e vigilância noturna. O sentido aranha era extremamente útil para isso. Tinha um único alvo: o laboratório de Engenharia.

                Quando finalmente achou o laboratório, o que demorou mais que o esperado, começou a vasculhar os arquivos. Estranhou o fato de grande parte do conteúdo estar em cadernos ao invés de ser digital, mas a Oscorp era bizarra em vários assuntos, então não se importou. Entre os vários cadernos achou um em que dizia ser de Travis Dinkleberg, mas não havia nada de útil. Utilizou o caderno para ver as letras até que achou uma pasta antiga que falava da armadura orgânica de Rino. Ele tinha sido um dos principais colaboradores. Bingo.

                - Acredito que isso não lhe pertence. – Disse uma voz masculina atrás dele. Peter se virou e avistou um homem vestindo a roupa de segurança da Oscorp. Uma roupa de combate negra que tapava toda a pele. Ele não carregava armas de fogo. Somente um bastão grande. – Solte os arquivos, tire a máscara e eu não te machuco muito.

                - Como você é gentil. – Peter falou. Sabia que teria de enfrentar o homem, mas não custava tentar dialogar. – Mas não vou fazer isso. Então se me der licença, tenho que encontrar uma pessoa. – O homem entrou em posição de defesa. Típico.

                - Você não sai daqui com esses arquivos. – Ele avançou em Peter atacando rapidamente. Sem muito esforço, o Aranha desviou dos ataques e o derrubou no chão com um chute no quadril.

                - Desculpa, amigo. Mas eu ‘tô atrasado. – Peter começou a caminhar em direção a porta do laboratório quando o seu sentido aranha disparou. O guarda atirou o bastão nele. Aranha facilmente segurou o bastão com uma mão e jogou de volta para o guarda, acertando sua testa o nocauteando. – Ehhh, mãozinha furada. – Ele rapidamente achou uma janela e pulou por ela. Quando estava em uma distância segura começou a usar suas teias.

                Jéssica mexia em seu celular. Ela estava ansiosa, sempre cumpria essa parte dos trabalhos ela mesma. Pela primeira vez está recebendo ajuda. E do Homem-Aranha ainda por cima.

                Ouviu batidas, mas elas não vinham da porta. Vinham da janela. Era Peter. Ele usava uma roupa toda preta com grandes olhos brancos. Com uma mão se segurava na parede e a outra segurava uma pasta cheia de folhas. Ela abriu a janela deixando ele entrar enquanto sorria como uma criança.

                - Conseguiu? – Ela perguntou enquanto ele ainda entrava pela janela. O garoto retirou a máscara mostrando seus cabelos desgrenhados e um sorriso igual ao dela.

                - Provas que Travis Dinkleberg trabalhou na armadura do Rino? É claro. – Jéssica pegou a pasta e começou a ver o conteúdo. Tinha fórmulas, antigos experimentos, cobaias animais e humanas. Tudo que ela precisava para tirar ele do jogo. E de um jeito tão fácil.

                - Sabe o que isso significa? – O sorriso de Jéssica era de orelha a orelha. – Que conseguimos. Não dou uma semana para a polícia estar depenando esse trouxa. – Peter levantou o braço para Jéssica bater na mão dele, mas ela não o fez. Ela viu o que o amigo fizera. – Eu não faço isso, Pete. – Ela deu uma leve risada enquanto via a animação do companheiro diminuir. Ele não falou nada, somente mordeu os lábios e esfregou a mão levantada nos seus cabelos.  – Mas, vamos comemorar sim. – Ela se virou e andou até seu armário e de dentro dele tirou uma garrafa nova de whisky. Uma mais cara que a anterior.

                - Eu não sou muito de beber. – A sobrancelha de Jéssica se arqueou para uma feição irônica. Ela põem a garrafa na mesa e acha dois copos de mocotó.

                - Nós vamos tirar um louco das empresas, Pete. É obrigatório beber para comemorar. – Peter desviou por um instante o olhar. Logo voltou a sorrir e encarar Jéssica, que servia ambos os copos.

                - Comemorar o que fizemos hoje. – A detetive oferece um copo para ele e ele aceita. – E uma nova parceira. Homem-Aranha e Jéssica Drew, combatentes do crime! – A animação do Aranha tinha voltado. A sua parceira da uma breve risada.

                - Não exagera cabeça-de-teia. – Peter ri do apelido. Não era original, mas gostava desse.

                - Cabeça-de-teia? ‘Tá bom, parceira.

                Sol descansava um pouco longe da barulheira que era a arena. Um monte de gente bêbada torcendo para um dos bocós que lutavam por dinheiro. Como ela amava aquele lugar. Era talvez o único lugar que conseguiria distrair a asgardiana.

                Em sua mão estava uma garrafa da vodca mais barata que conhecia. Nunca se importou com o gosto, gostava da queimação na garganta e a tontura que sentia depois de beber muito. Ela dava goles longos. Não demoraria para acabar essa. Iria comprar outra assim que acabasse.

                Um homem baixinho e desengonçado se aproxima dela. Ela não é muito alta, mas se sente uma gigante de gelo perto dele. A cabeça mal chegava a seu peito e sempre que ele vinha falar com ela, Sol bagunçava seu cabelo como se fosse uma criança.

                - Fala nanico. – Ele tentava tirar a mão dela de sua cabeça sem sucesso. Mesmo sem usar muita força, a diferença entre eles era gritante.

                - Tem alguém aqui que quer lutar especificamente com você. – Ele dá um estranho ênfase na palavra ‘alguém’. Mas a loira não notou. Ela só estranhou, são raros os desafios que ela recebe desse jeito. Ainda mais a essa hora, o pessoal mal começou a beber de verdade.

                - Quem é o maluco? – Ela falou. – Quer saber, esquece. – Logo mudando de ideia. Ela dá um longo gole na garrafa de vodca. – Ele vai pagar?

                - Disse que vai pagar com moedas de ouro. Me mostrou um saco cheio delas. Achei estranho, mas devem valer alguma coisa. – Sol observou a luta atual por um instante. Eram dois lutadores que já lutaram com ela, ambos perderam. Feio.

                - Pode ser. – Ela olhou para sua garrafa quase vazia. – Vai indo lá, só vou terminar essa garrafa. – O homenzinho assentiu e entrou na multidão. Rapidamente ela virou o resto do conteúdo da garrafa. Ela jogou a garrafa no chão e seguiu em direção da luta.

                Um pouco depois da luta acabar, Sol entrou no ringue e todos começaram a gritar seu nome. Ela levantou os braços e urrou para animar ainda mais quem a assistia. Talvez uma luta seria o que tiraria as palavras da sua amiga de sua cabeça.

                - Olha onde os grandes se encontram? – Uma voz masculina disse vindo do outro canto do ringue. Um homem grande, de quase quatro metros de altura se encontrava a cuidando. Sua pele era azulada e não possuía cabelos. Quando o resto do povo o viu, ficou em silêncio. Sol sabia exatamente o que ele era. Um gigante de gelo.

                - É raro encontrar um de vocês por aqui. – Sol sabia que aquilo era novo para os humanos, mas não se importava. Sempre gostou de bater em gigantes de gelo. - Achei que tinha me livrado do fedor de vocês. – O rosto do homem aderiu uma feição de raiva. Mas o que ela realmente gostava era de irritá-los.

                - Nós geralmente não nos misturamos com seres menores. – Ele esbravejou. Abria os braços se referindo aos humanos. Sol imaginou algum humano chutando os testículos gelados dele. A cena fez ela rir.

                - É eu já ouvi essa história. O que quer de mim picolé? – Um sorriso arrogante apareceu na face do gigante de gelo. Ele começou a andar em volta de Sol, que ficou de braços cruzados o cuidando.

                - Não venha dizer que não sabe. Você sabe o que Ymir ou Laufey me dariam se eu levar o seu cadáver até eles? O nome Uttyr nunca seria esquecido, eu me tornaria uma lenda viva. – Sol riu alto o que irritou ainda mais o gigante. Por um lado, achou fofa a determinação, mas teve pena dele. Muitos a desafiaram por esse mesmo motivo. O fato que ela ainda estava viva e forte era uma prova de que todos fracassaram. O que poucos sabiam é que todos fracassaram feio.

                - ‘Tá bom, geladinho. Se torne uma lenda! – Sol abriu os braços. O gigante urrou e tentou chutar ela com a sola do pé, mas Sol se abaixou para desviar e depois jogou o corpo no peito do gigante, o mandando para trás. A multidão gritou exaltada. Uttyr urrou novamente e correu tentando esmagar Sol com os braços. Ela pulou para o lado e quando as mãos enormes atingiram o chão, ela aproveitou e socou entre os olhos. Sentiu o nariz do gigante quebrar. Ela já não tinha a conversa com a amiga na cabeça. Só a luta importava.

                Rapidamente desferiu mais três socos em sua barriga, aproveitando o desnorteamento e o fato do gigante ter se curvado com os golpes, Sol segurou sua cabeça e o cabeceou fazendo se corpo enorme cair no chão. Quem assistia berrava com cada golpe. Conheciam a habilidade de Sol. Embora seu novo desafiante seja enorme e estranho aquela terra, sabiam que seria um massacre.

                Uttyr puxou de um saco que estava amarrado em sua calça um orbe azul. Ele parecia conter uma tempestade de neve forte dentro de si. O sorriso de Sol logo se desfez. Ela ergueu a mão com cuidado pedindo para que ele se acalmasse. A plateia ficou muda. Nunca viram a guerreira pedir calma.

                - Uttyr, você sabe o que é isso né? – O gigante sorriu ao ver a reação de sua oponente. Ele levantou alto a esfera.

                - Acredito que também saiba, e por isso está com medo. – Ele gargalhou.

                - Você não pode usar isso. Como conseguiu afinal de contas? – O coração de Sol começou a bater forte. Há muito tempo não via algo como aquilo.

                - Eu roubei. – Ele falou quando parou de gargalhar. – E vou usar. – Ele desafiou.

                - Uttyr, não! – O gigante jogou o orbe em Sol. A temperatura ambiente caiu drasticamente. Muitas pessoas começaram a tossir com dificuldades para respirar. Ainda mais começou a tremer de frio. O braço que Sol usou para se defender ficou congelado. Sua feição estava irritada. Com os olhos fechados evitando olhar o gigante. A palavra que a assombrara antes voltou a sua mente. Ragnarok.

                - Como? – Uttyr se paralisou de medo. Tinha certeza que o orbe a congelaria e a destruiria. Mas lá estava ela, em pé, sem demonstrar dor. Somente irritação. E ódio. Naquele momento ele soube. Ele soube o que todos que a desafiaram descobriram. Ele soube que morreria.

                A temperatura começou a subir bruscamente. De tremer de frio, a multidão começou a suar. Um bêbado chegou a virar sua garrafa de vodca em si mesmo com a esperança de se resfriar.

                - Aquilo era um coração congelado. – Sol falou continuando sem olhar para o gigante. O gelo em seu braço começou a derreter em uma velocidade assustadora. – Aquilo mantinha uma tribo de gigantes protegidos. Você não só o roubou, mas o destruiu. – O seu braço já estava livre do gelo. Sol finalmente o encarou, seus olhos brilhavam em um tom dourado. A temperatura continuava a subir. Pessoas começaram a não conseguir respirar. Rasgavam suas camisas de calor. Sentiam bolhas na pele sendo criadas. – Vocês os condenou à morte! – Berrou a guerreira. Uttyr tentou se afastar e acabou caindo.

                - Perdão! – Ele começou a gritar. – Perdão! – A multidão piscou. E a cena que viram foi Sol com seu braço que antes estava congelado perfurando o peito do gigante. No rosto do gigante via-se lágrimas enquanto a vida se esvaia.

                - Você não merece ser lembrado. – Sol falou. O ódio dela era sentido na pele de todos que assistiam. Queimaduras de primeiro e segundo grau se alargavam na pele das pessoas. – Você merece ser esquecido.

                Quando Sol retirou o braço do peito do gigante morto, a temperatura começou a normalizar. As pessoas que ainda estavam assistindo voltaram a berrar, ignorando completamente a dor. Sol não era só uma lutadora qualquer para eles, ela era aquela que eles almejavam ser. A mais forte de todos.

                A garrafa já estava quase na metade. Peter e Jéssica estavam sentados juntos no sofá. A garota ria de um comentário feito por ele. Ele estaria um pouco encabulado, mas o álcool o deixara aproveitar a risada da mulher.

                - Então foi isso? Todos os seus primeiros foram com essa ladra? – Ela falava entre os risos. O assunto era pura besteira, mas ambos se divertiam com isso.

                - O que eu podia fazer? Eu era um garoto de 16 anos com hormônios a flor da pele. – Jéssica botou o dedo dela em sua boca. Ela queria uma coisa e o seu parceiro não tinha percebido.

                - Não estraga, Pete. – Com a mão que já estava perto de seu rosto ela o puxou para um beijo.

                - Quer começar a nossa parceira com isso? – Peter falou após se soltar do beijo.

                - Se eu não quisesse não teria começado. – O Aranha sorri.


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Notas finais do capítulo

Oie,

Pedido bem sincero aqui para que se acharem algum erro ou algo que queiram comentar, comentem sem medo!

Não sou bom com gramática e não mordo, só minha cadela morde, mas é de brincadeira! (Ela é um amor)



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