Sirenverse's Powerful escrita por Thomaz Moreira


Capítulo 6
De repente 30


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Como estão?
Capítulo novo!
Espero que gostem!



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            Encontrar eles naquela escola, fez eu me lembrar da minha época de escola, e como ela passou rápido. Chegou a ser um pouco triste. Estávamos naquele meu carrinho velho. A rádio sintonizava as músicas clássicas dos anos oitenta. Entreguei Kimberly aos tios dela, e o carro ficou em silêncio depois disso. No caminho todo, Travis ficou no banco de trás com o celular grudado na cabeça. E foi um longo caminho de uma cidade para outra. Além do trânsito que não colaborava nenhum pouco.

— E então, como foi na escola hoje?

            Ele me encarou pelo retrovisor. Demorou um tempo até responder.

— Legal. — Falou curto e grosso.

            Travis tem se afastado de nós a algum tempo. E conviver com ele é a mesma coisa que conviver com um adolescente rebelde. As noites de som alto no quarto dele. As letras de músicas pop que eu decorei involuntariamente. As gírias que eu aprendi.

            Travis nem sempre foi assim. Quando criança, nós fazíamos tudo juntos. Íamos pescar, fazíamos churrasco. Corríamos nas praças de Light City. Sem contar as inúmeras vezes que eu o levei para Metrópolis. E agora, era tudo bem diferente. Ele havia se fechado e raramente falava comigo ou com a mãe dele.

            Quando chegamos em casa, ele saiu do carro antes mesmo de eu estacionar. Eu sempre odiei estacionar naquele lugar estreito. E sempre demorei para conseguir. Talvez fosse por isso que o Travis perdeu a paciência e só entrou logo em casa.

            Depois do sofrimento para estacionar, eu entrei em casa pela porta da garagem. E quase escorreguei no chão com aquele piso todo molhado. Maya estava fazendo uma faxina em casa provavelmente.

            Coloquei as chaves do carro na estante. E subi as escadas de madeira com o maior cuidado para não cair e quebrar algum dente. Dei uma olhada no nosso quarto, Maya não estava lá. Também não estava no de Travis. Só me restava o banheiro. A última porta do corredor. Porta que estava aberta, e de lá vinha um som de vassoura molhada sendo esfregada em algo. Caminhei com cuidado até chegar lá. Abri um pouco mais a porta e a vi. Maya Cruz, também conhecida como minha esposa. Cada dia mais bonita. Aqueles cabelos cacheados encantadores, os olhos escuros como os cabelos. A pele negra belíssima. Os lábios carnudos. — Como eu amo aquela mulher. — Assim que me viu, ela soltou um sorriso.

— Hoje era pra ser o seu dia de folga. — Falei.

— E é, só achei que a casa precisava de uma faxina. — Respondeu.

— Achou que ela precisava de uma faxina justamente no dia da sua folga... coincidência.

— É qual é o problema? — Brincou de nariz empinado, fingindo uma voz séria.

— Era pra eu fazer isso. — Rebati do mesmo jeito. — Além disso, a gente precisa tomar banho pra o churrasco na casa do Roy.

— Eu vou terminar aqui, e aí eu tomo banho.

— Ou... a gente pode fazer isso juntos.

— O quê? Erick! — Eu já tinha tirado os meus sapatos e os colocado no corredor.

            Caminhei na direção dela depois de fechar a porta, tropecei algumas vezes, o que lhe arrancou algumas risadas. E por fim peguei ela. Enquanto ela ria e pedia para parar por conta das cócegas.

— Erick, as roupas. — Ela mal conseguia falar.

— Cócegas é o meu poder secreto. Quem precisa de raios?

            Liguei o chuveiro, nos molhando completamente. Aquela água fria banhava as nossas roupas enquanto eu ainda fazia cócegas na Maya. Isso acabou quando eu lhe arranquei um beijo. Um beijo debaixo de toda aquela água. A lembrando de como eu sempre amo ela. E depois daquele beijo eu disse:

— O Roy quase matou um cara hoje.

            Ela riu. Eu definitivamente não estava esperando por isso.

— A gente tava se beijando até agora. E de repente o Roy quase matou alguém.

— Acontece... — Brinquei. — E esse alguém era o treinador da escola.

— E por que ele não matou o cara?

— Bom, eu não quero me gabar, mas eu apareci lá. E quando eu apareci eu assustei os dois.

— Meu herói. — Brincou.

— Sorte do Roy que ele não viu toda a minha força...

— Um pouquinho de humildade não faz mal pra ninguém.

— E é mentira?

— Claro que não, meu herói. — Ela riu e depois me beijou.

            Depois do nosso momento terminamos o banho. E por fim começamos a nos arrumar. Coloquei uma blusa social azul clara por baixo daquela calça também social com pregas. Um cinto marrom e calçados sociais na mesma cor. Maya me ajudou com os cabelos. Os penteando jogados um pouco para o lado. Ela estava linda com aquela saia preta e aquela blusa roxa. Os brincos novos que eu dei para ela, e aquela maquiagem magnifica.

            A viagem de volta para Black Lake foi bastante tranquila. Na maioria da parte fomos eu e Maya conversando sobre o trabalho. E tinha também o Travis no celular dizendo “sim” ou “não”. Bastante deslocado como de costume.

            Cruzamos a ponte de Black Lake e depois de longas estradas e várias curvas nós finalmente chegamos em Lucky Island. O céu já estava bem escuro, mas a iluminação daquele lugar lembrava bastante a de Light City. Um bairro bem rico com casarões do tamanho de shoppings. Alguns campos verdes e umas subidas. Lojas caríssimas e restaurantes bem chiques. Seria um sonho levar Maya para jantar num lugar desse.

            Depois de tanto apreciar a beleza daquele lugar de rico, nós finalmente chegamos. Paramos o carro em frente aqueles portões enormes que se abriram sozinhos. Deu até uma certa vergonha deixar o meu carrinho velho em frente aquela mansão.

            Entramos no lugar um pouco tímidos e já ouvíamos o som alto que vinha da parte de trás da casa. Fomos recebidos por uma senhora que trabalhava na casa. Roy havia me avisado sobre a tal senhora Johnson, e como ela tem um pavio curto. Então evitei muita conversa. Ela nos levou até a parte de trás, depois de passarmos por aquele jardim botânico maior que a nossa casa.

            E lá estavam eles. Ao redor daquela churrasqueira acesa que soltava uma enorme fumaça enquanto assava uma carne. Carne que cheirava muito bem. A área de lazer era imensa como tudo o que eles tinham. Ao lado tinha uma piscina com água bem limpa.

            Travis se desfez de nós, indo se encontrar com as crianças do outro lado. Maya ficou bem mais tímida quando notou os olhares em nossas direções. Eu ajeitei a minha postura e finalmente fui cumprimentar os meus velhos amigos.

            Roy estava usando um terno preto bem estiloso e caro. Estava claramente desconfortável com aquela roupa. A sua esposa, Emily, usava um lindo vestido roxo com uma fenda. Os dois foram os primeiros a nos receber.

— Faísca! — Roy gritou apertando a minha mão.

— Boa noite, Erick. — Emily foi educada e formal.

            Maya se apresentou logo em seguida, com um certo receio de não ser aceita. Ela era de longe a mais deslocada de nós. E a única que todos não conheciam, mas logo foi para um canto, sentando-se ao lado de Emma, antigamente conhecida como Viper. Essa que estava belíssima. Dona de cabelos ruivos e encaracolados. Lábios carnudos e olhos azuis. Uma pele bem clara e com pouca maquiagem. Usava também um vestido, mas esse era de cor azul e com um leve decote. Carregava em seus braços uma bolsa que parecia brilhar. Ela estava com o mesmo olhar frio e autoritário de sempre, dava até medo. Apesar disso, ela é uma pessoa legal. E ao lado dela estava seu marido, Chris. Usando uma blusa social meio aberta, mostrando seus músculos, com as mangas esticadas. Um corte social degrade nos cabelos escuros. Sorriu para mim quando me viu. Me ofereceu uma cerveja, coisa que eu evitei, pelo menos ao lado da Maya.

— Então, estamos todos aqui.

— Nem todos, Thomaz ainda está chegando. — Roy alertou enquanto devorava um pedaço de picanha.

— Você tem que fazer isso mesmo? — Emma retrucou.

— Esqueci que tu é vegana, mas tem uns pães de alho aí também.

            Ela revirou os olhos. Eu me sentei ao lado de Chris e dei uma olhada em Travis. Ele parecia bem melhor. Sendo outra pessoa, completamente diferente da que ele é comigo. Bem mais aberto e alegre. Eu tentei ignorar isso e não criar paranoias puxando assunto.

— E então, por que Thomaz demora tanto?

— Ele disse que a Yara demora para se arrumar. — Emily justificou.

— Ela é uma criança e já demora para se arrumar... — Roy resmungou.

— Ela tem a idade do nosso filho.

— Preferia que fosse criança... — Murmurou. — Eu me dou bem com crianças.

— Com certeza... — Rebateu com sarcasmo. — Me lembro do dia em que os Warren pediram para que nós déssemos uma olhada nos filhos deles. Eu lembro que eu saí a trabalho, voltei, e a filha deles estava passando por cima do irmão com um carro, enquanto ele chorava e você filmava rindo. 

              Todos nós direcionamos os olhares para o Roy um tanto quanto chocados. E ele soltou uma leve risada se lembrando do momento.

— Não foi bem assim... — Justificou. — Era um carro de brinquedo.

— Um quadriciclo. — Corrigiu.

— Eles não eram bem crianças...

— Os dois tinham quatro anos. — Corrigiu novamente.

— Eu sei... foi hilário. — Ele ignorou completamente as contradições.

— Uau. — Chris suspirou. — Bom, eu fiquei sabendo do incidente na escola. O que houve?

            Chris estava apontando os olhares para Roy enquanto ele falava. E Roy não parava de sinalizar com as mãos para que ele não continuasse a falar. Quando parou já era tarde. Era nítido que ele não queria que a sua esposa soubesse. E conhecendo a Emily ela piraria.

— Incidente? — Perguntou, confusa.

— Nada. — Falou rapidamente.

— Não foi bem incidente. — Kimberly surgiu pegando um pedaço de carne da churrasqueira. — Mas foi do caralho ver você se descontrolando. Aí, eu achei que tu ia enfiar a mão no rabo do treinador.

— Como é?! — Emily gritou.

— O Roy perdeu o controle? — Emma não conseguiu esconder a empolgação e surpresa.

— Quê? Nada... — Tentou disfarçar. — Kimberly cadê o seu pai mesmo?

— Bom, ele mora no Canadá, lembra? Eu moro com os meus tios.

— Não faz ela mudar de assunto, não! — Emily esgoelou. — Que história é essa de bater no treinador?

— Bom, se eu não tivesse aparecido lá, as coisas ficariam bem feias... — Brinquei bancando o maioral. — Mas Roy teve medo do que eu poderia fazer caso ele perdesse o controle, então voltou ao normal.

— Não teve, não. — Todos responderam em coro.

— Shh! — Ela levantou o dedo exigindo silêncio. — Dá para me explicar que história é essa?

— A culpa é minha... — Eu nem o vi chegar. O filho do casal da discussão. Toby. Também usando um terno preto que mais parecia o mesmo do pai. Estava com os cabelos penteados jogados para o lado levemente. Como um topete de ondas. Surgiu timidamente, mas chamou toda atenção. — Eu briguei com o filho do treinador e o treinador ficou com raiva. Ele veio tirar satisfações comigo e o pai apareceu. Mas ninguém se machucou.

— Você fez o quê?! — Ela gritou mais alto ainda.

— Boa noite. — Aquela voz surgiu.

            Não foi um bom momento para chegar, mas com certeza foi uma bela entrada para mudar o assunto. Thomaz estava bem ali com seus dois filhos. Também usava um terno, este sendo cor de vinho e com um pouco de brilho. Aquela clássica postura séria ficava ainda melhor com aquele cavanhaque. Colocava respeito.

— Trouxemos doces. — A garota baixa e loira com os cabelos amarrados a uma fita mostrou a sacola. — Eu trouxe na verdade, são veganos. Eu mesma fiz. — Os olhos azuis dela brilhavam como uma garota bem inocente.

            A garota usava um vestido até o joelho. De cor branca e sem decote algum. Sapatilhas de mesma cor. Ela sorria bastante tentando causar uma boa impressão. Não era um sorriso forçado, era um sorriso inocente.

            Todos nós olhamos para ela sem falar nada. Todos pensando na mesma coisa, e eu achei que ninguém ia falar nada até o Roy abrir a boca.

— Cacete, tu não tem nada a ver com o teu pai e o teu irmão.

            Ela ficou um pouco desconfortável, pensando ser o motivo de alguma piada.

— Eu aceito um. — Emma estendeu a mão. — Qual é o seu nome?

— Yara. — Respondeu sorrindo, indo na direção dela. — Você deve ser a Emma. Eu ouvi muitas histórias de você, sou uma grande fã.

            O jeito que ela falava fez eu me lembrar de algo que o Thomaz havia comentado comigo a muito tempo atrás. Algo sobre ela ser uma omida mais forte. Uma omida como ela, geralmente é muito inocente e preocupada com o que os outros pensam sobre ela. Uma pessoa muito boa e que jamais daria problemas. A garota tem uma certa dificuldade de entender como o mundo pode ser ruim, e tenta sempre agradar os outros. Troy, o filho de Thomaz acabou virando um guarda-costas dela. Indo para todo o canto que ela fosse. Isso tudo para que ela não sofresse por outras pessoas. E lá estava ele. Usando uma camisa preta com um sobretudo por cima. Uma calça rasgada da mesma cor e um coturno. Cabelos jogados levemente para o lado. Seguiu os passos da garota, mas depois se isolou num canto.

— Bom, agora eu acho que estamos todos aqui.

 


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Comentem!
Obrigado!



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