Sirenverse's Powerful escrita por Thomaz Moreira
Notas iniciais do capítulo
Olá pessoas!
Primeiramente, gostaria de pedir desculpas pela demora. Eu estou de luto e por isso não tive muito tempo para me dedicar a história. Mas aqui está ela!
Espero que gostem e que comentem.
Obrigado pela atenção!
Depois que toda aquela confusão aconteceu, a minha mãe e o pai do Troy conseguiram convencer o diretor de que iriamos nos dar bem. Coisa que eu achei um pouco difícil depois da primeira apresentação. O fato é que não tomamos suspensão ou qualquer coisa do tipo. Apenas saímos da sala e voltamos para as nossas aulas normais. Nos despedimos dos nossos pais que ficaram por lá para acertar outros assuntos. E assim que saímos daquela sala fomos recebidos com os olhares dos demais. Kimberly e Travis. Não havia mais ninguém naquele corredor, a não ser aqueles dois.
— Gente, que briga é essa que termina em festa? — Comentou Travis, extremamente animado.
— É só assim que o seu pai sabe resolver as coisas, não é? — Kimberly resmungou.
— Como vocês já sabem disso? — Questionei.
— O seu pai meio que já falou pra os nossos pais que meio que falaram pra gente. — Kimberly respondeu. — As coisas são bem rápidas por aqui.
Tanto eu quanto Troy não estávamos nada animados para essa tal festa. Travis de longe era o que mais estava ansioso, e Kimberly por mais que se escondesse atrás daquela personalidade gótica e explosiva, também pareceu um pouco animada.
— Ei! — Gritou uma voz feminina me chamando atenção.
Lá vinha ela, a longos passos e bem irritada. Seus cabelos loiros saltitavam com a velocidade do seu caminhar. Lena Hammil. O olhar de brava estava bem estampado em seu rosto.
— Mais uma briga? — Comentou Travis.
— Mais uma festa. — Kimberly acrescentou.
— Eu não faço parte dos seus problemas. — Lena anunciou bravíssima. — Então diga ao seu pai para não me envolver neles.
— Como é?
— Eu tenho uma reputação pra zelar aqui!
— Puta merda... — Troy murmurou.
— Não quero ser vista andando com um bando de gente estranha que quer sair no soco por qualquer motivo besta. — Ela acrescentou.
— Escuta, garota! — Quando Kimberly levantou a voz eu sabia que aquilo não iria acabar bem. — É um motivo idiota porque não te afeta, não é? Aposto que se alguém falasse dos cinquenta quilos de maquiagem que você passa nessa sua cara asfaltada, você ficaria bem puta.
— E você é a garota conceitual clichê. Cabelos curtos e pintados. A famosa resistência. Quem luta pelos fracos, não é? Isso tudo é insegurança porque você não consegue assumir as suas gorduras?
— Como é que é?! — Naquele momento, eu vi o próprio diabo. A voz da Kimberly engrossou de uma maneira sobrenatural. Era como se ela estivesse possuída por um demônio, como naqueles filmes de terror bem antigos.
Os olhos dela ficaram cinzas, assim como as veias no pescoço que pareciam querer saltar. Tive a leve impressão de que os cabelos dela criaram vida própria.
— Gente, já chega! — Falou Troy, obviamente que não adiantou em nada.
— Vai querer resolver na mesma moeda que os brutamontes aqui? — Dessa vez, foi Lena quem se transformou. Seus olhos ficaram verdes florescentes. E a postura da garota mudou para uma bem mais séria.
Antes que as duas se matassem e levassem metade da escola junto, a porta da sala do diretor se abriu. Elas voltaram ao normal imediatamente, antes que qualquer um notasse.
O meu pai saiu primeiro, olhou bem para todos nós e notou de cara toda aquela tensão. Logo em seguida veio a minha mãe e o pai do Troy. Diferente dos dois, o meu pai arranjou um sorriso um tanto quanto maléfico ao notar o que estava prestes a acontecer. E mesmo com todos nós disfarçando, não funcionou muito bem.
— Isso seria bem legal de se ver, garotas. — Ele se referia a provável briga que estava para acontecer.
Não disse mais nada, apenas saiu andando em direção a saída junto a minha mãe. Essa que me lançava olhares de julgamento. Logo depois foi o pai do Troy que antes de sair disse “Conversamos em casa...”.
Troy saiu do grupo sem falar mais nada. Seguiu seu rumo seja lá para aonde fosse. Kimberly e Lena se encararam novamente, mas no final cada um foi para o seu canto, restando apenas Travis. Esse que ainda estava absorvendo a imagem que teve ao ver os meus pais junto com o pai do Troy.
— Eu não entendo o motivo de você venerar tanto eles...
— É a primeira vez que eu vejo eles... — Sussurrou nos meus ouvidos.
— Você é o filho do Erick Langdon e só conheceu o meu pai hoje?
— Eu te conheci ontem, então qual é o problema?
— Estranho...
··
A aula seguinte foi das mais chatas possível. Estive na mesma sala que a Lena, no entanto não trocamos uma única palavra. Eu quis evitar ter o meu rosto destruído por ela. Ouvir toda aquela explicação chata do professor foi uma das coisas mais tediosas que me aconteceu. E eu gosto de estudar, o problema era que o professor parecia se esforçar para que eu não gostasse.
Eu estava com a cabeça baixa quase caindo no sono quando ouvi um “Psiu!”. Logo em seguida alguém me cutucou no ombro. Ergui a minha cabeça um pouco sonolento e vi uma garota acenando para mim. Ela apontou para um papel amaçado que estava na minha mesa. E sussurrou para que eu abrisse e lesse.
“Festa na minha casa hoje a noite.
Endereço: Pier Driver, 436.
Venha!”
Respondi o bilhete dizendo que eu nem conhecia a garota. E joguei o papel amaçado de volta. Instantes depois ela me devolveu. Eu abri e dizia algo do tipo “Deborah Jones, agora me conhece. Vá!”.
Fiquei encurralado, eu obviamente não queria ir. Mas eu não tinha muita opção. O pior de tudo é que eu iria sozinho, a não ser que eu fosse com alguém que eu conhecesse... Deborah não comentou nada sobre não levar convidados...
Eu olhei para o lado e notei que Lena estava me encarando feio. Não bastou falar muito, ela apenas mexeu os lábios de maneira bem clara, sua voz quase não saiu. Ainda assim, deu para entender o que ela quis dizer “Não!”. Me surpreendeu, já que ela estava prestando atenção no que eu estava fazendo. Eu revirei os olhos e abaixei a cabeça de novo, tentando prestar um pouco de atenção na aula. Só vi mais bolinhas de papel pararem em outras mesas. Eu não faço a mínima ideia do porquê eu aceitei ir numa festa com um bando de gente estranha.
O sinal tocou e eu saí da sala imediatamente. Passei pela porta e senti alguém puxar o meu braço. No instante achei que seria Deborah me dando algum aviso, mas só depois eu vi que era Lena.
— Você não sabe mesmo quem é Deborah Jones? — Me perguntou, arrastando-me para um canto do corredor.
— Eu não tô tentando subir na cadeia alimentar dessa escola, então não. — Respondi.
Deborah passou por nós naquele mesmo instante. Não ouviu uma única palavra do que dissemos, apenas disse “Espero ver vocês dois hoje a noite!”. Saiu andando com um sorriso suave, jogando seus cabelos. Aqueles dreads loiros.
— Deborah Jones reprovou no ano passado por conta de suas festas. — Esclareceu. — Sabe o que acontece tem nas festas dela?
Fiz que não com a cabeça, me sentindo tenso num interrogatório.
— Maconha, cocaína, e outras várias coisas. Coisas que o seu pai vai adorar saber.
— Tá me ameaçando? — Perguntei. — Porque em momento algum eu ouvi você dizer que você não vai. E é claro que você não vai para uma festa cheia de drogas. Quem faria isso só por causa de uma reputação, não é?
Ela me olhou no fundo da minha alma, me julgando com todas as forças. Se eu fosse telepata com certeza estaria traumatizado.
— Eu passo na sua casa de noite.
Ela deu as costas e saiu andando com todo o ódio do mundo carregado nas costas.
— Que horas? — Perguntei em alto tom quando vi que ela já estava na porta da saída.
— Eu sei lá, eu aviso! — Respondeu.
Respirei fundo, pensando na encrenca que eu estava me metendo. Logo depois vi alguns garotos passarem por mim. Todos do time da escola, Abraham estava entre eles, e ouviu tudo, assim como metade da escola. Passou por mim me encarando como uma ameaça. Eu não senti medo por ele, mas senti medo por acontecer algo que pudesse ocasionar na minha expulsão.
Ao chegar em casa eu peguei alguns pedaços de pizza da geladeira e uma garrafa de suco. Subi todas as escadas e fui até o meu quarto. Depois, me sentei na beirada da janela, com um pé dentro do quarto e o outro fora de casa. Dava para ter uma bela vista de Lucky Island daquela janela. E era também um bom canto para refletir.
Eu arranquei um pedaço da pizza com a boca. Estava deliciosa e fria, do jeito que eu gosto. A vista eram ruas com casas extravagantes, muitas árvores e lá no fundo uma ponte que dava acesso para a ilha. Todo esse bairro era bastante calmo além de seguro, uma coisa que eu admiro bastante. Bem destoado da cidade de Black Lake num geral.
Enquanto eu observava a paisagem, notei os meus pais chegando de carro. Estavam vindo lá no fundo, e aos poucos foram se aproximando, até finalmente estacionarem na garagem próxima ao jardim.
A minha mãe, ao sair do carro, cumprimentou o carteiro que passava com uma bicicleta. O meu pai saiu do carro logo em seguida, foi até o porta-malas e pegou todas as bolsas e bagagens da minha mãe. — O famoso burro de carga. — Os dois entraram em casa. Era a hora de eu tentar convence-los a ir numa festa com drogas. Então eu fiz uma cara de cachorro triste e meio desajeitado e desci as escadas. Comi o que restou da pizza e encontrei os meus pais.
— Que cara é essa? — A minha mãe logo perguntou. — Não quebrou a cama de novo, não é?
— Percebe como qualquer um que pega essa conversa fora de contexto pode entender tudo errado? — O meu pai tinha razão.
— Então, vai ter essa festa hoje, e...
— Espera! — Ela me interrompeu. — Não era você o garoto antissocial que queria estudar em casa? O que você tinha dito sobre escolas parecerem com presídios? Agora tá querendo sair com detentos?
Foi tão ruim ouvir tudo aquilo jogado na minha cara que eu realmente desisti. — Fala sério! Por que eu queria ir nessa festa?
— Tem razão, esquece...
— Não! Eu só tô brincando. — Ela riu. — Pode falar.
O meu pai colocou as bolsas em cima da mesa e cruzou os braços, assim como a minha mãe. Ajeitou seus cabelos escuros, lisos e arrepiados. Me lançou os olhares negros do tipo “Diga-me e irei lhe julgar.”.
— É uma festa na casa de uma menina e é isso. — Foi o melhor que eu consegui dizer.
— E os pais dela sabem dessa festa? — Ela perguntou.
Eu não sabia mentir e a minha feição já havia entregado tudo.
— Então vai ser uma daquelas festas com bebidas e drogas? É claro que você não vai.
— Espera aí, amor. — Falou o meu pai a confrontando de uma maneira calma. — Olha a idade dele. Ele tá na idade de sair e conhecer pessoas.
— Tá na idade de tomar decisões ruins também. Tais como usar drogas!
— E você acha que ele vai saber bolar um beck? Olha a cara do nosso filho! Ele parece um retardado que fica o dia todo jogando no computador. Se ele aguentar tomar um copo de cerveja é muita coisa.
— Eu tô bem aqui! — Reclamei.
— O que eu quero dizer é que ele vai saber tomar as decisões certas, e na idade dele nós também saíamos para festas. Nem por isso viramos viciados.
Ele tinha bons argumentos apesar dos insultos. Eu detestava a maneira da qual o meu pai era sincero, mas ao mesmo tempo é a maneira dele de ser, uma característica da raça dele, então eu meio que me acostumei. E isso também me deixou mais forte contra ofensas. Aprendendo algumas muito boas.
— A filha dos Hammil também vai... — Joguei na roda.
A minha mãe trocou olhares com o meu pai, estavam tendo aquela conversa com os olhos. Ficaram alguns belos segundos assim até finalmente chegarem a alguma conclusão.
— Está bem! Mas se eu souber que você usou drogas, você vai passar as férias com o seu avô.
Ter usado a Lena como carta final foi uma boa, mas ouvir falar do meu avô me deu medo. Eu gosto dele, mas passar um verão inteiro ao lado dele, isso me dá calafrios. Bryan o’Tony é um pouco severo demais, tendo atitudes meio grosseiras, talvez por conta dos anos no exército. O meu avô sempre foi conhecido como um dos heróis que mais dava medo. “Exohand, o cara que você não quer encontrar na noite” Já foi perseguido pela polícia por várias vezes por conta da brutalidade. Agora imagine ser neto dele. E imagine desapontá-lo. A fama era tão grande que ir visitar o meu avô era visto como um castigo. Então eu realmente teria que me cuidar nessa festa. Ou do contrário, eu acabaria correndo por toda uma fazenda enquanto carregaria toras nas costas.
Agradeci aos meus pais por me deixarem ir, e depois de ouvir todas as milhares de observações eu finalmente voltei para o meu quarto. Eu precisava começar a me arrumar. Peguei um terno cinza e uma gravata vermelha vinho. Tomei o meu banho e saí de lá já vestido, só faltava colocar a maldita gravata. Coisa que eu sempre aprendia a fazer, mas também sempre esquecia.
Penteei os meus cabelos, ou pelo menos eu tentei, já que os cachos viviam voltando para o mesmo lugar. Coloquei um sapato social e passei um perfume antigo. Agora só faltava colocar a maldita gravata e esperar pela Lena.
Fui descendo as escadas e aos poucos eu comecei a escutar uma certa conversa. Era a minha mãe falando com alguém. Por mais que ela estivesse na sala, ainda dava para ouvir um pouco.
— E aqui foi quando eu tirei a mamadeira dele pela primeira vez. — Falou a minha mãe. — Ele ficou uma fera!
Andei um pouco mais depressa, já suspeitando do que seria, e torcendo para que não fosse o que eu pensei que fosse. E no final, era mesmo o que eu pensei. A minha mãe mostrando as minhas fotos antigas para a Lena que estava sentada numa poltrona ao lado. Ela mantinha seus modos e delicadeza enquanto tomava um chá quente e ria das fotos. Ela estava linda, seus olhos esmeralda pareciam brilhar. Estava com um vestido preto decotado com alguns detalhes. Um salto alto também da mesma cor. O batom vermelho pintava seus lábios e a sombra nos olhos dava um ar de sedutora maior ainda. E eu nem falei das sobrancelhas!
— Como é que você conseguiu chegar aqui?
Apesar de eu ter suspeitado não dava para negar que fiquei surpreso. Ela nem tinha o meu número, muito menos a minha localização. Pelo menos eu achava que não.
Ela botou um sorriso no seu rosto e deslizou os dedos nos cabelos. Eu sabia que aquilo era teatro para agradar a minha mãe.
— Os meus pais ajudaram com isso. — Respondeu.
O meu pai passou por nós logo em seguida. Carregava uma lata de refrigerante em mãos. Estava descalço e sem camisa, exibindo seus músculos que qualquer um diria que é de academia. Como sempre despreocupado com tudo e todos.
— Tá mostrando as fotos de quando ele era pequeno para a garota que ele provavelmente tem uma paixão secreta, fazendo então ele se sentir constrangido? Nossa isso é tão clichê...
— Eu não gosto dela! — Protestei.
— Isso foi rude... — Ele comentou.
— Modos, Toby! — A minha mãe brigou.
— Tá tudo bem. — Lena aliviou. — Toby e eu somos só amigos. Na realidade acabamos de nos conhecer.
Ela sorriu de novo. Eu não sabia como a minha mãe conseguia cair naquele joguinho de sorrisos. Já estava me incomodando.
Eu chamei pelo motorista logo antes que mais alguma coisa acontecesse. Enquanto esperávamos, a minha mãe arrumou a gravata me ensinando mais uma vez. E depois de uns dez minutos uma buzina soou no lado de fora da casa. O carro havia chegado. Nós nos despedimos depois de eu ouvir algumas vezes a minha mãe dizer que me ama. Entramos no carro e finalmente saímos dali. Estava tudo finalmente perfeito.
— Você já foi numa social antes?
— Claro, isso é meio óbvio. — Menti.
— Costumam usar ternos nas sociais que você vai?
— Não usam nas suas?
Ela revirou os olhos para mim. A festa nem tinha começado e eu já queria voltar para a casa.
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E então galera, o que acharam?
Espero que estejam gostando.
Comentem!