Sirenverse's Powerful escrita por Thomaz Moreira


Capítulo 12
O gênio do vídeo game


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Foi estranho para mim começar em uma nova escola. Mesmo que na minha antiga escola eu não conversasse com muitas pessoas. Nunca tive amigos por conta do meu objetivo, esse que sempre foi muito maior do que eu. Ainda assim, foi estranho ver novos rosto. E eu sabia que teria que me familiarizar com alguns deles para conseguir o meu objetivo.

            Durante a aula de inglês, Lucas se sentou ao meu lado. Eu não me importei com isso, mas o fato dele ter me usado como guarda-costas depois do ocorrido pouco tempo atrás, isso sim me incomodou. Toda vez que alguém olhava torto para ele, Lucas se aproximava um pouco mais de mim. Eu tentei manter a concentração na explicação da matéria, mas isso estava ficando irritante, tão irritante que chegou ao ponto de eu desisti. Peguei as minhas coisas e saí da sala de cabeça baixa. Eu não vi o Lucas, mas ouvi ele se levantando imediatamente e saindo logo atrás de mim.

— Aonde você vai? — Me perguntou assim que cheguei ao corredor.

— Tomar um ar.

— Ótimo, vou com você! — Falou ajeitando os óculos.

— Você é a minha sombra agora?

            Ele parou de andar.

— Achei que quisesse conhecer pessoas novas...

— E por que você pensou isso?

— Porque você demonstrou interesse na festa do Toby.

            Ele tinha um bom ponto, e fez eu me lembrar na mesma hora que eu precisava fingir uma imagem que eu não estava fingindo. Lucas estava certo, e por mais irritante que ele fosse, ele seria bem útil.

— Você tá certo. — Bufei relutando em concordar.

— Então você vai no campeonato de videogame comigo?

— Como é?

— Vai ser legal, e a Mabel vai estar lá. — Sorriu tentando me convencer.

— E...?

            Lucas desmanchou o sorriso do rosto depois de perceber que não me convenceu.

— Depois do campeonato a gente vai direto para a festa. — Usou a última arma.

— Então vamos.

            Demorei para perceber que fui convencido a ir num evento lotado de nerds soados. Era algo que eu nunca me imaginei fazendo, mas tudo em nome do objetivo.

            Lucas era extremamente irritante, mas também necessário. Por isso o resto do dia foi um terror. Tive que passar todo o tempo conversando com ele e a tal Mabel. Os dois usando várias gírias nerds que eu não entendia, e nem ao menos fingi que entendia.

            Durante o almoço eu procurei olhar em todos os cantos do refeitório, na expectativa de pelo menos encontrar um dos alvos. Infelizmente não encontrei nenhum deles. Talvez estivessem fazendo alguma coisa em algum outro lugar.

            Aceitando a ideia de que eu apenas veria quem eu queria ver no dia seguinte, fui para a casa assim que as aulas acabaram. Me despedi dos dois e peguei as minhas coisas. No estacionamento eu puxei a minha bicicleta, tirei o cadeado e montei nela. Estava prestes a sair quando eu avistei alguém. Ela estava lá no final do estacionamento, abaixo de uma árvore. Estava no celular conversando com alguém. Posso dizer que se não fosse pelos cabelos roxos eu com certeza não reconheceria. Kimberly, a filha de Scott Fitzgerald. Aquilo me animou. Apesar disso, falar com ela naquele contexto seria um tanto quanto estranho.

— O que foi? Perdeu alguma coisa aqui? — Perguntou ao perceber os olhares.

            Eu me fiz de sonso e segui o caminho para a casa na bicicleta. Coloquei os fones de ouvido e saí dali com um leve sorriso no rosto ao som de algumas músicas punk.

            Essa primeira parte do meu objetivo parece um tanto quanto idiota, mas é também a mais importante de todas. Entrar no psicológico de cada um deles. Os meus pais não queriam apenas a morte deles, mas o sofrimento também. Esse é o motivo de eu me aproximar deles, conhecer mais do que eu já conheço para saber aonde atingir.

            Depois de pelo menos vinte minutos de pedaladas, deixando a parte rica da cidade de Black Lake, finalmente cheguei no Barrows. Esse não é o melhor bairro para se viver, mas para o meu pai era o ideal. De acordo com ele mesmo, seria bom morar ali para não levantar tantas suspeitas. Mesmo sendo um bairro dominado por gangues. Um lugar do qual a mídia se recusa a falar.

            Apesar de ser perigoso, era um alívio entrar lá. Todos me conheciam, não pessoalmente, mas de vista. E isso servia como um visto de segurança. Apesar dos moradores do Barrows detestarem forasteiros, eles são muito protetores com os de dentro. — Claro, isso se você paga eles.

            Empurrei com força a porta da recepção do prédio. Chegando lá, aquele cheiro desagradável ainda estava no ar. O síndico nem se deu ao trabalho de resolver o problema. E para completar, o elevador não estava funcionando. O meu único luxo naquele apartamento era morar no último andar, mas depois de subir várias escadas com uma bicicleta nas mãos, isso se torna um pesadelo.

            Quando finalmente cheguei em frente a porta do apartamento setenta e nove eu já conseguia ouvir muito bem a música clássica, mesmo que estivesse um pouco abafada. Abri a porta e coloquei a bicicleta ao lado, depois tranquei tudo. A música ficou mais alta, e isso é bem normal. A minha mãe costuma ouvir músicas clássicas para acalmar os nervos. Chega a ser bizarro isso. No nosso apartamento a música clássica toca nos últimos volumes. Já no apartamento ao lado, dava para ouvir toda a discussão de um casal de bêbados. Volta e meia eu até conseguia ouvir alguns sons de socos.

            A música parou de tocar. Fui até a sala e encontrei a minha mãe com uma xícara de chá. Ainda estava usando o seu pijama branco. Os cabelos loiros estavam com algum creme hidratante. Os olhos azuis vidrados na paisagem a fora, a vista linda da sacada que apontava para o centro da cidade.

— Como foi a aula? — Perguntou num tom calmo.

— Foi como o esperado.

— Então conseguiu entrar em contato com algum deles?

— Sim, inclusive eu tenho um evento para ir amanhã e uma festa logo em seguida.

— Uma festa? — Indagou aumentando um pouco a voz depois de direcionar o olhar a mim.

— Sim. Eles vão estar lá. — Justifiquei.

            Ela começou a andar em círculos pela casa. Deixou a xicara de chá em cima da mesa de madeira. Sentou-se naquela poltrona rasgada e respirou fundo.

— Ethan, não tem problema em se divertir um pouco durante o processo, sabe?

— Como assim?

— Você sabe, fazer coisas de adolescentes... — Pausou. — Sair e se divertir.

— Eu não tenho tempo para isso, não agora. O que o pai pensaria sobre isso?

            Ela parou de falar e levantou o queixo. Procurou alguma resposta para dar. Pegou novamente o chá e deu outro gole. Eu fiquei pensando no motivo dela ter me dito aquilo. Não fazia sentido, pelo menos não naquela altura do campeonato.

— Você tem razão. A gente precisa destruir eles por tudo o que fizeram de ruim com a gente! — Falou puxando uma animação do além, assim como o sorriso no rosto.

            Eu apenas a ignorei, já estava acostumado com esse tipo de loucura da minha mãe. Fui para o meu quarto e me deitei na cama, pronto para ler um livro e dormir. “A arte da guerra”, um livro muito bom e que dificilmente seria lido por alguém da minha idade. Eu não estava planejando alguma coisa no nível do livro, só estava querendo passar o tempo mesmo. O problema é que eu não consegui me concentrar. Foi a primeira vez em que a minha leitura foi interrompida por conta de outras pessoas na minha cabeça. Fiquei pensando no Lucas e na Mabel, nas coisas que aconteceriam no dia seguinte. Era uma sensação estranha que nunca tinha acontecido comigo antes. Fiquei tão incomodado com aquilo que nem vi a minha mãe na porta do meu quarto até ela falar:

— O seu pai ficaria orgulhoso de você. — Tinha alguma coisa estranha na expressão dela. — Durma bem.

            Acenar era o meio de mostrar que eu me importava com ela. Depois que a minha mãe saiu eu li mais um capítulo do livro, apaguei a luz e finalmente fui dormir. Até esqueci que estava com fome e que não jantei. Desabei como uma pedra naquela cama macia. Fechei os olhos e em instantes eu já estava dormindo.

            O tempo voou quando eu fechei os olhos. Achei que era alguma pegadinha que a minha mãe fez quando o celular despertou. Foi como se eu tivesse fechado os olhos e aquele troço despertasse imediatamente. Abri meus olhos com tanto ódio que eles poderiam até pegar fogo. E para a minha surpresa não era uma pegadinha da minha mãe, já eram realmente dez horas. Eu não apenas fiz o tempo passar rápido como também fiz ele passar mais que o necessário. Ver aquele horário fez eu me lembrar que eu tinha apenas duas horas para me arrumar, almoçar e ir para o tal campeonato do Lucas. Eu pulei da cama e juntei algumas peças de roupas.  Uma calça e blusa preta qualquer. Corri para o banheiro e passei algum tempo de baixo daquela água fria. Isso fez eu me lembrar que precisava trocar a resistência queimada do chuveiro. A minha mãe até gargalhou lá da sala quando ouviu o meu grito de susto por conta da água gelada.

            Tomei banho o mais rápido possível. Vesti aquelas roupas e sequei os meus cabelos os deixando bem arrepiados e divididos para os dois lados. Olhar aqueles cabelos até o meu pescoço fez eu me lembrar que eu precisava aparar um pouco.

            Saí do banheiro descalço e corri para calçar um tênis. Depois fui até a cozinha. O almoço estava quase pronto. Aquele cheiro de frango frito colocou um sorriso de canto a canto na minha boca.

— E aí, maxilar. Pronto pra hoje?

— Sabe que eu odeio esse apelido, não sabe?

— Você tem um maxilar quadrado bem perfeito. Se não fosse meu filho eu poderia dizer que você é o filho do escoteiro. — Justificou depois de passar o dedo num caldo de galinha e lamber.

— Tá me comparando com o Superman?!

— Sim, só que sem a cueca por cima da calça e o excesso de gel no cabelo. — Riu.

            Se tem uma coisa que eu aprendi com a minha mãe, essa coisa é ignorar as piadas que ela faz. Não que sejam ruins, só são irritantes mesmo.

            Peguei um prato e me servi. A comida estava bem quente e também bem cheirosa. Eu só tinha esquecido que eu não sou a prova de calor. Queimei a minha língua assim que coloquei o arroz na boca. Como se não fosse o suficiente, eu ainda precisava comer rápido, já que o meu ônibus saía em alguns minutos.

            Depois daquele almoço doloroso eu peguei as minhas coisas e fui embora. Fechei a porta e corri para o elevador. — Alguém deve ter lido os meus pensamentos no dia anterior já que aquela porcaria finalmente estava funcionando. — Pressionei o botão e aguardei alguns segundos até ele abrir a porta. Uma mulher saiu de lá, a minha vizinha. Estava de cabeça baixa evitando me olhar nos olhos. Aquilo foi bem estranho e ficou mais estranho ainda quando eu vi o olho roxo que ela tentou esconder. Com certeza foi resultado da briga de ontem que eu ouvi. Ela passou reto por mim sem falar nada. Tentei evitar pensar no que poderia ter acontecido e no marido bêbado dela. Apertei o botão e o elevador começou a descer. Não tinha nem aquelas músicas constrangedoras no fundo. E eu podia jurar que o elevador deu indícios de que iria quebrar e cair pelo menos umas três vezes.

            Saindo do prédio eu tinha apenas que andar duas ruas para pegar o ônibus. — Essa parece uma tarefa bem fácil, isso se você não mora no Barrows. — Assim que deixei o prédio eu vi alguns policiais enquadrando moradores por perto, até me encararam feio. Tinham o orgulho de mostrar aquele símbolo da polícia de Black Lake. Deu uma vontade de gritar “Foda-se a BLPD!”, mas eu sabia muito bem qual seria o resultado disso. São coisas como essas que me incomodam. O mundo toma a situação toda como uma utopia, isso tudo porque a mídia decidiu criar uma histeria coletiva a mando do governo. “A tal da lei anti-vigilante é realmente um progresso para o nosso país e para a segurança de todos!”, disse o presidente, e todos acreditaram. É claro que acreditaram, eles nunca iriam questionar o que a mídia mostra. Quem ligaria para um bairro pobre se temos a tão grande InoTec no centro? São todos porcos, e não estão vendo que a hora do abate está chegando...

            Continuei o meu caminho evitando confusão. Cruzei aquelas ruas e cheguei no ponto de ônibus. Fiquei sentado naquele banco gelado até ele finalmente chegar. O motorista me deu um bom dia e eu entrei no ônibus. Me sentei ao lado da janela e coloquei os fones de ouvido.

            Eu sempre gostei de observar as diferenças de classes, tanto fisicamente quanto intelectualmente. Chega a ser um preconceito achar que que existe uma diferença de intelecto entre classes, mas aí entramos num paradoxo. Eu estaria sendo preconceituoso por acreditar que existe uma diferença, praticamente rebaixando alguma classe. Mas estaria mentindo caso dissesse que não existe uma certa diferença. Sendo preconceituoso novamente por acreditar que os problemas de uma classe são os mesmos que o de outra. Um paradoxo.

            Chega a ser bizarra a diferença das casas do subúrbio para as casas de alta classe. É como uma piada ruim que é contada por um tio escroto todo o santo dia.

            Eu desci no ponto de encontro. Avistei bem rápido Lucas e Mabel me esperando bem na frente daquele centro de eventos. Um lugar do tamanho da Saint Harper. Rodeado de nerds fantasiados de personagens genéricos e aleatórios. A quantidade de conversa paralela chegava a me incomodar. Quando Lucas me viu falou “Você realmente veio! Achei que fosse dar para trás...”. Eu realmente pensei em não ir, mas eu tinha os meus objetivos. Mabel acenou para mim com um sorriso que me fez pensar que ganhei um pouco a confiança dela.

— Tá pronto pra ficar quatro horas numa sala com um bando de nerds soados? — Mabel brincou.

— É como se eu tivesse nascido para isso... — Comentei com sarcasmo.

— Você faz piada? Eu não sabia que tinham te programado com emoções. — Ela respondeu.

            Eu ignorei enquanto Lucas praticamente caiu rindo no chão. Passamos no meio de várias pessoas, e todas elas conheciam muito bem o Lucas. O chamavam de “Dark Angel”, eu não entendi nada e Mabel teve que me explicar. É o apelido dele nos jogos.

            Entramos numa sala gigantesca que mais parecia um auditório. Várias cadeiras, e um tapete vermelho no meio que dava para um altar. Nele haviam algumas televisões e videogames. Uma tela bem grande na parede mostrava que um campeonato já acontecia. Era algum jogo de luta com bastante sangue.

— É Mortal Kombat. — Mabel falou nos meus ouvidos, foi difícil de entender por conta da euforia nerd. — É bom para desestressar, bem terapêutico.

            Assim que ela disse aquilo, todos começaram a gritar empolgados. Olhei de volta para a tela e vi um homem partindo outro no meio. O sangue voando por todos os cantos daquele cenário. O público foi a loucura comemorando o feito. O vencedor da partida se colocou de pé gritando por conta da vitória.

— Acho que você precisa rever o seu conceito de terapia.

            De repente uma música eletrônica começou a tocar no ambiente todo. Algumas luzes neon começaram a piscar e um narrador falou no microfone: “Temos o primeiro campeão! Savage Sex!”

            Eu estava sem entender nada, fui tudo muito rápido, e num instante eu pensei estar numa balada no estilo cyberpunk.

— É “The Grave com a Gabriella Hook, o mix original”. — Mabel falou tendo a voz abafada pela música.

— É a minha vez. — Lucas deu uns tapinhas no meu ombro.

            Ele estralou os dedos e subiu no altar. A plateia foi a loucura quando o narrador anunciou o tal Dark Angel. Logo em seguida foi a vez do seu oponente. — Eu não entendo nada de jogos eletrônicos, mas deu para perceber que o oponente do Lucas não estava nada confiante.

            Os dois se prepararam para começarem a partida, e quando ela começou foi um verdadeiro massacre. O oponente do Lucas mal conseguiu se mexer. Foram tantos golpes acertados de uma vez só que até eu me perdi. A luta toda terminou em menos de vinte segundos. E como esperado veio a finalização. O personagem do Lucas arrancou a cabeça do oponente com a maior facilidade do mundo. — Um exagero na minha opinião. Me fez pensar sobre a sanidade do público.

            Mabel gritou comemorando a vitória e Lucas e ele também. Vi algumas pessoas tirando fotos e me fez perceber que ele é bem famoso nessa comunidade.

            Depois que o narrador anunciou a vitória do Dark Angel o campeonato seguiu com os outros jogadores.

            As lutas estavam bem frenéticas, assim como o próprio público. Depois de algumas rodadas Lucas jogou novamente, e como esperado, ele venceu.

            Eu estava começando a me divertir vendo ele ganhar toda luta que ele participava. Óbvio que é diferente da realidade, mas naquela realidade ele era um tipo de deus que ninguém conseguia vencer. — Até eu me peguei no ponto de comemorar suas vitórias.

            O campeonato foi seguindo e quando Lucas conseguiu se classificar para a final Mabel comemorou bem alto, depois falou:

— Já ganhou, com certeza!

— Por que tem tanta certeza disso? — Perguntei.

— Não viu ele jogar? — Brincou. — Vamos apostar então. Se ele ganhar você me paga um vinho.

— Um vinho bem barato. — Brinquei.

— Feito!

— E se ele perder...?

— Você escolhe a minha punição. — Ela riu.

            O jogo estava prestes a começar. Todos ao redor ficaram bastante empolgados. Quando a partida foi iniciada o silêncio prevaleceu. Era como se todo mundo tivesse ficado tenso e indeciso sobre quem iria ganhar.

            No início Lucas tomou uma bela surra, e eu já estava contando com a perda dele, só que foi ali que eu percebi a enorme diferença da vida real para os jogos. O personagem do Lucas se colocou de pé depois de uma grande sequência de socos. Isso levou a multidão ao delírio. Se ele tomasse um soco, Lucas perderia. Ele estava soando, e por um instante seu personagem ficou parado esperando o oponente. O tal Savage Six partiu para cima, um grande erro. Nunca ataque um oponente calmo e concentrado. E foi por conta desse impulso que ele tomou a maior surra. O sangue escorria conforme os golpes eram dados. Savage Six sabia que iria perder e tentou ativar sua habilidade especial, tal movimento que foi previsto por Lucas. Ele desviou no último instante e finalizou o oponente. A luta tinha acabado e todos começaram a gritar eufóricos. Eu tinha perdido a aposta e Lucas ganhou o campeonato.

            Muitas palmas ecoaram por aquele lugar. O narrador foi até Lucas o recebendo com um prêmio. Era uma estátua de trinta centímetros de um controle de videogame. Bati palmas para o garoto. Ele estava com um sorriso de orelha a orelha e Mabel não parava de comemorar. O problema foi que o tal Savage Six não aceitou perder. Num ataque de fúria ele jogou o controle no chão. Vi aquilo partir em vários pedaços. O clima mudou imediatamente e todos ficaram em choque. Savage puxou Lucas pela gole de seu suéter azul cerrando os dentes. Eu sabia que não iria sair coisa boa dali. Dei um passo a frente para interferir. Mabel rapidamente puxou o meu braço e falou:

— Não vai bater naquele menino magricelo e desnutrido, não é?

— Ele tá ameaçando o Lucas.

— Por mais que eu respeite o seu senso de justiça, existem seguranças bem ali. — Ela apontou para um homem alto de terno que aparou a briga imediatamente.

            Savage Six foi levado para fora do campeonato e a comemoração continuou.

            Lucas veio correndo na nossa direção e pulou nos braços da Mabel comemorando com muita alegria. Dei um sorriso com o canto da boca, o suficiente para ele saber que valeu a pena ter ido lá.

— Agora a gente comemora esse seu prêmio aí com a festa do Toby.

            Toby. Eu já tinha me esquecido. Por um breve momento esqueci dos meus deveres. Ouvir aquele nome foi como um estalar que me lembrou de tudo. Depois dos agradecimentos e toda a burocracia do campeonato, além dos apertos de mãos e discursos, nós finalmente saímos daquele lugar.

— Tá me devendo um vinho. — Mabel sussurrou no meu ouvido ao cruzar a porta de saída.

            Lucas foi na frente empolgado e exibindo para todos o seu mais novo prêmio. Enquanto isso, eu e Mabel conversamos sobre como seria a festa. Já estávamos no caminho e chegaríamos em alguns minutos. Isso porque a Mabel pediu um táxi.

            Fui durante todo o caminho em silêncio, apenas ouvindo os comentários sobre o campeonato. Até o taxista comentou alguma coisa sobre o jogo. Eles ainda estavam bem eufóricos. Quando a corrida terminou descemos do carro e agradecemos o serviço. E finalmente chegamos.

            Lá estávamos nós. Um belo salão de festas. Algumas pessoas já estavam lá. Dava para ouvir muito bem a música que tocava lá dentro. Ainda do lado de fora, Mabel cumprimentou uma tal de Deborah. Na fila para entrar eu notei algumas pessoas me observando e cochichando sobre, mas ignorei completamente. Depois que a fila andou, demos de cara com ele. Foi mais rápido que eu imaginei. Toby o’Tony. Lá estava ele, recebendo os convidados com um sorriso no rosto. Aqueles cabelos ruivos cacheados e algumas sardas. Era exatamente como a minha mãe descreveu. Estava usando um terno azul que o destacava de todos.

— Mabel! — Ele a chamou.

— E aí, antissocial! — Brincou.

— Achei que não fosse vir.

— Eu não ia, mas nós tínhamos que comemorar a vitória desse carinha aqui. — Ela apontou para o Lucas. — A propósito, esse é Lucas. É também conhecido como o atual campeão de Mortal Kombat de Black Lake.

— Espera, você é o Dark Angel? — Perguntou surpreso e espantado.

            Lucas acenou com a cabeça. Estava gostando de toda aquela atenção.

            Depois daquela confirmação, Toby praticamente se ajoelhou e saudou o garoto. Foi bem ridículo aquilo tudo, mas eu entendo o motivo.

— E esse é Ethan, é um outro amigo. — Apontou para mim. — Espero que não se incomode...

            Toby olhou para mim. Tinha finalmente me notado. Eu evitei causar uma má impressão, mas o olhar dele disse tudo. Foi um olhar estranho, não negativo, mas um olhar curioso.

— Nós já nos conhecemos?

— Tenho quase certeza que não...

— Seu rosto me lembra alguém...

— Bom, ele é um bonitão genérico. Pode te lembrar várias pessoas. — Mabel brincou.

            Toby continuou a me encarar, ainda tentando se lembrar de algo. Nesse instante eu senti um certo “medo” de todo o plano ir por água abaixo. Até que ele desistiu e apertou a minha mão. Me deu as boas-vindas e nos liberou a passagem. Eu tinha finalmente conseguido...


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas
Desabafo rápido
Ultimamente tenho me sentido muito desmotivado para escrever fanfics por conta do retorno do público. Seja com views ou comentários. Esse é um dos motivos dos recentes atrasos. Também é o motivo do capítulo anterior ter sido bem menor.
Sei que parece meio besta, mas realmente me importo com a opinião de vocês.
Estou realmente pensando em desistir das fics.
Preciso dos comentários de vocês com críticas. Seja para elogiar, ou para contruir uma historia melhor.
São coisas cpmo essas que me animam e me fazem querer continuar por aqui.
Por isso estou pedindo esse favor para vocês ♡♡



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