Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 8
Drama para todos os gostos


Notas iniciais do capítulo

Opa, consegui postar o próximo capítulo hoje. Nem sempre isso acontece, então não se acostume.

Hoje veremos como o primeiro de aula das nossas heroínas termina. Boa leitura! ;)



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Algumas horas depois, o primeiro dia de aula finalmente terminou. A turma de Anne também teve a última aula com o professor Otávio, embora dessa vez tenha sido aula de sociologia em vez de história. Novamente, ele continuava fumando em plena sala.

—E é por isso que a geração de vocês está perdida. Alguma dúvida? - perguntou o professor.

—Err...professor Carvalho - disse Anne, levantando a mão.

—Diga aluna nova - respondeu o professor.

—Acho que diminuir o uso de sacolas plásticas pode ser um bom meio de preservar o meio-ambiente - disse a garota, timidamente.

—Mas será possível que você não entendeu nada do que eu disse, menina? - reclamou o professor - Manda a porcaria do plástico para a reciclagem em vez de propor proibir o uso de sacola, ora, bolas! Só não venha me encher o saco dizendo que não posso guardar minhas compras em sacola plástica para uma tartaruga marinha não morrer por ter comido uma.

Nisso, o sinal tocou. A última aula havia acabado.

—Bom, por hoje é só. Leiam até o capítulo 10 para a próxima aula - disse o professor.

—Mas, professor...o livro só tem 4 capítulos - notou Kelly.

—Então leiam até o capítulo 4 - disse Otávio.

—Mas isso é a matéria do bimestre todo - replicou Anne.

—Vocês alunos estão mais preguiçosos a cada geração - disse Otávio, apagando o cigarro em um cinzeiro que tinha na mesa (não me perguntem por que tinha um cinzeiro ali) e coçando a cabeça - Leiam pelo menos o primeiro capítulo.

—Relaxa - Kelly disse para Anne - Ele só deve começar a matéria lá pela metade do bimestre mesmo. Até lá, vamos ficar nessas discussões.

—Bom, já aprendi há muito tempo que não devo esperar o professor para começar a entender a matéria - disse Anne - Vou começar a ler esse livro hoje mesmo.

O material didático que os alunos usariam foi entregue durante o dia. Como uma boa aluna interessada em se tornar médica, Anne estava disposta a levar seus estudos a sério. Já outras pessoas da sala...

—Ei, a aula já acabou - disse Luís, sacudindo Luciano e Carioca, ambos dormindo protegidos da visão do professor com o livro aberto na frente do rosto.

—Ah, já? - perguntou Luciano.

—Poxa, tava tendo um sonho mó maneiro, aí - disse Carioca - Sonhei que tava dormindo numa cama confortável pra caramba.

—Você sonhou que estava dormindo? - estranhou Luciano - Como assim?

—Ué? Sonhei, cara. Como é que vou escolher com o que eu sonho?

—Mas se você estava dormindo no sonho, como pode saber que estava dormindo? - perguntou Luís.

—Sonhei que estava vendo o meu corpo dormindo - explicou o garoto.

—Então você se viu fora do corpo? - perguntou Luciano - Como se sua alma tivesse saído?

—É isso aí - respondeu Carioca.

—Bobagem. Não acho que temos uma alma - disse Luís - Mas em sonho você pode imaginar qualquer coisa.

—Mas era um cara bem parecido comigo - continuou Carioca - Se não era eu, podia ser um irmão gêmeo.

—E você tem um irmão gêmeo, Carioca? - perguntou Luciano.

—Não, mas no meu sonho eu podia ter, né? - respondeu ele.

—Então você não sonho que tava dormindo, sonhou que viu o seu irmão gêmeo dormindo - reclamou Luís.

Carioca pensou um pouco e viu que isso fazia sentido.

—Podicrê, aí - concordou ele - Então no fim só tava sonhando que vi meu irmão do sonho dormindo. Chatão, aí.

—Deixem isso pra lá - disse Luís - Acho que agora é a minha chance de falar com ela.

—Ela quem? - perguntou Carioca.

—Aposto que ele tá falando da aluna nova - disse Luciano.

—Sim. Minha alma gêmea - disse Luís.

—Mas tu não acabou de falar que não acredita em alma? - indagou Carioca.

—É só um jeito de falar que ela nasci para ficar junto dela - disse Luís - Poderia ter conversado com ela no intervalo, mas ela não desgrudava da Kelly.

—As duas não moram do mesmo lado, então acho que ela deve voltar para casa sem ela - disse Luciano.

—Sim. Essa é a minha oportunidade! - disse Luís.

—Mas tu também não mora do mesmo lado da Kelly? - lembrou Carioca.

—Droga. É verdade. Não vou ter uma boa desculpa - reclamou Luís - Está bem. Vou pensar em alguma coisa para me aproximar dela! O ano está só começando!

Anne realmente tinha se dado bem com Kelly. No intervalo, também tinha falado mais com Ema.

—Bom, meninas - disse Ema - Preciso ir. Meu motorista está me esperando.

—Motorista? - perguntou Anne - Vai de aplicativo?

—Não - ela falou rindo - É o motorista da minha família mesmo.

—Você tem um motorista particular? Achei que isso só acontecia em filmes - disse Anne, impressionada.

—Sério? Para mim sempre foi normal - comentou Ema.

Bem, Ema era a filha mais nova do atual herdeiro dos negócios da família Fontes, também era a garota mais rica da cidade, embora não fosse a única que tivesse uma vida razoável por ali.

—Querida Anne - disse Ian se aproximando - Gostaria que eu te acompanhasse até sua casa?

—Você sabe onde eu moro? - perguntou Anne.

—Não - disse ele - Mas...seja onde for, posso acompanhá-la.

—Não precisa ter esse trabalho - disse ela - Ainda preciso esperar a minha irmãzinha.

—Você tem uma irmã? - perguntou Ian - Que coincidência. Também tenho uma. Acho que fomos mesmo feitos um para o outro.

“Claro. Porque é a coisa mais rara do mundo alguém ter uma irmã mais nova”, pensou Anne.

—A irmã do Ian também está no sexto ano do fundamental - explicou Kelly.

—Sério? Está na sala da Briana? - disse Anne.

—Então temos irmãs que estudam na mesma sala? - falou Ian impressionado - Deve ser mesmo coisa do destino.

—Espera. Você tem uma irmã e ainda estava querendo me acompanhar até em casa? - perguntou Anne - Você não tem que voltar com ela?

—Ela pode chamar um motorista de aplicativo - disse Ian - Tem muita gente que trabalha com isso aqui na cidade.

“Estou com medo de conhecer a irmã dele”, pensou Anne. Seja como for, os três, Anne, Kelly e Ian, caminharam até perto da sala do sexto ano, onde já podiam ver Briana saindo da sala, juntamente com seu novo amigo, Beni.

—Você prefere mesmo ser chamado de Beni? - perguntou Briana.

—Pode ser. Bernardo é muito comprido - disse Beni. O nome dele era uma abreviação de Bernardo Nicolas, um nome composto não muito conhecido.

—E você acha que seus poderes estão despertando? - indagou Briana.

—Aos poucos vou descobrir - disse ele - Se treinar, acho que consigo usar toda a capacidade do meu cérebro.

—Minha mãe disse uma vez que só usamos parte da capacidade do cérebro - falou Briana - É. Talvez você consiga. Ah, minha irmã está chegando.

—Não fala nada! - disse Beni - Vou testar minha capacidade mental e descobrir quem é a sua irmã.

Briana ficou quieta, enquanto Beni se concentrava. Os três adolescentes estavam se aproximando dos dois, quando Beni finalmente diz.

—É ela! - falou ele, apontando para Kelly.

—O que tem eu? - perguntou Kelly.

—Ela é a sua irmã, Briana? - perguntou Beni.

—Não - disse Briana, rindo.

—Não tá na cara que ela é bem mais parecida com essa menina aqui? - disse Kelly, apontando para Beni.

—Aparências enganam - respondeu Beni.

—Deixa eu apresentar - disse Briana, pegando Anne pela mão - Essa é a minha irmã, Anne. Anne, esse é meu novo amigo, o Beni.

—Prazer - disse Anne - Beni é de…

—Bernardo Nicolas - respondeu Beni - Mas prefiro Beni.

—Ele tem poderes especiais - disse Briana - É incrível!

—Poderes? - perguntou Anne - Como assim?

—Ainda estou em treinamento - disse Beni - Mas eles logo irão despertar.

Anne olhou para Kelly que, por sua vez, apenas riu.

—Acho que deve ter poderes psíquicos - disse Beni - Estou treinando percepção extrasensorial e talvez leitura de pensamentos.

—Leitura de pensamentos? - perguntou Ian - Isso é incrível! Você...acha que pode saber o que estou pensando agora?

“Espera. Ele acreditou?”, pensou Anne.

—Acho que...está pensando em uma pessoa - disse Beni.

—Exatamente. Estou pensando em alguém. Isso é fantástico - disse Ian, admirado.

“Claro. É extremamente anormal pensar em alguém”, pensou Anne.

—Não posso dizer mais do que isso - continuou Beni - Err...como disse...ainda estou desenvolvendo meus poderes.

—Bom, Briana. Essa é a minha nova amiga, Kelly - disse Anne.

—Oi - cumprimentou Kelly, simpaticamente.

—E esse é o meu colega de sala, o Ian - disse Anne, apontando para Ian.

—Você...não disse que sou seu amigo - reparou Ian - Isso só pode significar que...somos mais do que amigos, não é?

—De onde você tira essas conclusões? - perguntou Anne.

—Muito prazer - falou Briana.

—Mudando de assunto...você deve estudar na mesma sala da minha irmã, não estuda? - perguntou Ian.

—Quem é sua irmã? - perguntou Briana, mas não foi necessário Ian responder.

—Ah, ela está ali. Samanta! - gritou Ian.

Samanta estava saindo da sala com sua amiga Cíntia. Ela se dirigiu até o irmão quando, finalmente, se deu conta de que ele estava conversando no mesmo grupo de Briana.

—Samanta, querida irmã - disse Ian - Você já conhece Anne, a garota que roubou meu coração?

“Querida irmã...alguém fala mesmo tão formalmente assim?”, pensou Anne.

—Sério? Você está namorando o meu irmão? Nunca te vi por aqui antes - notou Samanta.

—Ela não parece com a Briana, amiga? - notou Cíntia.

—Sim - disse Briana - Ela é a minha irmã.

Isso foi quase como um choque para Samanta.

—I-Irmã? Dela? - perguntou Samanta para Anne enquanto seu polegar apontava para Briana.

—Sim, sou. Muito prazer - falou Anne.

—Ian. Vamos embora, vamos logo - disse Samanta, desesperada.

—Na verdade, eu estava pensando em acompanhar a Anne até…

Mas Samanta simplesmente puxou Ian com toda a sua força (e, aliás, a menina era bem fortinha)  e ele não teve muita escolha a não ser acompanhar a irmã.

—Querida Anne...nos vemos mais tarde - disse ele.

—Até mais, gente - disse Cíntia - Também vou indo nessa.

—Tchau - disse Briana, sorridente.

—São suas amigas também, Briana? - perguntou Anne.

—Não sei muito bem - respondeu Briana - Mas são engraçadas, né?

Enquanto isso, Ian finalmente conseguiu se livrar de Samanta.

—Ei, Samanta. O que deu em você? - perguntou Ian.

—Ian. Você não pode namorar aquela menina - disse Samanta.

—Por que não? - perguntou ele.

—Ela é irmã da minha rival. Não nos damos muito bem - disse Samanta.

—Rival? Aquela Briana parecia um amor de garota - disse ele.

—Por isso mesmo. Ela é a mocinha boazinha de uma comédia romântica e eu, como garota rica e filha do prefeito da cidade, devo ser a rival dela. Somos destinadas a isso - falou Samanta, dramaticamente.

Talvez você já consiga imaginar a resposta de Ian.

—Samanta...isso...isso...isso faz muito sentido! - disse ele - É mesmo um clichê de comédia romântica!

—Sabia que você me entenderia - falou Samanta, sorrindo.

—Mas é tarde demais. Já estou perdidamente apaixonado por Anne - falou Ian com dramaticidade.

—Oh, não diga essas palavras, meu irmão - falou Samanta, ainda mais dramática - Sua amada é irmã de minha rival. Nossa vida ficará muito mais difícil daqui para frente.

E uma música triste e melodramática começava a tocar.

—De onde está vindo essa música? - perguntou Ian..

—Do meu celular. Achei que combinaria com a cena - disse Samanta, sorrindo.

—Ah, tá - respondeu Ian.

Apenas lembrando que esse foi apenas o primeiro dia de aula...


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Notas finais do capítulo

Bem, os personagens mais recorrentes da escola foram apresentados. Mas ainda tem muita gente para conhecer no resto da cidade. Continue acompanhando!

Até mais! :)



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