Vimos como Anne estava se virando em sua grande sala de...sete pessoas (contando com ela). Enquanto isso, sua irmã, Briana, também estava em sua sala, sorridente e de bom humor como sempre. Mas seria bem mais interessante ver como as coisas aconteceram alguns minutos atrás. Vamos, então, voltar um pouco no tempo.

Depois de conversarem com a diretora, talvez você se lembre que Anne e Briana se separaram. Briana achou rápido a sua sala e entrou lá contente e satisfeita. Só que a sala estava vazia.

—Puxa, não tem ninguém ainda - comentou ela - Ah, não tem problema. Pelo menos posso olhar com mais atenção e ver como é a sala.

Foi o que fez, mas não demorou muito para Briana olhar as carteiras, as janelas, a lousa e...só. Não tinha desenhos nas paredes, murais ou outras coisas de sala de aula.

—Ah, bem...pelo menos posso escolher onde vou sentar, né? - disse Briana, procurando uma carteira logo à frente. Nessa hora, duas meninas chegaram. Foi o suficiente para Briana abrir um lindo sorriso.

—Mas, mãe - disse uma das meninas no celular, uma garota com tiara vermelha e lindos cabelos pretos compridos e lisos - É uma roupa exclusiva. Se não comprar agora, logo, logo alguém dá um valor maior no leilão. O quê? Você já tem as suas roupas para comprar? Não dá pra pedir pro papai? Não? Mas..

E a mãe parece ter desligado o celular naquela hora.

—Tá vendo, amiga? - disse a garota para sua colega, uma garota de cabelos cacheados, um pouco mais gordinha - Minha mãe não se importa mesmo comigo.

—Não deu, né? - perguntou a colega.

—Tá. Eu sei que já devo ter umas duzentas roupas, mas aquela é exclusiva - a garota continuou desabafando.

—Não fica assim, amiga - disse a colega, colocando a mão no ombro dela - E se a gente customizar? Podemos fazer uma roupa igualzinha. Ninguém vai notar a diferença.

—Cala a boca, Cíntia - disse a amiga rispidamente - Eu vou notar a diferença! Isso já é suficiente!

Depois dessa discussão, as duas finalmente perceberam que Briana estava ali.

—Oi - disse ela, sorridente.

—O-Oi - disse a garota nervosinha, com um certo estranhamento.

—Oi - cumprimentou Cíntia - Acho que a gente entrou na sala errada. Desculpa.

—Tá louca? - disse a outra garota - Eu vi muito bem. Nossa sala é essa mesmo.

—Mesmo, amiga? - estranhou Cíntia - É que nunca vi essa menina antes.

—Talvez por que ela deva ser uma aluna nova, né, inteligência?

—Aluna nova? Quem vai querer se mudar para essa escola? - perguntou Cíntia.

—É. Sou mesmo nova - disse Briana - Meu nome é Briana, me mudei faz pouco tempo na cidade.

—Ah, ela não é só aluna nova, também é uma moradora nova - disse Cíntia, como se tivesse chegado a uma conclusão bem difícil - É legal ser nova na cidade?

—Estou me acostumando - disse Briana simpaticamente - E vocês?

—Não sei. Moro aqui desde que nasci. Nunca fui nova em outra cidade - disse Cíntia.

—Acho que ela quer saber quem nós somos, Cíntia - disse a garota.

—Ah, tá! Meu nome é Cíntia - disse a própria Cíntia - E essa..

—Samanta - disse a garota, interrompendo a amiga - Sou a garota mais linda dessa escola.

—Sério? Você é mesmo muito bonita - disse Briana, mantendo seu sorriso.

—Eu diria a garota mais popular...mas como todo mundo se conhece nessa escola, não faz muito sentido falar isso - reclamou Samanta.

—Espero que possamos ser amigas - disse Briana.

—Amigas? Bem, quem sabe? - disse Samanta - Não costumo ser amiga de qualquer uma, sabe? Você tem algum destaque?

—Como assim “destaque”? - perguntou Briana.

—Tipo, mais de 1000 seguidores na sua rede? Ou é filha de alguém importante? - perguntou Samanta.

—Bom, meu pai abriu um restaurante no centro da cidade - disse Briana, inocentemente.

—Filha de um dono de restaurante? - disse Samanta - Bem, já é um começo.

—Então...somos amigas? - perguntou Briana.

—Espera...não é tão fácil assim. E ei...Cíntia, vem cá - disse Samanta, puxando Cíntia para o lado.

—O que foi, amiga? - perguntou Cíntia.

—Você está entendendo a situação? - disse Samanta.

—O quê? - Cíntia continuava sem entender.

—Ela é uma aluna nova e eu sou a garota rica mais bonita da sala - respondeu Samanta - Isso é um clichê de comédia romântica! Preciso ser malvada com ela!

—Você...precisa? - perguntou Cíntia.

—É assim que as coisas são - falou Samanta - E olhe para ela. Toda boazinha e simpática. O nosso destino acabou de ser traçado. Não podemos ignorar isso.

—Se você tá dizendo… - disse Cíntia.

Samanta voltou a se dirigir a Briana.

—Err...Briana, né? - disse Samanta - Infelizmente, não podemos ser amigas.

—Não? - Briana respondeu chateada.

—Mas podemos ser rivais - disse ela - Eu sou a garota mais bonita e você é a aluna nova. A partir de hoje, preciso ser malvada com você.

—O quê? - estranhou Briana - Mas por quê?

—São as regras, amore - disse Samanta - É assim que a sociedade escolar funciona. Então...não, você não pode fazer parte do meu grupinho.

—Ah, que pena - disse Briana.

—Agora você vai ficar chateada e eu vou sair de cena linda e deslumbrante, jogando meu cabelo para trás - disse Samanta, saindo de cena com um ar de superioridade, mas não reparando que tinha uma carteira meio torta na sua frente e esbarrando a canela ali - Ai! Ai, quem colocou essa cadeira aqui? Estragou toda a dramaticidade da minha cena!

—Não fica triste - disse Cíntia, antes de sair de cena - Você pode ser amiga do Beni.

—De quem? - perguntou Briana.

—Aquele menino ali - disse Cíntia, apontando para um garoto tentando entrar sem ser visto.

—Oh, droga. Você estragou o meu disfarce! - reclamou o tal Beni. Era um garoto magro e de aparência comum, mas seu comportamento não parecia dos mais normais.

—Fica quieto e seja amigo da aluna nova - reclamou Cíntia - Até mais!

Beni se aproximou de Briana.

—Oi. Meu nome é Briana. E você é o Beni, né? - disse Briana.

—Por enquanto - disse ele.

—Por...enquanto? - estranhou Briana..

—Sim. Ainda estou controlando meus poderes - falou ele.

—Que tipo de poderes? - perguntou Briana.

—Ah, ainda bem que você perguntou! - disse Beni, sentando-se ao lado dela - Tive uma revelação em sonho no final do ano passado de que o mundo irá acabar em breve!

—Como? - Briana pareceu preocupada - O mundo...vai acabar?

—Sim. O mundo está ameaçado por um terrível mal que está para despertar. Mas não se preocupe. O guardião das dimensões no meu sonho também disse que meus poderes despertarão quando o mal estiver próximo de acordar. Eu sou a esperança de todos!

—Sério? Que demais! - disse Briana, empolgada - Conta mais!

—O quê? Você quer mesmo ouvir mais? - estranhou Beni.

—É claro! - falou Briana - Você tem a verdade sobre o fim do mundo e é um herói escolhido para salvar todos nós. Por favor, fale mais.

—Como é bom ouvir isso - disse Beni com os olhinhos brilhando - Quando minha mãe ouviu isso, ela falou que era só um sonho bobo e me mandou para a escola. Mas eu sei que não é!

—E que poderes você tem? - perguntou Briana.

—Ainda não tenho ideia - respondeu Beni - Estou fazendo alguns testes e treinos. No meu sonho, era algo a ver com o controle total de minha própria mente. Acho que consigo alguns poderes paranormais. Atualmente, estou treinando invisibilidade.

—Que demais - disse Briana, adorando aquela conversa.

Enquanto isso, no fundo da sala, Cíntia e Samanta conversavam.

—Eles parecem empolgados - disse Cíntia.

—Não ligo - falou Samanta - Tenho que me preocupar em manter meu posto de garota bonita e ser malvada com ela. Espera, tá faltando alguma coisa para esse clichê ficar completo.

Nisso, entra um garoto na sala conversando com os amigos sobre futebol. Ele não liga muito para Briana que, por sua vez, continuava empolgada conversando com Beni.

—É isso. O Enzo - disse Samanta.

—O que tem o Enzo? - perguntou Cíntia.

—É o garoto mais legal da sala - respondeu Samanta.

—É? - estranhou Cíntia.

—É o mais bonito, não acha? - perguntou Samanta.

—Ah, sim. Isso é - concordou Cíntia.

—Legal. Agora a Briana vai se interessar por ele e eu vou atrapalhar o romance deles - disse Samanta.

—Err...amiga. Acho que ela nem ligou para ele - disse Cíntia.

De fato, Enzo passou e Briana continuou entretida com Beni.

—Quê?! - exclamou Samanta com indignação - Tá errado! O Enzo precisa ser o crush dela. Essa menina não assiste comédias românticas, não?

—Parece que não - respondeu Cíntia.

—É. Pelo visto, vou ter que aproximar os dois...e depois, separar os dois - disse Samanta, com um ar de conspiração.

—Aproximar...depois separar...ai, amiga, tô confusa. Não tô entendendo nada! - reclamou Cíntia.

—Não precisa entender, amiga. Você faz justamente o papel da amiga tonta da vilã - disse Samanta.

—”Papel da amiga tonta” - repetiu Cíntia - Não parece legal, mas...ah, pode ser.

—Sim. Vamos mostrar para essa aluna nova como as coisas são de verdade - disse Samanta, com um olhar malvado.

E assim foi o primeiro dia de aula de Briana. Pelo visto, não é só Anne que terá uma vida escolar agitada.