Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 4
Amor à primeira vista


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta! Hoje finalmente teremos novos personagens! Boa leitura :)



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A familia Montecarlo acabou de se mudar para Vila Baunilha, mas até que estão se adaptando bem rápido. Após a inauguração do restaurante no domingo, no dia seguinte, também conhecido como segunda-feira, a rotina começaria para valer. As aulas das filhas, Anne, a mais velha, e Briana, a mais nova, teriam início exatamente naquele dia.

—Vão com Deus e se comportem, meninas - disse o pai, Antenor.

—Cuide bem da sua irmã, ouviu, Anne? - disse a mãe, Carla.

—A escola não fica nem a dez minutos daqui, mãe - reclamou Anne - Ela conseguiria até ir sozinha para lá.

—Como pode ser tão irresponsável? Sua irmã ainda é muito novinha para andar sozinha por aí em uma cidade que nem conhece - disse Carla, indignada.

—Mas o que pode acontecer em uma cidade minúscula dessas? - reclamou Anne.

—Não importa. Você é a mais velha e tem o dever de cuidar da irmã mais nova - disse Carla.

Depois disso, Carla se voltou para Briana, abaixando-se para falar diretamente com ela.

—E você, filhota? Está pronta para conhecer sua nova escola? - perguntou ela.

—Sim, mãe! - disse Briana - Estou louca para conhecer meus novos amigos.

—Também estou ansiosa - comentou Anne.

—Não precisa se preocupar - disse Antenor - Você já tem um conhecido. Nosso vizinho, o Luciano.

—Aquele cara? Não, obrigada - reclamou Anne.

—Melhor tratar as pessoas com mais respeito, está ouvindo? - reclamou Carla - Ninguém sabe o dia de amanhã. Você pode precisar dele!

—Duvido - resmungou a garota.

De qualquer modo, as duas irmãs seguiram para a escola a pé. Briana apontou para uma vaca andando no meio da rua.

—Olha, uma vaca - disse a menina, bem-humorada.

—Meu pai amado! - exclamou Anne - Viemos mesmo morar no interior...ainda estou tentando digerir isso. É muito diferente de casa, né?

—É - concordou Briana, sorrindo.

Anne e Briana iriam estudar no Colégio Municipal Magnólia Fontes. Essa Magnólia foi esposa do fundador da cidade, Inácio Fontes, e a construção daquela escola foi uma das primeiras iniciativas sociais da cidade. Até hoje era a única escola do município. Alguns pais mandavam os filhos para escolas em cidades vizinhas (havia uma pequena rodoviária na cidade onde esses poucos alunos pegavam ônibus que circulavam pela região), mas a maioria não via problema naquele colégio. A escola tinha poucos alunos apenas pelo fato da cidade não ter muitos habitantes. Na verdade, até o uso de uniformes era desnecessário, já que praticamente todos da cidade sabia quem era aluno. Enquanto Anne e Briana seguiam seu caminho para o colégio, Luciano, o vizinho dos Montecarlo, já estava sentado em um dos bancos do pátio da escola, cochilando.

—Bom dia, Luciano! - gritou um garoto baixinho, de óculos com armação grossa, aparelho e cabelos curtos - Chegou cedo, heim?

—Ah, Luís - reclamou Luciano, com uma cara de sono absurda - Que ânimo para um primeiro dia de aula, heim?

—Você acha? - respondeu o garoto ajeitando os óculos - Bem, com o reinício das aulas poderei voltar a trabalhar nos projetos que deixei no laboratório da escola.

—É verdade. Você tem trabalhos dentro e fora da escola - lembrou Luciano, bocejando logo em seguida.

—Tudo pelo bem da ciência!

Luís era um garoto apaixonado por ciências. Quando não estava estudando sobre o assunto, estava testando novas possibilidades e invenções. Ele praticamente montou um laboratório em um quartinho dos fundos de casa.

—Por que você ainda precisa ter aulas? - perguntou Luciano - Você já deve saber mais que os professores.

—É divertido vir para a escola - disse Luís - Aliás, será que teremos novos alunos esse ano?

—Ah, é...acho que teremos uma, sim - respondeu Luciano, com uma expressão de indiferença.

—Mesmo? Espera, você sabe de algo que eu não sei?! - Luís chegou mais perto do amigo com um olhar desconfiado.

—Ei, dá pra desencostar? - reclamou Luciano - É que...mudou uma família nova para a rua da frente da minha casa.

—Está falando do pessoal que abriu um restaurante novo ali no centro? - indagou Luís.

—Você já estava sabendo?

—Claro, Luciano. Nessa cidade as notícias voam - explicou Luís - Só não sei quem eles são ainda. Eles abriram no domingo e minha família costuma almoçar em casa nesse dia.

—A filha mais velha deles vai estudar com a gente - disse Luciano - Insuportável.

—F-filha? Então é uma garota? -  gaguejou Luís.

—É...se é filha, é garota. Você é um gênio. Devia saber disso - disse Luciano.

—Não, é que...se é uma garota, então as luzes de esperança acabaram de acender em minha vida - disse Luís dramaticamente.

—Do que você tá falando? - perguntou Luciano.

—Talvez, essa garota seja a mulher da minha vida! - respondeu Luís, com um olhar esperançoso.

—Duvido. A menina é chata pra caramba - reclamou Luciano - Aliás, ali está ela.

O brilho nos olhos de Luís aumentou ainda mais ao ver Anne entrando nos portões da escola com a irmã.

—Qual das duas é a menina que você está falando? - disse Luís.

—Óbvio que é a mais alta, não?

—É que...as duas são parecidas - falou Luís, com a boca aberta.

Anne até viu Luciano por ali e tentou ignorá-lo, mas Briana também viu o rapaz e não teve a mesma reação da irmã.

—Olha, o Luciano! Oi! - Briana foi até ele na mesma hora.

—Briana...ah, droga! - reclamou Anne. As duas foram na direção dos meninos.

—Bom dia - disse Briana.

—E aí? - cumprimentou Luciano, sem muita animação.

—Bom dia - disse Luís - Me...meu nome é Luís Hermes. P-p-prazer em conhecê-las…

—Você é gago? - disse Briana, rindo.

—N-Não...n-não é isso...é que…

—Bom, meu nome é Briana - interrompeu a menina - E essa é a minha irmã Anne.

—Bom dia - cumprimentou Anne, educadamente.

—Você também é aluno do sexto ano? - perguntou Briana para Luís.

—O quê?! Não, estou no primeiro ano do ensino médio! - disse ele.

—Sério? Nossa, é que você é tão baixinho - riu Briana - Ah, então ele está na sua sala, Anne.

—É o que parece - disse a garota.

—S-Sim - disse Luís - Estamos na mesma sala. Só tem uma sala de primeiro ano médio nessa escola.

—Por que não estou surpresa? - suspirou Anne

—Pode contar comigo com o que precisar! - disse Luís.

—Obrigada - disse Anne, educadamente - Você parece ser um cara legal. Acho que algumas pessoas deveriam aprender com você.

—Está falando de mim, é? - reclamou Luciano.

—Não. Nem disse o seu nome - falou Anne - Mas se a carapuça serviu.

Luciano não disse nada, mas sua expressão de descontentamento era óbvio. Luís, por sua vez, não conseguia tirar os olhos de Anne.

—Anne. Não temos que passar na diretoria para confirmar nossa matrícula? - perguntou Briana.

—Ah, é. Temos que fazer isso ainda - disse Anne - Bom, até mais. A gente se vê.

—A-até - disse Luís, ainda encantado com a garota.

—Como eu disse, ela é uma chata - disse Luciano, assim que as meninas se retiraram.

—C-Como pode falar assim da mulher da minha vida?! - rebateu Luís - Ela é a melhor garota que já conheci.

—Você só trocou meia-dúzia de palavras com ela - retrucou Luciano.

—Mas foi o suficiente para perceber que é ela que eu quero. A minha futura namorada, minha futura esposa, a mãe dos meus filhinhos. Teremos pelo menos três. Um deles tem que ser menino. Sim e se chamará Albert Einstein! - disse Luís, levando sua fantasia para longe.

—Sem querer ser estraga-prazeres, mas...não acha que tá viajando demais, não? - reparou Luciano.

—É importante planejar o futuro - disse Luís - Se vamos namorar, não machuca pensar nisso.

—Ei, espera aí - falou Luciano - Para vocês namorarem, ela também tem que gostar de você, não é?

—Ora, Luciano. E você ainda tem dúvida de que isso vai acontecer? - disse Luís, com confiança - Ela é a azeitona da minha empada. Não tenho dúvida disso!

“Ele pirou na batatinha”, pensou Luciano.

Deixando esses dois de lado, Anne e Briana chegaram à sala da diretora. Era uma senhora bastante volumosa, digamos assim. Usava óculos com armação roxa e lia alguns documentos.

—Com licença - disse Anne - A senhora é a diretora?

—Oh, sim, sim. Por favor, entrem. Vocês devem ser...Ana e Bianca, não é?

—Anne e Briana - corrigiu Anne.

—Que seja - disse ela - A mãe de vocês mandou um e-mail com todos os detalhes. Sou sua diretora, Glória Fino.

—Fino? - perguntou Briana, sorrindo.

—Sim, garotinha. É meu sobrenome - disse ela - Algum problema?

—Não, é que...não combina muito com a senhora - disse Briana, apenas para ser interrompida na mesma hora por Anne.

—Só viemos confirmar nossa matrícula mesmo - disse Anne, tirando alguns papéis da mochila - Aqui está o histórico escolar da nossa antiga escola.

—Ah, muito bom - disse Glória. Após alguns detalhes burocráticos, a diretora mandou as meninas para suas salas.

“Fino não combina comigo...não sei o que aquela menininha quis dizer”, pensou Glória, abrindo um pote de biscoitos e devorando uns cinco deles quase de uma vez.

—Bem, minha sala é aquela ali. A 4 - disse Briana - Tchau, Anne.

—Tchau - as irmãs se despediram com um abraço e Anne ficou sozinha para procurar sua sala.

—Agora...a minha é a sala 10 - disse ela - Onde será que fica?

Ao se virar, ela esbarra com um garoto um pouco mais alto do que ela, perfumado, cabelo bem tratado e uma boa simetria no rosto. Mas talvez o pensamento de Anne reflita melhor o efeito que ele causa nas garotas.

“Nossa. Que gato”, disse Anne, um pouco ruborizada.

—Desculpa - disse ele.

—Ah, imagina. Fui eu que esbarrei em você - disse ela sorrindo.

—Por outro lado, talvez você tenha tido sorte - disse o rapaz.

—Por quê? - perguntou ela.

—Por ter esbarrado em um cara tão maravilhoso como eu, não é todo dia que isso acontece - explicou o garoto.

“Ah, que babaca”, pensou Anne, deixando todo o seu encanto se desvanecer em poucos segundos. Parece que o ano letivo de nossa heroína não será dos mais fáceis...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo teremos mais personagens novos. Até lá! ;)



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