Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 16
Segredos e Invasões




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Samanta levou Briana para o seu quarto sem tirar o sorriso de seu rosto. A filha do prefeito estava empenhada em descobrir algum segredo da irmã de Anne para usar aquilo como chantagem. Inocentemente, Briana apenas achava que sua colega de sala estava sendo gentil.

—E aí? O que achou do meu quarto? - perguntou Samanta.

—Muito legal e lindo! - disse Briana, sorridente e sincera - Olha só. Tudo tão fofo e arrumadinho. Esses bichinhos de pelúcia, essa penteadeira linda! É incrível!

—Fico feliz que tenha gostado - Samanta continuou - Por que não se senta aí em frente da penteadeira?

Briana fez isso e Samanta começou a arrumar o cabelo dela.

—Seu cabelo é bonito. Não tanto quanto o meu, claro, mas dá para ficar muito melhor do que já está - disse Samanta - Vai, deixa eu arrumar para você.

—Nossa. Obrigada - Briana agradeceu toda feliz.

“Sim. É o cenário perfeito!”, pensou Samanta. “O cabelo de uma garota é a sua vida. Se ela me deixar cuidar dele é sinal de que está disposta a se abrir comigo. Levando na conversa, consigo tirar algum segredo dela. Vou adorar isso!”

Enquanto as meninas conversavam no quarto, Ian tentava conversar com Anne na sala.

—Então...o restaurante de seu pai já está fazendo sucesso? - perguntou o prefeito.

—Bem, ainda estamos começando - disse Anne - Não faz nem um mês que estamos abertos.

—Preciso visitá-lo logo. Alguns funcionários da prefeitura comeram lá e elogiaram bastante - continuou o prefeito.

—Err...pai - disse Ian - O senhor não acha que a Anne poderia conhecer melhor nossa casa?

—Sim, filhinho - concordou Vera, a primeira dama - Acho que seria uma ótima ideia. Vamos mostrar nossa humilde casa para nossa convidada.

“Por que o jeito dela falar humilde não parece nada humilde?’”, pensou Anne.

—Podem deixar comigo - disse Ian - Eu mostro a casa para ela. Venha comigo, Anne.

Ian ofereceu sua mão para que Anne segurasse, mas parece que a garota não interpretou muito bem o gesto.

—Tá legal. Vamos lá - foi o que Anne disse, levantando-se na mesma hora.

—Err...claro, claro, vamos lá - disse Ian, colocando sua mão deixada no vácuo para trás meio sem jeito.

Enquanto isso, do lado de fora da mansão do prefeito, Luís se esforçava em sua segunda tentativa de invadir o local. Ele segurava uma enorme vara e tomava distância para saltar. Sim, isso mesmo, salto com vara.

—Bem, se não posso ir pelos muros, vou pelo telhado - dizia com ele, falando sozinho - Só preciso saltar na direção exata para cair no topo da casa e de lá eu encontro a chave geral para apagar a luz. Vai ser fácil. Já calculei tudo!

De fato, Luís tinha todo um modelo de seu salto no papel. Algumas contas complicadas de física mecânica que ele terminou em minutos foi o suficiente para ter uma ideia de como seria seu salto. Em sua mochila ele tinha vários bastões que se vinculavam e, com isso, conseguiu montar uma vara improvisada. Na teoria, tinha tudo para dar certo, mas, na prática…

E lá foi ele. Infelizmente, as habilidades atléticas de Luís não eram das melhores e talvez ele não tenha calculado muito bem a força com que deveria fincar a vara no chão ao saltar. O resultado é que Luís foi mesmo lançado para o alto, mas caiu mais baixo do que planejou. Aquela pancada na parede da mansão deve ter doído muito.

“Ai. Onde tudo deu errado?”, pensava ele enquanto escorregava pelas paredes. O lado bom de tudo isso é que ele estava dentro da casa, não é? É, mas o problema é que ele caiu em um local em que a Fifi estava por perto. Não demorou muito para ele ouvir o grunhido da cadelinha.

—Ah, não. De novo, não! - mais uma vez, Luís teve que esquecer a dor da pancada para evitar a dor da mordida. É, o plano B também não funcionou.

Dentro da mansão, Ian planejava se aproximar mais de Anne. Ele andava ao lado dela mostrando os quadros e locais da casa. Até que a garota estava gostando do local. Era mesmo uma linda casa.

—E aqui está o corredor da fama da família Ferraz - disse Ian - Mostra a trajetória desde o meu tatatataravô. Minha família gosta de preservar as tradições.

Anne olhou para a foto do tatatataravô de Ian e ficou surpresa em como ele se parecia com o tatatataraneto.

—Realmente, tem a sua cara - disse Anne.

—Sim. A beleza também é uma tradição de família - concordou Ian.

“Pena que a modéstia também não seja”, pensou Anne.

—Bem, acho que os pontos principais da casa já foram mostrados - disse Ian - Oh, claro, como sou esquecido.

—O que foi? - perguntou Anne.

—Como pude me esquecer do terraço. Justamente o terraço - foi o que ele disse, embora Anne não tenha acreditado muito nesse esquecimento.

—E o que tem o terraço? - perguntou ela.

—Você vai gostar, querida Anne. É o local mais romântico da casa. Poderia fazer a gentileza de me acompanhar?

Ian ofereceu seu braço para ir junto com Anne, mas ela, novamente, fingiu que não entendeu isso.

—Posso. Vamos nessa?

—S-Sim. Claro. Por aqui - falou Ian, voltando com seu braço disfarçadamente.

No quarto de Samanta, a filha do prefeito finalmente pareceu chegar com a conversa no ponto em que queria.

—Sim, sim. Também achei engraçado aquele episódio - disse Samanta - Aliás, nunca aconteceu alguma coisa muito engraçada com você?

—Comigo? Ah, várias coisas - disse Briana, inocentemente - Uma vez eu achei que tinha perdido a chave da minha casa e fiquei na porta esperando minha mãe chegar para poder entrar. Quando entrei, percebi que estava no meu bolso o tempo todo.

As duas riram.

—Essas coisas acontecem. Mas nunca aconteceu algo mais bizarro com você?

—Tipo o quê?

—Ah, tipo...algo que já tenha te deixado com muita vergonha?

—Hmm…acho que não. Não que eu lembre - disse Briana - Com você já?

—Comigo? Ah, não, nunca paguei um mico muito grande e..

—Ei! Essa é você pequenininha? - disse Briana, observando uma foto que estava no espelho de Samanta ainda criança - Que lindinha.

—Ah, o que essa foto tá fazendo aí? - falou Samanta, pegando a fotografia da mão de Briana na mesma hora - Por favor, não liga para isso.

—Mas eu gostei. Era você, não é? Com sorrisinho banguela de quem estava perdendo os dentinhos - sorriu Briana - Todo mundo já passou por isso.

—Pois é, né? - disse Samanta - Todo mundo..

“Não acredito! Por que fui deixar minha foto criança perto dela? Pior do que isso, será se ela ver…”

—O que é isso, Samanta? - perguntou Briana, vendo um tipo de potinho em cima da penteadeira.

“Não! Isso não”, Samanta parecia preocupada, mas Briana já estava abrindo.

—Não, por favor, não..

—Nossa! - disse Briana impressionada ao ver o que tinha lá dentro.

—São...meus dentes de leite - lamentou Samanta, com a cara sem-graça de alguém que teve uma parte constrangedora da vida revelada.

—Por que você guarda seus dentes de leite? - perguntou Briana.

“Não posso dizer para ela que é uma lembrança de quando eu acreditava na fada do dente. Ai, o que eu falo?”, pensava Samanta, enquanto Briana olhava simpática para ela.

—Isso...isso é coisa da minha mãe. Ela queria guardar de recordação - mentiu Samanta.

—Ah, tá - Briana aceitou facilmente a explicação.

—Por favor, não conta para ninguém sobre isso - implorou Samanta.

—Claro - concordou Briana.

“Como é que ela descobriu um segredo meu e eu não descobri um segredo dela?”, pensou Samanta, desesperada interiormente. “Onde foi que eu errei?”

É, parece que os planos de Samanta não deram muito certo. Como essa visita vai acabar?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, veremos como esse jantar vai terminar. Até lá!



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