Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 15
Uma noite cheia de planos




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—Bem, fiquem à vontade, garotas - disse Vera, primeira-dama da cidade e mãe de Ian - O jantar será servido logo, logo.

—Obrigada - Anne e Briana agradeceram em uníssono.

—Leopoldo, querido. Pode levar a Fifi para o jardim, por favor? Está uma noite linda para uma caminhada noturna - disse Vera, chamando o mordomo.

—Claro, senhora - atendeu Leopoldo, o mordomo, carregando a mansinha Fifi com toda a pompa.

—Que cachorrinha fofa! - comentou Briana.

—Não é? É praticamente minha filha - disse Vera.

—Por falar em filha - disse Venâncio, o prefeito - Onde está a Samanta?

—Sim. Muito bem lembrado, pai - comentou Ian - Deixe comigo. Irei chamá-la agora mesmo.

—Ah, eu estudo na mesma sala da Samanta - disse Briana.

—Mesmo? Que bom! Deve estar contente de vir jantar na casa da sua coleguinha! - disse Vera sorrindo.

—Na verdade, a gente não conversa tanto assim - explicou Briana que, até aquele momento, ainda não tinha entendido o tipo de comportamento que Samanta tinha com relação à ela. Por um lado, Samanta se declarou rival ou algo assim de Briana, mas, por outro lado, Briana não via nenhum motivo para qualquer inimizade.

Enquanto isso, Ian caminhava pelos corredores em busca de sua irmã quando, de repente, foi puxado para o banheiro.

—Oh, Samanta! - exclamou o garoto - Não me assusta! Por um momento achei que era algum monstro ou coisa assim.

—Que monstro o quê? - ralhou a menina - Sou eu!

—Mas eu estava mesmo te procurando - falou Ian - Você ainda não veio cumprimentar as visitas.

—Não estou pronta - disse a garota.

—O que tem demais? Apenas vá lá e faça sala. De preferência, distraia a irmã da Anne para que eu possa conversar mais à vontade com ela.

—Aí é que está! Como vou fazer isso? Você não lembra que a Briana e eu somos inimigas? Aliás, onde você estava com a cabeça em deixar a Anne trazer a irmã dela?

—Essa foi a condição da Anne para vir jantar aqui - explicou Ian.

—Não quero saber - reclamou Samanta - Se você quer namorar a irmã da minha rival é problema seu. Mas ainda não tenho condições de encarar um encontro com a Briana. Nossa relação de inimizade ainda não chegou nesse ponto.

—Talvez seja um momento para desconstruir sua visão de mundo - sugeriu Ian.

—Não tem como - disse Samanta dramaticamente - Nossos destinos já foram traçados e não há mais como voltar atrás. Estou destinada a esnobar Briana. É o que acontece em todo filme e seriado. Oh, por que fui nascer tão rica e bonita? Por que fui me tornar a garota mais popular da escola? Ai de mim, como sofro!

—Então apenas finja ser amiga dela para me dar abertura - falou Ian. Por incrível que pareça, isso soou uma boa ideia para Samanta.

—Sim, é isso! - exclamou a garota - Posso fingir me aproximar dela para conseguir algum segredo e usar isso como chantagem no futuro. É. É algo que um garota malvada faria.

—Não entendi muito bem, mas se deixar a Anne sozinha para mim já ajuda - disse Ian - Vem, vamos logo.

Do lado de fora da mansão do prefeito, Luís se aproximava dos muros, determinado a invadir a casa e colocar seu plano em prática.

“Vai ser fácil”, pensava Luís. “Só preciso encontrar a chave geral da casa e desligar a energia elétrica. Como ninguém gosta de ficar no escuro, o jantar vai ser um desastre e a Anne terá péssimas memórias de seu primeiro encontro com Ian. É aí que eu começo a investir nela! Vai dar certo!”

Luís sabia que a casa do prefeito tinha câmeras, mas ele havia feito um reconhecimento na casa um dia antes e sabia dos pontos cegos. Usando um corda com um gancho, consegue pular o muro e descer lentamente. Porém, ele não contava que encontraria uma recepção de quatro patas assim que pôs os pés no chão. Fifi, a poodle da família, estava em sua caminhada noturna e não parecia nada feliz em ver um estranho invadindo a casa de seus donos.

—C-Cachorrinho bonitinho - disse Luís - Amigo...amigo…

Mas não adiantou muito. Fifi começou a perseguir Luís que, diante dessa situação, conseguiu subir o muro na volta bem mais rápido do que na ida. O que uma pessoa não faz com a motivação correta, não é mesmo?

—Ah, a senhorita Fifi deve estar perseguindo um gato da vizinhança de novo - disse o mordomo, enquanto contava em seu relógio de pulso o tempo de caminhada da poodle - Bem, retornar aos seus instintos primitivos de caçadora pode ser bom para ela.

Nosso “gato”, no caso, era um garoto mal-intencionado, mas bem assustado com o que viu. O plano dele não seria assim tão simples.

“Droga”, pensou Luís. “Preciso pensar em outra coisa!”

Enquanto Luís repensava seus próprios planos, Anne e Briana conversavam com seus anfitriões.

—E então, minha jovem? - disse o prefeito para Anne - Está gostando de nossa cidade?

—Ela é bem diferente de onde eu morava - respondeu a garota - Ainda estou me acostumando.

—É uma cidade pequena, não é? - disse o prefeito, quase que adivinhando o pensamento dela - Mas isso não é exatamente um problema. Não estamos tão longe de cidades maiores. Outros lugares tão pequenos quanto Vila Baunilha nem acesso a Internet tem. Temos o melhor dos dois mundos, a tranquilidade de uma cidade pequena e a comodidade de uma cidade grande.

—Com o tempo você se acostuma - disse Vera, a esposa.

—Certamente - concordou o prefeito - Temos feito um ótimo trabalho nos últimos vinte anos. E pretendemos continuar assim.

—Por falar nisso. É verdade que ninguém além do senhor se candidata ao cargo de prefeito? - perguntou Briana.

—É sim - respondeu o prefeito - Por algum motivo, não temos outros candidatos. Parece que ninguém se interessa muito por isso. Mas para mim é um prazer. Além disso, ser prefeito de uma cidade pequena não é tão difícil assim.

“Pelo menos não é coronelismo”, pensou Anne.

Enquanto conversavam, Ian e Samanta finalmente chegaram.

—Aqui estamos - disse Ian - Trouxe a Samanta comigo.

—Boa noite - disse Samanta, com um sorriso.

—Onde você estava, filha? - perguntou Vera.

—Ah, é que eu não estava conseguindo escolher um vestido. Precisava ser um muito lindo para uma ocasião tão especial - explicou Samanta, olhando para Briana sorrindo. Briana sorriu de volta.

—Está linda - concordou Briana.

—Você gostou, querida? Obrigada! - disse Samanta, também abrindo um sorriso.

—Que bom! Estão se elogiando! - disse Ian - Sinal de que são boas amigas. Ei, Samanta, por que não convida a Briana para brincar no seu quarto?

—Boa ideia, filho - disse Vera - Mostre seu quarto para a sua coleguinha.

—Claro. Vem, Briana - disse Samanta, puxando Briana pela mão.

—Oba! - Briana parecia contente e não estranhando nem um pouco o comportamento de Samanta. Ao contrário de Anne.

—Achei que elas não se davam muito bem - reparou Anne.

—Sabe como são as garotas nessa idade, não é? - disse Ian - Vivem mudando os sentimentos, o tempo todo.

—Sei - foi tudo que Anne respondeu.

“Agora só preciso dar um jeito dos meus pais saírem da sala para ficar sozinho com ela”, pensou Ian.

Enquanto isso, no corredor, Samanta continuava levando Briana pela mão para o seu quarto.

“Agora só preciso me aproximar dela e descobrir algum segredo para usar de chantagem depois. É, isso é bem malvado”, pensou Samanta.

E, enquanto isso, do lado de fora, Luís usava uma lanterna para ver o que escrevia e desenhava freneticamente em uma folha de papel.

“Não desisti ainda”, pensou ele. “Com essa nova ideia, vou acabar com a festinha deles de uma vez!”

Parece que será uma longa noite...


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