O Labirinto escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
Labirinto sem paredes


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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A travessia foi instantânea. E levou o grupo para um cenário inesperado. Apesar do nome “Labirinto”, não saíram em um lugar que remetesse nem ao menos meramente a imagem mental que tinham de um labirinto.

Um passo dentro da profunda escuridão os guiou direto para uma clareira rodeada por frondosas árvores, envolta em tanta magia que todos os sentidos shifter se confundiram por alguns segundos.

Naruto foi o primeiro a se recuperar. Olhou ao redor curioso e atento, ainda que levemente transtornado. Não sentiu nada que provocasse seu instinto de sobrevivência.  Ou estava afetado demais pela magia ou era seguro.

— Sasuke… — chamou o companheiro, passando uma ordem nas entrelinhas.

O Beta sacudiu a cabeça e soltou a corda, objeto que ligava todos ali presentes.

Nada aconteceu. Não seriam separados por algum tipo de armadilha ou situação adversa.

Naruto sorriu, aliviado. Também soltou a corda, gesto imitado por todos. Os pequenos Ômegas ficaram eufóricos com a mudança de cenário. Parecia promissor.

— Temos que ir — Hinata tocou no ponto mais importante. Havia inimigos perigosos se aproximando cada vez mais. Não sabiam se teriam coragem de atravessar o portal e não podiam correr tal risco. Disse isso e baixou os olhos exóticos, observando o filhotinho que dormia tranquilo em seus braços.

— Fiquem juntos, moleques — Kiba se preocupou com as crianças. Por algum motivo, seu jeito selvagem e livre conquistava os pequeninos, que elegeram nele um pretenso líder de traquinagem. Eram uma visão de dar pena, com as roupas surradas, rostinhos sujos e expressão faminta. De longe o conjunto que enfrentou mais dificuldade no resgate. Olhar para eles fez Kiba refletir que precisavam de uma estratégia muito melhor para a próxima vez.

Enquanto Kiba organizava os filhotinhos, Naruto começava a perceber a nova complicação.  Como Beta nunca teve dificuldade em localizar o Norte. Seu lado shifter conhecia os sinais da natureza e o treinamento ninja tirava o melhor dos recursos naturais. Todavia ali, naquele instante, não fazia a menor ideia sobre onde estaria o Norte a partir daquele ponto. Todas as árvores eram semelhantes: de tronco largo, amarronzado, com copas altas e frondosas. Ainda era noite, embora bem iluminada pela lua cheia. Onde quer que seus olhos focassem parecia a mesma coisa, nem um sinal indicava o caminho a seguir.

Leu as mesmas dúvidas na face de Sasuke, guerreiro igualmente treinado.

Tanta coisa dependia de seguir para o lado certo! Como escolher? Para direita? Esquerda? Para frente? Ou seguir para trás, já que o portal sumira levando consigo qualquer chance de voltar ao caminho que seguiam antes.

— Por aqui — Sasuke indicou a esquerda.

Naruto não viu diferença em seguir através das árvores daquele lado. Assim como não parecia ter diferença em seguir para qualquer outra direção: não havia vento ou brisa, o ar era seco, logo não esperava encontrar um lago por perto. Nenhum cheiro diferenciado ou indicação que ajudasse a se decidir.

— Fiquem atentos — Naruto deu a última indicação e tomou a dianteira. Kiba veio em segundo, coordenando as crianças, seguido de perto por Hinata e o filhotinho menor. Sasuke ficou por último, para garantir que nenhum ataque traiçoeiro os pegasse desprevenidos.

—--

Deste modo caminharam o restante da noite.

Logo o sol se erguia no céu, encontrando passagem entre algumas ramas das árvores.  O grupo estava cansado da longa caminhada, a ponto de Naruto não ver outra opção a não ser decretar uma pausa.

Precisavam parar e se recompor.

Em uma missão de resgate rotineira, mandaria Sasuke ou Kiba verificarem os arredores para garantir que era seguro. Ali, obviamente, não permitiria que ninguém se separasse do grupo, pois as chances de se perder eram reais.

Assim que entraram na floresta, Sasuke passou a marcar as árvores com uma kunai. Desse modo saberia se passassem pelo mesmo lugar. Mas mesmo andando por horas, sempre seguindo em frente, nunca encontraram uma árvore sinalizada. Assim como não encontraram água ou comida. Sequer um animalzinho que servisse de caça!

Ao encontrar um espaço gramado, pequeno demais para se chamar de clareira, ainda que o suficiente para todos se sentarem, ficou decidido que era o lugar ideal para se recompor na medida do possível.

Hinata entregou o bebê para Kiba e foi conferir as provisões. Restava um pequeno pedaço de carne seca para cada um. E água o suficiente para apenas umedecer os lábios. Depois disso estariam zerados.

A precária refeição foi feita em silêncio, em poucos segundos. As crianças estavam famintas, sedentas e exaustas. Foram se ajeitando ao redor de Kiba, adormecendo quase ao mesmo tempo. Era uma visão tão tocante que apertou a garganta do rapaz. Mas o que poderia fazer? Era adulto, sabia lidar com a fome e a sede, ao contrário daqueles pequeninos que se encheram de esperança em serem salvos, mas caiam da frigideira direto para o fogo.

— Faço o primeiro turno — Sasuke decretou em tom de voz seco. O conheciam o bastante para não questionar.

Enquanto o Beta escalava uma das árvores, buscando um bom posto de observação, Hinata e Naruto também se acomodaram contra um dos troncos. Kiba ficou onde estava, quentinho cercado pelos filhotes.

A fome era grande, mas o cansaço era esmagador.

Os três ninjas aproveitaram a vigília segura proporcionada por Sasuke para recuperar-se um pouco da exaustão que minava seus corpos.

—--

Ao contrário do usual, quando se dividiam em turnos de duas horas, Uchiha Sasuke manteve-se no posto por quatro horas. Então acordou Naruto e eles trocaram de lugar, foi a vez do líder do grupo ajeitar-se nos galhos altos e manter-se acordado pelas próximas quatro horas.

Sabia que Hinata e Kiba reclamariam por ficar de fora dos turnos, todavia Naruto precisava que eles estivessem bem e focados em cuidar das crianças, não apenas protegê-las caso um inimigo aparecesse, e sim para começar a carregá-las quando as forças infantis falhassem de vez.

—--

O sol ia a pino quando Naruto decidiu acordar a todos para que continuassem procurando a saída daquele lugar. A floresta podia não ser um labirinto no sentido estrito na palavra, embora estivessem tão perdidos quanto se passeando por um labirinto clássico.

E então uma sequência de inesperados acontecimentos.

Começando pelas reclamações e cobranças de Kiba e Hinata que nunca vieram. Os dois aceitaram o descanso estendido, tão cansados estavam. Algo impensado principalmente no caso de Kiba: um rapaz arrogante e cheio de si, que fazia questão de que todos fossem tratados da mesma maneira em direitos e deveres.

Ao acordar cercado pelas crianças, não reclamou de ser deixado de lado na escala de vigilância. Hinata, mais cordata, teve reação semelhante.

Ver os questionamentos e medos nos olhos inocentes daquelas crianças foi um baque para os quatro.

Naruto sentiu responsabilidade mais do que todos. Precisavam, urgentemente, encontrar água, comida e a saída daquela floresta!

Estava a dois segundos de tentar animar a todos com seu jeito imperativo e otimista, quando foi acometido por uma intuição. Olhou mais para a esquerda, para o lado de onde sabia terem vindo (graças à marca que Sasuke alcunhou num dos troncos) e viu a sinistra e solitária figura parada entre duas árvores. Um rapaz usando trajes atípicos: longo casaco cinza de gola alta que cobria a metade baixa de seu rosto e óculos de lentes escuras.

Silenciosa presença.

Impactante presença.

Claramente um Alpha.


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Notas finais do capítulo

E eis que chega o perigo... hohohoho



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