Always Remember Us This Way escrita por André Tornado


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

O título desta história, Always Remember Us This Way, é uma canção da Lady Gaga que faz parte da banda sonora do filme A Star Is Born (Assim Nasce Uma Estrela). É também a canção que se encontra no primeiro lugar dos Tops nacionais de música esta semana, em Portugal (link nas notas finais).

A propósito de canções e de música, a propósito dos Oscars 2019.

A ideia surgiu de um desafio particular. Uma songfic com um ship.
Como estou a escrever Linkin Park, entrei nesta aventura - para mim inédita! Perdoem-me por qualquer passo em falso... mas esforcei-me.

Boa leitura!



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Não existia uma sepultura pública que pudesse ser visitada e onde se podia prestar a devida homenagem, mas eu conhecia a sua derradeira morada e às vezes ia visitá-lo. Queria fazê-lo. Pedia para fazê-lo. Respeitavam o meu pedido e deixavam-me sozinho no lugar, sem fazerem outras perguntas ou sequer tentar compreender.  Era cansativo quando as pessoas queriam perceber as outras e não faziam a mínima ideia do que estavam a falar, julgando que estavam a ajudar, mas só pioravam a situação.

Estava entre amigos, eu sabia-o. Sempre estive entre amigos, rodearam-me desde o primeiro dia com medo que eu seguisse por um caminho que nunca cheguei a considerar. A sério que não. Por muito triste e destruído que me tivesse sentido, nunca pensei em deixar tudo… Se me apeteceu? Sim, claro. Mas do pensamento ao ato vai uma grande distância que nunca quis percorrer. Parecia fácil? Nunca o era. Ele dizia-me isso… Talvez por essa razão sempre pensei que ele não o fizesse.

Mas fê-lo. E deixou-me. Deixou-nos. Aborrece-me ter de incluir o mundo inteiro nessa frase. Quero chorá-lo egoisticamente, porque eu e ele temos assuntos só nossos – mas sei que não tenho esse direito. De o ter só para mim. Ele repartiu a sua luz negra por todo o lado e em mim deixou uma grande porção. Se sabem disso? Julgo que não. Imaginam, quase que chegam à verdadeira amplitude da questão, mas não sabem, ninguém sabe, como ele está comigo, em mim, vivo, brilhante, com todos os seus maravilhosos defeitos, nítido como da última vez em que o vi.

Sorrio, cúmplice da mentira. Eu tive-o em exclusivo… Tive-o e essa pertença, esse mistério, cabe-me só a mim e tenho de colocar a mão no peito para que o meu coração acalme um pouco o seu bater. Só um pouco, porque anima-me saber que este continua capaz de bater por ele e, assim, eu vou continuando vivo, para que ele viva também, em mais esse pulsar, por mais esses minutos, segundos, suspiros.

Nunca houvera qualquer tipo de desconforto ou de censura, mas sempre que eu pedia para o visitar, porque tinha de o pedir de todas as vezes que me apetecia estar com ele, sentia uma ligeira apreensão – receava estar a ser intrusivo, insistente, inconveniente. Receava sobretudo estar a expor as minhas fraquezas e aquela necessidade de voltarem a falar comigo sobre o meu problema, quando não tinha problema algum. Eu estava bem, eu consegui ficar bem.

Sentava-me ao lado dele, ainda que ele fosse apenas cinzas frias, incaracterísticas e inertes. Sentava-me e ficava simplesmente ali, o silêncio a rodear-me, construindo um templo particular feito de alicerces de ar, onde não me podia mexer, nem sequer pensar, ou destruía a estrutura. Era o vácuo absoluto e eu imaginava que o Universo seria assim, escuro e mudo como aquele encontro.

Eu nunca era exigente, ou ficaria desiludido. Eu não elevava as expetativas, ficaria defraudado. Eu não queria mais, ficaria frustrado. Eu não efabulava, ou choraria a realidade. Era aquilo e mais nada. Silêncio e eu a respirar suavemente. O mínimo arfar e o templo arruinava-se.

Nas primeiras vezes, hiperventilava e não me conseguia aguentar ali dentro. O peito oprimia-se e desatava a chorar. Recuperava o controlo das minhas emoções, limpava o rosto e saía dali como se não tivesse acontecido nada de especial. Era inconcebível nessas primeiras vezes e era essa a razão do meu descalabro que ele pudesse estar naquele espaço tão pequeno, reduzido àquele monte de poeiras cinzentas. Onde estavam os dedos que eu apertara tantas vezes? Onde estava a perna pela qual eu passara a mão? Os ombros que o meu braço abraçara? Os olhos que eu contemplara, a boca que me obrigara a escutar, o rosto onde eu me perdera? O corpo que eu segurara?

Cedo compreendi, contudo, que teria de me controlar e encontrar um ponto onde me devia fixar para poder estar com ele, como era o meu desejo. A estranha revisão de uma dimensão em que podíamos os dois existir no mesmo estado físico, sem aquele desnível absurdo. Eu, vivo. Ele… em partículas. Desfeito em lembranças que pululavam irrequietas dentro de mim à espera da minha ordem para se organizarem e para se concretizarem.

Alcancei, um dia, o tal necessário ponto fixo, a base zero de onde podia avançar. Ergui os pilares do templo, abriguei-me sob o seu teto, mantive-me tranquilo e tudo se desatou.

Nunca contei a ninguém o que fazia. Os outros, que me possibilitavam aquele tempo para mim e para ele, julgavam que eu ficava ali apenas por estar, a contemplar, a fazer o que se faz quando se vai visitar alguém que jaz num túmulo. Uma prece, uma conversa, um pedido. Eu não fazia simplesmente isso. Eu viajava.

Dobrava o pescoço, um cansaço pesado vergava-me os ombros, entrelaçava os dedos das mãos e dizia o nome dele. Não, chamava-o pelo apelido querido com que o tratava.

— Chazy…

Acho que na maioria das vezes nem sequer chegava a dizê-lo em voz alta. Era só em pensamento. Um murmúrio. Uma palavra calada. E nesse instante a minha alma vibrava toda, como a corda de uma guitarra.

O nome puxava um fio muito fino, da espessura de um cabelo, dourado, prateado, preto, branco, iridescente, que em vez de trazer a mim o que eu sonhava, fazia-me entrar no sonho.

Bastava… lembrar-me de como o amava. O amor que foi lembrança sofrida no início, que se tornou sublime e incorruptível quando percebi como me devia portar para conseguir fazer magia. Amor, sim. Pensava no amor. Sem esforço e sem mágoa.

Amava-o, repetia. Amo-te. Nunca irei deixar de te amar, meu idiota. Aqui estou eu a amar-te através do silêncio do Universo. Se há estrelas neste nosso percurso, Chazy, quando aqui estou na tua companhia na sala dos supremos silêncios, dentro do templo que ergo para nós, para termos mais este momento só nosso, não sei. Juro-te que não sei. Nunca as vi. Tu tinhas o poder de destruir as estrelas. Ou as fazias explodir e criavas supernovas de cegante luz. Ou abrias buracos negros no tecido do espaço e sumias-te nesses corpos cósmicos que replicavam a tua escuridão.

Sentado e sozinho, deixava rapidamente de estar sozinho.

Começava invariavelmente pelo cheiro. O teu cheiro. Estava tão presente. Perto, perigosamente perto de mim. Embriagado, os olhos brilhavam e suavas. Enlouquecido. Sabia que tinhas estado a beber. Eu queria fugir de ti, mas a vontade era de te aplicar um murro para te deixar apagado, para te curar dessa merda que inventavas para ti. Outra vez bêbado, a consumir-te, a deixares todos à tua volta preocupados e irritados.

Rugiste:

— Oh, some-te, Michael!

— Michael? Tu nunca me chamas de Mi…

Calas-me com um beijo na boca. Eu empurro-te, enojado. Grito:

— O que estás a fazer, porra?!

Tu abraças-me e apertas-me. Arquejo, subitamente afogado no teu choro. Estás a chorar perdido e trémulo. Eu tenho os braços no ar, sem saber como agir. Devia abraçar-te de volta, mas tenho medo da tua reação. Porque nunca sei se queres que eu te ampare ou te afaste. Já tive das duas opções. Quando me mostrei solidário, numa ocasião, chegaste a pontapear-me, furioso.

— Mike… Mike – soluças.

— Chazy.

— Mike, por favor.

— Não gostes assim tanto de mim, meu… Isso não vai acabar bem.

— Eu sei. Tenho medo. Tenho medo, Mike…

— Tens medo do quê?

— Não te quero perder.

Daquela vez, quiseste um carinho. E eu fiz-to. Pousei a mão na tua cabeça, aconcheguei-te a mim. Senti-te a roçar a face na minha e gemeste, enquanto continuavas a chorar. Beijei-te e então… então soubeste que eu te amava também. Não foi preciso a confissão. Estava escrito nos meus olhos, não estava? Havia compaixão à mistura. O meu medo? Leste o meu medo? Acho que não. Quando tu estavas assustado não conseguias conceber que outros sentissem o mesmo que tu. Porque eu não podia ter medo, eu era o mais forte de nós os dois. Mas o amor… sim, esse percebeste.

 Acordámos nos braços um do outro, a luz tépida do sol daquela madrugada a banhar-nos na cama desmanchada. Dormias sobre o meu peito e eu continuava a acariciar-te o cabelo. Estavas em paz, pelo menos não tiveste pesadelos. Eu gostava quando conseguia extrair-te os sonhos maus, arrancando-os à força e ficava todo dorido da batalha, os músculos moídos, sem energias para tentar outra vez e dar-te a entender que isto estava errado. Eu não dormia nessas noites. Tu tinhas consciência que me deixavas acordado com a apoquentação. Troçavas de mim contando aos outros que eu só trabalhava na porra do computador, noite adentro. Eu deixava que tu contasses isso.

Ninguém podia saber.

Entre nós havia olhares desviados, sinais discretos, sorrisos partilhados, gestos imprevisíveis, cumplicidades evidentes.

Uma vez disseste-me:

— Eu não te amo assim como pensas.

— Eu sei, meu.

— Não fiques convencido que me tens pela trela. Eu saio disto quando me apetecer e sempre que me apetecer.

— Nunca te pedi para ficares. Ficas porque queres.

— Vai-te foder!

— Oh, sim… A velha fúria da estrela musical zangada! Esse teatro já não me convence, senhor Bennington. Tu não me queres ver pelas costas… Tu queres que eu esteja aqui, à disposição, preso neste compromisso secreto… Para poderes sair quando te apetecer. Oh, compreendo perfeitamente o jogo! Isso é a tua maneira de dizeres que mandas no tipo que manda nos Linkin Park. Que és tu que deténs o verdadeiro poder.

— Porra, Mike! Só sai merda dessa boca.

Calavas-me, invariavelmente, com os teus lábios e a tua língua. Sabores agrestes que me arrepiavam. Chocolate, ketchup, tabaco, guacamole, mentol, queijo, cerveja, a tua saliva limpa. Dizias-me que eu é que nunca iria conseguir deixar-te. Que eu estava viciado, mesmo que não te procurasse.

Era verdade. Eu estava demasiado dependente de ti. Nunca admiti.

No fim, foste mesmo tu que me deixaste. Definitivamente. Saíste do palco quando te apeteceu. Admiro-te pela coragem. Julgarias, porventura, que eu também tiraria a minha vida para ir atrás de ti, a ulterior prova da minha devoção? Nunca iria considerar seguir o mesmo caminho. Não era capaz de o fazer, meu amigo. Nisso éramos diferentes.

Tínhamos outras diferenças, que acabaram por nos envenenar.

Continuámos a trabalhar muito bem juntos. Adorava quando me fazias rir e tu adoravas que eu te compreendesse. Partilhávamos o mesmo comprimento de onda, perfeitamente sintonizados quando éramos eu e tu, sem filtros, sem outros à volta. Mesmo quando deixados sozinhos, não sucumbíamos cegamente à luxúria e ao desejo. Havia muito mais em nós, profundo, fraternal, compacto, denso. Não seria nunca capaz de explicar por palavras. Era suficiente um gesto ou um olhar para que eu me silenciasse ou para que tu sossegasses. No fundo, éramos só dois tipos numa banda.

Tivemos de nos separar. Tive saudades. Mantivemos as aparências, mas de vez em quando a faísca ressurgia e havia que nos escondermos para que mais ninguém percebesse. Sempre tive a sensação, porém, que todos sabiam e acabavam por respeitar uma situação que nem eu, nem tu, podíamos controlar.

Na última vez que estivemos na estrada, em digressão, tu estavas longe. Apático. Eu vi-te e não fui ter contigo. Julguei que querias distância de mim e eu, como sempre, acatei a tua exigência. Pensava que te respeitava, porque afinal tu sempre gostaste de afirmar que eras dono da tua vida e que eu te aborrecia com toda essa preocupação sufocante. Deixa-me respirar, sai daqui, respeita-me, gritavas. Enganei-me, não foi? Será que tu me chegaste a perdoar pela minha indiferença?

Imagino, nesse momento que foi o nosso derradeiro nos bastidores de um espetáculo, que tu tivesses fixado as minhas costas e chamado por mim, em surdina.

— Mike…

E eu imagino que te tivesse escutado. Então abre-se uma linha paralela no tempo. Há um de mim que segue o caminho até ao camarim, que bebe aquela maldita bebida energética, que seca a testa com a toalha azul, que vai até ao telemóvel e liga para casa a contar que correu tudo bem, que vai depois para o hotel num automóvel diferente do teu. E há outro de mim, o da segunda opção, aquele que te escutou, que regressa para trás e que vai ter contigo.

— Chazy.

— Estou um farrapo.

— Não vais beber. Há muito tempo que não bebes… Quero continuar a ver-te assim. Forte. Estás a portar-te bem, fazes-me orgulhoso de ti.

— Apetece-me fazer a viagem de volta à América inconsciente.

— Toma um comprimido para dormir, meu. Adormeces e vais mesmo voltar à América inconsciente.

— Cala-te, porra… és mesmo estúpido!

— Chester.

— Tu sabes o que quero!

— Pensava que estava esquecido. Acabou, Chazy! – sussurrava-te, incomodado por ter o coração a bater. Eu também queria. Mas não podíamos, não podíamos. Seria um equívoco e não conseguiríamos viver com essa culpa.

Não te podia salvar, naquele momento. Tu já não irias deixar-me que te salvasse. Tínhamos discutido, dois anos antes e tu atiraste-me em cara que eu só estava a aproveitar-me de ti, da tua miséria, da tua insegurança. Eu fiquei magoado e tu deixaste de me falar durante cinco meses. Merda, foram tempos difíceis! Andei ressacado e impossível de aturar.

Depois, esfriou. Continuámos amigos, cúmplices, irmãos, companheiros compositores… só que havia uma diferença abismal. Deixámos de nos tocar e sempre que inadvertidamente isso acontecia, ficávamos melindrados. O nosso toque, o teu carinho, a minha carícia. A falta do contacto físico arrefeceu-nos. Abraçávamo-nos, mas era tudo tão polido e maquinal. Não era?

Mas eis que nessa linha paralela nós voltamos ao hotel no mesmo automóvel. E seria outro quarto compartilhado. O momento seria estranho quando nos entregássemos, estaríamos destreinados e diferentes, mas no fim haveria a mesma luz tépida de todas as madrugadas em que nos amámos. E haveríamos de nos separar, como se nada tivesse acontecido. O que éramos um para o outro e para o mundo, intacto. A insinuação viva.

Ainda nos vimos depois disso, após esse espetáculo, dias antes de me dizeres adeus para sempre. A cantar num automóvel, câmaras a documentar o momento hilariante. Tu olhavas-me de esguelha e fingias que entravas na brincadeira, que também te estavas a divertir com a humilhação que me faziam, previamente combinada. Tu participavas no faz-de-conta engraçado, prazer doentio, outra farpa com que me rasgavas a pele, com receio que eu te descobrisse. Sei que quiseste dizer-me alguma coisa depois daquele abraço obrigatório em que nos despedimos, antes de te meteres no avião para regressares para junto da tua família que continuava de férias. Teria sido a mesma conversa da tal linha paralela da nossa existência?

— És mesmo estúpido… tu sabes o que eu quero.

E talvez, possivelmente, se tivesses falado o que quer que fosse que tinhas para me falar, eu não estaria agora no nosso templo imaginado a perceber-te nas ondas invisíveis do silêncio.

Tu, em cinzas. Eu, vivo e morto, ao mesmo tempo.

Há uma canção agora, por causa de um filme.

Em segredo, canto-a para ti. E acho que tu a haverias de cantar para mim. Haverias de gostar da letra, meu amigo. Irias mostrar-ma e dir-me-ias:

— Já ouviste a porra da canção? A porra da letra? Que filme fantástico, meu! O melhor filme do ano, estou a falar a sério! Foi uma revelação! Merda, tens de ouvir isto!

Porque se realmente conseguisses escutar esta canção, se tivesses conhecido a canção e o filme, nada do que nos separou teria acontecido. Não te tinhas ido embora e eu não estava junto da tua sepultura secreta, calado, a tentar alcançar-te, confortado na mentira que consigo efetivamente fazê-lo se me concentrar e se imaginar.

Estarias comigo e haverias de sorrir-me, a reproduzir a canção na tua voz surpreendente.

Temos de fazer uma versão disto, em segredo, acrescentarias. E eu diria que nem pensar! Isso não é digno de ser tocado por nós e tu irias zangar-te. Porra, és um cínico! Quando cantei a Adele não achaste indigno. Isso foi diferente. Não, não foi.

E talvez nos voltássemos a aproximar.

Sorrio com esta ideia.

Tu, zangado e eu, irredutível.

 

 

That Arizona sky burning in your eyes

You look at me and, babe, I wanna catch on fire

It's buried in my soul like California gold

You found the light in me that I couldn't find

 

Esse céu do Arizona a queimar nos teus olhos

Olhas para mim e, querido, eu quero acender-me

Está enterrado na minha alma como ouro da Califórnia

Encontraste a luz dentro de mim que eu não conseguia encontrar

 

So when I'm all choked up

But I can't find the words

Every time we say goodbye

Baby, it hurts

When the sun goes down

And the band won't play

I'll always remember us this way

 

Quando estou todo engasgado

E não consigo encontrar as palavras

Sempre que dizemos adeus

Querido, isso magoa.

Quando o Sol se põe

E a música termina

Irei lembrar-me sempre de nós assim

 

Lovers in the night

Poets trying to write

We don't know how to rhyme

But, damn, we try

But all I really know

You're where I wanna go

The part of me that's you will never die

 

Amantes na noite

Poetas a tentar escrever

Não sabíamos como rimar

Mas, caramba, tentámos

E tudo o que realmente sei

Tu estás onde eu quero estar

A parte de mim que és tu, nunca irá morrer.

 

So when I'm all choked up

But I can't find the words

Every time we say goodbye

Baby, it hurts

When the sun goes down

And the band won't play

I'll always remember us this way

 

Quando estou todo engasgado

E não consigo encontrar as palavras

Sempre que dizemos adeus

Querido, isso magoa.

Quando o Sol se põe

E a música termina

Irei lembrar-me sempre de nós assim

 

Oh, yeah

I don't wanna be just a memory, baby, yeah

 

Oh, yeah

Não quero ser apenas uma memória, querido, yeah

 

When I'm all choked up

But I can't find the words

Every time we say goodbye

Baby, it hurts

When the sun goes down

And the band won't play

I'll always remember us this way, oh, yeah

 

Quando estou todo engasgado

E não consigo encontrar as palavras

Sempre que dizemos adeus

Querido, isso magoa.

Quando o Sol se põe

E a música termina

Irei lembrar-me sempre de nós assim

 

When you look at me

And the whole world fades

I'll always remember us this way

 

Quando olhas para mim

E o mundo inteiro se desvanece

Irei lembrar-me sempre de nós assim.

 

 

Vou voltar à estrada, em breve.

Sim, continuo a cantar. Não sei fazer mais nada. Continuo a cantar para que cantes comigo, sabes? Exigem-nos que continuemos a cantar juntos, o nosso público órfão que sente tanto a tua falta, meu idiota. E tive de me atirar a essa alcateia de lobos. Antes que me despedaçassem, enfrentei-os e domei-os.

Vens comigo. Viajamos juntos. Só desse modo me desculpam e me aceitam. Porque tenho o teu fantasma ao meu lado, a assombrar-me. Se fosse apenas eu, seria constrangedor. Eras tu quem amavam. Eu era a tua sombra. Todos éramos.

De facto, admito, eras tu que mandavas em quem mandava nos Linkin Park.

Foi essa a tua retribuição? Nunca julguei que me chegasses a odiar a esse ponto, meu amigo, para me deixares com este legado armadilhado. Se ponho um pé em falso, piso a mina e expludo.

O nosso amor foi demasiado intenso e o preço tornou-se demasiado elevado.

Odiaste-me.

Suspiro. Levanto-me. Desfiz o templo, hora de regressar ao mundo real. Abandono-te na tua sepultura.

Há a canção, Chazy. A canção que canto para ti. Escuta-a…

No refrão existe o final do dia, quando o Sol se põe e o céu acende-se negro de estrelas. O Universo fundo de memórias que percorremos na mudez que tu nos impuseste. Já não podemos mais dialogar, compreendes isso? A nossa conversa agora é um mero monólogo.

Pois é, o Sol há de se pôr e eu vencerei mais um dia sem ti.

E a música termina.

E nesse final, com a banda a arrumar os instrumentos, a adrenalina a diluir-se, mais um espetáculo cumprido, aquele tipo de silêncio que antes chegou a ser tão recompensador porque éramos os deuses donos do mundo, agora é somente mais uma conquista regada a falsa alegria, eu irei lembrar-me sempre de nós assim.

Como éramos.

Como somos agora.

Como seremos para toda a eternidade.


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Notas finais do capítulo

A canção Always Remember Us This Way pode ser escutada aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=5vheNbQlsyU

Escolhi esta canção porque o primeiro verso, que fala do Arizona e da Califórnia, adequa-se muito bem ao Chester e ao Mike, oriundos desses dois estados americanos.

E para dar seguimento ao desafio, é a tua vez ValdieBlack.
Uma songfic com o teu ship favorito/do momento.

Muito obrigado pela leitura!