Starling City 2013 escrita por AmandaTavaress


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa fic começou a ser escrita pós episódio 7x10 de Arrow e 4x08 de Legends of Tomorrow. O contexto que tenho é esse.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/774976/chapter/1

Felicity desceu as escadas do porão da casa noturna Verdant. Um lugar escuro, úmido, quente, mas que pela primeira vez em muito tempo lhe fez sentir em casa. Um lugar que estava agora destruído. Fazia duas semanas que ela não entrava ali, mas agora que o Oliver tinha ido embora pra sabe Deus onde uma semana depois de enterrar seu melhor amigo, Felicity decidiu ir até lá pra avaliar o tamanho do estrago. Felicity não conhecia o Tommy muito bem, e ela até queria apoiar o Oliver numa hora dessas, mas a presença dela naquele enterro não faria sentido nenhum. Apesar de algumas pessoas saberem que ela e o Oliver eram amigos, o Detetive Lance estaria lá, e era melhor não esfregar muito na cara dele a relação que ela tinha com o Oliver Queen além da que ela tinha com o Capuz antes que ele decidisse de fato prendê-la e unir os pontos.

Felicity olhou pro que restou de sua estação de trabalho lembrando da fatídica noite em que estava sozinha ali tentando desativar remotamente uma máquina de terremotos. Ela nunca havia sentido tanto medo na sua vida, mas se o Oliver e o Diggle eram capazes de se manterem em pé e lutando, ela era capaz de ignorar os efeitos do terremoto e o esconderijo caindo aos pedaços ao redor dela... Ela não sabia ainda ao certo o que faria com aquele lugar. Oliver havia indo embora sem dizer pra onde ia, depositando um milhão de dólares na conta dela e do Diggle. Bem a cara do Oliver: ao invés de conversar e explicar que precisava de espaço e tempo, num gesto típico de Ollie Queen, ele usou o seu dinheiro pra tentar atenuar a sua culpa. Felicity conhecia o Oliver há pouco tempo, mas nesse pouco tempo já foi capaz de perceber que Oliver se sentia culpado por tudo. Ele se sentia culpado pela morte do Tommy, se sentia culpado por precisar sumir, se sentia culpado por ter envolvido o Diggle e ela em sua missão, e se sentia culpado por ter ido embora sem se despedir. Por isso agora ela era um milionária... Mas ela preferiria mil vezes viver de salário em salário e ter seus meninos por perto com uma missão e um senso de pertencimento do que todo esse dinheiro, mas sozinha... De novo! Mas dessa vez ela não desistiria tão fácil. Não como fez depois de toda aquele desastre do Cooper. O Diggle disse que o Oliver voltaria, e ela acreditava nisso também. Já que esse esconderijo precisava de uma bela de uma reforma, e agora ela tinha dinheiro mais do que suficiente pra isso, era isso que ela faria. Ela não desistiria tão fácil da família que ela havia criado ali.

Felicity quase teve um infarto quando uma espécie de portal azul abriu e uma mulher saiu dele, olhando diretamente pra ela. O portal fechou em seguida, mas a boca da Felicity continuava aberta enquanto ela falava palavras desconexas:

— Como--? O quê--? Quem--? 

A mulher tinha uma expressão amigável no rosto, e nenhuma surpresa, como se esperasse que Felicity tivesse exatamente essa reação.

— Oi, Felicity, meu nome é Zari. Você não me conhece ainda, mas eu sou uma aliada.

Felicity parou de falar, mas demorou um pouco pra fechar a boca. Respirou fundo, olhou fixamente nos olhos de Zari e disse:

— Eu tenho um QI de 170, e não consigo de forma alguma explicar o que está acontecendo aqui... – Felicity tombou a cabeça ligeiramente pro lado e prosseguiu. – E eu *odeio* não conseguir explicar algo.

— Eu sei que é difícil de acreditar, mas a sua realidade, e aquilo em que você acredita vai mudar drasticamente nos próximos anos. – Felicity ergueu as sobrancelhas, mas continuou em silêncio, esperando por mais explicações. – Como eu disse, meu nome é Zari, e eu sou uma viajante do tempo. Agora, no ano de 2013, eu nem nasci ainda, mas eu precisava voltar exatamente nesse ponto, e de todos presentes nessa época, você é provavelmente a única capaz de entender o que eu vou explicar agora.

— Eu preciso sentar primeiro... – Felicity disse enquanto colocava de pé uma das cadeiras que estavam derrubadas no chão, e arrastou sua própria cadeira pra perto se sentando e oferecendo à Zari que fizesse o mesmo. – Ok, manda bala! – Felicity gesticulou pra que Zari continuasse.

— Eu cresci num mundo completamente diferente desse que estamos. Num futuro nem tão distante, mas tão diferente. – Zari suspirou com tristeza, mas prosseguiu – Há um tempinho atrás eu me juntei a um grupo de pessoas cuja missão é manter a linha do tempo segura de ataques, mas como você, eu sou uma hacker, e eu tento hackear o tempo sempre que posso. É difícil aceitar algumas atrocidades só pra manter um curso natural da coisas.

Felicity parou pra pensar nisso. Se ela tivesse a chance de evitar milhões de mortes de judeus no Holocausto ou manter a linha temporal, o que ela faria? Deve ser uma decisão difícil atrás da outra mesmo. Ela assentiu com a cabeça em compreensão e Zari prosseguiu.

— No mundo que eu cresci, religião não é permitida, e eu sou muçulmana. Você como judia deve entender a dificuldade, não? – Felicity assentiu mais uma vez, cheia de empatia por essa mulher que um dia seria uma aliada. – Mas eu não posso mudar a minha história, por mais triste que seja porque eu criaria um paradoxo já que mudando meu passado, eu provavelmente nunca teria me juntado a esse grupo, e portanto nunca teria tido acesso a uma máquina do tempo.

— Eu já assisti a todas as temporadas de Doctor Who, e Emmet Brown é um dos meus ídolos de infância! Eu entendo o paradoxo. – Felicity interrompeu com um sorriso. Zari sorriu de volta.

— Engraçado que *você* é o meu ídolo de infância. – Zari disse ainda sorrindo e Felicity apontou o dedo para si mesma em descrença. – E é justamente por conta desse paradoxo que eu preciso que depois que eu termine de explicar tudo, e que a gente de fato altere o futuro, que você prometa que vai garantir que a minha vida não seja alterada. Você precisa se certificar pessoalmente que eu chegue a ser exatamente quem eu sou, e que seja presa pela ARGUS depois da morte do meu irmão e seja resgatada da mesma forma que eu fui pra que isso tudo não seja em vão. Eu não posso salvar meu irmão pra não virar um paradoxo, mas posso salvar incontáveis outras vidas com o que faremos aqui. – Felicity respirou mais fundo quando ouviu que teria deixar que o irmão dela morresse, mas ela entendeu que era tudo por um bem maior. – Em 2042, quando tudo isso aconteceu a religião foi banida porque alguns anos antes um maníaco, ressuscitado dos mortos foi responsável por milhares de mortes. Ele era um mostro, pior do que qualquer outra ameaça. A ARGUS ficou sabendo que ele foi ressuscitado pelo pai através de uma força mística chamada Poço de Lázaro. Em alguns anos você vai descobrir mais sobre isso. – Felicity estava louca pra saber mais agora, mas segurou a língua. – E numa dessas decisões radicais tomadas após medidas radicais, começou-se uma perseguição que mais parecia uma vingança pessoal da diretora da ARGUS na época depois que ela perdeu quase sua família inteira pra esse homem. 

— E quem era esse homem que foi ressuscitado? – Felicity perguntou quase com medo de ouvir a resposta. Se a Zari havia procurado por ela, Felicity, devia ser alguém que ela conhece, ou viria a conhecer. A única pessoa capaz de algo assim seria o Oliver, mas ela não queria acreditar nisso. Ela sabia que o Oliver era uma boa pessoa apesar dos corpos que deixou pra trás. 

— Você tem que primeiro entender que quando se ressuscita alguém, essa pessoa nunca volta 100% como era. Ainda mais nesse caso que ele ficou muitos anos morto antes de ser ressuscitado... – Felicity estava com um pressentimento horrível. Pra que aquela explicação toda antes de dizer quem? Só podia ser o Oliver mesmo. E “muitos anos mortos”? Quantos exatamente? – Quando o Malcolm Merlyn, já desesperado e ligeiramente louco ressuscitou o Thomas, o que saiu daquele poço não tinha mais nada do Thomas que você conheceu. Era pura e simplesmente um monstro consumido por tudo de ruim que há do outro lado. 

Felicity levou a mão a boca em choque. – O Oliver deve ter ficado arrasado... – Zari deu um sorriso enigmático. 

— Eu não vou falar de nada que não seja crucial pra que você entenda o porquê da importância da minha missão. – Felicity compreendeu por que não deve saciar sua curiosidade, mas continuou curiosa ainda assim. – Quando eu voltar, eu não vou saber se vai ter dado certo, ou ainda mesmo se vou sobreviver à viagem de volta, ou pra onde vou voltar... Mas depois de muito tempo conjecturando, cheguei à conclusão que essa era a melhor saída. 

— Qual? – Felicity perguntou ansiosa. 

— Gideon, por favor leva a gente pra casa da Felicity e também nosso paciente secreto. E mais uma vez: meu hack que te impede de te falar sobre isso com a capitã e os demais está operando, não? 

— Sim, Zari. Eu continuo impossibilitada de falar sobre isso com o resto do time. 

Felicity não sabia o que era mais impressionante: uma cabeça holográfica de uma inteligência artificial sendo projetada da mão da Zari, o fato de a Zari ter hackeado tal inteligência, ou o fato de ser uma capitã mulher. Em tantas temporadas de Doutor Who, nenhum dos doutores era mulher. Apesar de o futuro ser meio sombrio, ela gostava de tantas posições de poder serem femininas... Mais um daqueles portais azuis se abriu, e Zari puxou Felicity pela mão pra dentro dele. Felicity podia ver sua casa do outro lado! Tecnologia é fascinante, mas tecnologia do futuro era mais fascinante ainda! Ela mal podia esperar pra chegar nesse ponto!

Na sua sala de estar, deitado no seu sofá, estava Tommy Merlyn. Havia uma bandagem no seu torso, que estava sem camisa, mas ele vestia uma calça de um tecido simples porém confortável. 

— Me dá seu celular. – Zari pediu com a mão estendida. Felicity estava tão chocada que entregou sem pestanejar. Ela aproximou o aparelhinho que tinha a inteligência artificial do seu celular, e em alguns segundos o devolveu com um aplicativo aberto. Um aplicativo que a Felicity nunca havia visto antes. – A Gideon, nossa inteligência artificial, desenvolveu esse app pra você monitorar os sinais vitais do Thomas até que ele acorde. – Felicity olhou pro aplicativo, que parecia ter uma interface linda e de fácil compreensão. Pelo menos pra ela. – Eu não tive muito tempo sem que os outros membros do meu time percebessem que eu tinha um homem na área médica pra Gideon curar. Pegar o corpo dele e substituir por um clone morto já foi um perrengue suficiente! – “Clone”? Inteligência artificial, viagem no tempo, ressurreição, clone... Nada mais surpreenderia a Felicity naquele dia. Nem mesmo o corpo do melhor amigo do Oliver na sua sala... 

— E você quer que eu faça o quê, exatamente? – Felicity perguntou olhando do Tommy para a Zari. 

— Como eu expliquei, a Gideon não teve tempo de curá-lo 100%. Ele está vivo, mas ela precisa monitorar o progresso dele, e esse aplicativo no seu celular está guardando informações que a Gideon pode acessar e te mandar instruções do que fazer. – Felicity olhou de novo pro celular, impressionada. – Você não pode falar pra ninguém que ele está vivo! O objetivo era só substituir o corpo dele por um clone não compatível com vida, assim, quando o Malcolm tentasse ressuscitar ele, não teria sucesso, e pronto. Mas quando eu levei o corpo pra minha nave pra Gideon me sugerir o que fazer com ele, ela disse que poderia salvá-lo, e eu não pude ignorar a chance de salvar uma vida! 

Felicity gostava cada vez mais de Zari e se identificava com ela. Ela teria feito exatamente o mesmo. 

— E por que eu não posso falar pra ninguém? – Felicity perguntou. 

— Primeiro porque não sabemos se ele vai de fato acordar. Ele está em estado de coma, e a Gideon disse que não era bom acordá-lo até que já estivesse fora da nave e num lugar mais... “normal” pra ele. 

— É, acordar de um coma numa nave é basicamente um filme de terror de abdução... – Felicity concordou e Zari assentiu com humor no rosto. 

— E segundo porque não sabemos como o fato de Thomas Merlyn ter sobrevivido pode alterar a linha temporal! Temos que evitar o paradoxo a todo custo. - Felicity assentiu com a cabeça, mas não tinha ainda muita certeza se aquilo era o correto a fazer. 

— E ele vai ficar aqui? No meu sofá? – Felicity perguntou olhando em volta. – E se ele demorar pra acordar? Eu tenho um quarto de hóspedes! Não seria melhor levar ele pra lá?

Zari assentiu com a cabeça e mexeu numa pulseira que tinha, fazendo o corpo do Tommy levitar na direção que a Felicity havia apontado quando falou do quarto de hóspedes. Felicity havia pensado que não se surpreenderia com mais nada... Ela estava enganada!

Depois que o Tommy estava acomodado, Zari conversou com a Gideon, que instruiu a Felicity a aguardar até que ele acordasse naturalmente. Poderia levar algumas horas ou alguns dias. Cada corpo reagia de forma diferente. Felicity suspirou fundo e se voltou para Zari.

— Então, quando eu te conhecer no futuro, você vai fingir que nada disso aconteceu? – Felicity perguntou.

— Tecnicamente, eu te conheci no meu passado, e nada disso tinha acontecido ainda. Você que vai ter que fingir que não me conhece. – Ela respondeu com um sorriso.

— Claro! Eu sabia... Só tá meio... confuso! – Felicity se explicou meio sem graça.

— Você tá reagindo muito melhor até do que eu esperava. – Zari sorriu e abraçou a Felicity. Felicity retribuiu o abraço meio sem jeito, mas retribuiu. – Não esquece! – Zari disse quando as duas se afastaram – As datas de eventos principais da minha história estão todas no seu celular. Gideon tem acesso à sua conta, e ela vai garantir que você não perca essas informações.

— Você tá com medo de voltar? – Felicity perguntou depois que Zari hesitou por alguns instantes.

— Apavorada! Mas se você é capaz de mudar a sua vida completamente por uma estranha pedindo ajuda pra salvar o futuro, eu sou capaz de passar por mais um portal em direção ao desconhecido! Pra mim, os resultados dessa alteração serão instantâneos, mas pra você, serão anos de incerteza! Força! 

Felicity sorriu uma última vez pra Zari, que atravessou o portal a deixando sozinha na sua casa. Sozinha não! Com o Tommy! Ela foi mais uma vez em direção ao quarto de hóspedes e olhou para o seu... bem, hóspede!

O que Felicity faria agora? Ela torcia para que o Tommy acordasse logo. Pelo menos que acordasse antes que o Oliver voltasse. Se é que ele voltaria. E quando voltasse, será que ela deveria falar pra ele do Tommy? Será que o Tommy aceitaria continuar “morto”? 
Quando mesmo que a vida dela havia se tornado tão confusa? Ah sim... Com um computador baleado... Ela lembrou com um sorriso. E ela não mudaria nadinha dessa confusão toda.

Felicity pegou seu notebook sentando-se numa poltrona que havia no quarto de hóspedes. Pelo menos ela tinha o que fazer enquanto Tommy não acordava: planejar a reforma do esconderijo secreto do Time Arqueiro. O Oliver provavelmente não gostaria do fato de ela estar dando nome pro time, mas ele não estava lá pra opinar mesmo, então ela chamaria do que quisesse. E Time Arqueiro soava muito melhor que Time Capuz na cabeça dela. Felicity balançou a cabeça sorrindo e mergulhou em planos de reforma. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Devo continuar?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Starling City 2013" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.