Baby Cullen escrita por Dark Angel


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Volteiiiii



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Fecho a porta do escritório ao ser a última a entrar, Carlisle regressou a menos de cinco minutos e a reunião familiar já foi prontamente estabelecida. Sinto o meu estômago dar voltas quando vejo a seriedade em seu rosto.

— E então?- sou eu a perguntar primeiro, não fazia a mínima ideia de como lidar com uma situação como aquela.

Carlisle virou o rosto em minha direção e sorriu minimamente enquanto provavelmente tentava me reconfortar.

— Eu acabei achando Terry um pouco depois de Sydney, ele estava lá com a sua companheira e por incrível que pareça não hesitou em tentar nos ajudar.

— Espera um pouco aí... você quer dizer que ele não estava tentando se esconder da gente?- Emmett pergunta, confuso.

— Não exatamente, realmente Terry fugiu depois do que houve, mas porque nem mesmo ele soube o que estava acontecendo.

— E agora sabe?- Rose estava bem ao meu lado, acrescentou aquilo com certa arrogância- não intencional. Coisa que só convivendo com a loura para saber diferenciar.

— Pelo que conversamos, não, não sabemos totalmente. Mas, Terrance disse que a intenção dele não era metamorfosear Edward, principalmente porque nem sequer sabia ele que era possível.- o médico dá a volta na mesa e encosta o quadril nela enquanto nos observa digerir as informações.

— Como não foi intenção dele?! é a mesma coisa que dizer que um motorista bêbado não tem a intenção de atropelar um pedestre.- tento controlar a minha raiva e não derrama-la sobre os outros, mas está bastante bastante no momento.

— Eu entendo a sua indignação, Bella. Quando quero dizer que ele não pretendia fazê-lo é apenas pelo sentido de que não era o seu objetivo final, mas sim, é claro que até onde sabemos a responsabilidade por toda essa situação é dele.- mesmo olhando somente para ele quase posso sentir o cenho de todos os outros se franzindo em questionamento.

— Até onde sabemos?- Jasper cruza os braços sobre o peito, sua voz sai em puro tom de incredulidade.

— Sim, Jasper, até onde sabemos. Porque veja.- Carlisle aproxima-se do filho e fala agora diretamente para ele. – No momento em que Terry usando suas habilidades psíquicas tentou fazer com que Edward e Emmett agissem como bebês, mas somente um deles o fez como pretendido, fica algo a pensar, não fica?

O vago pensamento de ver Emmett, dois metros metros de altura , agindo como uma criancinha no meio do nada tem o seu lado cômico e o seu lado vizinho também.

Jasper não responde, obviamente todos sabiam que algo de diferente quanto aos dois vampiros deveria ter agido em favor de Emmett. Mas tenho certeza de que nenhum de nós havia pensado por esse ângulo, e se algo mais tivesse contribuído?

— Você acha que pode ter sido Edward? digo, ele conseguir ler a mente de Terrance poderia verdadeiramente fazer alguma diferença?- Esme pontua o que eu acabava de raciocinar.

— Eu pensei nessa hipótese, obviamente que ele ouviria o que o imbecil estava pensando e daria um jeito de escapar, mas o meu velho amigo não é assim tão simplório, ele sabe dos poderes de Edward e havia passado aquela tarde inteira repassando mentalmente todas as letras do The Platters.

— Se os dois possuem habilidades psíquicas e telepáticas você não acha que o choque entre eles pode ter causado isso?- a sugestão de Alice tem alguns furos óbvios, mas é bem colocada.

— Não podemos eliminar completamente essa hipótese, mas ainda falta alguma coisa, sejamos honestos, mesmo para nós isso é algo inacreditável. Ele regrediu fisicamente depois de mais de 100 anos, alguma coisa à mais aconteceu naquele lugar.- Carlisle argumenta.

— Ele tem alguma ideia por quanto tempo isso pode durar ou...- observo os rostos preocupados e focados diretamente na minha pessoa. Mas é claro.

— Vocês já falaram disso sem mim, não é?- não me esforço nenhum pouco a tentar ser polida.

— Eu tive um problema e liguei para Carlisle para me ajudar a tirar essa dúvida.- Alice me olha, o seu semblante especialmente sério quando comparado aos outros.

— O quê? O que você viu? – ela troca um olhar com o pai e vejo de canto de olho quanto ele dá um aceno com a cabeça de modo quase imperceptível.

— Aí é que está, Bella, eu não consigo ver nada. Não enxergo mais o futuro de Edward.- vejo que se pudesse chorar ela o estaria fazendo agora mesmo. Tapo a boca, embasbacada, na minha cabeça milhares de pensamentos vêm ao mesmo tempo e eu tento coordena-los para poder entender o que aquilo realmente significa.

— Mas tem alguma coisa muito errada se você consegue ver o de todos nós, certo?- busco por sua confirmação. Ela abaixa os olhos por um momento como se estivesse com vergonha.

— Não quando ele está muito próximo... ainda há lapsos estranhos sim, hoje de madrugada eu consegui ver brevemente que você iria tropeçar na volta ao banheiro, por exemplo.

— Mas ele estava dormindo, você acha que Edward ainda consegue ler mentes, Carlisle?- questiono

— Não acho que seja isso exatamente, mas sim, creio que agora a mente dele esteja funcionando em âmbitos completamente inexplorados até onde nós sabemos. Não esqueça do que concluímos com os primeiros exames, Bella, Edward parece alternar entre a consciência adulta e a infantil vez ou outra, pode ser justamente isso que esteja impedindo Alice de vê-lo. Ele acabou se tornando uma nova espécie agora, não é uma criança humana normal, tão pouco uma imortal, nem mesmo o que configuraria a essência de um híbrido ele possui, completamente inconcebível para nós seria a noção de uma criança meio vampira e meio humana, mas aí é que está. Edward não é um humano agora, até porque é impossível que ele volte a essa forma, uma vez que se parta do pressuposto de que o vírus, como assim podemos apelidar a nossa condição, esteja inativo em seu corpo. Não faria sentido ele ter voltado à infância mesmo assim, mas deixa no ar que o mesmo permanece adormecido dentro dele.

Miro com os olhos a prateleira mais alta que está encostada na parede da esquerda, logo atrás das costas de Esme e de Emmett.

— Ele disse mais alguma coisa?- enterro a unha do dedão na palma da minha mão para tentar aplacar a ansiedade.

— Terrance não consegue mais exercer o mesmo domínio sobre as pessoas, ele tentou em um homem no meio da rua apenas para ter certeza, os dois estavam esperando o sinal abrir e o desconhecido ficou segundos inerte assim como as suas outras vítimas, mas depois apenas riu e comentou com a esposa que estava a seu lado como acabara de ter a estranha vontade de sair dando cambalhotas pelo meio-fio. Ele ainda está em choque pelo que aconteceu, não sabe como agir diante disso, embora tenha se mostrado arrependido.

— Isso não é nada perto do estrago que ele causou, Carlisle.- ouço a minha própria voz sair rouca.


Saio da sala com passos pesados, desço o primeiro lance de escadas quase correndo, hesito na porta do quarto, mas sei que ele está dormindo a sono solto e mesmo que eu o ame mais do que tudo no mundo apenas preciso de um momento como humana, agora.

Não me afasto tanto assim da casa, mas entro na trilha que há partindo da porta da cozinha. Quando estou longe o suficiente para apenas enxergar o topo do sótão, largo o corpo em uma pedra larga e cheia de musgo.

Resumindo tudo o que foi falado lá em cima?

Não se sabe quando e se Edward irá voltar a ser como era antes. Também não fazemos ideia do que aconteceu ou o porquê de tudo isso, mas essa coisa toda de Alice definitivamente não é um bom presságio.

Percebo que estou chorando somente quando uma lágrima pesada pinga nos meus jeans, olho a mata fechada à minha direita, mesmo eu consigo ouvir o som distante do rio. Vou andando ainda orientada pela velha trilha, não demora a chegar em sua orla, lembro-me bem de Edward comentando algum tempo atrás que ele banhava uma parte das terras pertencente aos Cullens.

Encosto a cabeça nas mãos e permita-me soltar toda a insegurança e frustração que carrego comigo a mais de uma semana enquanto o som da água cobre parte dos pensamentos que quero e preciso abafar, dessa vez as pedras são menos macias, mas mesmo assim sento sobre elas. Penso na possibilidade de Edward nunca mudar ou dele ter que crescer tudo de novo, para o meu horror até mesmo a possibilidade dele regredir fisicamente até a pura inexistência paira sobre a minha cabeça.

Acho que nunca tive tanto medo assim, nem mesmo com James ou com Victoria. Nem mesmo quando ele foi embora por conta própria, ainda sim eu sabia que Edward estava em algum canto, ainda que fossem os dias mais sombrios nos quais eu questionava a minha sanidade e tentava convencer a mim mesma de que eu verdadeiramente tinha estado com ele, que não havia sido imaginação, quando eu tentava e falhava miseravelmente em lembrar de todos os detalhes de seu rosto único ou da sua risada sonora. Tudo doía naquela época.

Assim como tudo doía também agora. Com a diferença de que dessa vez eu sequer sabia se ele ainda existia ali dentro, se ainda poderia voltar a existir do modo como eu o conheci.

Obviamente que eu não ignorava toda a necessidade e a importância que eu tinha em sua nova existência provisória, mas aquilo não era o suficiente. O meu amor por ele apenas pareceu mudar de forma uma vez que me acostumei com a sua realidade, nunca havia experienciado algo tão próximo ao sentimento materno antes e isso me deixou completamente encantada, ainda que receosa. O que aconteceria se ele jamais retornasse?

A noite já está quase caindo quando eu finalmente resolvo pegar a trilha mais uma vez, estou sentada ali desde as duas da tarde e a única coisa que consegui foi um nariz vermelho e dois olhos inchados. Retiro os tênis sujos antes de subir os degraus de madeira até a pequena varanda que há na cozinha, faço um lembrete mental de voltar mais tarde para limpar.

Dou um pulo de susto ao ver Alice me esperando bem do outro lado da porta. Mas deduzo rapidamente que uma vez que Edward estava aformecido enquanto conversávamos mais cedo, ela deve ter visto o meu surto e a hora que eu ia voltar depois dele.

— Enfim! pensei que era impossível um vampiro ter dor de ouvido, mas já estou quase mudando de opinião.- ela saiu me puxando pelo antebraço e eu sequer tive tempo de reclamar. Já havia notado o seu humor irritadiço antes de saber do motivo, mas não podia culpá-la por isso, deve ser incrivelmente debilitante ficar “cega” do nada.

Chegando na sala, arregalo os olhos para a bagunça generalizada que virou o tapete imaculado de Esme. Há brinquedos espalhados por todo o lado, de ursos de pelúcia até andadores e brinquedos educativos, uma caixa tijolinhos de plástico está jogada para escanteio e há duas figuras distintas assentada bem no meio de toda essa zona. Na TV, Baby Shark dá tudo de si mas não consegue persuadir Edward, que solta gritinhos agudos e bate as mãos agitado nos ombros do pai, Carlisle está sentado no chão com ele de pé sobre as suas pernas, está claro que a sua intenção é acalmar o bebê.

— Olha só quem eu encontrei, Edward!- Alice faz uma voz falsamente animada e bate palmas para ele. Os olhinhos verdes encontram o meu rosto e um sorriso sem quase nenhum dente ilumina o seu.

Não demora três segundos para ele reclamar a minha presença e tentar sair engatinhando dali, Carlisle ri e afasta os brinquedos do caminho ao passo que eu me aproximo e fico de joelhos para recebê-lo. Ele se empolera no meu ombro e tal é a sua excitação que eu preciso puxar o diminuto corpo para baixo para que não escorregue de cabeça até as minhas costas.

Ergo-me cautelosa, alisando os seus cabelos bagunçados e tão mais claros do que os meus para tentar deixá-lo mais calmo. Depois que ele descansa a cabeça de lado no meu peito vou até a cozinha e ainda cruzo com Emmett descendo as escadas.

— Quem diria, hein? parece que a Belinha faz mais efeito no Eddie do que um vidro inteiro de clonazepam.- mesmo sabendo que era uma brincadeira decidi me certificar de que não havia nenhum tipo medicamento ansiolítico naquela casa antes de deixar novamente uma criança de 1 ano e meio sob os cuidados daquele maluco.

Vou até lá fora com ele, acabo sentando no pequeno deque de madeira que há antes dos degraus propriamente ditos. Edward se vira para me encarar e eu dou suporte às suas costas quando põe-se de pé na minha frente.

— Bewa tay?- toca a ponta do meu nariz e eu suspiro, preciso me deitar.

— Sim, eu estou bem, acho que é alergia à poeira.- minto, mesmo daquele tamanho ele não pareceu se convencer.

— Ist?

— O quê?

— Ist, Bewa ist.

— Ah, não Edward, não estou triste.

— Nã?

— Não, eu estou com medo.- ele piscou uma vez, acho que entendeu o que eu quis dizer, mas não disse mais nada, ao invés disso lágrimas finas começaram a brotar e ele começou a soluçar baixinho.

— Está tudo bem, amor, não se preocupe. Eu falei apenas porque você me perguntou, vai ficar tudo bem, eu vou ficar do seu lado.- digo, arrependida, mesmo que estivesse determinada a não mentir para ele, especialmente naquele estado.

Ele me encara com olhos suplicantes antes de enrolar os dedos em meus cabelos, limpo o seu rosto com um beijo em cada bochecha e isso o faz rir.

Minutos depois se acomoda no meu colo e nós observamos a floresta criando vida conforme a escuridão chegava, pios de coruja e o revoar longínquo de asas faziam-no hora ou outra pular e abrir a boca em um círculo estupefato, o dedo apontando as árvores e depois olhando para mim ao buscar a minha aprovação. Apesar dos meios era delicioso poder participar do seu desenvolvimento e por mais decisivo que aquilo pudesse ser quanto ao nosso tipo de relacionamento eu estava em paz quanto à promessa de ficar para sempre perto dele, decidi que a partir dali nós viveríamos um dia de cada vez, enquanto eu o tivesse comigo as esperanças não estavam totalmente perdidas.


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Notas finais do capítulo

* Bewa tay?= Bella, você está okay/bem?
*Ist= Triste.

Vou começar a patentear esse dicionário de bebês..kkkkkkkkk

Comentem e acompanhem, beleza?
Se quiserem recomendar tamos aí kkkkkkkkk
Até!!♥♥♥