— Muito bem, Edward. Você está lindo!- Alice comemora. Ele sorri para de maneira adorável. Mais um flash e o bebê ri alegre.

— Vai, isso mesmo! encare a câmera, intérprete o seu papel.- Alice o orienta, ele nos olha com a testa ligeiramente franzida e eu apenas o incentivo com um sinal de positivo.

— Não se preocupe, Eddie, nós também não fazemos a menor ideia do que essa doida está tentando fazer.- Emmett confessa.

Havia uma semana desde que a mais nova criança da família Cullen aparecera, cada dia era uma novidade junto dele e foi justamente de Esme a vontade de registrar esses momentos para a posteridade. Alice ficou responsável por tirar as fotos, Esme e Rosalie se divertiram comprando tudo o que era preciso. Jasper ajudou com o cenário e Emmett estava gravando tudo isso para o que ele chamava de filme caseiro.

Para mim sobrou a tarefa mais difícil, colocar as roupas no monstrinho que tentava escapar dos meus braços, reclamando e fazendo bico até que eu terminasse de aprontá-lo.

A baixinha escolheu uma minúscula fantasia de vampiro primeiro- ideia de Emmett, óbvio, com direito a capa e o escambau. Penteei os cabelos dele para cima e abotoei a capa com o macacão de dormir preto. Rimos durante minutos a fio da sua cara debochada naquela roupa.

Jasper colocou uma tela verde como chroma-key em uma parede do quarto de Edward. Coloco-o sentado na falsa grama que cobre a área das fotos e Alice não perde tempo, mesmo incentivando-o com palavras e até mesmo caretas, o rosto dele não passa de uma máscara de cinismo e mau humor.

— Não está rolando, ele está muito desanimado. Você tem certeza de que não é sono?- Rosalie me pergunta.

— Olha só, tive uma ideia.- Emmett vai em direção aos brinquedos no outro canto do quarto e volta com um grande leão de pelúcia que Esme havia comprado para ele recentemente, mas que eu ainda não o tinha mostrado.

Edward pregou os olhos no brinquedo e nos olhou com sobrancelhas franzidas quando Emmett pôs o tal leão ao seu lado no chão.

— Qual é, Eddiezinho, faz um esforço para as câmeras aí, pode ser?- Emmett provoca. O pequeno grunhe algumas coisas incompreensíveis em direção ao irmão.

— É impressão minha ou ele realmente se tornou um boca suja depois de encolher?- Alice comenta ao parar de bater as fotos.

— Edward.- chamo o seu nome somente uma vez e ele me olha, atento.

— Querido, nós queremos muito guardar fotos suas como recordação, agora seja bonzinho e coopere com a Alice, okay?- abaixo-me o suficiente e ele vira um pouquinho a cabeça em minha direção.

— Tay.

Alice começa a tirar mais fotos e Edward pega a pelúcia interessado, corre os dedinhos pelos pêlos falsos e espessos da juba alaranjada. Sorri para a câmera e seguindo as instruções do grandalhão coloca a boca mordendo o pescoço do leão para a fotografia.

— Eu não sei o que é mais perturbador, cara. Se é ele ser totalmente obcecado por você mesmo sendo um girino ou se é o catarrentozinho saber exatamente como morder no lugar certo para matar o bicho.- Emmett sussurra perto da gente, vejo Jasper concordar enquanto tenta não rir.

— Eu diria que o mais perturbador é vestir um bebê de Drácula e ainda dar um bicho para ele abocanhar.- respondo, não gosto quando fazem piada com a nossa situação.

— Ah, não sinta-se tão mal assim, Belinha. Se pensar bem a relação de vocês nunca foi o que se pode chamar de saudável, quero dizer... o Edward te olhava dormir, minha filha. Isso vai além de obsessivo e maluco, é quase nível tarado da esquina mesmo.- Emmett fala.

— Emmett!- Esme desvia a atenção de Alice e ele vira a câmera que estava mirada para Edward diretamente na cara da mãe.

— Foi mal, força do hábito.-responde, Rosalie revira os olhos do outro lado do quarto.

— É, Bella, não se estresse. Pensei que já estivesse acostumada com o meu marido sendo um completo babaca.

— Rosie!

— Gah!

— Viu? até o mini-Edward concorda com isso.- Jasper comenta, Emmett gira para gravar o rosto dele e surpreendentemente o louro mostra o dedo do meio para a câmera.

— Eddiezinho vai adorar assistir a esse vídeo daqui a algum tempo.- Emmett dá pausa e nos olha extremamente animado.

Todos nós reviramos os olhos para ele ao mesmo tempo.

Alice tira mais algumas milhares de fotos. Finalmente, ele reclama com um chorinho fino e todo mundo já sabe do que se trata.

— Haja paciência para aguentar isso daqui até o fim dos tempos.- Jasper confidencia perto de mim enquanto descemos as escadas, Edward incarapitado em meus braços. Emmett ainda fazia piadas sobre a última fantasia ingenuamente escolhida por Esme: um lobo.

Dessa vez é Jasper quem tem a câmera em mãos, Esme colocou o bebê na cadeira alta recém-comprada. Rosalie tentava persuadi-lo a comer uvas cortadas na véspera.

— Vamos lá, Edward, nem é tão ruim assim.- ela o incentiva e põe mais uma uva em sua boca. Ele faz uma careta e cospe na mesinha retrátil na qual as suas mãos estão apoiadas.

— Mais uma vez e eu não te chateio nunca mais com os consertos do seu carro, combinado?- ela o incentiva, põe mais uma vez na boca dele.

Edward cutuca a fruta pendente em seus lábios e nos olha divertido.

— Parece que dessa vez vai.- Alice fala.

— Vai?- Emmett encara a criaturinha. Depois de mais de meia hora tentando fazê-lo comer, não havia um só canto dentro daquela cozinha que não estivesse coberto de comida. Aquele era mais um talento do encrenqueiro, era tentar alimentar Edward que o ambiente ficava inóspito com toda certeza, a técnica de me ver comendo ainda funcionava, mas estávamos tentando incentivá-lo a começar a alimentar-se por si próprio.

— Esse menino só pode estar de brincadeira com a nossa cara.- Esme reclama. A coitada tentou mais de mil vezes e nada.

— Vai, vai, vai...- torço, minha cabeça está latejando.

Ao ouvir a minha voz a coisinha sorri, malandrinho. Separa os lábios de maneira mais do que exagerada e toda a uva cai mais uma vez.

— Eu desisto, é oficial. Ele me venceu, eu jogo a toalha.- a loura levanta da cadeira, havia miolo de fruta por toda a extensão dos seus cabelos ondulados.

Jasper vira o visor e enquadro o próprio rosto.

— Você provavelmente não se lembrará de nada, maninho. Mas hoje é um dia histórico.- Rose mostra a língua para ele, que a captura bem de perto.

— Esses vídeos estão ficando uma baixaria só, hein?- digo. Ele foca em mim.

— Como se sente sabendo que é daqui ladeira abaixo, Bella?- Jasper faz piada. Sento no lugar de Rose e amarro os cabelos no alto da cabeça.

— Isso quer dizer que eu não tenho mais nada a perder, Jazz.- pego o vasilhame com as uvas descascadas. A criança me olha sorridente e faz menção de vir para os meus braços.

— Agora nós vamos comer, Edward. E nem tente, porque a mim você não engana.- gargalha. Sinto Jasper aproximando-se, olha de esguelha por sobre o ombro e vejo o aparelho a menos de dois metros de nós dois.

Mastigo a uva em sua frente e ele tenta alcançar o meu rosto com os dedinhos cheios de baba.

— Bewa!- reclama quando eu volto a me afastar e ofereço um pouco a ele.

— Sua vez.- arqueio as sobrancelhas e ofereço novamente. Ele as leva da minha mão e estica o corpo para que eu capture com os dentes, mastigo mais uma vez e insisto com ele de novo.

— Você lembra do nosso trato, não lembra?

— Bah, bah, bah, bah.- balbucia, parece estar refutando a minha justificativa,mas dessa vez engole a comida e de pouco em pouco consigo fazê-lo comer tudo o que tinha restado no pequeno recipiente.

O dia passa sem muitos acontecimentos, limpo Edward na banheira e ele me molha dos pés à cabeça ao jogar espuma na altura do teto de seu banheiro.

Conseguimos o feito de eventualmente deixá-lo em outros braços que não os meus, mas isso só funcionava quando estava de bom humor e na maioria das vezes ele ficava profundamente magoado quando não me avistava por perto.

Obtive o “luxo” dos meus momentos humanos de volta, Rose e Esme ficavam mais do que alegres em distrair a ferinha enquanto eu descansava, nessas ocasiões ele parecia entender, muito embora a sua animação decaísse vertiginosamente sem mim.

Carlisle ligou mais cedo,pouco depois de alimentarmos Edward e apenas segundos antes de eu subir para poder me trocar. Ele seguiu o rastro de Terrance até a Ásia- coisa que já sabíamos- acabou obtendo algumas informações pertinentes através de conhecidos do vampiro. Há alguns anos que Terry não conseguia controlar bem as suas habilidades, Carlisle ficaria mais um dia naquele lugar e depois seguiria rumo à Austrália, onde sabia que residia uma antiga companheira do amigo, mesmo que não o encontrasse saberia que ela estaria lá para ajudar-lhe a encontrar respostas.

Assim que subo as escadas Esme vem trazendo a minha coisinha totalmente vestida em pijama amarelo.

Ando de um lado para o outro com ele em meus braços. Estou caindo de sono e não há nem sinal de que o bebê esteja cansado.

— Bewa...

— Uhm?- ele me responde com palavras desconexas e eu suspiro, o mais difícil é não conseguir entendê-lo na maior parte do tempo.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo. Mas está na hora de dormir.- ergue a cabeça do meu ombro e me encara de frente.

Mesmo no escuro eu ainda consigo enxergar bem as suas linhas extremamente expressivas.

Ele encosta a testa na minha bochecha e começa a resmungar alguma coisa, tenho a impressão de conhecer o que diz. Só depois de ele recomeçar a melodia é que eu entendo que está cantando a minha canção de ninar, sorrio quando ele começa a alisar o meu rosto para me tentar fazer dormir.

O acompanho na música e o nino sem sair do lugar. Não lembro quem adormeceu primeiro, mas encosto as costas na cabeceira da cama ao senti-lo amolecer, está tão grudado em minha camiseta que mesmo durante o sono ainda tenho consciência dele segurando-se em mim.