Baby Cullen escrita por Dark Angel


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

♥♥♥



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Sinto batidas leves do lado da minha cabeça e abro minimamente os olhos quase na mesma hora em que um corpinho tenta escalar a lateral da minha cintura. Ainda estou muito sonolenta, mas a risada de criança me faz despertar completamente, o procuro com uma das mãos e apoio as suas costas enquanto sento na cama.

Assim que o faço, a primeira coisa em meu campo de visão são os cabelos espessos e arruivados dele. Com as palmas apoiadas em meus joelhos, sorri um sorriso de apenas dois dentes, pego-o nos braços, verdadeiramente consciente da bagunça que também deve estar a minha cabeça.

— Bom dia, pequeno.- falo bem baixinho e deposito um beijo em sua testa. Edward está de pernas bem apoiadas por sobre as minhas coxas e segura o meu rosto com as mãos antes de gritar a sua versão de “Dia!”, arregalou os olhos com a potência da sua garganta.

— E aí, vamos comer alguma coisa?- assente uma vez com a cabeça e com força, depois a mão com a qual ele não está segurando o meu cabelo vai em direção à porta do quarto, bem como todo o seu corpo, que pende naquela direção.

 

O nosso esquema da manhã torna-se um pouco confuso, no dia anterior ainda estava adormecido e por isso eu consegui fazer tudo o que precisava fazer antes de tê-lo novamente em meus braços. Coloco-o sentado no chão na entrada da porta do banheiro, testo me afastar um pouco e ele continua calado, entro no banheiro de costas, lembro de uma coisa e rapidamente vou até onde Alice deixou os brinquedos que haviam chegado enquanto estávamos fora ontem, dou-lhe para mexer um livro interativo e ele abaixa o rosto imediatamente para olhá-lo, aproveito para escovar os dentes e lavar o rosto, o som abafado das mãos dele sobre as páginas e os murmúrios em voz muito baixa são a prova de que está suficientemente distraído.

Vou na ponta dos pés até a porta, encosto sem fazer barulho e depois rumo em direção ao vaso sanitário.
Começo a urinar e não dura nem dois segundos:

— Bewa!- o menino grita tão alto que eu tenho certeza de que as pessoas na capital ouviram o seu esperneio.

— Estou aqui!- tento sobrepujar o seu lamento enquanto corro a fazer as minhas necessidades o mais rápido que consigo. Solta um grito fino no meio do choro e eu dou descarga e lavo as mãos.

Abro a porta e não surpreendentemente lá está Jasper tentando acalmá-lo, os dois estão no chão mas Edward não parece permitir que o irmão o toque, as lágrimas descem por seu rosto angelical e ele tem uma mãozinha apoiada na boca enquanto mira o ambiente desconsoladamente, ergue os braços e soluça ao me avistar, eu o pego prontamente e aconchega-se em mim.

— Você acha que não conseguir controlar as emoções dele tem a ver com a idade?- o bebê funga manhoso e eu esfrego as suas costas enquanto nós três nos direcionamos para fora do quarto.

— Talvez, não elimina também o fato de que o choro é a forma com que os bebês expressam diversos tipos de humor, não necessariamente tristeza ou mesmo um sentimento negativo. Agora mesmo, o tampinha estava sentindo a sua falta, mas não estava triste nem ansioso por enquanto, apenas surpreso com o seu desaparecimento.- nós havíamos discutido essa pauta na noite anterior, como tudo indicava que Edward não conseguia ler mentes enquanto bebê, não só porque exigiria muito mais da capacidade cerebral que ele está conseguindo usar agora, mas também porque supostamente ele voltou a uma forma humana.

Chegamos até as escadas e ele resmunga em direção à cozinha, em questão de segundos um ronco mínimo se faz presente.

— Parece que o bebê-maravilha está com fome.- Jasper fala, enquanto adentramos a cozinha. O apelido de Alice pegou.

Rose é a primeira a vir até nós dois, sorri alegre para mim e dá um beijo estalado no braço de Edward, que ri e vira totalmente em sua direção, apoiando uma das mãos no pingente de seu colar.

— Como vai hoje o pior monstrinho de todos?- Rose brinca enquanto ele se entretém consigo mesmo. Desvia os olhos para cima mas não diz nada, nos olhamos e sei o que a loura quer fazer.

Vou soltando o corpo dele ao mesmo tempo em que aproximo-me mais dela, Rosalie apoia Edward com um só braço. Todos no recinto estavam congelados olhando a cena.

Cerca de dois minutos depois, enquanto ainda brincava sozinho mexendo no colar e nos cabelos da irmã Edward eventualmente olhou para cima. Podia-se sentir a tensão no ar enquanto ele começava a abrir a boca, mas ao contrário do que todos pensavam a miniaturazinha apenas me procurou com os olhos e ergueu os braços em minha direção.

Ainda nessa nossa fase de “adaptação”, coloquei-o no colo de Esme e sentei bem em seu campo de visão. Ele tentou vir até mim e ainda choramingou um pouco, Rose sentou ao lado da mãe e começou a tentar alimentá-lo com bananas amassadas, o que não mostrou-se produtivo, pelo menos até que eu começasse a mastigar o meu omelete.

Alice subiu para escolher as roupas dele, muito embora estivesse chovendo a cântaros lá fora e não fôssemos a canto algum. Emmett e Jasper estavam apoiados na bancada e observavam curiosos, se já era estranho para eles ver alguém-eu- ingerindo comida humana, que dirá ver um bebê fazer isso.

— Carlisle já saiu, eu presumo.- comento entre uma garfada e outra.

— Ah,sim, ele achou melhor ir o quanto antes.- Emmett responde.

— Alguma previsão de quanto tempo?- pergunto.

— Não exatamente, poucas horas atrás Alice o viu chegando em uma hospedaria na Tailândia, mas é só até agora.- Esme fala, seu olhar materno não deixa o ser em seu colo nem por um segundo sequer.

Carlisle saiu em viagem para rastrear Terrance, na noite anterior ele já havia nos informado de sua decisão, bem como se despedido de mim e de Edward mais cedo.
A tática de me ver comendo funcionou mais uma vez, depois conversei algumas amenidades com Esme enquanto ela segurava o filho, o segredo era eu ficar perto o suficiente para se caso ele ficasse aborrecido. Depois que ela teve que atender uma ligação eu o peguei novamente e fomos até o andar de cima, Rose e Alice já nos esperavam.

 

— Eu vou tirar a sua fralda, ok?- Alice avisou, Edward estava agora deitado de costas na cama já sem a roupa de dormir e nós três o observávamos.

— Gah!

— Será um sim?- Rose se afasta até o banheiro.

— Pode ser um talvez.- digo, Alice retirou a fralda descartável ,ele agitou as pernas, olhando-nos confuso. Pego-o e só aí é que ele parece perceber que está pelado, pois coloca as mãos cobrindo os olhos como se estivesse simplesmente com vergonha.

As meninas riem e eu o incentivo a descobrir o rosto.

— Não tem porquê ficar embaraçado, querido. Elas são suas irmãs, além disso, Alice pode nem ter altura suficiente para conseguir ver algo aqui e Rose é casada com Emmett, afinal de contas.

— Ei!- Rosalie, Alice e Emmett que está no andar de baixo reclamam comigo em voz alta. Edward ri um pouco e aponta elas com dedo em riste.

— Ótimo, agora ele também é um babaca na versão pocket.- Alice resmunga.

— Mais respeito com o meu bebê, ô Alice.- reprimo o riso, Edward se diverte a valer.

— Vocês dois conseguem ser insuportáveis juntos em qualquer idade ou espécie, isso é lindo e extremamente irritante, sabe?- Rosalie abre o registro da banheira enquanto eu tento um high five com o ruivinho.

Colocamos o mini-encrenqueiro dentro d'água e terminamos ainda mais molhadas do que ele. Continuando a experiência de mais cedo, Rose e Alice tomam o meu lugar trocando e vestindo Edward. Ele se distrai segurando os meus dedos para assegurar-se da minha presença e eu ponho uma espécie de chocalho no lugar quando vejo a oportunidade, corro para tomar banho também, lavo o cabelo e continuo de ouvidos bem atentos.

Saio de toalha e vejo os três se divertindo, Edward está enlouquecendo com as piruetas que a baixinha dá, tão perfeitas e altas que parece que ela está prestes a alçar vôo. Está sentado no colo da outra e bate palminhas e grita incentivos incompreensíveis para Alice, elas o vestiram com uma camiseta branca e um macacão jeans, nunca havia visto de perto nenhum bebê de tênis, mas de tão pequeno o par acaba sendo imensamente fofo.

Vou trocar de roupa dentro do closet dele, onde muitas roupas minhas já haviam sido introduzidas desde que passei a dormir aqui. Coloco um short jeans e procuro uma blusa, enquanto vasculho procurando uma em específico avisto dentre as roupas dele- as normais- uma camisa cinza e simples sua, a mesma com que ele estava quando acordei atordoada depois da viagem à Itália. Lembro muito bem dessa peça em particular.

Retiro-a do cabide e aproximo do meu rosto, o cheiro dele está totalmente impregnado no tecido e apesar de tê-lo comigo praticamente a cada minuto do dia agora isso não diminui a falta que sinto da sua voz aveludada, de dormir sob o seu toque frio ou mesmo de ouvi-lo cantarolar a minha música enquanto adormeço. A mesma que agora eu cantava para fazer pegar no sono a sua versão aparentemente humana e totalmente dependente de mim.

Ao vestir a camiseta cinza, lembro do quanto eu estava confusa e magoada naquela noite, às vezes sinto que não o perdoei completamente, mesmo que eu realmente não sinta nenhum tipo de sentimento negativo quanto a esse assunto, a marca que me deixou foi grande demais, parte de mim sempre pensou que seria questão de tempo para aquilo acontecer... até que finalmente aconteceu, e acho que eu estava tão atônita e triste que não percebi o quanto esperar pela sua rejeição já dizia muito sobre mim e sobre o nosso relacionamento. Optamos pelo noivado, mas nossa relação cresceu pela segunda vez através de uma nova base, nada de mentiras ou segredos de nenhum tipo, ele não deveria tentar decidir nada sem mim que dissesse respeito aos dois, nem virce-versa, depois do que aconteceu mesmo amando-o mais do que consigo raciocinar escolhi por proteger-me também, essas foram as condições para a nossa nova convivência, isso e é claro, ele parar de implicar com a minha picape caindo aos pedaços.

Entro totalmente vestida e dou de cara com Edward de pé no chão, está apoiado entre as pernas de Alice.

— Ele estava procurando por você, mais dois segundos e a gritaria ia ser descomunal.- fico abaixada e tento incentiva-lo a dar alguns passinhos em minha direção. Nada. Quando vê que eu estou evitando colocá-lo nos braços ele começa a tagarelar e dá para entender algumas coisas brevemente.

— Bewa nã Ewá!- Alice segura melhor por debaixo dos seus ombros quando bambeia inseguro de pé.

— Claro que eu te quero, meu anjo, mas seria bom treinarmos mais tarde, está bem? você precisa andar.- ele assente apressado e abre e fecha os dedos para mim, agoniado.

 

Já lá embaixo, Alice se dispõe a fazer o almoço, não sei se me preocupo ou não com isso... Esme saiu para ir ao mercado e disse que poderia demorar.

— Eu não entendo a lógica desse desenho, realmente não entendo.- Jasper reclama pela milésima vez.

Estamos sentados no largo e felpudo tapete da sala, o tempo está anormalmente frio para a estação. Lá dentro, Alice mexe e remexe nas panelas.

— Como assim você não entende, Jasper? tem um tubarão que é um bebê, depois tem uma mãe tubarão, um pai, avó e avô.- Rosalie fala.

— Sim, mas o que diabos é doo doo doo doo doo doo?!

— É só um desenho, cara. Relaxa aí.- Emmett ri.

— Baby shark doo doo doo doo doo doo, baby shark!- seguro as mãos de Edward e canto junto com a música, ele pula e grita, super animado.

— Parece que você anda meio descompensado, maninho.- Rose comenta e provoca.

— Ah, qual é, Rosie! dê uma folga para o Jazz, você sabe que agora que tem um bebê em casa as emoções dele vão e vêm como a do ser humano extremamente bipolar que ele deve ter sido.- Jasper o olha de boca aberta, tamanha a afronta. Por causa dos seus poderes o vampiro sempre tendia a absorver as emoções do ambiente em que se encontrava.

— Retire já o que disse!- bipolar não era nem sequer um xingamento, mas para alguém controlado como o Cullen poderia vir a ser.

— O quê? que você anda mais depressivo do que o burrinho do ursinho Pooh?- falo, risonha. Ele me olha extremamente ofendido.

— Até você, Bella?!- Edward se vira ao meu nome e aponta o dedo para Jasper sem entender que estamos todos brincando. Seu rosto é uma máscara raivosa, fofa, mas raivosa.

— Azzpé nã 'tá Bewa!

Emmett rola de rir com a cena, eu praticamente tendo que apartar uma possível briga entre o meu futuro irmão e uma criancinha com menos de 2 anos de idade.

— Viu só, Jasper? acho melhor você não gritar com a Bella não, colega, não vai querer que o Edward pule em seu pescoço.- Rosalie gargalha e o louro apenas se levanta murmurando o quanto nós somos insensíveis. Eu limpo as lágrimas que descem por causa do riso e ouço Alice segurando o seu lá na cozinha.

Os minutos passam e acabamos assistindo a um filme aleatório da Disney, os brinquedos de Edward estão espalhados pelo carpete e entre uma brincadeira e outra ele foi parar sentado no colo de Emmett sem nem sequer se dar conta de que havia me deixado para trás.

Uso essa oportunidade para ir tomar água e acabo beliscando a lasanha que Alice acaba de tirar do forno, não está ruim, tenho que dar algum crédito à ela.

Faço o caminho de volta até a sala de TV e paraliso com a cena à frente. Encosto no umbral da passagem e apenas observo em silêncio.

Edward está de pé com a ajuda de Rose e Emmett, ambos sentados de cada lado dele. O filme trata-se de um musical, os dois cantam juntos e o incentivam a se remexer assim como o personagem principal. Ele está em êxtase, remexe o quadril da maneira mais desajeitada e adorável e depois gargalha querendo chamar a atenção de Emmett para o que conseguiu fazer, enquanto os dois dançam Rose os assiste de olhos brilhando e um peso desce por minha garganta.

Eles dariam ótimos pais. Mas jamais poderão ser.

Penso no que conversei com ela algum tempo atrás, sobre abrir mão de coisas que eu nem sabia querer ou se arrepender quando fosse tarde demais para voltar atrás. Esse pouco tempo cuidando dele já colocou algumas pulgas atrás da minha orelha.

E se eu quisesse ter filhos? E se suprimisse essa vontade achando que iria passar e nunca passasse? Ou se eu acabasse como Rose, triste e amargurada sobre coisas pelas quais era impossível eu me transpor?

Edward lamentou não poder me dar isso, ele desejou que eu pudesse experiencia-lo, por que então eu também não podia sentir um pouquinho de auto-piedade também?

Dou- me conta de que ele veio engatinhando até mim somente quando o sinto apoiado um pouco abaixo dos meus joelhos. Passo a mão por seus cabelos e a mini-versão do meu amor abraça a minha perna e encosta a cabeça em mim antes que eu o levante. Quem sabe toda essa situação não seja -mesmo que indiretamente- a minha oportunidade de viver um pouquinho do que poderia ser a maternidade.

— Vamos almoçar, lindeza?- o apoio em meu quadril. Ele assente e apalpa a barriga de maneira dramática antes de abrir a boca ao máximo e apontar veementemente para dentro dela. Saio em direção ao corredor.

— Você está passando tempo demais com o Emmett para o meu gosto.- murmuro para mim mesma.


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Notas finais do capítulo

* Bewa nã Ewá= Bella não quer o Edward.

( ficaria estranho um bebê tão pequeno {msm com certo entendimento} sabendo usar corretamente o verbo querer, pelo menos eu achei kkkkkkkkk veremos nos próximos capítulos como vai ficando).

* Azzpé nã 'tá Bewa!= Jasper não grita com a Bella!

Deixem nos comentários as opiniões e se não estão acompanhando pelo sistema de acompanhamentos, acompanhem! favoritar tbm nunca matou ninguém e recomendar me faria ir até o céu e voltar! Kkkkkkkkkk
Dadas as considerações finais, é isto. #pas sjdjdjjfdnkdjdjdn
Até!♥♥♥