10 Anos de Espera escrita por Camila J Pereira


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Já é quarta?
Então é dia de capítulo novo.
Antes de começar, sugiro que respirem.
Boa leitura.



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Sem ter resposta para a sua pergunta, Bella também ficou quieta. Edward estava pasmo, pensou não ter entendido muito bem.
— Como? – Bella quis fugir novamente, remexer naquilo poderia ser fatal para muita gente. Edward levantou-se para sentar-se com ela. Encarava-a perplexo. – O que me que me perguntou?
— Ah... – Bella estava rodeando, olhou para baixo.
— Isabella. – Ouvir o seu nome com a voz e aquela intensidade, uma mistura de súplica e exigência, deu-lhe vontade de olhar para aqueles olhos verdes.
— Foi... foi você mesmo que entregou o envelope para o meu pai? – Nem Bella mesmo acreditava que tinha perguntado aquilo. Claro que queria saber sobre isso também, mas não era a sua questão no momento. Edward passou de expectativa para um divertimento sombrio e riu, riu bastante até que outras pessoas o encarava, mas era um riso que não tinha nada a ver com bom humor.
— Ah, Isabella, eu deveria ser muito inocente para ter amado você.
— Responda, por favor.
— Porque eu responderia?! – A irritação lhe subiu a cabeça.
— Minha mãe falou sobre você e eu deveria ter achado estranho. Você a procurou com certeza. Entregou o envelope para o meu pai, para me atingir. É a sua vingança, por isso voltou. Me parece que você precisa de ajuda, Edward Cullen, já que perde seu tempo para ficar investigando a vida de pessoas que saíram da sua vida há 10 anos. Isso é doentio. – Ela não conseguia parar a sua própria boca. Bella estava chateada, mas a maior parcela era com ela mesma.
— Você é incrível.
— Estou mentindo? Me diz qual parte. – Os dois visivelmente emocionados encaravam-se. Era como um duelo de forças, mas Edward estava decidido a ganhar.
— Certo, eu enviei o envelope. Quero que seus pais e que você também sinta como é ser criticado, como é ter a família em risco.
— Me diz o motivo disso.
— Não se faça de sonsa.
— Eu sei que você quer se vingar, mas por que Edward? Porque eu não te procurei? Não acredito que seja apenas por isso.
— Claro que não é, embora isso tenha me deixado irado. A minha própria namorada a quem havia dedicado momentos inesquecíveis de ternura ou eu achava que era, ela não me deu uma chance de ser ouvido. – Disse com mágoa.
— Você assumiu a culpa. Depois de ter participado daquela bagunça na escola envolvendo o Alec...
— O Alec! Como ele pode estar sempre envolvido e não ser mencionado como o vilão, só eu? – Edward parou um pouco ficando mais e mais vermelho de raiva. – Ele deve ser o seu verdadeiro primeiro amor não eu.
— Ele era o seu amigo, Edward, não seja bobo.
— Você era a minha namorada! – Foi a vez dela ficar rubra. Sentia que parte porque estava ficando nervosa com a conversa e parte por ser lembrada com tanta propriedade que tinha sido namorada dele. – Mas não tem jeito, não é? Não é porque não entendeu, mas porque é realmente má. Posso me remoer até o meu túmulo e nada vai mudar, por isso escolho o dente por dente com vocês. – Edward olhou para os lados, percebeu que estava exaltado e chamado a atenção para a mesa. Levantou-se voltando a si. – Eu teria feito o mesmo, eu diria o mesmo, não precisava ter nenhuma armação para me incriminar.
— O que? – Bella não entendeu de que armação ele estava falando.
— Tenha uma boa noite, se puder. – Edward a deixou com uma questão a ser respondida.
Caminhou apressadamente para casa, quando deitou-se na cama de bruços, percebeu que seu peito arfava. Isabella provocava nele as mais fortes sensações. Era mesmo uma feiticeira, uma das malvadas e que não o libertava do feitiço mesmo depois de 10 anos, mesmo depois de confirmar e reafirmar a sua maldade, ela estava ali presente, nele.
Estava cansado, havia trabalhado durante o dia e a tarde tinha ido até a construção. Quando voltou e decidiu fazer um lanche perto de casa, deu de cara com uma Isabella puxando uma enorme mala. Ela pareceu ainda menor e delicada naquela situação. O celular vibrou, ele tateou o bolso e o pegou.
— Ah, eu te liguei bastante durante todo o dia.
— Eu sei, por isso estou retornando. Irmãozinho. – Rose respondeu.
— O que anda fazendo? Ainda está em Beijin?
— Não, decidi fazer uma nova viagem.
— Pra onde?
— Acompanhe meu blog e minhas redes sociais. Você deveria me dar apoio, sendo meu irmão caçula.
— Nascemos no mesmo dia.
— Sou mais velha que você mesmo assim. – Edward revirou os olhos.
— Não estou afim de redes sociais, me diz onde está agora. – Insistiu.
— Talvez eu te deixe sem saber dessa vez, talvez seja a hora de começar a esconder as coisas de você como faz comigo. – Rose fungou dramática.
— Para com isso, Rose, mesmo que eu não te diga, você sabe.
— Ótimo, mesmo que eu não te diga, você sempre sabe. – Edward ouviu um “Vamos?” ao fundo com a voz que ele conhecia muito bem, se tratava de Emmett, o que confirmava o seu sexto sentido.
Sentiu que a irmã estava voltando para o país. Ouvindo voz do amigo, já sabia que ela estava na cidade em que moravam. Fez bem ao sair no dia anterior e ter comprado novos conjuntos de cama e banho e também alguns objetos que a Rose gostava de ter. Claro, comprou tudo para um casal, já que o Emmett não deixaria a Rose ir até lá sozinha.
— Estou com saudades, irmãozinho. – Confessou Rose. – Por favor, não se meta em confusão. E se cuida, coma e durma bem, se não estiver fazendo tudo certo eu quebro a sua cara.
— Tudo bem, Rose. Estou me cuidando. Cuide-se também. Sinto a sua falta.
— Até mais, Ed.
— Até mais.
Edward estava sorrindo, era o efeito da Rose sobre ele. A sua irmã que se fazia de feroz, era na verdade, uma doce garota. Foi sorrindo que resolveu tomar uma ducha, mas antes que entrasse no banheiro, a campainha soou.
Bella parecia ainda mais surpresa do que ele quando a porta se abriu. Ela não estava pensando muito bem quando começou a entrar no prédio vizinho. No entanto, o ímpeto de saber do que ele falava a levou até ali.
— Qual o problema? Esta se mudando pra cá? – Ele brincou com a imagem dela a sua porta com a grande mala. – Entra, hoje não estou afim de dar outro show para os meus vizinhos.
— Edward, você fez mesmo aquilo? – Bella disse assim que entrou e fechou a porta, parou diante da sala e Edward suspirou pondo as mãos na cintura virando-se para ela.
— Sim, Isabella Swan, eu fiz, eu usei as circunstâncias, colotei as provas e enviei para o seu pai como um presente.
— Edward, você fez mesmo aquilo com o Alec? Você o agrediu a tão ponto que ele se machucou daquela forma? – Edward arregalou os olhos, daquela vez não tinha como ter entendido errado, mesmo porque ela tinha feito a pergunta de maneira completa e direta. Ele se calou, sua garganta estava arranhando e com aspecto seco. – Me diz. Foi você? – Edward tomou fôlego, mesmo não conseguindo perceber o ar. Sentia o peito contraindo cada vez mais.
— Ah como eu desejei que tivesse me confrontado assim naquela época. Eu revivi mentalmente repetidas vezes você vindo até mim e me perguntando. Dizendo que não acreditava que eu tivesse feito aquilo porque você me conhecia e acreditava em mim, mesmo que a minha boca dissesse o contrário. – Bella viu grossas lágrimas escorrerem pelo rosto de Edward que rapidamente fez questão de limpá-las. Ela sentiu a mágoa que havia causado nele e sem perceber também chorou. – Eu só queria isso. Um voto de confiança. Talvez você pudesse brigar comigo depois, me xingar e bater, me mandar para o inferno. Eu entenderia. Mas você silenciou, me afastou e evitou para depois me enxotar como se eu fosse algum ser diabólico, um erro vergonhoso, algo medonho em sua vida.
— Edward... Se eu perguntasse o que me diria?
— Que fui eu. Sim, fui eu. – Bella tinha feito outra coisa que não fez na época. Tinha visto o rosto, os olhos de Edward quando ele assumiu a culpa. E todo ele lhe dizia que não tinha sido ele, que Edward era inocente. – Eu fiz aquilo com o Alec. Já estava irritado com tudo o que estava acontecendo na escola. Um dos meus melhores amigos estava não só interessado por minha namorada, mas estava flertando com ela. Chegou ao ponto dele nos colocar um contra o outro e conseguiu, não é mesmo?
— Foi o Jasper? – Bella estava tentando controlar o choro, ela estava tendo um outro vislumbre da situação que aconteceu a 10 anos atrás.
— O que? – Edward não esperava que ela fizesse aquela pergunta. Imaginou que ela aceitaria a sua culpa e diria:”Certo, você exigiu tanto por isso e no final é mesmo o culpado.”No entanto, ela não estava assumido que ele fosse o culpado e ainda havia chegado tão perto da verdade.
— Foi o Jasper? – Porque vê-la tentar conter as lágrimas estava deixando-o tão mal? – Edward, você está protegendo o verdadeiro culpado todos esses anos. – Ela não perguntou, a mente de Edward sofreu um abalo. Como havia fantasiado que ela, pelo menos ela soubesse a verdade, o seu lado egoísta queria muito aquilo. Queria que ela o amasse tanto que culpasse qualquer um, que inventasse teorias, livrando-o sempre da culpa. – Ele estava sempre brigando e aprontando. – Edward havia ficado calado. – Edward, me responde. Você não pode falar a verdade, é isso? – Ele teve que respirar fundo, engolir toda a sua emoção.
— Vá embora.
— Jasper já estava cheio de problemas com a polícia, você me disse.
— Vá embora, Isabella.
— Acho que lembro de você ter dito que ele não poderia mais aprontar nada. Estava sendo observado e qualquer outro deslize ele poderia voltar para o reformatório.
— Eu mandei você ir embora! – O tom de voz dele a fez pular de susto.
— Edward... Estou te fazendo finalmente as perguntas.
— Talvez seja realmente tarde para elas. – Bella se deixou ser atingida pelo rancor na voz dele.
— De que armação você estava se referindo antes? – A resposta dele foi só um olhar para o teto nervoso. – Ou está protegendo o culpado ou de fato foi quem fez aquilo.
— Isabella não me faça perder a paciência. – Bella realmente estava confusa.
— Porque voltou se não foi para esclarecer tudo? Sempre que pode me chama de malvada , mas o único malvado aqui é você.
— Ótimo, isso pode te fazer dormir melhor. – Falou cínico.
— Já que consegui estar aqui e te perguntar tudo isso, queria saber a resposta verdadeira.
— Eu acho que já falei. Agora vá embora.
— Sinto muito por acreditar que você tinha feito aquilo. Eu... acho que eu estava sendo covarde. – Edward rangeu o maxilar, suas emoções estavam agitadas e misturadas.
Ela estava dizendo que acreditou que ele tinha sido violento com o Alec a ponto de hospitalizá-lo, só esse fato deveria fazê-lo perder a vitalidade, mas estava ali um ponto importante: Bella indiretamente estava lhe dizendo que só depôs e o tratou daquela forma porque era o que acreditava e não porque os pais dela juntamente com os pais de Alec lhe pediram para fazer isso.
— Edward, eu entendo que esteja chateada comigo, mas porque atacar meus pais? – Ele voltou ao momento presente, voltando toda atenção para o rosto molhado e vermelho que buscava entendimento.
— Eu achei que já tivesse mandado você sair. – Vestindo a sua máscara mais dura, Edward abriu a porta, pegou a mala de Bella e a colocou do lado de fora. – Se não veio reivindicar um espaço no meu apartamento, o que seria um inferno para nós e disse tudo o que quis, vá. – Edward percebeu que ela queria persistir. Pegou-a pelo braço e a pôs ao lado da mala.
— Tudo bem. – Edward fechou a porta assim que ela a atravessou, enquanto ainda falava. Bella fechou os olhos sentida.
Edward passou a mão pelo rosto, pelos cabelos, andou de um lado a outro. Seus olhos estavam um pouco vermelhos e úmidos. Estava emocionado e confuso. Bella estava sendo mesmo verdadeira ou estava apenas jogando com ele? Tinha dúvidas... Não, ela parecia ter certeza de que ele era o culpado. Então...
“- Bella não sabe desse dinheiro.” Renée havia dito quando se encontraram na escola.
“- Eu juro, Bella não sabe. Ela não sabe, por favor acredite! Ela jamais soube... Não, ela, ela não sabe.” Renée estava mesmo falando a verdade?
Talvez apenas por curiosidade, olhou através da janela a espera de Bella surgir. Queria ver qual direção ela tomaria e suspirou aliviado quando foi em direção a sua casa.


***


Bella estava sentada na sua poltrona quando a mãe que recém saiu do banho e vestia o seu robi apareceu na sala.
— Que bom chegou, estava prestes a te ligar. Achei que demorou. – Renée estava com os olhos vermelhos que não tinha nada a ver com o banho, ela estava chorando. – Que carinha é essa?
— Trouxe a sua mala, está no quarto. – Bella ignorou de propósito a pergunta da mãe.
— Demorou porque ficou um pouco com o seu pai? – Bella lembrou da conversa com o pai.
Pediu que o pai explicasse o que ela tinha ouvido e ele teve que lhe dizer sobre as acusações de corrupção na empresa e que o seu departamento estava completamente envolvido.
— Pai, você não está envolvido, está? – O silêncio do pai a desesperou. – Pai! – Ela gritou. – Não me diga, não me diga isso, por favor!
— Eu posso ter sido cúmplice.
— Como é? – Bella estava estupefata.
— As vezes é impossível apenas negar e mesmo que você ignore eles te envolvem de alguma maneira. Então por eu ter deixado passar, posso sim ser cúmplice.
— Você sabia e deixou passar? – Bella não aguentava mais tanta coisa acontecendo. Apenas foi até o quarto dos pais e pegou tudo o que pôde da mãe.
Bella voltou a olhar a sua mãe na sua frente. O que mais estava deixando passar além de que os pais não eram perfeitos e estavam longe de serem? Edward era inocente e estava querendo vingança sem esconder esse fato. A sua vingança era como um troféu e ele estava mirando em seus pais.
— Mãe, como soube da vinda do Edward? – A sua mãe pareceu sem jeito.
— Eu não te disse?
— Que viu alguém comentando.
— Sim, foi isso. – Afirmou. – Vou me vestir. – Sua mãe saiu de suas vistas, mas o que Edward disse antes não saiu da sua cabeça.
Bella estava pensando o porque de Edward dizer que sofreu algum tipo de armação. Seria possível que seu pais...? Não... De repente algo nela estava fervilhando e foi atrás da mãe que estava abrindo a mala em sua cama.
— Sabe quem entregou o envelope ao papai?
— Não faço ideia, filha.
— Tem certeza? – Bella insistiu observando as reações de Renée.
— Não importa quem fez isso. Sabemos que queria que eu e seu pai brigássemos.
— Mãe, Edward te procurou?
— Porque ele faria isso? – Renée não a encarava, escolheu qualquer coisa e vestiu. – Estou um pouco cansada, irei dormir. Se estiver com fome tem comida, descongele e coma.
— Eu acho que comi algo na lanchonete com o Edward. – Falou mais essa meia verdade para provocar a mãe.
— Com o Edward Cullen?
— Sim.
— Porque? Porque se encontrou com ele? Já havia pedido para não fazer isso. – Renée não entendia e estava temendo algo.
— Porque não me encontraria com ele? Estudamos na mesma escola, éramos vizinhos, somos novamente e ele foi meu primeiro namorado.
— Bella! Ele foi acusado por agredir um dos amigos.
— E por isso não quer que eu o encontre?
— Sim. – Bella estava exausta e começava a desconfiar, não gostava do que estava sentindo, mas algo parecia errado, muito errado em toda aquela história.


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